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  • há 2 dias
No JP Ponto Final, o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, discutiu desafios, avanços e prioridades da segurança no Brasil. Avelar destacou a necessidade de maior coordenação nacional, criticou a PEC da Segurança elaborada sem diálogo com os estados e explicou como o Conselho Nacional de Secretários construiu uma proposta alternativa apoiada pelos governadores.

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00:00Salve, seja bem-vindo diretamente dos nossos estúdios aqui no Coração do Poder, o Planalto
00:10Central do país, Brasília. Vamos falar hoje de segurança pública e de política. Por que não,
00:18né? Você sabe que a política define a sua vida, o seu bem-estar, a casa que você mora, a escola
00:23do seu filho. É assim que a vida anda por aqui e tempos turbulentos. A política tem muito de
00:29emoção, mas só que ultimamente é emoção demais, né? A nossa conversa hoje é com o
00:35secretário de Segurança Pública daqui do Distrito Federal, Sandro Avelar. Secretário,
00:41muito obrigado por estar aqui nos estúdios da Jovem Pan. Prazer imenso, José Maria, poder
00:46conversar com você e com todos aqueles que acompanham a Jovem Pan. Pois é, o senhor é
00:52presidente do Conselho dos Secretários, do Conselho Nacional dos Secretários de Segurança
00:58Pública do Brasil Nacional. Como é que é o nome mesmo? Concesp. Concesp. Por que que os
01:08secretários têm que criar um conselho? Há divergências com o governo federal e com
01:14cada estado? Assim, naturalmente nós temos divergências, divergências que a gente procura
01:21contornar com o diálogo, com um debate construtivo. E sabe uma coisa que eu acho muito interessante,
01:28José Maria? A gente questiona muito aquilo que é certo ou que é errado em matéria de
01:33segurança pública. São ideias diferentes, mas que quando se consolidam ali no Conselho
01:40as ideias, os processos de construção, a gente sempre consegue construir importantes
01:47unanimidades, em discussões importantes, independentemente da cor ideológica representada
01:54ali por aquele secretário. O senhor diria que há um ponto comum em todos os estados
01:58aí sobre violência e segurança pública? Eu não tenho a menor dúvida de que existe
02:02pontos comuns. Se fala a diferença entre segurança pública em São Paulo, no Ceará, aqui em
02:11Brasil. Então não tem isso. São sempre os mesmos problemas. Não, há problemas diferentes em
02:17algumas regiões. Você vai pegar estados da região de fronteira, por exemplo, eles têm as suas
02:21particularidades. Eles combatem o tráfico de drogas, o tráfico internacional de drogas,
02:28combatem o tráfico de armas. São problemas muitos tipos daquela região.
02:32Acaba sobrando. A função da Polícia Federal, mas acaba sobrando.
02:34Sempre sobra para o estado. Você pega um estado como o Rio de Janeiro, tem as suas
02:40particularidades, inclusive geográficas, que fazem com que a polícia tenha que fazer
02:45um trabalho muito específico.
02:46Ali é mestrado, pós-graduação é mestrado.
02:48Sem dúvida nenhuma. Você pega os estados da região norte, tem as suas particularidades,
02:52as hidrovias, os chamados ratos, que são aqueles que roubam combustível nas hidrovias.
02:59Tem muitas particularidades de quem convive com essa realidade dos grandes rios, que servem
03:06de transporte também para entorpecente. Conforme eu falei aqui, esses piratas chamados de ratos
03:12que assaltam as balsas que transportam combustível. Então, são particularidades.
03:18Mas, de uma maneira geral, a gente também tem os pontos comuns. A gente percebe que a população
03:23no Brasil inteiro tem um anseio por segurança, por sensação de segurança. E, nesses casos,
03:28o que se vê é uma preocupação maior com os chamados crimes contra o patrimônio.
