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  • há 4 meses
CEO da Connecting Food, Alcione Pereira comenta as normas sobre doação de comida no Brasil.

Assista à conversa na íntegra: https://youtu.be/in9mMpzuu5E

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Transcrição
00:00A gente tem que voltar para as feiras populares, para os mercadinhos locais, para as produções locais,
00:06porque isso também tem a ver com a própria expansão do mercado, né?
00:10É aquela velha história, para você garantir esse conforto, né?
00:15A conveniência, né?
00:17É, o conforto nesse sentido, né?
00:20Da conveniência, você encontrar tudo à mão, né?
00:24Você tem o conforto estético das coisas estarem bonitas ali para você consumir, né?
00:29E para você garantir isso, você tem que realmente ter uma produção em grande escala,
00:35para ela ser economicamente viável, você tem que fazer isso em rede,
00:38e aí você tem essas grandes redes, ninguém está fazendo crítica às grandes redes,
00:42na verdade, elas são uma consequência de um modelo de consumo que vai se consolidando.
00:48E a gente, às vezes, tende...
00:50Eu sempre reflito sobre isso, porque esse raciocínio tem diversas aplicações.
00:56Muitas vezes a gente acha, até quando a gente discute, né?
00:59Vamos falar da democracia, muita gente acha que é um conceito acabado,
01:03que isso sempre existiu.
01:05Ah, eu nasci já num período democrático, isso sempre existiu.
01:07Eu nasci num período de abundância.
01:10Agora mesmo a gente teve um...
01:11Teve aí um pequeno reflexo com a história da guerra na Ucrânia,
01:15porque as economias também, elas estão todas conectadas hoje globalmente,
01:20em função também desse mercado, dessas grandes redes,
01:24que elas não têm atuação só às vezes num país,
01:26elas têm atuação continental, global.
01:30E aí você tem uma guerra que acaba afetando um produtor de fertilizante,
01:36esse fertilizante que é importado para o Brasil,
01:38que é o fertilizante utilizado justamente nessa produção,
01:41e daqui a pouco você vai...
01:41Está faltando tomate.
01:42Aí o tomate de sete reais vai para cinquenta.
01:47A gente teve aí arroz, arroz, que também faltou aí uns anos atrás,
01:50arroz chegou a quarenta e tantos reais, um saco de um quilo de arroz,
01:53um saco de cinco quilos de arroz.
01:56E isso é uma coisa realmente a ser questionado.
02:01Mas tem...
02:02Eu sei que isso aí já é uma discussão quase filosófica, né?
02:06Sim, sim.
02:08Você também, para mudar esse entendimento,
02:10você tem que ir criando soluções que sejam viáveis.
02:19É muito difícil você concorrer.
02:22Quem tem um mercadinho...
02:24Normalmente você vai num mercadinho,
02:25o mercadinho às vezes o preço é maior do que numa grande rede,
02:28porque é questão do custo de produção, de colocação, da concorrência que se estabelece.
02:37E aí, quanto maior a quantidade de produto que você disponibiliza,
02:40que você compra e disponibiliza, você consegue baixar o valor disso,
02:44o preço disso que você está negociando em grandes quantidades.
02:46Existe preocupação dessas grandes redes que colaboram com o trabalho de vocês e vice-versa?
02:56Porque, no final das contas, elas também têm de liderar esse processo.
02:59Sim, sim.
03:00Existe essa preocupação? Existe essa discussão?
03:04Existe, existe, Cláudia.
03:05É bem complexo porque realmente passa do pensamento das cadeias de produção de alimentos globalizadas.
03:11Mas fala-se muito hoje da produção local.
03:15Não sei se é exatamente uma volta, porque isso é muito complexo.
03:19Realmente está tudo muito conectado globalmente.
03:21Mas, de uma certa forma, repensar a cadeia de suprimentos, de alimentos,
03:27e trazer mais para uma localidade.
03:30A gente ficou aí, como você mesmo falou, na guerra da Ucrânia,
03:33extremamente suscetíveis, o mundo inteiro muito suscetível a abastecimento de alimentos.
03:38A Ucrânia tem um impacto enorme no abastecimento de trigo, de milho,
03:43grandes commodities para o mundo inteiro.
03:45Fez um acordo com a Rússia para abrir esse corredor de escoação para exportação.
03:50A Ucrânia ficou aí, mais ou menos, três meses com a produção de trigo fechada dentro do país.
03:56Isso impactando, por isso que a gente está colhendo o fruto da alta dos preços, por exemplo, hoje.
04:03Então, é temática dentro de grandes redes de varejo, de indústrias,
04:10a conversar sobre, rever essa questão das cadeias de abastecimento.
