- há 18 horas
- #jovempan
Em entrevista ao JP Ponto Final, o deputado federal Capitão Alden (PL-BA) analisa o avanço das facções criminosas no Brasil, a falta de uma política nacional integrada de segurança pública, o enfraquecimento das polícias, a expansão do crime organizado dentro e fora do país e os impactos da impunidade. Alden também comenta a realidade da Bahia, a atuação do PCC, a relação entre crime e lavagem de dinheiro, a PEC da Segurança, o projeto antifacção e experiências internacionais no combate ao crime, como o modelo adotado em El Salvador.
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews
Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/
Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews
Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews
Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/
TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews
Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews
#JovemPan
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews
Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/
Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews
Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews
Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/
TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews
Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews
#JovemPan
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00Salve, olha, seja bem-vindo aqui ao ponto final. Nós sempre falamos aqui dos estúdios da Jovem Pan
00:12no Planalto Central do país, o coração do poder. Falamos de política mostrando a você como funciona
00:18aqui o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e Supremo, né? E isso é muito importante. Você
00:24precisa saber de política. Política define a sua vida, a casa que você mora, a sua segurança,
00:30né? E o seu futuro. É por isso que falamos diretamente daqui da Capital Federal. Hoje a
00:36nossa conversa é com o deputado Capitão Alden, famoso na Bahia e tem feito um debate muito
00:44importante aqui sobre segurança pública. Deputado, eu queria te agradecer por estar aqui nos
00:49estúdios da Jovem Pan, né? Uma semana muito complexa politicamente. Muito obrigado.
00:54Primeiramente, minha continência, regulamentar você e a todos que estão em casa nos acompanhando.
01:00Satisfação enorme estar aqui com você. Já nos vimos virtualmente, tivemos a oportunidade
01:06de dividir a bancada virtualmente, mas presencialmente é uma satisfação.
01:11Pois é, o deputado é do grupo, né? Que estuda e que faz projetos e está sempre ali ligado à
01:19segurança pública. A Câmara tem uma comissão permanente que foi uma grande conquista. Comissão
01:23permanente de segurança pública, né? Deputado, você acha que esse assunto é bem debatido no
01:28Congresso Nacional ou é só firula e discurso para fora?
01:32Olha, eu acho que essa questão da temática da segurança pública, ela é a bola da vez.
01:38Aliás, nos últimos três anos, especificamente, a gente tem assistido aí em todo o Brasil o avanço
01:44das organizações criminosas. Segundo relatos do próprio Ministério da Justiça, hoje nós
01:50temos mais de 88 facções criminosas.
01:5388, né? E elas se combinam, né? Em determinados lugares.
01:56Há uma conexão muito forte em várias regiões dos estados. A Bahia, por exemplo, se você
02:03tem uma ideia, em 2012 eu havia lançado uma cartilha, cartilha tatuagem desvendando segredos.
02:10Em 2012, eu havia feito um levantamento das principais facções do país, inicialmente
02:16no meu estado. Nós tínhamos apenas cinco organizações criminosas. Hoje, de 2012 para
02:23cá, nós já temos 22 facções criminosas, atuando em todos os 417 estados do nosso grande
02:30estado. Então, isso mostra, infelizmente, como essas organizações vêm se ramificando em
02:37todo o país, por conta da ausência do estado, por conta de uma ausência de uma política
02:41de segurança pública que faça o devido enfrentamento com relação a isso. Então, essa pauta no Congresso
02:47Nacional, na verdade, ela é uma pauta que é de todos nós. Todos os municípios, todas
02:52as pesquisas que são feitas hoje, seja por institutos de pesquisa, pelas principais redes
02:59de comunicação, apontam que segurança pública é o calo número um, é a preocupação número
03:04um do cidadão brasileiro. Então, obviamente, a casa, o legislativo brasileiro, como ele é
03:10a caixa de ressonância da população brasileira, obviamente...
03:13Tem que ter uma resposta, né?
03:14Tem que ter uma resposta.
03:15Como nasce uma organização criminosa? Como é que ali, essas 5 eram só da Bahia ou foram
03:22importadas? Muita gente diz, olha, quando o Rio de Janeiro atacou as facções, elas se
03:27espalharam e tal. Mas como é que nasce uma facção?
