A COP30 chega à fase decisiva com negociações sobre metas climáticas e o TFFF, fundo que pode garantir recursos permanentes para países que reduzem desmatamento. Ronaldo Seroa, professor da UERJ e colaborador do Earth Innovation Institute, fala sobre o impacto global dessas decisões e o que esperar dos próximos dias.
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00:00Quase duas semanas depois do início, dias de negociações, a COP30 iniciou sua fase decisiva.
00:08A expectativa agora é que os 195 países cheguem em um consenso e assinem um acordo que vão orientar as ações climáticas nos próximos anos.
00:19Para explicar esse cenário, converso agora com o Ronaldo Ceroa, que é colaborador do Earth Innovation Institute e professor da UERJ.
00:30Ronaldo, obrigado aqui pela sua presença em pleno feriado.
00:34Claro, o assunto é urgentíssimo.
00:37Tivemos aí um incidente sem feridos, poucos estragos, um incêndio que acabou atrasando discussões justamente agora nessa fase final, os 40 do segundo tempo.
00:48Amanhã está muita gente com os dedos cruzados esperando uma declaração robusta, ambiciosa, com números ali graúdos de redução de poluição para que a gente consiga atrasar, reverter a situação do aquecimento global.
01:05Esse é um assunto mais macro.
01:08Deixa eu começar a conversar contigo, Ronaldo, uma fatia.
01:12Pegando aqui o trecho da nossa reportagem em que a Alemanha se comprometeu com 1 bilhão de euros para o TFFF.
01:19Na minha conta aí, já passamos dos 6, talvez tenhamos chegado às bordas dos 7 bilhões de dólares neste fundo.
01:27Eu estava lá acompanhando essa conta.
01:29Ronaldo, falando aí do TFFF, essa criação de um fundo que fala a linguagem do mercado, não é mais doação, não é mais filantropia, agora nós estamos falando de investimento.
01:44Um lucro que pode gerar dividendos para quem investir.
01:49Isso soa como música no ouvido de muita gente.
01:51Na tua avaliação, na tua leitura, é um caminho certo?
01:56E este valor que se falava, vamos terminar a COP com 10 bilhões, a ambição de terminar a COP com 10 bilhões em caixa no TFFF.
02:05Para daqui a gente chegar a 30 e quem sabe em 2030, 125 bilhões, 130 bilhões de dólares.
02:14Bom, nós estamos aqui no comecinho dessa cifra.
02:17Mas o TFFF, no papel é muito bonito, ele realmente pode vir a funcionar na prática?
02:24Obrigado mais uma vez.
02:25Boa noite, um prazer recebê-lo.
02:28Boa noite.
02:30Olha, ele tem tudo para funcionar bem, né?
02:33A arquitetura dele, o desenho dele é um desenho que é muito importante quando se fala em investimento.
02:39É porque você vai ter um montante de recursos que serão aplicados no mercado financeiro e parte dos seus rendimentos desses recursos no mercado financeiro
02:49serão dedicados a compensar países que tiveram um desempenho muito bom, acima do melhorado, não é só redução de esmatamento.
03:00Então, esses países que fazem um esforço muito grande, não é só um esforço de gestão, é um esforço até de confronto, às vezes, político, de tentar compromissos com isso, você tem que fazer.
03:09Esses países agora poderão contar com fluxo permanente, por isso que o fundo é chamado permanente, é um fluxo permanente de recursos que a gente possa planejar
03:19para dar mais incentivos ainda a esse desempenho de redução de esmatamento.
03:26Isso para o mundo é barato, porque a transição energética, que é o grande de calcanhar de aqui, que nós estamos discutindo há dias, ou há mais de várias cópias, não é só nessa,
03:38como fazer essa saída do uso intensivo de energia fóssil, principalmente petróleo e carvão,
03:45isso é um custo muito grande econômico, custa caro no curto prazo, no longo prazo compensa, mas no curto prazo custa caro.
03:54O caminho da solução baseada na natureza, a conservação de floresta, ele é um custo muito mais baixo, é um custo muito mais acessível.
04:02Então, esse caminho é um caminho que já está sendo conseguido e avançado.
04:06Aqui no Brasil é muito importante, porque a gente tem várias iniciativas aqui, por exemplo, o Rédio Judicional,
04:11que é um tipo de programa público de crédito de carbono, que tem consultas públicas, alocação de benefícios,
04:17que já está sendo iniciado em vários estados da Amazônia, que terão recursos para justamente a consertação,
04:25integração dessas políticas, porque isso precisa não só dos créditos, mas um complemento,
04:29porque esses créditos com a regulação vão caindo e você vai precisar de um fluxo permanente de recursos
04:33para manter viva e incentivada essa política de combate de esmatamento.
04:37Ronaldo, vou pegar duas frases aqui, quer dizer, duas frases não, dois momentos,
04:44do mesmo narrador, do mesmo orador, que é o António Guterres, o secretário-geral da ONU.
