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  • há 4 meses
Ex-diretor de assuntos internacionais do BC fala sobre as polêmicas entre Lula e Roberto Campos Neto.

Assista à conversa completa: https://www.youtube.com/live/Wt9nJ36PQ1c?feature=share

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Transcrição
00:00Alexandre, seja muito bem-vindo ao nosso Morning Call Antagonista.
00:04Queria agradecer, obviamente, o seu tempo.
00:06Eu sei que você é um cara que, quando não está pedalando, está muito ocupado.
00:13Pedalando também estou ocupado.
00:15É, exato.
00:16O Alexandre, para quem não sabe, é economista e ex-diretor do Banco Central.
00:23E eu queria justamente começar a nossa conversa, Alexandre, falando sobre isso.
00:26Porque as pessoas não sabem muito bem como funciona uma reunião do Comitê de Política Monetária,
00:32que é aquele comitê que reúne os diretores do Banco Central e decide a taxa de juros.
00:38Eu brincava com você antes de a gente entrar no ar aqui,
00:41que às vezes a pessoa acha que senta todo mundo ali.
00:44O Roberto Campos Neto hoje chama o pessoal, senta, dá um cafezinho para cada um e fala assim,
00:49olha gente, estou pensando aqui e vai ficar em R$ 13,75 a Selic.
00:53O que vocês acham?
00:54E o pessoal, está bom e pronto.
00:56Eu queria entender como é essa mecânica.
01:01São dois dias de reunião, duas reuniões, na verdade, do Copom,
01:07para sair de lá com um texto que às vezes incomoda algumas pessoas.
01:12Depois a gente vai falar sobre isso, obviamente.
01:15Interpretação de texto no país parece que virou uma nova arte.
01:20e às vezes não sempre traz ali qual vai ser a nova meta da taxa Selic.
01:29Eu queria que você já teve experiência lá, você foi diretor de assuntos internacionais do banco.
01:34Como é que funciona a reunião do Copom?
01:39Tá certo.
01:40Bom, antes de mais nada, agradecer.
01:42Já andei falando aqui no meio, mas agradecer a oportunidade de a gente conversar, Rodrigo.
01:47Sempre um prazer.
01:49Então, como é que funciona a reunião?
01:51Na verdade, são duas reuniões do Copom.
01:53Como se sabe, agora elas vão ocorrer mais mensalmente, já há algum tempo.
02:00Falo isso porque foi por acaso, o Rodrigo Azevedo estava de férias,
02:05então eu assinei a circular, que mudou a frequência do Copom de mensal
02:13para agora oito vezes por ano, etc.
02:15Mas enfim, então oito vezes por ano se reúne a diretoria do Banco Central,
02:20que também é o Comitê de Política Monetária.
02:24A primeira reunião acontece sempre numa terça-feira à tarde.
02:29É uma reunião bem grande, vários departamentos do Banco Central participam.
02:36Então começa com uma exposição do Departamento Econômico sobre Conjuntura,
02:41o Departamento de Administração de Reservas Internacionais,
02:44que é o que está mais ligado ao que está acontecendo lá fora,
02:48descreve fatos externos, então como é que estão os mercados de juros
02:53ou de moedas lá fora.
02:55Tem o Departamento, o DEBAN também fala alguma coisa sobre como é que estão os bancos aqui.
03:01Então, enfim, tem uma apresentação técnica no primeiro dia
03:04que cobre várias áreas do banco e da qual participa muita gente,
03:09muita gente.
03:10Então, inclusive ali no Salão Nobre do Banco, uma mesa gigantesca,
03:14e basicamente é uma apresentação para colocar toda a diretoria do banco
03:20que vai tomar a decisão no dia seguinte,
03:23mais ou menos no mesmo pé no que diz respeito a quais são ali os principais cenários da economia.
03:30Então, como é que está indo a atividade, como é que está indo a inflação,
03:33o que está acontecendo com a inflação lá fora,
03:35o que está sendo com o juros lá fora, com a Bolsa lá fora,
03:38enfim, essa é a ideia.
