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O comentarista Álvaro Machado Dias explicou no Real Time como chatbots ajudam a decodificar processos da mente humana, os limites da IA, o papel da atenção e o avanço de tecnologias capazes de interpretar pensamentos.

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Transcrição
00:00Enquanto bilhões são investidos em modelos como o Chet, GPT e Jimenae, algo inesperado acontece.
00:08Essas máquinas não apenas produzem respostas, elas acabam funcionando como experimentos naturais sobre a mente humana.
00:16Cada acerto sugere uma pista sobre nossos processos internos e cada erro ilumina os limites do nosso raciocínio.
00:24A IA não está só avançando, ela está revelando como pensamos.
00:28E para discutir esse tema, nós convidamos o professor Álvaro Machado Dias, que é um dos nossos notáveis aqui no país, Brasil.
00:36Tudo bem, Álvaro?
00:36Bom também, sempre uma alegria tê-lo aqui conosco no Real Time para a gente conversar sobre esses assuntos relevantes, assuntos diferentes, mas que desperta muita curiosidade.
00:46Não só a minha, mas de quem está em casa.
00:49A minha também.
00:49A sua também, mas aí você ensina a gente.
00:51Álvaro, essas IAs do tipo chatbot, que geram textos, elas pensam igual uma pessoa, mas elas não são uma pessoa.
01:00Como diferenciar essa leitura entre máquina e humano?
01:06Explica um pouquinho para a gente.
01:07Claro.
01:07Então, é engraçado porque quando a gente interage com o chatbot, sobretudo esses de última geração, a gente vê algo que lembra muito uma pessoa.
01:17Parece que tem alguém ali dentro do servidor trazendo informações para a gente de uma maneira sensível, de uma maneira que capta as nossas sutilezas, passa por cima de erros.
01:27A gente escreve alguma coisa errada, o negócio entende.
01:29Então, lembra muito uma pessoa.
01:31E aí vem a questão, até que ponto uma IA desse tipo pensa como uma pessoa, até que ponto ela não pensa?
01:37O surpreendente é que hoje em dia a gente vem descobrindo que o cérebro humano tem uma esfera, por assim dizer, que realmente lembra um chatbot.
01:47Em que sentido?
01:48Os chatbots conseguem gerar discurso coerente porque as palavras que estão encadeadas, elas não têm só uma relação entre elas.
01:58Elas têm uma relação do todo, ou seja, o chatbot, todo mundo fala que ele prevê a próxima palavra, mas na verdade ele orquestra toda a frase e a frase dentro do parágrafo e o parágrafo dentro do texto, tal como um humano.
02:14Isso acontece porque existe um paralelismo, que é a chamada memória de trabalho.
02:19Tanto o chatbot quanto o humano tem uma área que é onde a gente mantém a informação imediata que a gente vai usar.
02:26Por exemplo, você pode estar pensando agora, ah, interessante, então eu vou perguntar tal coisa para ele.
02:30Isso está numa memória que fica aqui, como se tivesse no fundo da mente.
02:34Essa memória é o que a gente usa para criar os nossos raciocínios.
02:39A gente puxa da memória usando um recurso mental chamado atenção.
02:43E justamente a função primária dos chatbots é atenção.
02:48Inclusive o paper inicial que dá origem a esses algoritmos todos é attention is all you need.
02:53Ou seja, tudo o que você precisa é atenção.
02:55Então, curiosamente, há sim um paralelismo muito grande do ponto de vista da maneira como esses módulos cerebrais estão organizados,
03:03especificamente em relação à memória de trabalho, que é essa memória das informações que a gente vai usar,
03:08e da capacidade de puxar coisas de lá, que é a atenção.
03:12Portanto, interessantemente, a gente tem sim paralelos com iás, ainda que a gente tenha muito mais coisas do que simplesmente isso.
03:18Porque a gente tem sentimento.
03:20Exatamente.
03:20Talvez o iá não tenha o sentimento que nós temos.
