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  • há 4 meses
A engenheira de alimentos que fundou a Connecting Food fala sobre o trabalho para combater o desperdício nos supermercados brasileiros.

Assista ao programa na íntegra: https://youtu.be/in9mMpzuu5E

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Transcrição
00:00Vamos entrar na Connecting Foods, primeiro porque as pessoas entendam exatamente o que é.
00:07Elas ouviram aqui da minha parte, eu fiz uma síntese bem tosca, como cabe a mim.
00:14Mas você é a fundadora da empresa, ela é uma plataforma tecnológica,
00:23o que ela fazia, qual foi a proposta original, que você já me disse que houve uma evolução,
00:31e o que ela faz agora?
00:34Bom, acho que o primeiro ponto para falar da Connecting é que nós somos uma empresa de impacto social.
00:40Isso por si só já é uma super inovação no Brasil, mesmo hoje em dia.
00:45Nós não somos uma ONG, nada contra ONGs, mas nós somos uma empresa que gera lucro
00:51e que tem por objetivo principal gerar impacto social.
00:55É possível, então?
00:57É extremamente possível, eu sou uma prova viva aqui do que é possível.
01:00É um conceito, é um pouco o que a gente também fala da economia verde, etc.
01:06É um conceito inovador, é um conceito realmente ainda desconhecido da ampla nossa sociedade.
01:19Eu não vejo, inclusive, eu vejo muito pouca discussão política sobre isso.
01:24Eu acho que até vamos distribuir o nosso programa para a nossa classe política
01:29para eles entenderem o que precisam fazer, por onde caminhar, como facilitar.
01:37Como facilitar?
01:38A gente vai falar de dificuldades que você enfrentou, mas eu queria...
01:41Mas, por favor, não quero te cortar, não, que eu falo demais.
01:44Imagina.
01:44Aí o que ela faz, como é que era o projeto original, como é que está hoje?
01:50Então, a Connecting como empresa de impacto social, então, desde o início se propôs
01:54a fazer essa conexão desses alimentos.
01:56Então, a gente identifica esses alimentos excedentes na cadeia de distribuição,
02:01seja na produção, na distribuição, no varejo, em indústrias.
02:06Esses alimentos excedentes são muito conhecidos como alimentos sem valor comercial.
02:12Então, é aquele alimento próximo do vencimento ou que, eventualmente, não tem um valor comercial
02:18muito relacionado à estética.
02:19Então, é aquela banana que já está com as pontinhas mais maduras.
02:24A banana fora do cacho, as pessoas não compram no supermercado.
02:28Uma banana fora do cacho, olha.
02:29Exatamente.
02:30Elas ficam ali todas soltas e sozinhas, abandonadas ali na banca.
02:35Coitada da banana que cai do cacho.
02:37Pois é, perfeita para o consumo.
02:39Aquele alimento que já está um pouco mais amassadinho, porque também o consumidor tem
02:43aquele hábito de dar aquela apalpada.
02:46Eu aprendi com a minha mãe na feira.
02:47A gente sempre, meus avós, a gente ia para lá no Rio.
02:50Para ver se está mais madurinha, está mais verdinha.
02:52Tinha um negócio que eu sempre fiquei apavorado.
02:56Quer dizer, minha avó fazia.
02:58Enfiava, pegava uma pera, por exemplo, enfiava a unha.
03:01Oh, meu Deus.
03:02Bom, só aí...
03:03Era uma coisa dos antigos, né?
03:05Portuguesa.
03:05Eu falei assim, para ver se estava boa, se estava consistente, enfiava a unha.
03:09Aí, quando não estava, ficava.
03:10Eu falei assim, mas ele vai ficar com a unha?
03:12E fica com a unha.
03:13E fica com a unha e ninguém mais quer, porque vai olhar a unha.
03:15Exatamente.
03:15E vai descartar e aí pronto.
03:17E aí, o que faz com esse alimento?
03:19Joga fora.
03:19Joga fora.
03:20Joga fora.
03:20Porque é um hábito muito comum, né?
03:22Das pessoas apalparem os alimentos.
03:24E aí, ele causa um dano mecânico.
03:26Então, ali você fica mais escurinho, né?
03:29O alimento ali vai envelhecendo.
03:31Apalpem mais para sobrar mais alimento para poder alimentar mais.