03:31Olha, nós tivemos... assim, não é um simples, tão simples de se explicar a expansão das
03:38facções criminosas. Mas a gente tem alguns indícios que podem demonstrar o porquê e de
03:44que forma as organizações criminosas se espalharam tanto e com tanta rapidez no país. Primeiro
03:49ponto, havia um entendimento equivocado de que o importante era pegar lideranças de facções
03:56criminosas nos estados e separá-los. E aí a ideia, mandar para São Paulo, mandar para
04:02o Rio, mandar para Brasília, mandar... Então, a ideia era descentralizar os comandos daqueles
04:07estados, daquelas organizações criminosas. E o governo, em um determinado momento, o próprio
04:13governo do estado pedia, através de convênio, através de parceria, que aquelas lideranças
04:19fossem encaminhadas para outros presídios em outros estados, na tentativa de minar a
04:24liderança naquele estado. O que aconteceu? Essas lideranças se espalharam, eles terminaram
04:29se unificando com outras facções, se moldando aquela realidade e tudo isso fez com que houvesse
04:37intercâmbio. Foi muito similar o que aconteceu com a falange vermelha na contra-revolução
04:43militar. E eles surgiram no presídio, juntamente com presos políticos.
04:50Para organizar, para reivindicar direitos.
04:53Essas interações com outras organizações, com outros movimentos, fizeram que houvesse
04:57intercâmbio.
04:58Que teve uma organização que tinha, inclusive, um estatuto, definição de comando e para reivindicar
05:05direitos. Então, ninguém sabe como surge.
05:11Na verdade, surgiu no primeiro momento uma necessidade de se unir contra o estado, contra
05:17as ações do estado. E, diferentemente de 20, 30 anos atrás, as organizações criminosas
05:24não são mais apenas e tão somente organizações que tratam especificamente de lidar com drogas,
05:31lícitas ou ilícitas. Mas, hoje, as organizações criminosas, elas buscaram outras formas, alternativas
05:38de operar nos estados. E não somente isso, mas de lavar o dinheiro.
05:44Eu tive a oportunidade, há umas duas semanas, de fazer uma audiência pública na Câmara dos
05:49Deputados sobre o projeto de lei que está tramitando, que talvez, nas próximas semanas,
05:54próximos dias, deva ser pautada no plenário, que trata do devedor quanto mais. E esse
06:01projeto do devedor quanto mais, só para você ter uma ideia, ela está intimamente ligada
06:06às organizações criminosas. Porque são aproximadamente 1.200 empresas ou CNPJs de fachada, são CNPJs
06:15laranjas, que utilizam-se de laranjas para lavar o dinheiro. São postos...
06:20São empresas que já nascem com o intuito de não pagar impostos...
06:22Com o intuito de não pagar impostos...
06:23Com o intuito de não pagar impostos...
06:24E lavar dinheiro, né?
06:25De lavar dinheiro.
06:27Especializaram, hein?
06:28Se especializaram. Então, montaram casas lotéricas. Enfim, há um ramo muito grande...
06:34Supermercados...
06:34Muito grande, supermercados, padarias, serviços por aplicativo. Enfim, há uma gama muito grande.
06:42Então, não é à toa que o PCC, por exemplo, segundo a ONU, é a oitava instituição criminosa,
06:49por assim dizer, a oitava organização criminosa, que mais faturou no último ano.
06:54Então, especula-se que ela tem algo em torno de 50 bilhões de reais em movimentos.
06:58Então, é muito forte. Nenhuma empresa séria, legalizada, opera tanto dinheiro quanto o PCC.
07:05E o mais grave não é somente o PCC. Estamos falando em uma possível interação, uma possível conexão com várias organizações criminosas.
07:15Mas o próprio PCC, segundo relatórios da Polícia Federal, já tem ramificação com a Yakuza japonesa, com a máfia russa, com a máfia chinesa, a máfia israelense.
07:25Então, você tem uma série de organizações internacionais que estão atuando no Brasil via PCC.
07:32Por que os Estados Unidos da América, recentemente, tiveram uma preocupação forte de dizer,
07:38olha, governo brasileiro, equiparem as facções a organizações criminosas? Por que isso?
07:44E ao terrorismo. Por que isso?
07:46Porque já temos notícias de brasileiros liderando gangues nos Estados Unidos.
07:52Tem uma gangue chamada Losetas.
07:54A gente conhece muito como os Coyotes, que atuam na fronteira do México e dos Estados Unidos.
07:59Hoje, o segundo homem que comanda essa gangue, Losetas, que tem uma atuação similar ao MS-13,
08:05Salva Baratucha, é uma organização violentíssima.
