Pular para o playerIr para o conteúdo principal
No Papo Antagonista desta quarta-feira, 19, Madeleine Lacsko e Duda Teixeira entrevistaram a vereadora Janaina Paschoal (PP-SP).

Ela falou sobre a Frente Parlamentar em defesa do Movimento dos Artistas Livres, as ofensas que sofreu recentemente em um evento LGBT, segurança pública, entre outros temas.

Assista:

Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.

Apresentado por Madeleine Lacsko, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade. Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.

🕕 Ao vivo de segunda a sexta-feira às 18h.

Não perca nenhum episódio! Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber as notificações.

#PapoAntagonista

Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto para audiência do Papo Antagonista:

https://bit.ly/papoantagonista

🎧Ouça O Antagonista nos principais aplicativos de áudio, como Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, TuneIn Rádio e muito mais.

Siga O Antagonista no X:

https://x.com/o_antagonista

Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.

Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.

https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344

Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Estamos recebendo a nossa convidada ilustre do dia de hoje, Janaína Pascoal, vereadora agora aqui em São Paulo.
00:08Janaína, muito bom ter você aqui.
00:10Nossa, uma alegria, honra minha. Você está ainda mais bonita.
00:14Obrigada.
00:15Eu adorei o cabelão.
00:17Gostou?
00:18Muito, muito. Está linda.
00:19O meu cabelo, Janaína, está maior do que o seu pela primeira vez.
00:25É verdade.
00:27É verdade. Está vendo? Está linda, está maravilhosa. Estou muito feliz de estar aqui.
00:31Sempre uma alegria te reencontrar. Olá.
00:34Olá.
00:35Fico à disposição.
00:36Duda também aqui com a gente. Olha, Janaína é uma veterana da TV Antagonista.
00:42Esteve aqui no Velho Testamento, nos primórdios.
00:47Aquela época de impeachment, lembra?
00:49Sim.
00:49Quanto que a gente conversou aqui.
00:52Duda Teixeira está aqui com a gente para essa entrevista.
00:54Agora, antes de a gente começar no nosso tema mesmo, queria te perguntar dessa história do PL antifacção.
01:01Como é que você vê essa história no movimento político de hoje em dia e nessa questão que a gente sempre teve da esquerda brasileira,
01:09de uma certa romantização da bandidagem, né?
01:12Sim.
01:12É interessante porque qualquer um que acompanha a história, que acompanha a atuação dos parlamentares de esquerda,
01:19vê o quão falacioso é esse discurso de que justamente o projeto relatado por um quadro da direita
01:28teria a finalidade de abrandar o tratamento para com os criminosos,
01:33ou até tirar espaço da Polícia Federal.
01:37Basta acompanhar, por exemplo, os próprios parlamentares aqui municipais, quaisquer projetos.
01:44Muito simples, porque dentro da competência municipal, para incentivar uma segurança de vizinhança,
01:52para melhorar a situação das guardas municipais, para melhorar o policiamento, até as rondas,
01:58eles votam contra, eles obstruem até na CCJ, é assustador.
02:04Então não tem como esse discurso de que a direita estaria favorecendo o crime prevalecer.
02:12O relatório, ele vem numa tentativa, o relatório que foi aprovado ontem,
02:18ele vem numa tentativa de conciliar visões, né?