03:36Pelo amor de Deus.
03:37Não, não façam isso, né?
03:38Porque aí gera mais desperdício, né?
03:40Eu estou brincando.
03:41Não apalpem.
03:41Imagina, não apalpem.
03:42Mas, enfim, tem todos esses hábitos de estética, né?
03:46A gente tem uma cadeia de abastecimento muito pujante no Brasil.
03:50Então, os mercados, de uma forma geral, tem esse abastecimento quase diário das frutas,
03:56legumes, frescos.
03:58Então, isso precisa girar.
03:59Claro.
03:59Esses estoques giram muito rápido.
04:01Então, às vezes, você vê alimentos perfeitos, né?
04:04Que não estão nem apalpados e nem amadurecidos irem para a doação ou irão descartados ou para a doação.
04:13Então, desde o princípio, o meu cuidado era muito olhar esse alimento perfeito, né?
04:19Nutricionalmente para consumo humano e conectar com organizações sociais.
04:23A gente nasceu como um aplicativo, até.
04:26Então, você colocava essas informações num aplicativo.
04:30A gente fez milhares de desenvolvimentos, milhares de versões.
04:33E isso foi, na verdade, evoluindo para uma plataforma.
04:37Isso aí.
04:37A gente usava como as organizações sociais acessavam esse aplicativo.
04:42Algumas informações entravam ali.
04:44Mas, com a prática, né?
04:46A gente foi evoluindo para uma plataforma.
04:48Hoje, a Conectin é uma plataforma tecnológica para a gestão desses alimentos nessa cadeia.
04:54A gente não tem essa plataforma de acesso ao público.
04:57Ela é uma plataforma fechada.
04:59Uma tecnologia nossa desenvolvida.
05:01Qual é a diferença do aplicativo para a plataforma em termos de uso, né?
05:06Em termos de, justamente, de atingir esse objetivo de fazer essa conexão?
05:13Qual é a grande diferença do aplicativo, de como era, para a plataforma agora?
05:18O que a plataforma proporciona?
05:20É, o aplicativo tinha uma interação com o público final, né?
05:23Então, a ideia era a entrada de algumas informações via as organizações sociais ou aos doadores.
05:28E a gente viu que isso não funcionava na prática tão bem quanto outras...
05:32Que o aplicativo é uma coisa mais de massa, né?
05:34Mais de massa.
05:35É o que a gente chama um pouco do B2C, né?
05:37Que é mais para o consumidor final.
05:40E a gente foi muito migrando o nosso negócio para o B2B, né?
05:43Nós prestamos serviços a empresas, né?
05:46Então, hoje, essa plataforma...
05:48A gente capta informações de todo esse processo de conexão, né?
05:52De diversas formas.
05:54E isso vira dados que são...
05:56Aí temos ali o que a gente chama aqueles dashboards, né?
05:59Aqueles monitores de dados que são disponibilizados tanto para doadores
06:05quanto para organizações sociais com os dados referentes às doações.
06:09Dados de impacto social, de impacto ambiental, impacto econômico.
06:13Então, esses dados também são utilizados para a melhoria da gestão, inclusive, do próprio doador.
06:19Qual foi a primeira empresa, o primeiro mercado, sei lá?
06:24Quem foi a primeira...
06:26Foi a banca da feira?
06:29Quem foi a primeira corporação ou empresa pequena?
06:33Enfim, quem entrou?
06:35Quem vocês conectaram primeiro?
06:36Qual foi a primeira instituição ou organização social que vocês conectaram?
06:41Conectou quem faz assistência social, fornecendo alimento, fornecendo sopão, fornecendo vários
06:50tipos de alimentação para a população de rua, para orfanatos, etc.
06:56E quem foi a primeira empresa que falou assim, apostou em você, falou assim, poxa,
07:01essa é uma grande ideia e eu quero te ajudar e você, na verdade, é que está me ajudando.
07:06Olha, do ponto de vista de teste dessa plataforma e, na época, até era o aplicativo ainda,
07:12a gente fez muitos testes com uma organização social aqui de São Paulo que se chama Prato
07:17Cheio.
07:17Prato Cheio.
07:18Eles são uma colheita urbana, que a gente chama, é um serviço de logística que recolhe
07:24esses alimentos em supermercados e entrega em organizações sociais, mas eles fazem o
07:28transporte.