03:23Por isso, eu vou fugir um pouco do nosso script e vou te perguntar.
03:28Nós seremos substituídos ou a mente humana será substituída pelo iá ou não é assim?
03:33Eu não acredito que a mente humana possa ser perfeitamente replicada por uma iá.
03:39E aí a gente possa falar em substituição por similaridade.
03:45Eu acho que, assim, muitas vezes existe uma substituição que não é por similaridade.
03:49Então, por exemplo, o cavalo foi substituído pelo carro no começo do século XX, gradativamente, não por similaridade.
03:57O cavalo funciona de uma maneira muito diferente.
03:59Ele leva uma pessoa, no máximo duas, em cima.
04:01Mas porque, funcionalmente, em muitas situações, o carro e o cavalo cumprem funções parecidas.
04:09Tem papéis parecidos.
04:10Então, uma coisa é a gente discutir os papéis.
04:12Outra coisa é a gente discutir a similaridade.
04:14A similaridade entre humanos e iás é apenas parcial.
04:18Por quê?
04:18A despeito da iá ter memória, ter esses módulos de funcionamento, a atenção que lembram o humano,
04:24A grande questão é que nós temos toda a plataforma do corpo como um grande campo de processamento.
04:32E a gente tem uma parte que nenhuma iá tem, que é justamente a que transforma nossos valores,
04:38nossas percepções, em algo que a gente sente.
04:41Não tem como você sentir se você não tem áreas do cérebro do sentir e um corpo frio na barriga.
04:47Essas coisas, elas mostram algo para a gente sobre como a gente está se sentindo.
04:52Elas informam nós mesmos.
04:55Elas geram autoconsciência, em outras palavras.
04:57E você não consegue fazer isso sendo uma abstração no servidor.
05:01Então, muita gente fala, ah, interessante.
05:03Então, já que a gente está vendo uma coisa que processa informações de maneira parecida com o humano,
05:08a gente vai ter uma similaridade plena e aí uma substituição plena do ponto de vista dessa redundância do humano.
05:15Mas não, porque na verdade tem todo esse campo da existência humana
05:19que depende de você não ser uma abstração e sim algo que existe no mundo
05:23e é fruto da seleção natural, da evolução por seleção natural.
05:26Se você tivesse que destacar uma única descoberta desses chatbots em relação à mente humana,
05:32o que você destacaria?
05:33Eu diria que a principal descoberta não tem nada a ver com isso.
05:37Tem a ver com o fato de que usando a inteligência artificial,
05:40a gente está decodificando os pensamentos.
05:42Olha que coisa interessante.
05:43Hoje em dia é possível fazer vários registros com ressonância magnética funcional,
05:48que é a ressonância magnética, ou seja, perfusão sanguínea, o sangue no cérebro.
05:52Mas uma que você caminha junto com o sangue, ou seja, você vê que áreas estão sendo ativadas
05:59e em que sequência e a partir disso decodificar um pouco do que as pessoas estão pensando
06:05e até sonhando.
06:06Ou seja, existe uma descoberta aqui que é o cérebro também tem uma forma de representar as coisas
06:15que não é tão abstrata e impenetrável quanto se pensava no passado.
06:19Com um bom classificador, quer dizer, uma inteligência artificial que vai identificar
06:23que raios significa aquilo que está acontecendo, você consegue ir, aos poucos,
06:28criando novas maneiras de produzir um léxico mental.
06:32Ou seja, a pessoa está ativando o cérebro dessa maneira e isso provavelmente significa
06:35que ela está pensando X.
06:37A grande vantagem da gente fazer isso é que no futuro, e eu não acho que é tão distante assim,
06:43a gente vai poder ter próteses que vão fazer leituras de pensamento
06:46e vão ajudar a gente no desenvolvimento de circuitos que vão repor partes do cérebro
06:52danificadas, por exemplo, por doenças como a doença de Alzheimer.