02:22Se nós pegarmos os projetos que inicialmente estavam tramitando por iniciativa da direita,
02:27e o que chegou do governo, é muito fácil perceber que houve ali uma tentativa de juntar as duas coisas.
02:36Mas o próprio relator escreveu que, muito embora ele esteja ali propondo,
02:42e foi aprovado na Câmara, endurecer penas, endurecer, vamos dizer, o cumprimento da pena,
02:49de nada vai adiantar se não houver a aplicação.
02:55Então o próprio relator deixou ali consignado, porque a minha visão é a seguinte,
03:01nós temos boas leis, nós temos boas leis, mas elas não são aplicadas.
03:07E eu tenho falado, inclusive, em sala de aula, que nós estamos vivendo um movimento
03:11que é o processo engolir o direito material.
03:17Então, se nós pararmos para perceber, não quero aqui criticar o trabalho de ninguém,
03:21mas os defensores hoje, muitos, nem enfrentam o mérito da imputação.
03:28Só se buscam supostas ou nulidades reais ou supostas nulidades.
03:34Por quê? Porque diante de apreensões, e eu não estou falando do seu ponto de vista figurativo,
03:40de 200 quilos de maconha, de 600 quilos de cocaína,
03:44nós temos muitas vezes decisões monocráticas anulando tudo.
03:50Anulando tudo.
03:52Então, assim, eu quero chamar a atenção para esse ponto,
03:55até te agradeço me dar essa oportunidade, que, por melhor que seja o projeto,
03:59por melhor que ele venha a sair do Congresso, que nós sabemos que passam,
04:03são muitas instâncias dentro do Congresso Nacional,
04:07e em qualquer casa legislativa, não vai adiantar nada.
04:11Se o poder judiciário, primeiro, não aplicar,
04:18e, segundo, seguir anulando, em especial os tribunais superiores,
04:24anulando em decisões monocráticas.
04:28E anulando com argumentos, com todo respeito, que não se sustentam.
04:33Porque a vida inteira, quem estuda jurisprudência sabe
04:36que, desde sempre, uma quantidade significativa de drogas
04:40estocada numa residência, num galpão,
04:44constitui flagrante.
04:46Então, como é que pode, diante de 200 quilos, até menos,
04:51mas, assim, você ter uma apreensão, ter uma prisão,
04:55e depois ter uma anulação,
04:57sob o argumento de que não teria mandado judicial.
05:01Então, assim, eu estou trazendo uma discussão,
05:03porque eu li os relatórios,
05:06houve todas essas idas e vindas,
05:08numa tentativa de conciliar,
05:09mas a verdade, para quem conhece, é a seguinte,
05:13pode aprovar a melhor lei do mundo.
05:14Se se anular o trabalho da polícia,
05:17o trabalho do Ministério Público,
05:19o trabalho da própria justiça,
05:21com base numa vírgula,
05:22não vai adiantar nada.
05:24Genera, então, essa ideia que muita gente tem
05:28de que a polícia prende e a justiça solta,
05:31é realidade aqui no Brasil, né?
05:35Na verdade, não é nem essa questão da justiça soltar
05:38na audiência de custódia,
05:40que é um ponto, assim, bastante polêmico, né?
05:43Entre esquerdistas e direitistas,
05:46ou punitivistas e não punitivistas.
05:49Eu, às vezes, concordo com algumas liberações,
05:53às vezes não.
05:54A minha preocupação maior são as anulações.
05:57Não é nem essa questão,
05:58a pessoa foi presa em flagrante,
06:00foi levada para audiência de custódia,
06:01foi liberada.
06:02Existem casos de liberações indevidas?
06:05Existem.
06:06Mas a minha preocupação são as anulações
06:08que estão acontecendo em decisões monocráticas,