03:39O segundo dia é uma reunião mais restrita.
03:43As quartas-feiras também começa mais para o meio da tarde,
03:48se estende até o final da tarde.
03:51A ideia é sempre divulgar a decisão com os mercados fechados,
03:56para que dá tempo de digerir,
04:00não aparecer nenhuma história de que alguém teve alguma vantagem
04:03no sentido de saber a decisão antes.
04:08E no segundo dia é uma reunião mais restrita,
04:11da qual participam apenas os diretores do Banco Central,
04:16os diretores, eu estou incluindo o presidente,
04:18e uma pessoa de fora.
04:20Esta pessoa que não é de fora, não é da diretoria do Banco Central,
04:24é o chefe de departamento de estudos econômicos,
04:26porque nesta reunião as projeções que são feitas pelo staff,
04:32pelo departamento de estudos econômicos do Banco,
04:36são apresentadas aos diretores.
04:38Então tem um conjunto de modelos que o Banco Central usa,
04:43e ali se apresentam quais são as projeções de inflação
04:47para o dito horizonte relevante do Banco Central.
04:51Qual que é o horizonte relevante?
04:52Hoje em dia ele é mais bem definido,
04:56até alguma coisa ali na casa, de 18 ou 24 meses.
05:00Não é arbitrário, 18 ou 24 meses é entendido como o período
05:06após o qual a política monetária tem o seu máximo,
05:09ou seja, movimentos de taxa de juros que você faz hoje
05:14afetam de maneira mais forte a inflação 18 a 24 meses à frente.
05:20E aí tem uma série de projeções que são apresentadas.
05:26As projeções que balizam a decisão do Banco Central,
05:31quer dizer, obviamente são todas,
05:33mas ali tem um subconjunto delas que é o mais importante,
05:36é o modelo de médio porte do Banco Central,
05:39é um modelo que foi originalmente criado ali em 99, 2000,
05:45e tem passado por alterações praticamente desde então.
05:51Sempre você incorpora novos dados, incorpora novos métodos de estimação, etc.
05:57Vai incorporando outros elementos.
06:00Então, por exemplo, hoje em dia tem variáveis que estão ligadas à clima,
06:04para ter uma ideia de impacto que possa ter sobre a questão de agrícola,
06:09a questão agrícola, preço.
06:11Isso não tinha na minha época, eu sei que tem hoje.
06:13Por que eu sei que tem hoje?
06:15Porque isso é divulgado no relatório de inflação.
06:17Então, uma vez por ano, tipicamente, o Banco Central
06:20publica a estrutura do seu modelo, os valores,
06:26dos parâmetros que ele usa.
06:27Então, possibilita que analistas do setor privado,
06:30como eu e outros tantos,
06:32possam olhar, ver como se chegou naquilo,
06:35e eventualmente tentar replicar o resultado do modelo.
06:38Mas essas projeções são as que balizam a decisão de política monetária.
06:47Em que sentido?
06:49Bom, se a inflação está acima da meta, no horizonte irrelevante,
06:54o Banco Central tem que tomar alguma medida a esse respeito.
06:58Na mesma forma, se ela estiver abaixo da meta, também.
07:01Quando a gente fala acima e abaixo, obviamente não é 0,1, 0,2,
07:05para cima ou para baixo, que vai provocar uma alteração enorme.
07:08Mas ali, quando está ao redor da meta,
07:11quando está ao redor da meta, não.
07:12Então, significa que o nível de taxa de juros está adequado.
07:16Que nível é esse?
07:18Na minha época, se faziam, tipicamente, dois exercícios a esse respeito.
07:24Um deles, que na época era o mais comum, era...
07:28Bom, nós temos esse nível da taxa Selic,
07:30e a gente faz projeções de inflação
07:34na presunção de que a taxa Selic fique inalterada
07:37ao longo de todo o período de projeção.
07:40Então, o staff do banco coloca lá no modelo a hipótese
07:45de que a taxa Selic vai ficar parada esse tempo,
07:48e a gente vê para onde a inflação vai.
