Em entrevista ao Jornal da Manhã, o deputado federal Tomé Abduch (Republicanos-SP) criticou a prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL-RJ), classificando a medida do STF como "mais uma decisão monocrática". O parlamentar afirmou que o processo é "político", reforçando o discurso da oposição contra o Judiciário.
Assista à íntegra: https://youtube.com/live/MsuD7e0EsKg
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal: https://www.youtube.com/c/jovempannews
Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
00:00Nós estamos trazendo também, claro, a repercussão política deste fato, né, a prisão de Jair Bolsonaro.
00:06Estamos contando aqui com a participação do deputado estadual Tomé Abducho, no estúdio aqui do Jornal da Manhã,
00:12deputado pelo Republicanos aqui da LESP de São Paulo.
00:15Deputado, imagino a repercussão política, como é que o senhor avalia toda essa situação e, claro, as condições também da prisão. Seja bem-vindo.
00:23Muito obrigado, bom dia Marcelo, bom dia Danúbia, bom dia Piperno.
00:26Mais uma decisão monocrática dos nossos supremos ministros.
00:32Nós sabemos que todo esse processo é um processo político, a qual nós estamos discutindo há muitos e muitos meses.
00:38Nós temos, infelizmente, um Brasil que nós não compreendemos mais, a qual princípios e valores, o cumprimento da nossa Constituição, está muito fragilizado.
00:48E nós sabemos que a democracia acaba quando as principais decisões de uma nação são tomadas por interpretações de homens e não baseadas em nossa Constituição.
00:57Uma vigília na porta do presidente Bolsonaro, que é nada mais do que um ato religioso, não pode causar uma prisão preventiva, como se o presidente Bolsonaro fosse fugir do Brasil.
01:07Ele fosse sentar no porta-marro de um carro e aparecer um helicóptero, transportar ele para algum local, num aeroporto, pegar um avião e fugir.
01:15Principalmente com todo o esquema de segurança que tem em volta.
01:18E coisas são muito emblemáticas, né?
01:19Hoje é dia 22, o presidente está debilitado, o Brasil inteiro está de joelhos com as decisões que são tomadas pelos nossos ministros da Suprema Corte.
01:28E eu fico aqui me perguntando, que país que nós estamos construindo?
01:32Porque discutir o julgamento do presidente não vai levar a nada.
01:35Todos nós sabemos que já tinha um veredito dado desde ali atrás.
01:39Então, ou seja, meses e meses e meses de discussão de um processo em cima de um crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito,
01:47onde todos nós brasileiros sabemos que aquilo lá não aconteceu.
01:50Porque, como já dissemos muito aqui, não houve organizadores, não houve um dia seguinte, não temos financiadores, não temos as imagens.
01:57Então, ou seja, o Brasil vive um momento, no meu entendimento, que é um momento de exceção.
02:02É um momento onde a nossa democracia está muito fragilizada.
02:06E eu fico aqui me perguntando se a última instância que nós temos no nosso país toma decisões que, muitas vezes, não estão em acordo com a nossa Constituição.
02:16Julgando um presidente, onde todos nós sabemos, local errado, sem direito à ampla defesa.
02:22E agora com essa prisão que me parece muito mais simbólica do que uma prisão realmente concreta.
02:27Pelo fato de não haver a menor possibilidade do presidente Bolsonaro tentar fugir do Brasil, arrancando a sua tornozeleira eletrônica.
02:34Aliás, é importante que a gente avalie com calma o que significa ele tentar retirar a sua tornozeleira.
02:40Porque até agora não chegaram nenhuma informação oficial para que a gente possa ter a certeza que isso realmente aconteceu.
02:46O que aconteceu foi uma vigília.
02:48Mais uma vez, o filho do presidente ou alguém da família toma uma ação de proteção ao presidente Bolsonaro.
02:55E isso, no dia seguinte, se torna esse show todo que nós estamos vendo.
02:58Então, a imagem ele já tem.
02:59O presidente está sendo conduzido.
03:01Vamos agora ver quais serão os próximos passos.
03:04Mas eu estou muito descontente e pouco confiante que a gente vai ter uma decisão balizada em nossa Constituição.