06:11sobretudo nos tribunais superiores,
06:13e essas anulações, elas são mais opacas.
06:18Compreende?
06:19Sim.
06:20Suspeita, né?
06:21É, não, são opacas.
06:22E aí, assim, isso é um movimento criminógeno.
06:26O que eu quero dizer com isso?
06:26Que incentiva o crime.
06:27Em que sentido?
06:29Se você tem um cidadão preso
06:32por uma quantidade X de tráfico,
06:34de tráfico de drogas, né?
06:35De drogas traficadas,
06:37até mesmo ele não compreende
06:39como alguém flagrado com muito mais,
06:43com tantas, não sei quantas vezes mais,
06:46é colocado em liberdade num dia.
06:48E ele está ali há três, quatro, cinco anos.
06:50Isso gera uma revolta até no criminoso.
06:53Até o criminoso cobra equidade.
06:58Tá.
06:59Entende?
06:59Isso que você está falando,
07:00a Janaína está falando algo,
07:02que assim, tem uma piada já no meio jurídico,
07:06a gente que está nos grupos de WhatsApp,
07:07de São Francisco, não sei o quê,
07:09que assim, quando que vão mandar devolver
07:11até cocaína para o traficante?
07:13Sim, porque...
07:14Porque tem um caso específico,
07:15que assim, esse que ela está falando,
07:17eram duzentos e não sei quantos quilos de cocaína.
07:20Não, eu peguei um de seiscentos.
07:21Seiscentos quilos que anularam.
07:23Caramba.
07:23Aí assim, ou porque não tinha mandado
07:27para entrar na casa aquela hora.
07:29Sim.
07:30Ou teve um, como é que é,
07:31que alegaram, até aquele que alegaram
07:33que era preconceito racial
07:34quando perseguiram ele na rua,
07:36que não tinha motivo nenhum para perseguir ele.
07:38Mas a droga estava lá.
07:40Mas ele tinha seiscentos quilos de droga.
07:42Aí anula e judicialmente,
07:45esse que é o problema que a Janaína
07:47está fazendo de diferenciação.
07:48judicialmente, para a justiça,
07:52é como se o fato deixasse de existir,
07:54como se a droga deixasse de estar lá
07:56porque encontraram filigrana diferente na apreensão.
08:00Sim, entende.
08:01Então assim, como é que fica?
08:03Essa discussão precisa ser feita.
08:05E às vezes, quando eu ouço as pessoas brigando,
08:08como é que vai ficar a construção desse crime,
08:10qual pena vai ser aplicada,
08:12sem enfrentar este ponto,
08:16eu fico às vezes preocupada
08:19das pessoas também se iludirem.
08:21Não que seja esse o objetivo.
08:23Então é uma boa discussão,
08:25uma discussão meritória.
08:26Teve toda essa celeuma
08:28entre transformar a facção
08:31em grupo terrorista ou não.
08:34Creio que já prevaleceu até aqui,
08:36mas prevalecerá essa não transformação
08:38em grupo terrorista,
08:39que tecnicamente é melhor.
08:42E seu ponto de vista diplomático,
08:44estrategicamente,
08:45sobretudo neste momento,
08:47é mais inteligente.
08:49Mas assim,
08:50esse não é o coração da discussão.
08:54Agora, Janaina,
08:54teve uma inovação ali,
08:57foi o sexto texto do The Hit,
08:59e ele traz esse conceito,
09:01acho que é o domínio social estruturado,
09:03que inclui essa ideia do crime
09:06como a organização criminosa
09:09dominando ali um território.
09:11Você, como professora de Direito Penal,
09:13você acha que é interessante,
09:15é inteligente incluir isso ali no tipo penal?
09:18Tipo, se você está dominando um bairro inteiro,
09:22a sua pena pode ser maior,
09:24alguma coisa desse tipo?
09:24Veja, ele está partindo do pressuposto
09:27de que nós, infelizmente,
09:29temos esse fenômeno.