07:51Então, se a inflação, com a taxa Selic parada,
07:54ela está acima da meta,
07:56você deve subir a taxa de juros.
07:58Se, com a projeção da taxa Selic parada,
08:03ela fica abaixo,
08:04você deve reduzir a taxa de juros.
08:06Essa é a dinâmica mais simples.
08:09O outro, era exatamente o mesmo modelo,
08:11mas partia de uma outra...
08:13de um outro conjunto de hipóteses
08:16sobre a evolução da taxa Selic.
08:20Então, pegavam as projeções de taxa Selic,
08:23que são feitas por analistas de mercado,
08:26que são capturadas pela pesquisa Focus do Banco Central.
08:29Então, as pessoas vão contribuindo
08:31para essa pesquisa do Banco Central.
08:34Sai de lá uma trajetória de juros.
08:36Outra coisa que o staff fazia
08:38era, com esta trajetória de juros,
08:43que está embutida ali com as projeções dos analistas,
08:46como é que fica a inflação?
08:47Está na meta?
08:48Está acima da meta?
08:49Está abaixo da meta?
08:50Enfim, então a ideia é similar.
08:52Então, se você pega ali as projeções
08:54que os analistas colocam
08:56para a evolução da taxa Selic
08:58ao longo do horizonte relevante,
09:01essas projeções entregam a inflação na meta,
09:04significa que muito provavelmente
09:06o Banco Central vai seguir aquelas...
09:09ou alguma coisa similar àquela trajetória de juros.
09:12Se aquela trajetória de juros
09:14implica uma inflação acima da meta,
09:18então essa trajetória de juros está errada.
09:21Ela tem que ser uma trajetória mais apertada.
09:23E vice-versa.
09:25Se essa trajetória de juros
09:26implica inflação para baixo da meta,
09:29então ela também está errada,
09:31significa que você tem que rever para baixo.
09:32Então esses dois conjuntos de hipóteses,
09:36eles balizam o que o Banco Central vai fazer.
09:41Então sempre uma ideia de ver
09:42se a taxa de juros está adequada ou não
09:46neste momento ou ao longo da trajetória
09:50que é projetada pelos analistas de mercado.
09:56Basicamente são esses dois modelos.
09:58Ultimamente, de uns anos para cá,
10:00o Banco Central até tem usado mais a segunda abordagem.
10:05Então o staff do banco retira
10:09a trajetória para a taxa Selic
10:13dessa pesquisa Focus e joga lá.
10:15E aí o Banco Central.
10:18Como esta trajetória da taxa Selic,
10:20a inflação no horizonte relevante
10:23vai ficar acima ou abaixo.
10:26Vai dar um número, na verdade.
10:27E você compara com a trajetória de metas.
10:30Então, para ter uma ideia,
10:32nesta última reunião do Copom,
10:34reunião de fevereiro,
10:36neste exercício,
10:38existia uma projeção dos analistas de mercado
10:43para a taxa Selic.
10:44Então, a pressuposição é que elas manteriam,
10:47o Banco Central manteria a taxa Selic inalterada
10:50quatro reuniões,
10:51ou seja, a primeira metade do ano,
10:54e começaria um processo de queda
10:56a partir da quinta reunião.
10:57E essa queda ia continuar.
11:00O Banco Central plugou essa trajetória de juros
11:03e falou, olha,
11:04pelo nosso modelo,
11:06se você fizer isso,
11:07a inflação em 2024
11:10fica ali em 3,4 ou 3,5,
11:13comparado a uma meta de 3.
11:16Que não é necessariamente ruim, né, Alexandre?
11:19É.
11:20Ela está acima da meta.
11:22Então, o que ele está dizendo?
11:23Esta trajetória de juros
11:25não entrega inflação na meta.
11:28Excepcionalmente,
11:29nesta reunião,
11:30o Banco Central voltou a fazer
11:32o exercício antigo.
11:33Ou seja,
11:34olha, também vou fazer aqui
11:36um conjunto de projeções,
11:37ele chamou de cenário alternativo,
11:40que é o que vai acontecer com a inflação
11:43caso eu mantenha a taxa de juros
11:46em 13,75,
11:49daqui até o sol congelar.