03:34Os furtos, os roubos, que incomodam muito a população, preocupam muito a população
03:39no Brasil inteiro. Por isso que, quando o governo federal fez uma proposta de emenda constitucional
03:45sem conversar com os estados, cuidando, então, de atribuições da Polícia Federal, da Polícia
03:52Rodoviária Federal, vindo com alguns conceitos que, de certa forma, num primeiro momento,
03:56estavam distantes da realidade dos estados, houve um consenso por parte de todos os secretários
04:04de segurança pública, independentemente de serem de governos de esquerda, de direita ou
04:08de centro. Todos, unanimemente, decidiram que era a hora de a gente apresentar uma proposta
04:14alternativa. Essa proposta alternativa foi endossada pelo Fórum de Governadores, que reúne
04:20todos os governadores do Brasil. E deu em sejo a segunda versão que foi apresentada pelo Ministério
04:27de Justiça e Segurança Pública, já levando em consideração algumas das observações que foram
04:33feitas por esse colegiado.
04:34Foi aprovado o projeto antifacção, mas essa emenda, essa PEG da Segurança Pública, continua em debate, né?
04:42O Mendoncinho, o Mendonça Filho, do deputado de Pernambuco, que é o relator. E existe a possibilidade
04:50de aprovação nos próximos, talvez nesse ano não dê certo, mas a ideia é aprovar também a PEG da Segurança, né?
04:59A ideia é modificada, não é modificar, mas é aprovar, né?
05:01A ideia é aprovar, ele tem nos ouvido, inclusive, fazer esse registro. O deputado Mendonça Filho
05:08tem feito audiências públicas tratando desse assunto. Nós tivemos a ocasião de poder participar
05:14e ele fez essa ressalva, ele fez esse destaque, para poder dizer que ele praticamente aderiu
05:22a todos os conceitos, a todas as ideias que foram trazidas pelos secretários no Conselho.
05:28O senhor hoje tem uma ideia muito nacionalizada da segurança pública. Primeiro, porque é delegado
05:34da Polícia Federal, passou pelo Departamento Penitenciário, né? E teve uma experiência muito
05:42forte em vários setores da Polícia Federal e no Ministério da Justiça. E há um debate
05:47forte sobre mudança no sistema. Há quem defenda a municipalização. Eu queria dizer para o senhor
05:55que eu conversava muito com o Romeu Tuma e ele tinha um projeto de criar o xerife, ou seja,
06:01uma municipalização da segurança pública. E eu confesso que eu achei aquilo esquisito
06:06e fui fazer a matéria até no sentido de uma matéria meio hilária e vi que tem lógica.
06:12O que o senhor acha da municipalização da segurança pública?
06:15Eu acho que esse conceito já das guardas municipais que vem funcionando, elas fazem parte
06:22daquele projeto do SUSP, do Sistema Único de Segurança Pública, eu já vi essa previsão.
06:28Então, a guarda municipal hoje é uma realidade. A gente tem que saber conviver com isso e administrar
06:35de uma maneira que não haja conflitos de competência, sobretudo com a polícia militar.
06:40Tem que haver um respeito mútuo, não pode haver uma invasão de competências, mas sobretudo
06:46em cidades maiores, como o próprio município de São Paulo, a guarda municipal já vem funcionando
06:51e é preciso reconhecer o trabalho meritório que eles têm.
06:54Agora, eu tenho absoluta certeza que hoje o principal carro-chefe que move a segurança pública
07:04no país são os estados. Os estados, através das polícias civis e as polícias militares,
07:10têm uma responsabilidade muito grande, inclusive os investimentos são monstruosamente maiores
07:16do que os investimentos feitos pelo governo federal.
07:19Pois é, os Estados Unidos têm ali cerca de 21 mil tipos de polícias e elas se convivem
07:27e dá certo, a segurança lá é boa. O senhor esteve em Londres a trabalho durante três anos, não é isso?
07:35Isso.
07:36O que o senhor trouxe de lá, de experiência, o que o senhor acha que poderia aplicar aqui nacionalmente?
07:41Tem um conceito que eles praticam muito e que eu admiro, respeito e procuro implementar aqui,
07:48que é o de policiamento comunitário, que é esse respeito que a polícia tem pela população,
07:54mas existe a reciprocidade. A população respeita a polícia, se conhecem e enxergam a polícia
08:01como uma parte da sociedade, o que efetivamente o é. Agora, infelizmente, aqui no Brasil,
08:07a gente tem essa mania de achar que o policial veio de outro planeta, como se o policial,
08:12na hora que termina o expediente e tira a farda, não fosse ali esposos, esposas, pais e mães de família
08:21que têm preocupação com seus filhos, preocupação com o colégio dos filhos, se as aulas estão sendo bem aplicadas
08:27e, inclusive, têm muita preocupação com a própria segurança dos filhos.