09:31Se nós pararmos para pensar
09:32o que aconteceu no Rio de Janeiro,
09:34por que os resultados foram aqueles?
09:37Porque aquelas pessoas
09:39estavam muito tranquilas
09:42naquela área.
09:44Existia uma quase certeza
09:45de que nada aconteceria,
09:47até por força de liminares
09:49que foram prolatadas
09:54na DPF 635,
09:56e aquele sentimento de tranquilidade,
09:58tanto é que havia pessoas do Brasil inteiro
10:00treinando ali,
10:01treinando para o crime.
10:04Então, assim,
10:04infelizmente,
10:05nós temos esse fenômeno no Brasil,
10:07então, é como se colocasse
10:09o critério territorial
10:11para tornar a organização criminosa
10:14mais reprovável.
10:16Então, isso é um dado da realidade.
10:19Não deixa de ser um dado da realidade.
10:22E talvez,
10:24ao reconhecer,
10:25uma tentativa de estabelecer
10:27a necessidade de resgatar
10:28esse território.
10:31Porque, assim,
10:32mesmo essa questão do Rio de Janeiro,
10:33que ficam as versões,
10:36muita gente critica
10:37o fato da polícia ter entrado,
10:39e é importante dizer
10:40que não foi uma operação
10:42ordenada pelo governador,
10:44foi uma operação
10:45ordenada pelo Poder Judiciário.
10:48E aí, vamos imaginar,
10:49não entra,
10:50não entra porque pode ter morte,
10:52não entra porque pode ter conflito,
10:54porque pode ter sangue.
10:54como é que uma polícia,
10:57como é que uma justiça
10:58explica
10:59ter imagens de pessoas
11:02treinando
11:02com fuzis,
11:04ou seja,
11:04quase que uma organização
11:06paramilitar,
11:08paralela,
11:09e para que não haja
11:11derramamento de sangue
11:12e se eximir.
11:13Entendeu?
11:13Então, assim,
11:15tentando te responder,
11:16a bem da verdade,
11:17nós já temos legislação
11:19para enfrentar.
11:20Quando ele coloca no texto,
11:22ele está reconhecendo
11:24de maneira objetiva
11:26na lei,
11:28uma situação fática
11:29que já existe.
11:31E ao reconhecer,
11:33colocando no papel
11:34o dever de enfrentar,
11:36porque muitos políticos
11:38negam esse fenômeno fático,
11:41negam.
11:42E não existe isso,
11:44o Estado entra em qualquer lugar.
11:46Não é verdade.
11:48Não é verdade.
11:49Tanto é assim que,
11:50quando entrou,
11:51aconteceu o que aconteceu,
11:52e muitas pessoas falaram.
11:54Mas o que foram fazer lá?
11:57Ah, é?
11:58Tipo,
11:58o que a polícia
11:58foi se meter lá?
11:59Sim,
12:00mas aí como é que você faz?
12:01Permite esse fortalecimento,
12:03permite esse aparato.
12:05Qual é o limite?
12:06Até onde isso vai?
12:08Então, assim,
12:09você me pergunta,
12:10era necessário
12:11ter essa nova figura?
12:13Era necessário
12:14ter um crime
12:15de organização criminosa
12:17qualificada
12:18ou ultraviolenta?
12:19Ou como é que nós vamos
12:20definir isso?
12:22Essa dificuldade?
12:23Como é que nós vamos
12:24definir?
12:25Era necessário?
12:26Nós não tínhamos
12:26legislação para isso?
12:28Tínhamos.
12:29Vínhamos aplicando
12:30não satisfatoriamente.
12:33Mas eu insisto,
12:34o maior problema
12:35não é falta de lei.
12:36O maior problema
12:37são as anulações.
12:39E nem precisa entrar
12:40no crime de massa.
12:42Basta ver
12:42as últimas
12:43grandes operações
12:44que nós tivemos
12:45que foram jogadas
12:46no lixo.
12:47castelo de areia,
12:49operação Lava Jato.
12:51Sim.
12:52Essa tendência
12:53de anulações
12:56juntando
12:58com a forma
12:59de criação