08:09E é um brasileiro que hoje está na segunda linha de comando dessa organização.
08:13Ou seja, são organizações que estão tendo relacionamentos tanto a nível nacional quanto internacional.
08:20Isso é muito perigoso.
08:22Na minha cartilha, por exemplo, eu percebi um universo de códigos, de símbolos, de imagens
08:30ostentadas por algumas organizações, que são símbolos que eu encontro nos Estados Unidos, em El Salvador.
08:37Eu estive em El Salvador há um ano e meio, aproximadamente.
08:39Visitamos o Coyotes, que é o centro de confinamento para terroristas.
08:43E muitas das imagens que nós encontramos no Brasil.
08:46Eu encontrei lá.
08:47Índia, palhaço, coringa.
08:49Nós vamos falar...
08:50Eu achei muito interessante essa sua cartilha.
08:52Nós vamos falar daqui a pouco sobre ela, sobre o significado das tatuagens.
08:56que o deputado fez questão de pesquisar e elaborou uma cartilha que rodou o mundo inteiro.
09:03Essa cartilha.
09:04Mas eu queria perguntar para o senhor.
09:06Tá, aí está...
09:07O senhor está descrevendo uma organização muito bem feita, muito bem...
09:12Bem no sentido de organizada.
09:15Não que seria do bem, seria do mal, né?
09:17E a polícia, deputado?
09:19Como é que está?
09:20Olha, hoje, infelizmente, nós não temos uma política de segurança pública nacional
09:28voltada para combater o crime e a violência.
09:33Porque nós temos hoje um bando de governadores que atuam sem coordenação, sem integração,
09:41adotando a política da sua cabeça.
09:43Então, hoje, nós não temos um plano nacional de segurança pública.
09:46Até temos, mas se você pegar o texto e se você ler o texto do plano nacional,
09:51ele não apresenta absolutamente nada que fale, olha, vamos seguir por aqui, vamos fazer dessa forma.
09:57Não há.
09:57São textos soltos, com números soltos, mas que são incapazes de estabelecer uma coordenação unificada,
10:05integrada, não somente entre as polícias, entre as agências de inteligência,
10:09mas os bancos, as instituições financeiras, o Banco Central.
10:13Então, o crime organizado não é mais o traficante que fica ali na boca, não.
10:17São organizações muito bem montadas, muito bem pensadas, muito bem estruturadas,
10:21que hoje estão inseridas em vários níveis de poder.
10:25Poder legislativo, poder judiciário, poder executivo.
10:28Você tem hoje prefeitos, deputados federais, deputados estaduais sendo eleitos,
10:32financiados pelo crime organizado, juízes, magistrados, policiais.
10:36Então, existe um grande, um grande movimento no sentido de cada vez mais criar um poder paralelo.
10:43Pois é, mas e a polícia?
10:45Bom, a polícia, por exemplo, vou dar um exemplo do meu estado.
10:49Isso se reflete a todos os demais.
10:51Eu estou na polícia militar há 24 anos.
10:54Quando eu entrei na polícia militar, há 23 anos aproximadamente,
10:58nós tínhamos 30 mil homens de efetivo.
11:00Hoje, 23 anos, quase 24 anos.
11:03Depois, eu continuo com o mesmo efetivo.
11:05A população aumentou.
11:07A população aumentou.
11:08A criminalidade também.
11:08E a polícia não conseguiu acompanhar essa evolução populacional.
11:14Vamos dar.
11:15Hoje, a Bahia, nesses quase 20 anos do PT comandando aquele estado,
11:20já temos mais de 110 mil assassinatos nos últimos 20 anos.
11:24Hoje é o estado...
11:25A Bahia hoje é um estado violento.
11:27Mais violento do Brasil, por 10 anos consecutivos.
11:32Anuário da violência...
11:33Qual a cidade mais violenta lá na Bahia?
11:35Olha, hoje, as 10 cidades mais violentas do Brasil se encontram na Bahia.
11:41Salvador lidera com índice de assassinato.
11:44Depois segue Jequié, Itabuna.
11:46Tem uma série de cidades que são ali na região metropolitana e algumas cidades do interior.
11:52Mas hoje, das 10 cidades mais violentas do Brasil, elas se encontram na Bahia.
11:57Hoje, a Bahia lidera o número de facções criminosas.