11:52E ele faz essa projeção,
11:54a inflação fica algo abaixo da meta,
11:582,8.
11:59Então, ele está dizendo, olha,
12:00basicamente a forma de você ler
12:02não dá para cortar juros
12:05na primeira metade do ano.
12:06Mas não quer dizer
12:07que vai ficar parado para sempre.
12:09Porque vai ficar parado muito tempo,
12:11vai entregar uma inflação
12:12abaixo da meta.
12:13Eu também não quero entregar
12:14a inflação abaixo da meta,
12:15eu quero entregar a inflação na meta.
12:17Então, em cima disso,
12:20vai balizar
12:22qual que é a visão de taxa de juros.
12:24E por exemplo,
12:27da trajetória de taxa de juros.
12:29Diga.
12:29Por que o mercado entendeu
12:32que estaria mantendo essa taxa inalterada
12:37até o fim do ano?
12:38Porque foi essa a reação do mercado,
12:40foi até a reação do presidente Lula, inclusive.
12:43Na verdade, eu fiz algumas contas.
12:46Se você quiser tomar valor de face
12:49às projeções do modelo,
12:51com a defasagem que existe
12:55de política monetária, etc.,
12:56daria para começar uma redução
12:59não na quinta reunião do ano,
13:01mas ali pela sétima ou pela oitava.
13:04Então, você teria aí...
13:05E aí, cortando os 50...
13:07Eu começaria a cortar
13:08a partir da sétima ou oitava reunião.
13:10Mas, enfim,
13:11isso,
13:12até esse momento,
13:14uma reunião típica do Copom,
13:16nenhum diretor abriu a boca.
13:18Não é exatamente verdade,
13:20mas esta apresentação,
13:21quem faz é o chefe
13:22de departamentos de estudos econômicos,
13:24que representa o staff do banco
13:26que preparou aquelas projeções para a gente.
13:29Abre parênteses,
13:30diga-se de passagem,
13:32é exatamente assim que funciona
13:33em outros lugares.
13:34Por exemplo,
13:35na reunião do Federal Reserve,
13:37quem começa a apresentação,
13:39tipicamente,
13:40é o chefe do staff do banco,
13:43que vai mostrar as projeções de inflação
13:45para os diretores.
13:47Então, a parte técnica,
13:50estritamente, é essa.
13:52E a partir daí,
13:52começa a discussão.
13:54Então, tipicamente,
13:55quem abre a discussão
13:56é o diretor que é responsável
13:58pelas projeções,
14:00que é o diretor de política econômica.
14:02Aí fala.
14:03Aí fala os diretores,
14:04fala o presidente,
14:05debate-se.
14:06E aí faz sentido.
14:10Então,
14:11vamos...
14:13Como é que a gente interpreta
14:14esses números?
14:16Quer dizer,
14:16quais são os riscos
14:18que estão associados a isso?
14:19Então,
14:20tem riscos para cima
14:21dessa projeção,
14:23tem riscos para baixo.
14:24Quer dizer,
14:24quando o Banco Estrada fala
14:25balanço de riscos,
14:27ele basicamente está dando
14:29a discussão
14:29que rolou
14:31no Comitê de Política Monetária,
14:33onde os diretores
14:34vão expor ali
14:35razões para acreditar
14:36que o modelo
14:37pode estar sendo
14:38muito pessimista
14:40no que diz respeito
14:41à inflação,
14:42ou muito otimista
14:43no que diz respeito
14:44à evolução da inflação.
14:45tem riscos
14:47que vão trazer
14:48a inflação para cima,
14:49tem riscos
14:50que vão trazer
14:50a inflação para baixo.
14:52São coisas
14:52que não puderam
14:54ser incorporadas
14:55tecnicamente
14:57no modelo.
14:58Então,
14:59tem...
15:01Ah,
15:02por exemplo,
15:03uma coisa que
15:03inclusive casa
15:04com essa discussão de hoje.