13:00de leis criminais,
13:01que ela é no espasmo,
13:03quando tem um fato
13:05de vulto,
13:06se cria,
13:07a gente tem
13:08tanto as anulações
13:09quanto, de repente,
13:10leis que saem
13:11pela culatra.
13:12Uma que eu lembro
13:13é até a do livro
13:14da sua irmã,
13:14da Noara Pascoal,
13:15que é a lei do estupro
13:17de 2009.
13:182009, a reforma do...
13:19A reforma
13:20que ela aumentou
13:22penas para crimes sexuais,
13:24classificando todos
13:24como estupro.
13:25Eu lembro,
13:25porque você lembra
13:26que na época
13:26eu fui a favor.
13:27Sim, eu lembro.
13:28E a Janaína era contra.
13:30Aí, no fim,
13:30a irmã dela tem um livro
13:31que é o compilado,
13:33você aumentando a pena
13:35e chamando tudo
13:36de estupro,
13:36sabe o que aconteceu?
13:37Quando você pega
13:38todos os casos
13:38de condenação em média,
13:40caiu a pena pela metade.
13:42Sim, porque...
13:43Porque na aplicação
13:44o problema,
13:45não é, né?
13:45Porque antes nós tínhamos
13:46dois crimes,
13:47o estupro
13:47e o atentado
13:49violento ao pudor.
13:50Na medida em que
13:51todo o ato libidinoso
13:52praticado com violência,
13:54grave ameaça,
13:55passa a ser estupro,
13:57sumiu um outro crime.
13:59Então,
13:59pessoas condenadas
14:00pelos dois
14:01passaram a ser condenadas
14:03apenas por um.
14:04Além disso,
14:06ao aumentar
14:06a pena
14:07significativamente
14:08do estupro
14:09de vulnerável,
14:10não só
14:10para aquela figura
14:12que são as penetrações
14:13efetivamente,
14:14mas para qualquer
14:15ato libidinoso,
14:17muitas vezes o magistrado
14:18ou erra para mais,
14:20jogando na cadeia
14:21por dez anos,
14:22alguém que não cometeu
14:24o estupro
14:25da maneira, né,
14:26que está no imaginário
14:27popular,
14:28ou erra para menos.
14:29Olha,
14:30como não teve lesão,
14:31como não teve penetração,
14:33como foi a palavra
14:34de um contra a palavra
14:35do outro,
14:35eu vou absolver,
14:36entende?
14:37Então,
14:37é necessário
14:38que a lei penal
14:39ela tenha degraus,
14:41literalmente,
14:42né,
14:42por mais grave
14:43que seja a situação,
14:45você tem situações
14:46de reprovabilidade
14:47diferente.
14:49O próprio
14:49Derrit,
14:51deputado,
14:51secretário,
14:52ele organizou um evento
14:53de segurança pública
14:54há um tempo aqui,
14:55tem coisa de um ou dois meses,
14:57e alguns palestrantes
14:59apresentaram,
15:01mais especificamente
15:02um magistrado,
15:03ele apresentou
15:04os riscos
15:05que há
15:06em ter várias leis
15:08que acabam
15:09trazendo a mesma figura,
15:11tá?
15:11Então,
15:11por exemplo,
15:12na lei de drogas
15:13você tem uma figura
15:14de uma associação armada,
15:17na lei do crime organizado
15:18tem a outra figura,
15:20no terrorismo
15:21tem outra,
15:22e algumas vezes
15:23você tem situações fáticas
15:24que se encaixam em todas.
15:26E aí,
15:26o que pode acontecer?
15:28Promotor denuncia por um,
15:30juiz condena,
15:31mas aí a defesa
15:32diz que teria que ser outro,
15:34então às vezes
15:34você tem uma anulação,
15:36né?
15:37Por força
15:38desse conflito
15:39de normas.
15:41Não precisaria anular,
15:42mas às vezes tem,
15:43né?
15:43Então,
15:44um magistrado,
15:45que é alguém
15:45que aplica a lei,
15:47expôs nesse seminário
15:49a dificuldade
15:50que muitas vezes
15:50ele tem
15:51de sustentar
15:52as condenações
15:53por força
15:54de uma infinidade