12:01Do total de 82, 84 facções criminosas no Brasil, a Bahia possui 22 facções criminosas.
12:09O que eu estou trazendo nisso?
12:10Eu já falei do efetivo da polícia militar.
12:13Efetivo da polícia civil.
12:14São 5.700 homens para todo o estado.
12:18Um estado onde você tem aí 14 milhões de habitantes, 417 municípios.
12:23Qual é o retrato?
12:25Em 200 municípios não existe polícia civil.
12:29Sequer um único agente.
12:31Em mais de 100 municípios não existe delegados.
12:34Você tem o tribunal de justiça mais lento e mais caro do Brasil.
12:40Você possui hoje uma estrutura de justiça e segurança pública que não consegue atender a essa demanda.
12:46E esse é um retrato do Brasil?
12:47Esse é um raio-x do Brasil.
12:50Bahia, por exemplo, ela só elucida 14% dos homicídios.
12:55A média brasileira, 30, 35% de homicídios elucidados.
12:57Que é baixa, né?
12:58Muito baixa.
13:00E mesmo assim a Bahia ainda é pior.
13:02A Bahia consegue ser pior em elucidação de homicídios.
13:04Eu acho que essa história aqui do Congresso, sempre que acontece algo grave, aumenta a pena.
13:09Eu acho que...
13:10Não resolve por si só.
13:11Não resolve.
13:11O que resolve é a falta de punição, a impunidade incentiva.
13:15Eu citei o exemplo da Bahia, quando eu citei Polícia Civil, Polícia Militar, Poder Judiciário, Ministério Público.
13:21Veja, eu citei os principais órgãos de justiça e segurança pública.
13:26Se elas não funcionam adequadamente, se elas não têm estrutura para funcionar adequadamente,
13:30você não tem como manter uma política de segurança pública.
13:34Quanto mais eu prender, eu não tenho onde colocar preso.
13:37Hoje eu tenho 12 mil presos nos diversos sistemas, unidades prisionais do Estado e ainda assim superlotados.
13:46Falta espaço, né?
13:47Eu tenho 1.200 policiais penais para poder fazer essa vigilância.
13:51Então, eu acho que grande parte do problema do Brasil é você, primeiro, dar estrutura para que as polícias possam funcionar.
13:58Primeiro ponto.
13:59Segundo ponto, respaldo para que esse policial possa atuar.
14:01Eu abro o jornal todos os dias e vejo uma quantidade de operações policiais, de ocorrências policiais exitosas
14:09que são anuladas pelo Poder Judiciário, porque eles alegam que aquela ocorrência, que aquela ação policial
14:15não obedeceu os chamados critérios da fundada suspeita.
14:19Fundada suspeita.
14:20Hoje o Poder Judiciário estabelece mais o que não é fundada suspeita do que o que é fundada suspeita.
14:26Ou seja, eu não posso abordar baseado em raça, cor, sexo, gênero, posição sexual.
14:32Então, hoje eu tenho mais situações que não se enquadram do que é fundada suspeita, do que dizer o que é fundada suspeita.
14:38Tem que dar autonomia para o policial, né?
14:40Eu vejo, deputado, por exemplo, quando o combate à violência, segurança pública depende do policial,
14:48é porque tudo já falhou lá atrás, que é preciso uma prevenção, é preciso degraus.
14:53Então, quando o policial tem que atuar, é porque já falhou tudo, né?
14:58E a gente vê, por exemplo, aqui a PEC da segurança pública, a lei antifacção,
15:03esse grande debate no Congresso Nacional contra a violência e contra a facção,
15:07não vejo nada valorizando o policial, não vejo nada melhorando um piso nacional da segurança pública,
15:13eu não vejo nada dando autonomia para a polícia.
15:17Eu ouvi uma frase fantástica.
15:19Sim.
15:20O bandido tem medo do policial.
15:23O bandido não tem medo do promotor, não tem medo do juiz, não tem medo da justiça, não tem medo de nada.
15:28Ele tem medo do policial.
15:30E o policial tem medo de quem?
15:32Da justiça.
15:32Da justiça.
15:33De ser condenado, perder a farda, perder a liberdade, perder seus direitos.
15:38É incrível.
15:40Você citou um fato interessante.
15:41Hoje o governo brasileiro tem utilizado a PEC para dizer o seguinte,
15:46olha, os governadores não vão perder as suas competências sobre a sua autonomia sobre os estados.
15:53Mentira.