03:13E que realmente possa dar um caminho jurídico natural para todo esse processo.
03:17O que acontece no Brasil, infelizmente, é uma grande tristeza.
03:21Fábio Piperno, novamente conosco.
03:23Piperno, então, deputado, questionando se é a questão técnica, jurídica ou política, Piperno.
03:27Bom, o STF, o ministro Alexandre Moraes, tomou uma decisão que ele julgou a mais apropriada por uma situação como essa.
03:38Envolvendo um condenado por cinco crimes, inclusive a abolição violenta do Estado de Direito.
03:45E não vamos esquecer o seguinte.
03:46Quando se fala, por exemplo, desse episódio da convocação da vigília, que pode ou não provocar algum tipo de comoção.
03:53Bom, veja, o Acais, com muita propriedade, lembrou o que aconteceu no momento em que foi decretada a prisão do presidente Lula.
04:01Lá em São Bernardo do Campo, lá no Sindicato dos Metalúrgicos.
04:06E houve, sim, um ambiente de comoção popular que, naquele momento, inclusive, dificultou a ação da justiça.
04:14Coincidentemente, o presidente, inclusive, também foi preso em um sábado.
04:18Então, veja, não é alguém que tenha um histórico de ampla defesa das liberdades e respeito de decisões e tal.
04:29Não, é alguém condenado por cinco crimes, alguns claramente de afronta ao sistema político.
04:37E alguém que já foi, inclusive, digamos, uma espécie de mártir, de manifestantes que se acamparam por setenta dias.
04:49Então, veja, tudo isso traz à tona alguém que já tem um histórico de mobilizações que pregam, inclusive, uma, digamos,
05:04uma subversão do Estado Democrático de Direito.
05:08Então, é claro que, se a gente analisar essas causas, todo esse elenco fático apontado pelo ministro Alexandre Moraes,
05:18se a gente pegar essas causas individualmente, é óbvio que dá pra gente ter múltiplas interpretações
05:26de que foi construído um enredo político e tal.
05:29Mas, não, a gente, nós estamos nos referindo a um personagem que, nesses últimos tempos, construiu, sim, um histórico
05:39que o levou a uma condenação por vinte e sete anos.
05:44Muito bem, estamos debatendo a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro em Bolsonaro,
05:48ocorrida hoje, lá, bem cedo, em Brasília.
05:52Cássio Miranda está de volta conosco.
05:54Acássio, essa decisão, ela amplia toda essa discussão da politização, o ativismo judiciário, Acássio?
06:03Sem dúvida alguma, Marcelo.
06:05Verdade seja dita, esse não é um problema novo e não é um problema exclusivo do Supremo Tribunal Federal.
06:13Nós temos enfrentado isso desde a primeira instância, nos rincões mais distantes do país,
06:20até o Supremo Tribunal Federal.
06:23Mas é fato que a judicialização da política, ou a política da judicialização,
06:30ela é um sintoma de diversos outros problemas.
06:35Primeiro porque o judiciário, ele é o que nós chamamos inerte.
06:40O judiciário só atua quando é provocado.
06:43E todas essas ações, em relação às quais nós discutimos,
06:49sejam aquelas perante o Supremo Tribunal Federal,
06:53sejam ações civis públicas em primeira instância,
06:57todas elas são promovidas ou por entidades legitimadas,
07:04ou até por partidos políticos.
07:07Quando nós olhamos para as ações diretas de inconstitucionalidade,
07:11que tramitam no Supremo Tribunal Federal,
07:14e quando nós olhamos também para o artigo 109 da Constituição,
07:18os partidos políticos são legitimados à propositura dessas adins,
07:24e são os principais responsáveis por estas proposituras.
07:29Então, esses partidos perdem os debates no Congresso,
07:36e ao invés de se conformarem com o jogo,
07:39eles usam a esfera judicial para promoverem ou repromoverem esse tipo de debate.
07:47Sem contarmos que a omissão dos próprios partidos políticos
07:52também dá margem à propositura de ADPFs e ADINS
Seja a primeira pessoa a comentar