15:06O Banco Central,
15:07quando ele vai olhar,
15:08por exemplo,
15:09uma variável importante
15:10que é a trajetória
15:11de contas públicas,
15:12ele vai olhar
15:13para o orçamento.
15:15Então,
15:15tem um orçamento,
15:16eu coloco os números
15:18do orçamento lá.
15:19A governança,
15:21o staff,
15:23a evolução
15:23das contas públicas
15:25vai acontecer
15:25assim e assim
15:26assado,
15:27em linha com o orçamento.
15:28Obviamente,
15:28ao longo do ano
15:29vai corrigindo
15:30na medida que
15:31vai ficar mais para um lado
15:32ou mais para o outro
15:32do orçamento,
15:33mas você vai
15:34basicamente colocando isso.
15:36Aí,
15:36cabe aos dias
15:37ter o seu problema,
15:38mas tem uma discussão
15:40que está rolando.
15:41No final do ano passado,
15:42está rolando
15:43uma discussão
15:44de mexer
15:45nas metas,
15:46mexer no teto
15:47de gastos.
15:47Então,
15:48esse orçamento
15:48que foi apresentado
15:50pelo governo,
15:50no caso,
15:51o governo Bolsonaro,
15:52que trazia um déficit
15:53de 60,
15:53não é.
15:54Um déficit
15:55vai ser maior
15:56do que isso,
15:57mas a gente não sabe,
15:58você não sabe,
15:59você não pode incorporar
16:00no modelo,
16:01mas você coloca ali
16:01no teu balanço de risco,
16:02olha,
16:03está dando esse resultado.
16:05agora,
16:06tem o risco
16:07de um desvio
16:08para cima
16:09no déficit público,
16:11esse desvio
16:11para cima
16:12no déficit público
16:12tem tais e quais
16:13impactos
16:14sobre a inflação
16:15e eu vejo
16:16um risco
16:16associado a isso.
16:18Ah,
16:18mas tem uma série
16:19de coisas
16:19que estão acontecendo
16:20lá fora,
16:21então o preço
16:21de commodities
16:22pode estar caindo,
16:22pode estar subindo.
16:23Essa discussão
16:24é a parte mais rica,
16:26porque uma delas,
16:27basicamente,
16:28o modelo foi lá
16:29e nos deu um número.
16:31Maravilha,
16:32é importante.
16:32modelo é uma forma
16:34de você se manter
16:35coerente,
16:37todos os fatores
16:38que você consegue
16:39quantificar,
16:41você coloca ali
16:41no modelo,
16:42ele tem uma coerência
16:44interna,
16:45não quer dizer
16:46que ele seja certo,
16:47mas ele tem uma
16:48coerência interna
16:49e ele permite
16:50que você coloque
16:51tudo isso daí
16:52e todas essas
16:54variáveis diferentes
16:55se materializam
16:56num único número
16:57ou uma única
16:58trajetória
16:58que é
16:59a previsão
17:01de inflação.
17:02muito bacana
17:03e é importante,
17:05sem isso não teria
17:06como começar a discussão,
17:07mas esse é o começo
17:08da discussão.
17:09Então,
17:10boa parte do debate
17:11que vai acontecer
17:12dentro do Comitê
17:13de Política Monetária
17:14é em cima do
17:15a gente estar vendo
17:16essa coisa com risco
17:17mais para cima,
17:18mais para baixo,
17:20eles estão mais
17:21ou menos equilibrados,
17:23enfim,
17:23qual que é o grau
17:24de incerteza,
17:25qual que é o grau
17:25de confiança
17:27que a gente pode dar,
17:28quando a gente fala
17:28confiança,
17:29não é nem a confiança
17:30que sai das próprias
17:32projeções estatísticas,
17:34todas essas projeções
17:35saem com intervalo,
17:3695% de confiança,
17:39então vai estar
17:39esse ponto médio,
17:41vai estar entre isso
17:41e aquilo.