06:55Então aí a gente vai ter uma nova linha de neuroprotética, inclusive já tem muitas empresas
07:01que estão investindo nesse setor.
07:02A tecnologia avançando para a medicina isso, hein?
07:05Exato, porque a gente está tendo esses decodificadores do que está acontecendo no cérebro.
07:09Eu diria que essa é a verdadeira contribuição da inteligência artificial para o entendimento da mente.
07:13Até porque quem desenvolve a inteligência artificial é humano.
07:16Exatamente, claro, e aí tem essa intuição desse tipo de uso, com toda certeza.
07:20Eu vejo muito por aí.
07:21E sabe uma coisa que me chama a atenção, você falou de decodificar a mente humana, o que está pensando?
07:28Às vezes assusta, no início eu se assustava.
07:31Você falava, eu estava conversando com você aqui sobre algum assunto, sei lá, eu quero comprar um carro.
07:35De repente eu pegava o celular, abria uma rede social, um e-mail, um site, e aparecia propagandas de carro.
07:42Aí eu falava assim, mas como assim? Eu acabei de falar com o Álvaro, né?
07:45É um negócio muito interessante, né? Essa leitura, hoje os componentes eletrônicos, né?
07:51Que ligado à inteligência artificial, à tecnologia, parece que eles leem mesmo a nossa mente.
07:55É, então, esse ponto que você está trazendo é maravilhoso, porque a gente tem duas coisas que são paralelas.
08:01Uma é, eu uso um recurso como um classificador de ressonâncias magnéticas para traduzir o que de fato está acontecendo no cérebro de outra pessoa.
08:10A outra coisa é, eu uso as pistas comportamentais, o que a pessoa está falando, com quem, como ela está interagindo,
08:17o que ela está buscando na internet, para deduzir de maneira indireta o que está se passando na mente dela.
08:24Por que essas duas coisas são muito distintas?
08:26Primeiramente porque a opção um olha diretamente para o cérebro e a dois olha para o comportamento e faz inferência,
08:32então tem um método diferente, mas tem algo muito mais profundo.
08:36É o seguinte, nessa segunda opção a gente está atrás do desejo da pessoa.
08:41A gente está buscando decodificar não exatamente a representação mental, mas o que ela quer.
08:47E buscar o que as pessoas querem sempre foi o grande desejo, o grande objetivo do marketing.
08:54Então, através dessas leituras comportamentais de pistas super sofisticadas,
09:00de fato a gente tem um avanço que sugere que no futuro também a gente vai naturalizar a antecipação do desejo.
09:12Esse é o grande ponto.
09:13Porque olha só, você sai, você vai numa loja.
09:15Aí imagina que essa loja tem uma câmera e essa câmera está conseguindo decodificar coisas como, por exemplo,
09:21dilatação pupilar, que é um marcador de interesse.
09:23Você simplesmente olhou a peça A, B e a C.
09:28Na B, A houve uma sutil fixação maior, você ficou um pouquinho mais, e A também um pouquinho mais de dilatação pupilar.
09:36Ou seja, há indicadores muito sutis que podem ser processados imediatamente e vão dizer,
09:40esse cara parece que gostou mais dessa.
09:43Imagina agora você receber no seu celular a oferta da peça com 30% de desconto.
09:47Você olhou e você nem se conscientizou que você poderia querer.
09:52Mas essa oferta te faz pensar naquela peça com mais atenção.
09:57É aí também que a inteligência artificial está avançando.
09:59O domínio do comportamento é um domínio muito poderoso para a gente entender como as pessoas vão querer agir no futuro
10:05e consequentemente trazer preditivamente informações e também manipulá-las.
10:10Exatamente.
10:11Álvaro Machado, é sempre bom conversar com você, tê-lo aqui no Real Time e bom te encontrar também.
10:16Um grande abraço, uma ótima semana para você, meu amigo.
10:19Eu agradeço, Eric, agradeço todo mundo que nos acompanhou.
10:21Até semana que vem.
10:22Até. Tchau, tchau.
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