15:55de normas,
15:56né?
15:57Eu tenho muita
15:57preocupação
15:58todas as vezes
15:59que se mexe
16:00no direito penal,
16:01né?
16:02muita preocupação,
16:03mas vamos acompanhar,
16:04agora chega no Senado,
16:05é mais uma,
16:06né?
16:06Mais uma batalha,
16:08vamos acompanhar.
16:10Como é que você divide
16:10o seu tempo?
16:11Porque você é professora
16:13de direito penal
16:13na USP,
16:14né?
16:14Sim.
16:14você dá aula
16:16lá, assim,
16:17vários dias
16:18na semana?
16:18Eu concentrei
16:19as minhas turmas
16:20às segundas
16:22e sextas.
16:22Tá.
16:23Né?
16:23E,
16:23então,
16:25e aí,
16:25como é do lado,
16:27eu vou todo santo dia
16:28pra Câmara,
16:28todo santo dia,
16:29tendo plenário
16:30ou não tendo plenário.
16:31É verdade,
16:32a equipe reclama
16:33muito,
16:35a equipe reclama
16:36porque não é
16:37a praxe da casa.
16:38Eu vou todo dia,
16:39mas, assim,
16:39e o fato de ser encostado
16:41ali facilita,
16:42entendeu?
16:42Mas as minhas turmas
16:43eu concentro
16:44às segundas
16:45e sextas.
16:46E, Janaína,
16:46eu lembro que a gente
16:47deu aqui na Cruzé
16:49uma matéria
16:49falando de uma
16:51carta que a USP
16:52tinha publicado
16:53em defesa
16:54do Alexandre de Moraes
16:55quando veio contra ele
16:56aquela lei Magnitsky.
16:58Sim.
16:59E aí você até comentou
17:00a nossa matéria,
17:02era uma análise,
17:03e falou assim,
17:03olha,
17:04mas isso só está acontecendo
17:05porque a USP,
17:06na verdade,
17:07está cheia de gente
17:08de esquerda,
17:09porque na época
17:09que ele era de direito
17:10isso não ia acontecer.
17:12E aí eu lembro
17:12que você falou também
17:13assim, olha,
17:13mas eu já,
17:14eu tenho sido vítima
17:16muitas vezes
17:17de violências
17:18dentro da universidade
17:20e a USP nunca publicou
17:22nenhuma carta
17:22em relação a isso.
17:23É verdade,
17:24isso é verdade.
17:25O que houve quando,
17:26por exemplo,
17:27eu terminei o mandato
17:28como deputada
17:29e começou a sair
17:31na imprensa
17:31que não permitiriam
17:32que eu voltasse,
17:33né,
17:34alguns professores
17:35se manifestaram
17:36nas suas redes,
17:37escreveram,
17:38textos,
17:40mas institucionalmente,
17:41porque a faculdade,
17:43ela tem os seus perfis,
17:44né,
17:45institucionalmente,
17:46eu não me recordo
17:47de ter tido
17:48nenhuma nota
17:48nos perfis
17:49da faculdade,
17:51seja para
17:51me defender,
17:53seja para me parabenizar
17:55quando da minha eleição.
17:56Por exemplo,
17:57qualquer conquista
17:58dos meus colegas,
17:59né,
18:00é publicada.
18:02E não estou aqui
18:03criticando,
18:04um colega
18:04que recebe
18:05qualquer tipo
18:05de título,
18:07que escreve
18:08um texto
18:08no jornal,
18:10e eles vivem
18:12falando
18:13que eles defendem
18:13mulher
18:14nos cargos
18:14de poder,
18:15que o gênero
18:16é a linha
18:16mestra
18:16da faculdade.
18:18Eu fui eleita
18:18deputada estadual
18:19com a maior votação
18:20da história,
18:22comparando com
18:23homem e mulher,
18:24que eu me lembro
18:25não teve
18:25nenhuma nota.
18:26depois eu fui eleita
18:27vereadora,
18:28também não teve
18:29nenhuma nota.
18:30Então, assim,
18:31os festejos
18:33e as defesas
18:35são exclusivamente
18:37ou para quem é
18:38abertamente
18:39de esquerda
18:41ou para quem
18:42está contra a direita.
18:45Tá.
18:46E o fato
18:46de você ser mulher,
18:47você acha que também