17:42Não,
17:42quando a gente fala
17:43de confiança,
17:43olha,
17:44tá,
17:45o trabalho foi bem feito,
17:46mas eu tenho aqui,
17:47eu não sei
17:49qual vai ser
17:50a trajetória fiscal,
17:51qual que é o meu
17:52grau de confiança,
17:53é baixo,
17:53porque se for uma coisa
17:56que era mais perto
17:57daquele orçamento
18:00que tinha sido
18:01inicialmente divulgado,
18:02a minha visão de inflação
18:03vai ser uma.
18:04Se for um negócio
18:05que vai mostrar
18:06um déficit muito maior,
18:08a minha projeção
18:08vai ser outra.
18:11Então,
18:12esta parte aí,
18:13como disse,
18:14é a discussão mais rica,
18:15em cima disso
18:16é que o Banco Central
18:18debate.
18:18Então,
18:18tem muito julgamento,
18:20não é que assim,
18:22o modelo cuspiu,
18:23um número,
18:24e a gente fala,
18:24fala,
18:25cara moru,
18:25cara moru,
18:26o modelo falado,
18:27tá falado.
18:29E aí,
18:30a vantagem
18:32de você ter,
18:33entre a diretoria
18:34do Banco Central,
18:35gente com treinamento
18:36econômico,
18:38com treinamento
18:38de mercado.
18:39Eu fui um privilegiado,
18:41porque assim,
18:41eu pude
18:42compartilhar
18:44o comitê
18:46com gente
18:47do Calírio Pedro Arbuloio,
18:48do Afonso Bevilacqua,
18:49do Rodrigo Azevedo,
18:51todos eles,
18:52economistas,
18:52excepcionais.
18:54E hoje,
18:54você tem lá,
18:55tem o Guilherme,
18:56tem a Fernanda Guardado,
18:58enfim,
18:58tem o próprio Roberto,
18:59o Bruno,
19:01então tem gente
19:02que tem essa capacidade
19:04de discutir
19:05essas coisas.
19:06E é em cima
19:07dessa discussão
19:08que se toma
19:08a decisão.
19:09E essa é uma decisão,
19:11normalmente,
19:12o que acontece
19:12é que o diretor
19:13de política econômica
19:14propõe um número,
19:15então a gente vai,
19:17na minha visão,
19:18a gente deve subir,
19:19a gente deve baixar,
19:20a gente deve manter,
19:21e hoje mais,
19:23não,
19:23eu concordo,
19:24eu discordo,
19:25então,
19:25mas por que você discorda?
19:26Não,
19:26eu acho que teria que subir,
19:29não manter,
19:30há alguns meses,
19:32por exemplo,
19:32a diretoria de política econômica,
19:34eu não sei se foi a diretoria de política econômica,
19:35acho que foi,
19:36porque,
19:37entre as pessoas que tinham votado
19:41pela decisão que foi majoritária,
19:44estava o diretor de política econômica,
19:46mas, por exemplo,
19:46a Fernanda Guardado,
19:48e mais um diretor,
19:50cujo nome eu não lembro agora,
19:52achavam que...
19:54Que tinha que subir um pouco mais,
19:55né?
19:56Tinha que fazer uma última subida,
19:58né?
19:58Então,
19:59você tem,
20:00inclusive, divergências dentro do comitê,
20:02essas divergências vão ser resolvidas
20:04pelo voto de cada um.
20:06No caso,
20:07são nove membros do comitê,
20:10então,
20:10a gente tem oito diretores,
20:12o presidente,
20:12o presidente,
20:13e última análise é quem define,
20:16no caso de empate entre eles,
20:17vai ser uma decisão,
20:19vai ser um voto de Mineto,
20:21mas é só nessas circunstâncias,
20:23e eu vou falar que nunca houve,
20:27que eu consiga me lembrar,
20:28pelo menos,
20:29uma circunstância na qual o comitê se dividiu
20:33exatamente no meio,
20:35e o presidente deu voto de Mineto.
20:37Eu já vi comitês mais divididos,
20:39duas, três pessoas de um lado,
20:40mas, tipicamente,
20:41seis, oito pessoas do outro.
20:43Então,
20:43é uma decisão efetivamente colegiada,
20:47uma decisão da diretoria colegiada do Banco Central.
21:03E aí,
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