07:29Fazem a logística de transporte.
07:30Fazem a logística, exatamente.
07:32Uma ONG que tem muitos anos de tradição já nessa área.
07:35Então, ali, no começo da Connecting, eu estava muito conectada a eles para entender
07:40como é que funcionava isso na prática.
07:42Comercialmente falando, fizemos vários testes com a Prato.
07:46É um parceiro até hoje que está conectado dentro da plataforma da Connecting, recebendo
07:50alimentos.
07:52Mas, comercialmente falando, a gente começou grande.
07:55A primeira aposta na Connecting Food foi o grupão de açúcar.
07:59Olha.
08:00Que ali...
08:00Rede de supermercados.
08:01Rede de supermercados.
08:02Então, nós começamos em 2017 com um piloto em três lojas da rede.
08:08Nós tínhamos uma loja no litoral de São Paulo e duas aqui em São Paulo.
08:12E é justamente para testar, né?
08:13Tá bom.
08:14Como é que a gente identifica esse alimento que sobra na loja?
08:17Qual a organização social está mais próxima, né?
08:19Como é que a gente vai conectar?
08:20Porque tem que ser tudo muito rápido, né?
08:21Tem, tem.
08:22É diário, né?
08:23É diário.
08:23Muitas das coletas são diárias, né?
08:25E a gente começou com três lojas do grupão de açúcar.
08:29Em 2017 e em 2018.
08:31De três, nós saímos para 57.
08:33Uau!
08:35E aí foi...
08:36Como é que dá conta disso?
08:38É o empreendedorismo...
08:40Não sei se é brasileiro ou é a veia empreendedora, né?
08:45Cláudia, que aí a gente se lança.
08:47Eu fazendo...
08:48Eu e tinha mais uma pessoa, a Joyce, que começou comigo ali na Connecting.
08:52Éramos duas pessoas.
08:54E fazendo todas essas visitas, treinamentos, essas conexões.
08:58A famosa planilha de Excel salvando.
09:02Mas foi na unha, né?
09:04O famoso MVP, né?
09:05Você vai fazendo vários testes, né?
09:08De tecnologia e testando o que mais funciona.
09:13Mas no começo éramos duas pessoas.
09:1557 lojas do grupão de açúcar em São Paulo.
09:18Visitando, indo para...
09:19Literalmente indo a campo.
09:21Foi maravilhoso.
09:23Aprendi muito nesse início.
09:26E ali em 2018 a gente já terminou com quase 140 lojas da rede.
09:30A gente foi expandir.
09:31Começamos São Paulo.
09:32Caramba!
09:33Capital, que é onde tem uma grande concentração, né?
09:36Sim, sim, sim, sim.
09:37Aí São Bernardo, São Caetano, Mauá, né?
09:40A grande São Paulo.
09:42Em 2019 nós fomos para 240 lojas.
09:46E aí já o estado de São Paulo.
09:48Depois, em 2021, aí começamos a expandir, né?
09:52Rio de Janeiro.
09:53Aí depois outros estados.
09:56Hoje no grupo de açúcar nós estamos nas 400 lojas da rede.
09:59As 400 lojas da rede.
10:01Olha que bacana!
10:03Fazendo essa gestão.
10:04E para o Pão de Açúcar isso é muito bom, até em termos reputacionais para a empresa,
10:11para o grupo, né?
10:12Porque você mostra a preocupação.
10:16E fora que...
10:17Esse trabalho, só na rede do Pão de Açúcar, ele significa uma...
10:28Isso se traduz em uma assistência a quantas pessoas na ponta?
10:35Olha, aí são dados até públicos, né?
10:38Da própria rede, né?
10:39A gente deve chegar aí a mais de 3 mil, quase 4 mil toneladas de alimentos.
10:45Mil toneladas de alimentos por ano.
10:48Por ano.
10:49Por ano, por ano.
10:51Hoje na base a gente acredita que esse impacto é muito maior, mas passa ali um milhão de
10:56pessoas mensalmente.
10:57Um milhão de pessoas.
11:00Recebendo essa complementação de refeição.
11:03E uma coisa que é muito importante, Cláudio, não só da rede, né?
11:07O Pão de Açúcar, ele foi...
11:09Eu falo, né?