04:53Estava lá em Belém, no dia da abertura, não só da COP, mas também da reunião dos líderes,
04:59que antecedeu a COP oficialmente, e agora, no pronunciamento de hoje,
05:04António Guterres, que representa as Nações Unidas, muito, não sei se eu chamo ele de pragmático ou pessimista,
05:11talvez mais pragmático do que pessimista, dizendo, olha, falhamos, falhamos,
05:16tínhamos metas a cumprir, não chegamos, o momento é urgente, né, ele fala, não vamos conseguir,
05:24ele passou do amarelo piscante e já acendeu a luz vermelha.
05:28Agora, o seguinte, também tem um simbolismo grande a COP30, porque são 10 anos do Acordo de Paris,
05:36e muitos das ações gradativas, que eram para ter sido colocadas ao longo de 10 anos, também não foram.
05:46O que muda, o que mantém, talvez, uma chama de esperança acesa, né,
05:51quero ser aqui a menina poliana da história, mas o que mantém uma chama de esperança de que daqui para frente vai dar certo,
05:59se o nosso passado recente nos condena, dizendo que nas últimas COP, muita coisa ficou pelo caminho.
06:07Os números falam por si só, 1,5 graus Celsius de aquecimento médio,
06:12isso era para ter chegado no final do século, antecipamos 75 anos essa cifra,
06:19o que que, né, na sua leitura, o que que te mantém aí crente que daqui para frente vai dar certo?
06:28Bom, tenho certeza que daqui para frente vai dar certo, mas uma boa notícia dessa COP é que nós não andamos para trás
06:34e estamos continuando dando passo para frente.
06:39A COP é simplesmente um acompanhamento dos acordos que são feitos dentro da Convenção do Clima, tá,
06:44esse tem mais de 30 anos, tá, e o Acordo de Paris são os últimos 10 anos.
06:50Nós tivemos outros acordos anteriores, tá, e tudo isso permitiu que a gente não estivesse no lugar pior.
06:58O nosso aquecimento seria talvez um grau maior se a gente não tivesse todo esse esforço,
07:02mesmo ainda não chegando aos objetivos desejados, não tivesse acontecido.
07:07Então, nós estamos num momento agora, um momento difícil, porque os custos mais baratos de mitigação
07:15já foram apropriados, isso é do lado da oferta da tecnologia,
07:19que são de mais escala para ganhar mais inovação tecnológica.
07:23Mas para dar essa mais escala, os países teriam que se comprometer investimentos nessa área.
07:28Esses países agora têm problemas fiscais, advindos desde a Covid,
07:33mais depois inflação, tal, taxa de juros, e também tem agora uma outra demanda, né,
07:39de gastos na área de defesa, em particular na Europa, vários países da Ásia também.
07:44Então, nós estamos num momento muito difícil de dar uma alavancada maior, tá,
07:49por isso que nós estamos a três copos tentando discutir.
07:53Lembra que todo compromisso dos países na Convenção do Clima é voluntário, tá,
07:59E além disso, quando esses compromissos são decididos coletivamente,
08:05quer dizer, compromissos de cada país, e os compromissos coletivos estão por consenso.
08:10Então, depende muito da disposição daquele país participar,
08:14ou das circunstâncias na qual ele se sente à vontade de ser mais ambicioso,
08:18tá, como também de você ter algum tipo de incentivo para a cooperação.
08:25Hoje nós temos um mundo, desde o comércio internacional até os conflitos, né,
08:29de fronteira, não estão muito cooperativos, né.
08:33Então, essa situação toda agrava esse momento.
08:35Agora, não ter andado para trás, tá, o que já se discutiu, terminou,
08:44nos documentos atuais, que são os compromissos,
08:48alguns países já apresentaram, outros 96, o andamento do EFF,
08:54que se atingir 10 ou 8, o importante é que ele tenha agora um arranjo, né,
08:59e ele vai mostrar resultado e isso vai ter adesão no futuro, tá.
09:03E esperamos também, né, que venha algum documento um pouco mais,
09:09esse sim, teria que ser um pouco mais denso, né,
09:12sobre como é que nós vamos identificar formas de transferência de recursos
09:18dos países pobres e de recursos, não só financeiros como tecnológicos,
09:22dos países ricos para os países mais pobres.
09:24Não para os países médicos, Brasil, China, Índia,
09:26mas aquele grupo de países, que geralmente é a maioria,
09:29que contribui menos, mas que sofre mais com as mudanças climáticas.
09:33Ronaldo Seró, colaborador do Earth Innovation Institute
09:38e também professor da UERJ, a quem eu faço meus agradecimentos públicos,
09:43Ronaldo, tenho certeza que nós vamos nos falar muitas vezes,
09:47até para irmos medindo de que maneira,
09:50mas eu vou dormir um pouco mais tranquilo com a sua visão
09:52de olhar pelo menos o copo meio cheio, né,
09:56depois a gente fala o copo meio vazio,
09:58poderíamos estar melhor, sim, mas não estamos pior, né,
10:02já é uma luz no fim do túnel.
10:04Obrigado mais uma vez, bom restinho de feriado, até uma próxima.
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