08:30Então, é preciso que haja esse tipo de cumplicidade entre polícia e sociedade, e entre sociedade e polícia,
08:39porque a sociedade tem que ver os policiais como membros de um mesmo grupo social.
08:44Muito se fala da polícia de Londres que é a história de arma. Arma no Reino Unido é uma arma abominada,
08:51poucos têm acesso à arma, cidadão não tem. E para chegar lá é preciso um longo trabalho.
08:58Muita gente cita, mas Londres dá certo, o povo é desarmado, até a polícia lá, nem todo policial usa arma.
09:08Qual é a diferença? Você acha que é um estágio superior de segurança pública?
09:11É, a gente vai ter que passar por esse processo. Londres é uma capital muito antiga,
09:17já passaram por várias fases que nós ainda estamos percorrendo aqui no Brasil.
09:21Até a mentalidade da população lá, por exemplo, até às 11 horas da noite, os pubs, os bares,
09:30servem bebida alcoólica. Depois das 11 horas já não servem mais.
09:33Já anunciam que estão se vindo na última rodada, quem quiser pedir, que peça,
09:38mas à meia-noite eles vão fechar o estabelecimento, mas de 11 a meia-noite já não mais servindo
09:43bebida alcoólica. Então são mentalidades onde há uma cooperação por parte da sociedade.
09:50E a gente tem buscado aqui também, no Distrito Federal, um exemplo.
09:54Nós tínhamos dados estatísticos que mostravam que estava havendo um grande número de crimes,
09:59inclusive crimes violentos como homicídios, na porta das distribuidoras de bebidas,
10:05nas altas madrugadas. Então baixamos uma portaria, determinando que entre meia-noite
10:12e às 6 horas da manhã, as distribuidoras de bebidas têm que estar fechadas,
10:18porque elas se utilizavam de um alvará permissivo, um alvará que é instituído para
10:23comércios que não têm risco e não para bar.
10:27E aí eles faziam valer desse alvará para funcionar, fazer funcionar as distribuidoras
10:33como se fossem bares, ou seja, dando um drible ali na norma que foi criada.
10:38Com essa restrição, Zé Maria, a gente já reduziu significativamente o número de crimes,
10:45seja crimes de perturbação à ordem pública, como o som alto e coisas parecidas com isso,
10:51mas também os crimes mais graves, como tentativas de homicídio e homicídios consumados
10:56na porta ou nas proximidades das distribuidoras de bebidas.
11:01Então, a política de segurança pública...
11:03Já tem quanto tempo essa norma?
11:04Essa norma...
11:06Não, vai ter uns dois meses?
11:07Não, tem um pouco mais. Ela começou a vigorar em março, os efeitos foram sentidos a partir de abril
11:11e são efeitos realmente muito consistentes.
11:13E a fiscalização foi muito pesada, ainda é, né?
11:16Ainda é, a Polícia Militar tem feito uma fiscalização bastante severa
11:21e também o DF Legal, que inclusive tem determinado fechamento de estabelecimentos
11:25quando insistem em funcionar fora do horário permitido.
11:29Pois é, as distribuidoras de bebida aqui viraram points, né?
11:33Eram as que mandavam na noite.
11:36Recentemente, uma blogueira, eu acho que alemã, né?
11:39Esteve aqui com o celular na mão, dizendo, olha, aqui é seguro e tal.
11:43Brasília é uma ilha da fantasia, onde as pessoas podem andar na rua com o celular.
11:48Como é que é essa história dessa blogueira?
11:50É, essas imagens ficaram muito conhecidas.
11:55Ela passeando numa cidade satélite com o celular na mão e dizendo...
12:00Aqui é muito seguro.
12:02Aqui é uma cidade satélite, ou seja, seria um bairro.
12:05Exato, e ela dizia assim, é o único lugar do Brasil que você pode sair com o celular.
12:10Ela portava o celular assim de maneira muito ostensiva e eu não recomendo que façam isso,
12:15mas a gente fica orgulhoso de ver o reconhecimento de uma pessoa de fora do país
12:18que tem uma visão muito realista, por sinal, da nossa capital, que é uma cidade segura.