11:10Ele é pioneiro no que a gente chama na sistematização dessa doação de alimentos
11:14por uma empresa.
11:16A doação de alimentos no Brasil, ela já existe há mais de 30 anos.
11:19Nós temos um legado de políticas públicas de segurança alimentar muito tradicional no
11:24Brasil, com bancos de alimentos, restaurantes populares.
11:27Então, a gente tem um arcabouço de equipamentos públicos, né?
11:33De segurança alimentar muito bom, né?
11:34Herdados muito bom, muito efetivo.
11:36Porém, a iniciativa privada não tinha entrado tão forte, de uma forma tão estruturada.
11:44Ela sempre aconteceu.
11:45Se você perguntar pontualmente, algumas redes sempre doam mais uma coisa ali, ali, pra onde
11:50vai o alimento, não sei bem como.
11:52Então, uma coisa não tão organizada.
11:55E o Pão de Açúcar foi a primeira rede de varejo brasileira que apostou nessa sistematização,
12:00nessa organização.
12:02Que legal.
12:02Trazendo a tecnologia, trazendo a inovação social pra dentro da área, no caso do Instituto
12:08Pão de Açúcar.
12:08A gente começou via Instituto.
12:11Então, é um modelo pioneiro a ser inspirado e utilizado por outras grandes redes, né?
12:19Que precisam fazer isso de uma forma segura.
12:21Claro.
12:21A responsabilidade envolvida é muito grande.
12:24Tem uma contaminação, alguma coisa, depois aquilo tem um efeito negativo.
12:28E agrega muito a marca, né?
12:31Porque você passa a ter dados acurados e verdadeiros, né?
12:35Digamos assim, não só estimativas, digamos, né?
12:39Relacionadas à sua política de impacto social.
12:42E hoje você...
12:44Mas hoje você não tem só o Pão de Açúcar.
12:45Você tem...
12:46Não.
12:46Vários outros grandes grupos, né?
12:49Por exemplo, Nestlé.
12:52É, a gente...
12:54Perdão, perdão.
12:54Não, não.
12:55Eu quero que você que nos diga.
12:58É, nós expandimos pro...
12:59Porque eu já li matérias a respeito desse trabalho que você faz.
13:04E aí eu vi, inclusive até citando iFood, não sei o quê.
13:07Exato.
13:07Hoje, quem são as grandes empresas, os grandes grupos que estão fazendo, estão usando a
13:14plataforma de vocês pra esse trabalho?
13:17Bom, nós expandimos.
13:18Nós estamos também no grupo Açaí.
13:20Açaí, que também é uma grande rede de supermercados.
13:23Gigante, né?
13:24Atacadista.
13:24Atacadista.
13:25Então, tem um impacto enorme, né?
13:27Na doação de alimentos.
13:28Nós estamos aí com aproximadamente 200 lojas da rede expandindo, né?
13:32Mais ainda também esse programa em todo o Brasil.
13:35No varejo, temos aqui em São Paulo, supermercados Lopes, também fase de expansão de implantação.
13:42No interior, por exemplo, de São Paulo, temos a rede Proença, que é uma rede expressiva
13:47também no interior.
13:48Esse ano, começamos a atuar com grandes indústrias.
13:51Então, trabalhamos com Nestlé, com Danone, Balduco, M. Dias Branco.
13:56Então, olhar o processo industrial dessas empresas no sentido, né?
14:02Pra onde esse excedente de alimentos, que eventualmente não vai ser vendido.
14:05Como ele pode ser melhor conectado, né?
14:07Pra onde esse alimento pode ser melhor.
14:08É um outro tipo de alimento, né?
14:10O alimento da indústria.
14:12É diferente do alimento de uma rede varejista.
14:15É diferente de uma rede...
14:16Tem restaurante também?
14:17Ainda não.
14:18Ainda não.
14:18Ainda não.
14:19É uma demanda.
14:20A gente tá sempre sendo perguntado e questionado quando entra em restaurantes,
14:24que é uma outra cadeia, né?
14:26Sim.
14:26É uma outra complexidade.
14:28Tem um mar enorme ainda no varejo, né?
14:30Tem muitas redes de varejo que ainda não fazem a doação de alimentos e até indústrias.
14:35Mas a ideia, em 2023, entrar também em grandes cadeias de restaurantes.
14:58E aí
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