15:54A primeira coisa que o projeto do governo fala é o seguinte,
15:58se você criar um chamado Conselho Nacional de Segurança Pública,
16:04e no texto ele diz que os governadores e prefeitos deverão seguir as diretrizes do Conselho Nacional de Segurança Pública,
16:13sob pena de não receber recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública.
16:17Então, como é que você diz, governador, você tem autonomia, mas você deve seguir...
16:21Para receber dinheiro federal, você tem que seguir a cartilha, né?
16:24Mas isso vai ser modificado.
16:26O senhor é da comissão especial, né?
16:28O senhor da comissão.
16:29O Mendonça...
16:30Já retirou, já sinalizou ontem.
16:31Já fez um novo projeto.
16:34Mas é preciso aprovar essa emenda, né?
16:38Sim.
16:39Modificada e tal, mas precisa.
16:41Ela certamente será votada na comissão.
16:45E nesse propósito de resgatar a autonomia, manter a autonomia dos governadores,
16:52que é o ponto inegocial.
16:54E principalmente da polícia.
16:55Eu queria explorar um pouco, deputada, essa sua cartilha.
16:58Sim.
16:59Então, nessa sua cartilha, é uma cartilha de orientação,
17:02mas assim, é mais uma orientação para os profissionais de segurança pública, né?
17:06E isso dá algumas características.
17:09Perfeito.
17:09No início, quando eu elaborei essa cartilha, ela tinha um foco e um destino certo, policiais.
17:17Só que, olha que eu estou falando de 2012.
17:21Naquela época, eu já via casos, registros de pessoas tirando foto nas redes sociais,
17:28fazendo gestos, e morriam.
17:31Eram mortos por membros de facção criminosa.
17:33Eu via pessoas comentando que eu não poderia entrar com determinada roupa,
17:37ou determinada marca de roupa, que eu terminava sendo morto ou admoestado por um traficante
17:43daquela localidade.
17:45Então, tudo isso, esses relatos de pessoas da comunidade.
17:49Tatuagens.
17:50E aí eu aproveito, em seja, para dizer que esse trabalho, ele foi um trabalho técnico,
17:56foi um trabalho científico, não tem interesse algum, nem tinha e nem tenho,
18:00de discriminar pessoas que possuam tatuagens.
18:02Não tenho tatuagens, não tenho absolutamente nada contra quem tem tatuagens.
18:06Hoje, quase todos têm, mas é um símbolo, alguns símbolos.
18:09Mas, eu apenas demonstrei que alguns símbolos, elas podem ter associação criminosa.
18:16Inclusive, não só com organizações criminosas, mas tipos penais.
18:20Então, é muito comum na cartilha, se você for observar, você vai encontrar lá,
18:24tatuagens, 157, associado a roubo do Código Penal, artigo 121, associado ao homicídio,
18:32matar alguém, você vai encontrar dentro de um palhaço, hoje não é mais só o palhaço,
18:37eu vou encontrar cartas do baralho.
18:40E nas cartas do baralho, lá em cima no baralho, você vai encontrar alguns números.
18:45Pode estar associados ao artigo 121, você vê o número 121, você pode ver o 157.
18:50O que é o 121?
18:51O artigo 121 é o artigo do Código Penal Brasileiro, matar alguém, assassino.
18:57Aí é o palhaço.
18:59Não, vamos lá.
19:01Estou dizendo que não vai a imagem do palhaço, se tivesse a imagem aqui, era melhor.
19:06Se tivesse a imagem do palhaço, você vai ver que junto com o palhaço,
19:09que normalmente é associado a matador de policial, ou aquele que pratica roubo, assalto à mão armada.
19:15Mas junto com o palhaço, eu vou ouvir embaixo, muitas vezes, cartas do baralho.
19:19As cartas do baralho, que é o artigo.
19:20Exatamente, eu vou ver bola de bilhar, sinuca, com o número 8, que é chamado o número bola da morte.
19:28No mundo todo é reconhecido como símbolo da morte, associado a facções criminosas.
19:32Você vai encontrar, por exemplo, cartas do baralho, as, a letra A, 5 e 7.
19:38Esse A é a primeira letra do alfabeto.
19:42Por exemplo, 1533, PCC.
19:45Por que 1533, o PCC é identificado?
19:4815 é a 15ª posição na letra do alfabeto brasileiro.
19:5315ª letra, 15ª posição, a letra P.