04:15Fala-se em circuitos curtos de produção, eventualmente agroecologia, hortas urbanas.
04:21Então, são temas que hoje são super urgentes e que a gente vê na temática,
04:27na discussão de grandes redes e grandes produtores.
04:31Não tem muito como a gente escapar de não falar sobre isso.
04:35E também da gente não filosofar sobre isso, porque passa pelo nosso pensamento.
04:40A gente precisa refletir, a gente precisa parar.
04:42O nosso mundo moderno é muito rápido.
04:45A gente mesmo aqui faz um jornalismo muito rápido, muito acelerado.
04:50Na verdade, toda a imprensa faz.
04:52E, às vezes, isso acaba a gente incorrendo aí, às vezes, num erro.
04:57Esse erro é multiplicado de forma rápida, ninguém raciocina sobre aquilo.
05:00Daqui a pouco está uma histeria coletiva.
05:02E a gente tem que parar.
05:04Tem que parar.
05:05Parar para pensar, parar para refletir.
05:07Qual foi o grande desafio na construção dessa plataforma, nessa tua experiência?
05:17A gente está falando já de 15, 16, 18, 19...
05:21Sete anos.
05:21Sete anos.
05:22Tem a idade do antagonista.
05:25A gente está indo para oito anos.
05:27E eu tenho, na minha cabeça, ser exatamente os momentos-chave do site, com os desafios do jornalismo.
05:36Quais foram os principais desafios nessa tua trajetória de sete anos com a Connecting Foods?
05:41Olha, Cláudia, são vários.
05:43Quem empreende já tem um pouco uma natureza de desafios relacionados a empreender em si.
05:51Mas empreender uma empresa de impacto social no Brasil também traz algumas...
05:57Soma, né?
05:58Aí, mais alguns desafios extras.
06:01A inovação de impacto social, né?
06:03Você prestar serviço, né?
06:04Nós prestamos um serviço de impacto social para grandes empresas.
06:08Então, não é só a oferta desse trabalho, desse serviço em si,
06:14mas também toda a cultura que precisa estar atrelada para que se veja valor nesse serviço.
06:19Como é que as empresas entendem que o impacto social traz valor?
06:25Claro.
06:25Às vezes, a gente tem que provar o valor econômico.
06:28Existe um valor econômico atrelado.
06:30Esse alimento, ele ia para um aterro sanitário.
06:33Esse aterro tem um custo.
06:35Então, eventualmente, você deixa de ter esse custo por conta de um novo destino do alimento.
06:40Mas, às vezes, essa conta, ela não é tão alta, né?
06:43Ela não é uma conta que, às vezes, justifique.
06:45Você tem uma economia, mas, às vezes, paga-se muito pouco por isso, né?
06:49O Brasil ainda tem um sistema...
06:50Eu prefiro pagar para não me preocupar.
06:52Para descartar, exato.
06:53É barato.
06:54É mais barato eu não me preocupar do que eu me preocupar.
06:56Exatamente.
06:57Você paga hoje o arcabouço legal para a doação de alimentos no Brasil.
07:01Precisa muito evoluir.
07:02Posso contar até um pouco mais sobre isso.
07:04Quero saber.
07:04Que é o alimento hoje que você doa, que tem ICMS, você paga o ICMS.
07:11Quando você joga no lixo, você não paga.
07:14Então, jogar fora...
07:16Não, não, não.
07:17Para tudo.
07:17Espera aí.
07:18Espera aí.
07:18Espera aí.
07:19A doação de alimentos, você paga.
07:20Espera aí.
07:21Para você doar o alimento, você tem que pagar ICMS.
07:24Exato.
07:24Se for para o lixo, você não paga nada.
07:25Você não paga nada porque é uma perda.
07:27É uma quebra.
07:28É entendido como uma quebra...
07:29Olha só.
07:30Desculpa.
07:30Eu falei que a gente não ia falar de política, mas é impossível.
07:35Vamos lá.
07:36Eu trouxe a Alcione aqui porque é o seguinte.
07:40Primeiro que me chamou muito a atenção o exemplo dela.
07:43Depois que...
07:44Eu adoro gente que empreende.
07:46Eu adoro gente que inova.
07:47Eu adoro gente que mostra que a sociedade não precisa ficar esperando cair do céu.
07:54É que um político prometa que vai mudar sua vida.
07:58Não.
07:58A Alcione é uma pessoa que resolveu mudar a sociedade por conta própria.
08:06Com a ajuda de muita gente.
08:08Naturalmente, ninguém faz nada sozinho.
08:09Ao contrário.
08:10Você começou falando lá das pessoas que te ajudaram.