12:24E, inclusive, o próprio presidente dos Estados Unidos, o Donald Trump,
12:28ele, numa briga que ele teve lá, uma briga política que ele teve com a prefeita de Washington,
12:35ele falou que a capital do Brasil é mais segura do que a capital dos Estados Unidos.
12:41E, realmente, se você pegar o índice de homicídios a cada 100 mil habitantes,
12:47que é um número adotado por todo o planeta para poder medir os números da criminalidade,
12:52os números da violência, de forma a você criar um padrão para que possa comparar uma cidade com a outra,
12:58Brasília, realmente, é bem mais seguro do que o Washington.
13:01A polícia aqui entra em todo lugar, não tem área de exclusão aqui, não, né?
13:06Maria, essa colocação é muito importante.
13:09Diferentemente de outros grandes centros urbanos, não há um centímetro no Distrito Federal,
13:15onde a polícia militar não entra, ou a polícia civil não entra.
13:18O Estado entra em qualquer centímetro.
13:21Tem um lugar aqui que não entra, o Congresso.
13:25Tem uma mancha criminal forte lá.
13:27Conversando direito, fazendo trabalho, correto institucionalmente, entra também.
13:36Mas é interessante que aqui em Brasília realmente não tem.
13:42E eu soube também do trabalho diário até contra as facções criminosas, né?
13:49Não dominam aqui o sistema penitenciário e nem regiões.
13:53É verdade?
13:53É verdade e essa observação que envolve o sistema penitenciário é muito importante.
13:59Que nós temos aqui no Distrito Federal um presídio federal, né?
14:03E temos o complexo da Papuda, que são várias unidades prisionais,
14:09que são, no caso do DF, coordenadas pela polícia penal do Distrito Federal.
14:13E no caso do presídio federal, né?
14:15São a Polícia Penal Federal, ambas instituições muito competentes e fazendo um trabalho muito forte
14:23no sentido de controlar as lideranças criminosas que estão dentro desses estabelecimentos.
14:28Com esse controle, com as informações que eles conseguem adquirir dentro do sistema
14:31e essas informações são compartilhadas com a Polícia Civil, com a Polícia Militar, com a Polícia Federal.
14:37Então a gente consegue realmente fazer um controle e impedir a entrada do crime organizado aqui na capital da República.
14:43Antes da sua gestão, eu conversei com os responsáveis aqui por segurança pública
14:47que falaram que houve várias tentativas e que Brasília conseguiu fazer esse pente fino
14:54nos presídios, no sistema penitenciário da Papuda, fazendo concurso público,
15:00trocando os antigões, fazendo reciclagem, né?
15:04É um trabalho permanente.
15:05É um trabalho permanente que demanda renovação, fazer um registro, o atual governo fez uma quantidade grande
15:13de concursos públicos para todas as instituições policiais e de segurança pública.
15:19Então, tanto o Corpo de Bombeiros quanto a Polícia Militar e a Polícia Civil
15:22impulsou muitos policiais nesse período e ainda nesse ano impulsaremos mais 1.200 policiais militares e 600 policiais civis.
15:36Então, é um esforço grande de renovação, de atualização, até porque os perfis mudam muito.
15:42O policial mais antigo tem um perfil bastante diferenciado se comparado aos mais novos.
15:49Por isso é a importância dessa sombra de esforço, a experiência dos chamados antigões,
15:54com essa renovação feita pelos que estão entrando agora.
15:57Pois é, secretário, o senhor trabalhou no Ministério da Justiça, é de lá, né?
16:01É um delegado da Polícia Federal.
16:03O senhor esteve muito presente no DPEM, né?
16:06Isso.
16:08Eu acho que o tendão de Aquiles da Segurança e a organização do crime organizado está no sistema penitenciário.
16:16É isso mesmo?
16:17Sem dúvida nenhuma, é um braço complicado do crime organizado, que é esse braço dos criminosos, das lideranças de facções que estão presas
16:28e tentando continuar a liderar o crime organizado, usando da capilaridade que eles têm fora do sistema prisional.
16:35Seria o escritório central?
16:36É como se fosse uma espécie de escritório central, onde lideranças importantes estão lá dentro e fazendo a previsão e mandando que se
16:47cumpra ordens que partem de dentro do sistema.