19:573, A, B, C.
19:58Então, 1533, PCC.
20:01Tem outra facção lá na Bahia, chamada CP, que é comando da paz.
20:08Então, CP.
20:10Letra C, número 3.
20:12P, número 15, 315.
20:14Então, você vai ver muito essas pichações no Brasil inteiro.
20:16Uma espada é o quê?
20:18Olha, essas imagens que eu identifiquei na cartilha, são aquelas imagens mais recorrentes,
20:24utilizadas por indivíduos que foram presos em flagrante de delito, que tinham históricos criminais.
20:29Então, nem todas as imagens, por exemplo, eu não identifiquei no universo criminal a espada.
20:34Identifiquei a carpa, que é aquele peixe oriental, ela pode vir para cima ou para baixo, nenhum significado.
20:41A carpa é o quê?
20:42A carpa, ela pode estar associada a tráfico de drogas.
20:47Se ela vem para cima ou para baixo, ela tem um significado.
20:52E, às vezes, a carpa, ela vem junto com um dragão.
20:56Porque, na história, no Oriente, a carpa é um objeto, é um animal reconhecido, idolatrado,
21:05especialmente praticante de artes marciais.
21:07Então, às vezes, você encontra essa carpa em volta de um dragão, ou, às vezes, um dragão.
21:12Porque a história diz que a carpa, em um determinado momento, onde ela busca ali se reproduzir,
21:18ela percorre longos trechos até chegar a uma área própria para a reprodução.
21:23Muitas delas morrem no caminho.
21:25Aquelas que conseguem chegar nesse local para a reprodução, elas podem se transformar em um dragão,
21:31em um recompensa.
21:32Então, o bandido conduz a carpa, ele quer dizer isso.
21:35Que ele vai ter sucesso, ele vai desenvolver na carreira do crime.
21:39Então, tem, às vezes, essa certificação.
21:41Eu sei que o senhor foi em El Salvador.
21:43Aliás, um grupo grande de parlamentares já foi em El Salvador.
21:47Sim.
21:47E lá, eles usaram esse método das tatuagens para prender.
21:51Seu prendendo.
21:52Quem tinha lágrimas.
21:53Sim, sim.
21:53Cada lágrima era um...
21:55Um assassinato.
21:55Um assassinato.
21:56Seu prendendo todo mundo.
21:58Prendeu muita gente.
21:59Muita gente.
21:59Por que isso?
22:01E misturou todo mundo lá.
22:03E olha que lá, interessante.
22:05Eles criaram uma lei chamada Lei Antimaras.
22:08Maras significa gangue.
22:10Então, o que diz essa lei lá, que foi aprovada?
22:13Todo e qualquer indivíduo que fosse flagrado na rua com imagens próprias de gangues,
22:19em especial MS-13 e outras tantas gangues, eles eram automaticamente presos.
22:25Existe um, não sei se você sabe, mas existe uma prisão para averiguação, que nós fazemos
22:32muito, mas juridicamente não existe.
22:34Você não pode prender para averiguar.
22:37Isso não é permitido.
22:38Mas lá, eles criaram uma espécie de prisão para averiguação, em lei, onde todo qualquer
22:44indivíduo flagrado com tatuagens específicas de gangues eram conduzidos para a delegacia, sujeitos
22:51a um procedimento...
22:51Mas é porque lá a violência chegou a um ponto tal...
22:54Mas não é só isso.
22:55Era violência muito alta e precisava de uma ação muito radical.
22:58Mas não é só isso.
23:00Essas imagens que eles carregam, existe um ritual de iniciação.
23:07A tatuagem que eles carregam do MS-13, por exemplo, não é qualquer um que chega lá e bota
23:11a tatuagem.
23:12Ele passa por um ritual de iniciação.
23:14E cada preso que tivesse uma imagem do MS-13, para ele receber o direito de usar e de ser
23:23aceito pela gangue, ele tinha que matar ou um policial ou um rival.
23:27E ele tinha que registrar na filmagem, gravar, tirar foto, mostrando...
23:31Isso lá em El Salvador.
23:32Em El Salvador.
23:33Certo.
23:33Então, pelo simples fato dele ter uma tatuagem, no mínimo, o homicídio ele já tinha.
23:40Porque para ele ser aceito pela organização, ele tinha que matar.
23:44Então, ele tinha que filmar, mandar para o líder.
23:45Então, por esse motivo que a polícia lá...