08:13Primeiro você entender aquele meio que você estava entrando.
08:18E os parceiros e colaboradores que você foi fazendo pelo caminho.
08:22É um trabalho coletivo.
08:25E aí, gente, é o seguinte, é esse esforço que a gente precisa fazer de olhar para o lado.
08:30De enxergar o outro.
08:31De enxergar como que a gente pode melhorar e parar um pouquinho de viver essa vida só para nós mesmos.
08:37E viver um pouquinho para a sociedade.
08:39E aí, quando a gente passa a fazer isso, a gente vê o poder que a gente tem.
08:43Uma iniciativa como essa é poderosíssima.
08:45Um milhão de pessoas atendidas durante um ano.
08:48Isso é muito mais valioso que qualquer política pública assistencialista.
08:55Tá certo?
08:56Por quê?
08:56Porque, na verdade, você está criando um ecossistema.
09:01Exato.
09:01Que tem sustentabilidade.
09:03Agora, você, parlamentar, quer fazer alguma coisa para ajudar.
09:08Você, que ocupa um cargo executivo no poder público e quer fazer alguma coisa para ajudar.
09:15Se debruce sobre esses gargalos.
09:16Se debruce sobre esse arcabouço que inviabiliza.
09:20Eu sempre digo aqui, o Estado tem que ser eficiente.
09:22Então, para ser eficiente, ele precisa deixar, liberar as energias produtivas e criativas de uma sociedade.
09:27Você, a prova viva, é um exemplo vivo do que significa essa energia criativa e produtiva.
09:35Mas, é isso.
09:37O que está fazendo é, de repente, esbarra num negócio.
09:39Aí, o empresário fala assim, pô, eu vou ter que pagar mais imposto para doar o alimento?
09:46Eu vou jogar fora.
09:48Exatamente.
09:49É isso que a gente lida diariamente.
09:52Por isso que, quando você me fala dos desafios, você pergunta, Cláudia, dos desafios.
09:56É um desafio cultural, porque, de uma certa forma, a doação de alimentos no Brasil, ela sai até de uma questão humana, humanitária.
10:05Porque, do ponto de vista econômico, às vezes, de um incentivo econômico...
10:10Não tem incentivo nenhum, né?
10:12Muitas vezes, não tem.
10:13Nós temos um programa, hoje, que foi uma migração, né?
10:17O programa Fome Zero, hoje, chama-se Programa Brasil Fraterno, que é uma parte da captura desse ICMS, né?
10:26Porém, tem uma série de regras, tem ali um teto de captura, é um pouco burocrático, enfim, né?
10:33Temos aí, mas precisamos muito avançar na facilitação da captura e na recuperação, pelo menos de parte, né?
10:40Desse incentivo.
10:43E quando eu criei a...
10:45Quando a Connecting foi nascendo, né?
10:46Quando ela foi se estabelecendo...
10:48Desculpa, eu estou em choque ainda, porque, assim...
10:50Exato, Cláudia.
10:51Eu acho que o empresário tinha que ser incentivado a doar aquilo que sobra, e não ser cobrado por aquilo que sobra, e estar doando para alimentar as pessoas.
11:00Mas eu vi isso muito cedo, né, Cláudia?
11:02Quando eu comecei a trabalhar nesse meio, eu percebi isso muito de início.
11:07Então, hoje, o trabalho da Connecting, ele tem dois grandes pilares.
11:11Então, ele tem esse alívio que a gente chama da fome imediata, que é esse alimento que está sendo jogado fora todo dia, ele tem que alimentar pessoas em situação de vulnerabilidade.
11:20E isso é hoje, né?
11:22Dia a dia, dia a dia da Connecting Food, da equipe lá, enquanto a gente está aqui conversando, tem uma equipe trabalhando para que esses alimentos cheguem até essas pessoas.
11:30Mas, no paralelo, e também isso foi desde o início, é como é que a gente muda esse cenário em médio e longo prazo.
11:37Claro.
11:37Então, ali no princípio também, quando eu estava fazendo ali os MVPs, os primeiros testes e pilotos na Connecting,
11:44eu também já fui atrás de me conectar com o que estava por baixo, né, ali, todo o arcabouço legal, regulatório, né,
11:53quais são os grandes movimentos globais voltados para isso, para ir também trabalhando nessa questão da cultura.
12:07Obrigado.
12:08Obrigado.
12:09Obrigado.
12:10Obrigado.
12:11Obrigado.
12:12Obrigado.
12:13Obrigado.
12:14Obrigado.
12:15Obrigado.
12:16Obrigado.
12:18Obrigado.
12:19Obrigado.
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