16:49Então, é preciso que haja realmente um endurecimento da legislação nesse aspecto, com medidas mais duras, inclusive, de monitoramento
16:58dessas lideranças, até nos contatos que tem no palatório, com os advogados.
17:04Essa lei antifacção prevê isso, né?
17:06Com autorização judicial.
17:08O DERIT fez algumas considerações importantes, tornando mais rígidas algumas previsões para que haja realmente um combate efetivo
17:19às organizações criminosas.
17:22E o sistema penitenciário é um ponto fundamental?
17:25Sem dúvida nenhuma, o sistema penitenciário é um ponto fundamental.
17:28É preciso que se faça esse trabalho e aí eu reforço, eu elogio que eu fiz as polícias penais.
17:33Mas a gente não pode perder de vista a necessidade de criação de novas vagas no sistema penitenciário.
17:42Esse tipo de alegação de que pessoas que têm, às vezes, uma larga ficha criminal, são residentes diversas vezes
17:50e que não são trazidos para dentro do sistema prisional por falta de vagas, a gente tem que superar isso,
17:57porque um dos grandes problemas que a gente tem no Brasil hoje são os criminosos residentes
18:01que vão agravando cada vez mais o tipo de crime que cometem, até que cometem um homicídio, um latrocínio,
18:07para serem finalmente retirados de circulação.
18:11Então, essa afirmação de que eles estão soltos por falta de vaga no sistema penitenciário,
18:17isso tem que ser combatido com a criação de novas vagas.
18:20Pois é, houve um tempo em que aqui no Brasil tinha o Ministério da Segurança Pública
18:27e foi ocupado por Raul Jumban, que fez um bom trabalho, levou verbas lá para o sistema de segurança pública
18:36e criou um... o senhor estava no Ministério nessa época, né?
18:39É, eu fui... eu estava na Polícia Federal, era diretor executivo da Polícia Federal.
18:45Que é o que executa, é o segundo na hierarquia, mas é o que faz a coisa andar.
18:51O secretário executivo dos ministérios e qualquer instituição, né?
18:55Exatamente.
18:55Pega no pesado, carrega o piano, como se diz.
18:58Exatamente. E eu tenho orgulho de poder dizer que eu fui diretor executivo na Polícia Federal
19:02em três gestões diferentes.
19:05Então, nessa época do ministro Raul Jungmann, à frente do Ministério da Segurança Pública,
19:11foi durante a nossa primeira gestão.
19:13E eu pude testemunhar os bons legados que o ministro Raul Jungmann deixou nessa condição
19:19de ministro da Segurança Pública, como a própria criação do SUSP, a busca por verbas, fontes de financiamento.
19:28Então, ele tinha uma visão bastante futurista e bastante realista da Segurança Pública.
19:33Raul Jungmann realmente fez uma boa gestão.
19:36E, lamentavelmente, com a mudança de governo, foi extinta a estrutura do Ministério da Segurança Pública.
19:45E eu defendo veementemente que deva ser recriada essa estrutura.
19:52Ou que seja, então, dividida a estrutura do atual Ministério da Justiça, que já é Ministério da Justiça e Segurança Pública.
19:57Ou seja, você não iria criar uma nova estrutura, mas você vai dar autonomia para aqueles que são responsáveis pela segurança pública.
20:05E eu quero dizer que eu estou muito bem acompanhado nessa forma de pensar.
20:09Porque todos os secretários de Segurança Pública do Brasil, e mais uma vez eu reforço,
20:15independentemente de serem ligados a governos de esquerda ou de direita,
20:19decidiram por fazer uma moção e apresentar ao presidente Lula uma carta aberta,
20:24defendendo a recriação do Ministério da Segurança Pública.
20:30Pois é, uma boa ideia seria criar o Ministério da Segurança Pública e Justiça.
20:34E nomear alguém do ramo, isso é importante, né?
20:38Não adianta criar o Ministério e nomear alguém que não entenda de Segurança Pública.
20:43E tirando a Segurança Pública do Ministério da Justiça, fica muito pouco ali,
20:49Defesa do Consumidor, índios, né?
20:52Muito pouco sem a Segurança Pública do Ministério da Justiça.
20:56O sistema está levando para esse lado, é a demanda nacional.