23:47Como é que o senhor viu as prisões lá?
23:49O senhor visitou lá?
23:50Visitei.
23:51Visitamos o interior da prisão.
23:54Realmente, um ambiente que eu nunca imaginava estar.
23:58Controle 100%, em frente a cada cela.
24:02Disciplina.
24:03Não, zero possibilidade de fuga, zero possibilidade de confronto.
24:08O deputado me disse que eles falam, não, estou aqui porque mereço.
24:11É, muitos deles reconhecem os crimes que cometeram.
24:16Aí o senhor visitou lá?
24:17Visitamos, entramos nas celas, acompanhamos toda uma rotina, passamos o dia inteiro praticamente.
24:24E o cheiro característico de presídio aqui no Brasil, você não sentia lá.
24:28Tudo lindo.
24:28Tamanha limpeza que era do ambiente.
24:30Então, eles são obrigados a limpar.
24:32Horário para acordar, horário para dormir, horário para desligar a luz.
24:36Não tinha conforto, não tinha colchão.
24:38Só quem tinha colchão eram aqueles que tinham receita médica, alguma doença, alguma situação médica.
24:44Tinha direito a colchão.
24:45Dorme no cimento?
24:45Saída temporária.
24:46Como?
24:47Dorme no cimento?
24:48Dorme no cimento.
24:49São camas belichas e todos eles dormem no cimento.
24:52Só que dormem em colchão.
24:54Trabalham?
24:55Eles têm um programa lá chamado Zero Ociosidade.
24:58Então, eles trabalham na rua, fazem pintura, fazem limpeza, capinagem.
25:04Inclusive, nos prédios da polícia, alguns presos, nós vimos lá trabalhando, pintando, consertando lâmpadas.
25:10E com essa política, reduzir o índice de criminalidade, eu acho que lá é 14, um dos menores do mundo.
25:15Hoje, você tem aproximadamente 285 dias, hoje, sem um único assassinato em El Salvador.
25:21Um detalhe interessante é que a gente conversou com vários taxistas, nós rodamos pelos bairros e a principal fala deles é vivemos em paz.
25:30Todo o rendimento que eu tinha de um dia de trabalho, eu tinha que, em cada bairro, eu tinha que pagar uma comissão para poder entrar e sair.
25:39Então, ninguém vivia seguro.
25:42Então, era morte o tempo todo.
25:44Então, nós conhecemos, visitamos o Ministério da Defesa, as Forças Armadas, conhecemos como é que foi feito o processo legislativo.
25:51Eles aprovaram lá uma lei marcial, que seria um estado de sítio aqui.
25:57Destituíram três ou foram cinco ministros da Suprema Corte lá.
26:01Então, o presidente tinha total autonomia, a popularidade lá em cima.
26:06O presidente tinha todo o Congresso nas suas mãos e fez algumas medidas que ele entendeu serem necessárias.
26:13Mas, vale a pena fazer uma visita lá, entender como é que foi o sistema de perseguição penal.
26:18Lá, aprovou uma lei equiparando as organizações ao terrorismo.
26:23Então, isso deu...
26:25E parte das pessoas não entende por que eu preciso equiparar organização ao terrorismo.
26:30O que é que muda efetivamente?
26:32É só a questão, ah, é oposição, é só pelo nome, é pelo simbolismo? Não.
26:37Mas é a forma como o Estado identifica e enxerga aquele criminoso.
26:41É a possibilidade de você fazer cooperação internacional, inclusive para bloquear contas bancárias, rastrear contas bancárias.
26:48Muda figura, né?
26:49Muda de figura.
26:50A forma como o Estado enxerga esse criminoso, né?
26:53Muito bem, deputado.
26:54Foi um prazer...
26:55Muito assunto para te tratar aqui, mas...
26:57Sempre.
26:58Um tempo foi pouco para conversa.
27:00Muito.
27:00Muito obrigado.
27:01Satisfação.
27:02Queria agradecer muito a você que acompanhou aqui essa conversa aqui no ponto final.
27:09E espero você que continue aqui na Jovem Pan e nos próximos programas.
27:14Muito obrigado.
27:14A opinião dos nossos comentaristas não reflete necessariamente a opinião do Grupo Jovem Pan de Comunicação.
27:31Realização Jovem Pan
27:33A grande parte do Grupo Jovem Pan
27:34A CIDADE NO BRASIL
Seja a primeira pessoa a comentar