18:48entrou nessa história?
18:49Como assim?
18:52Você ter sido
18:53eleita
18:54com uma ótima votação,
18:55mas o fato
18:56de você ser mulher,
18:57então,
18:57não teve nenhuma
18:58carta de parabenização?
18:59Não, não,
18:59se fosse uma mulher
19:00de esquerda,
19:00teria.
19:01Não é a questão
19:02de ser mulher.
19:02Não é uma questão de gênero.
19:03É o posicionamento.
19:05O que eu quis dizer
19:05é o seguinte,
19:06a linha mestra
19:07da faculdade
19:08hoje é privilegiar
19:11essa questão
19:12de gênero.
19:13Sim.
19:13Então, assim,
19:15fosse uma mulher
19:15de esquerda,
19:17eu acho que teria
19:17tido até um evento.
19:19Tá.
19:20Mas, Janaína,
19:20na nossa faculdade,
19:22aliás,
19:22teve um evento
19:23recentemente
19:23com o Stand With Us
19:24de Intolerância,
19:25eu fiquei chocada,
19:26porque...
19:27Foi essa semana, né?
19:28Foi.
19:28A gente vai na reunião
19:30de ex-alunos.
19:31A reunião de ex-alunos
19:33tem lá a nossa mesa,
19:34nós,
19:35Bela Félos,
19:36Professor Ives,
19:37não sei o quê,
19:38Professor Modesto Carvalhosa,
19:40esse pessoal.
19:42Aí você vai ter
19:42uma outra mesa
19:43que é o pessoal do PT.
19:45Aí você vai ter
19:46uma outra mesa
19:46que não é nada,
19:47que não tem nada
19:48de política.
19:49A outra mesa de artista,
19:50tá todo mundo lá.
19:51o pessoal da nossa época.
19:54Mas eu vejo
19:55que o sectarismo
19:57tem se tornado
19:58algo cada vez
20:00mais presente,
20:01primeiro na USP
20:01e agora tomou
20:02a São Francisco, né?
20:04Virou uma coisa...
20:04É impressionante.
20:05Não, a São Francisco
20:06é esquerda.
20:07É impressionante.
20:09É esquerda.
20:10Olha, existem
20:11os perfis institucionais.
20:13Quem coordena
20:14esses perfis
20:15precisa tomar
20:15alguns cuidados.
20:17Por exemplo,
20:17eu agora estou lá
20:18tentando ajudar
20:20lá na TV Câmara
20:21e outro dia
20:23colocaram
20:23num perfil da TV
20:24o nome de um político
20:26assassino.
20:27Eu falei,
20:27gente, é o seguinte,
20:29nós temos que divulgar
20:30todos os eventos,
20:31mas se é para colocar
20:32uma imagem,
20:33eu não acho legal
20:34uma TV institucional
20:37colocar justamente
20:38a imagem dizendo
20:39que um político
20:40é assassino.
20:41Não importa
20:42se é de esquerda
20:42ou direita,
20:43porque tem questões
20:43que são institucionais.
20:45o vereador
20:47colocar uma faixa
20:48no gabinete dele
20:49é uma questão dele,
20:50mas num veículo,
20:53não.
20:54A semana passada,
20:55nos perfis da faculdade,
20:57eu não me lembro
20:58quem deu a palestra,
20:59não sei qual professor
21:00que convidou,
21:01mas a pessoa falou
21:02que todo direitista
21:04é racista,
21:05que a direita
21:06é eminentemente racista.
21:09E isso foi colocado
21:10no perfil oficial
21:11da faculdade,
21:11entende?
21:13Não tinha necessidade.
21:14Então, assim,
21:16virou uma entidade
21:18de esquerda.
21:21Não dá para dizer
21:22que aquilo é neutro.
21:24Sim.
21:25Eu tenho certeza
21:26que se eventualmente
21:26algum professor
21:27de direita,
21:29se eu fizesse
21:30qualquer evento ali
21:31ofendendo a esquerda,
21:33tenho certeza
21:34que jamais
21:34estaria nos perfis
21:36e eu poderia
21:37sofrer até algum tipo
21:38de punição.
21:39Jamais faria,
21:40mas vamos imaginar.
21:41Agora, você tem um evento
21:42em que afirmam
21:44que a direita
21:45é eminentemente,
21:47é sempre,
21:48é inerente.