21:01Sem dúvida, porque eu defendo que o governo federal tenha efetivamente o papel de coordenador
21:08da Segurança Pública em todo o país.
21:10Mas para exercer esse papel de coordenação, tem que haver um entendimento com os estados,
21:15um conhecimento profundo dessa matéria, e tem que haver também o financiamento da Segurança Pública.
21:21Não adianta o governo federal querer coordenar, sendo que os estados fazem investimentos
21:26muito mais significativos do que os investimentos feitos pelo governo federal.
21:31Então, a gente elogia o Ministério da Justiça no que diz respeito a essa proposta que foi feita,
21:38onde se cria o Fundo Constitucional de Segurança Pública e também o Fundo Constitucional do Sistema Penitenciário.
21:44E prevê, inclusive, que os recursos não podem ser contingenciados, mas a gente acha que tem que ir além
21:49para que sejam previstas também as fontes de financiamento.
21:53A gente defende, por exemplo, que as BETs, que arrecadam bilhões de reais,
21:58devem sim ter um percentual desses recursos destinados à Segurança Pública do país.
22:03Como já é, inclusive, feito no que diz respeito à saúde e à educação,
22:07onde já há previsão constitucional de destinação de recursos para essas duas áreas que também são muito importantes.
22:13O secretário, o ocupante, antes do senhor da Secretaria de Segurança Pública, está preso, o ex-ministro Anderson Torres.
22:22Onde o senhor estava no dia 8 de janeiro, quando aconteceu aquela tragédia que acabou provocando todo esse rebolismo
22:31e condenações, que foi o ato de invadir ali as sedes, eu faço questão de dizer as sedes dos três poderes.
22:39Não, é impossível você invadir um poder. O poder não está ali dentro daquelas, dos mármores e tijolos.
22:48O poder está no conceito, né?
22:49Até por isso que eu faço questão de dizer as sedes, né? Onde o senhor estava?
22:54Eu, no dia 2 de janeiro, eu tinha acabado de cumprir essa minha terceira fase como diretor executivo da Polícia Federal.
23:02Então foi um intervalo entre o dia 2 e o dia 8, onde eu estava aguardando a publicação da minha nomeação como servidor do Ministério das Minas e Energia.
23:17Quando veio o dia 8 e veio o convite formulado pelo então...
23:22Anderson Torres foi afastado.
23:23Anderson Torres foi afastado pelo governador Ibanez.
23:27Depois o governador Ibanez acabou sendo afastado e naquele período substituído pela vice-governadora Celina Leão,
23:34que foi quando houve esse convite para que eu assumisse a Secretaria de Segurança Pública.
23:40E o senhor teve como primeiro desafio um desafio que todo secretário de Segurança Pública tem,
23:44de unificar ali as polícias, né?
23:47Ah, isso aí eu não tenho dúvida da importância de fazer esse trabalho de unificação.
23:51E hoje isso comanda bem?
23:54Eu tenho perfeita consciência e tranquilidade para poder dizer que aqui no Distrito Federal
23:59a gente tem servido de modelo para o resto do país nesse aspecto.
24:03As polícias trabalhando de forma coordenada,
24:07havendo um respeito às atribuições de cada polícia,
24:11para que então, de maneira complementar, elas possam realmente trabalhar juntas e produzir bons resultados.
24:17A gente percebe que a Polícia Militar respeita a Polícia Civil e vice-versa.
24:21E somado ao esforço dessas duas instituições,
24:24mas também com a participação forte do Corpo de Bombeiros, do DETRAN,
24:28que a gente faz com que, inclusive, muitas vezes,
24:30na impossibilidade da Polícia Militar estar permanentemente em um local,
24:34às vezes até por carência de efetivo,
24:37e a gente tem que entender essa dificuldade,
24:39a gente usa também as forças da Polícia Civil,
24:41a força ostensiva da Polícia Civil,
24:43com viaturas, inclusive, assim como do DETRAN e do Corpo de Bombeiros,
24:47para que haja ali a presença do Estado.
24:49Porque, muitas vezes, um rotolite, uma sirene ligada,
24:53independe de ser daquela forma.
24:56Inibe, e a população sente a presença do Estado,
25:00e os resultados aparecem positivamente.
25:02Olha, gente, não é piada, e não é na gestão do secretário, não,
25:06mas aqui, no Distrito Federal,
25:08chegou um momento em que as delegacias,
25:10prestem atenção,
25:11as delegacias fechavam de noite
25:14por falta de segurança.
25:18Sério, houve esse momento aqui.
25:20Hoje, as delegacias ficam abertas à noite.
25:24O mérito do governador Ibanez,
25:26que determinou...
25:27Esse período foi um período do governo anterior,
25:30que realmente acabou com os plantões das delegacias,
25:33que eram delegacias fechadas,
25:36mas o governador Ibanez, rapidamente,
25:39logo no começo da gestão dele,
25:40ele determinou a reabertura de todas as delegacias
25:43que passaram a funcionar, então, 24 horas por dia.
25:47A segurança aqui...
25:47Muita gente diz que isso aqui é uma ilha da fantasia,
25:51mas isso não existe, não.
25:52Tem um trabalho aqui de segurança, né?
25:55O efetivo aqui é compatível,
25:57ou é até, de repente, a geografia de Brasília
26:01que facilita para a fiscalização.
26:04Por que que aqui, realmente, a segurança é maior?
26:08Zé Maria, você falou bem.
26:09Às vezes, as pessoas têm essa ideia equivocada de ilha da fantasia
26:12e já teve pessoas importantes
26:14que deram esse tipo de declaração,
26:17o que realmente não condiz com a nossa realidade.
26:20Nós temos regiões onde os crimes
26:24têm que ser combatidos com toda a cautela,
26:28com um esforço bastante grande
26:29por parte das nossas corporações, né?
26:32E a gente controla esses resultados,
26:35a gente sabe, através de tecnologia,
26:37em que momento, quais são os dias da semana,
26:39em que horário,
26:40que os crimes estão acontecendo de maneira mais acentuada.
26:43Então, a gente combate a criminalidade com muito esforço.
26:47E tem uma peculiaridade ainda
26:48que só existe aqui no Distrito Federal,
26:50que é o fato de que, além de proteger
26:52as nossas 35 regiões administrativas,
26:55nós temos também que proteger os interesses
26:58que são da União.
27:00Então, a segurança da esplanada dos ministérios,
27:03a segurança do poder judiciário,
27:05que funciona aqui, os tribunais superiores,
27:09o Congresso Nacional,
27:11você imagina, o corpo diplomático,
27:13com todos os diplomatas e funcionários e familiares.
27:16Então, é toda uma situação que envolve o Distrito Federal
27:20por ser a capital federal.
27:23Então, há todo um deslocamento também das nossas atenções
27:26para que, além de fazer o policiamento
27:29das nossas diversas regiões administrativas,
27:32a gente também possa atender a essas demandas
27:34que são demandas da União
27:36e que Brasília tem que atender por ser capital federal.
27:39Então, eu sempre digo que essa é mais uma razão
27:41para, inquestionavelmente,
27:43a gente manter o nosso fundo constitucional,
27:47porque nós temos, vamos dizer assim,
27:48essa dupla missão de trabalhar pela população de Brasília,
27:52mas também atender aos interesses da União.
27:55Muito bem.
27:56É o secretário de Segurança Pública
27:58daqui do Distrito Federal,
28:00Sandro Avelar.
28:01Muito obrigado por estar aqui nos estúdios
28:04da Jovem Pan.
28:05É um prazer.
28:06Queria convidar para voltar sempre aqui
28:08para falar sobre segurança.
28:09Isso é importante.
28:10Para mim é sempre um prazer poder conversar com você
28:13sobre segurança, estar aqui na Jovem Pan.
28:17Essa transparência, eu acho que é uma das ferramentas
28:19importantes que nós temos na segurança pública
28:22é lidar das questões com transparência,
28:25buscando, então, discutir segurança pública
28:26com quem tem de segurança pública
28:28para buscarmos soluções,
28:30boas construções para fazer
28:32do Distrito Federal e do Brasil
28:33lugares melhores para se morar.
28:36Muito bem, eu queria agradecer a você.
28:39Muito obrigado e até mais.
28:45A opinião dos nossos comentaristas
28:49não reflete necessariamente
28:50a opinião do Grupo Jovem Pan
28:52de Comunicação.
28:57Realização Jovem Pan
28:59Jovem Pan
29:01Jovem Pan
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