21:49Isso foi dito
21:50dentro da faculdade
21:51e isso ficou
21:52nos perfis oficiais.
21:55E você está falando
21:56também de uma coisa
21:57que aí a gente
21:58já entra na questão
21:59do seu mandato,
22:01que é
22:02o domínio
22:03de determinadas áreas
22:05pela esquerda,
22:07mesmo em governos
22:09de direita.
22:10Principalmente.
22:10Principalmente em governos
22:11de direita.
22:12É porque vocês abriram
22:13a frente parlamentar
22:15dos artistas livres.
22:17Eu acompanhei isso
22:18desde o início.
22:19A frente parlamentar
22:20tem também artistas
22:21de esquerda,
22:22que agora já não são
22:23mais esquerdo o suficiente,
22:25porque não falou
22:26todes?
22:27Ah, fasciste.
22:28É assim que funciona.
22:30Tem áreas
22:31que parece que
22:34quando um governo
22:34de direita
22:35ou de centro
22:36é eleito,
22:37ele entrega
22:37para a esquerda.
22:38Entrega.
22:39Eu vou dar um exemplo.
22:41Se alguém ficar triste
22:42aí eu vou falar.
22:44Eu fui convidada,
22:45chegou um convite
22:47no meu e-mail institucional
22:49para conferência
22:51estadual
22:52LGBTQIA+.
22:55Era um período,
22:57eu não me lembro
22:57se tinha algum feriado,
22:59eu só sei que não ia ter
23:00plenário,
23:01eu estava naquele dia,
23:02um dia tranquilo,
23:03sabe?
23:03O que eu tinha,
23:03tinha desmarcado.
23:04Eu falei,
23:05poxa,
23:05eu vou,
23:06né?
23:06Eu vou mostrar
23:07meu apoio,
23:09eu acho que é importante
23:11que fique claro,
23:13né?
23:13Que a direita,
23:15poxa,
23:15eu conheço um monte
23:16de gay de direita,
23:17sabe?
23:18Eu conheço trans de direita,
23:20só que essas pessoas
23:20muitas vezes
23:21não se expõem.
23:22Eu falei,
23:22eu vou lá
23:23para dar apoio,
23:23eu não fui para falar,
23:25assim,
23:25para fazer confusão,
23:26eu fui para apoiar.
23:28Eu quase apanhei.
23:30E eu fiquei chocada
23:31pelo seguinte,
23:32era um evento
23:33do governo Tarciso,
23:36do governo,
23:37na verdade,
23:38do governo Tarciso,
23:39mas havia também
23:41a secretária dessa causa
23:43do governo Nunes.
23:47Essas duas pessoas,
23:49o representante do governo Tarciso,
23:51a representante do governo Nunes,
23:53ficavam assistindo,
23:55e num determinado momento
23:57quando a coisa ficou muito grave,
23:58me chamaram
23:59e disseram que iam chamar
24:00o segurança.
24:02Eu entendi que era
24:03para eu poder continuar
24:04no evento,
24:05não para me acompanhar,
24:06eu estava sendo expulsa.
24:07Nossa.
24:08Eu falei,
24:09mas eu não fiz nada.
24:10Eu falei,
24:10eu vim aqui convidada.
24:13Não, não,
24:13mas você tem que entender
24:14que o público
24:15não quer você aqui.
24:16Foi o que eu ouvi
24:17da secretária do Nunes.
24:19Nossa.
24:20É a coordenadora da área.
24:23Você tem que entender,
24:24eles não querem você aqui.
24:25Eu falei,
24:26não, não,
24:26a senhora tem que entender
24:27que eu fui convidada,
24:30que eu fui eleita,
24:32que isso é um evento
24:33de um governo,
24:35mesmo que fosse de esquerda, gente.
24:38Sabe?
24:38E se eu fosse um ser humano
24:39passando na porta
24:40e entrasse,
24:40era um céu.
24:42O céu no bairro,
24:43no bairro que eu cresci,
24:44da Zona Leste,
24:46tatuapé,
24:46o céu do carrão.
24:48E se eu sou uma pessoa
24:49que entra?
24:50Eu posso ser tratado
24:51daquela forma?
24:52Bom, o que eu fiz?
24:53Liguei para o secretário
24:54da pasta,
24:55mandei mensagem,
24:57porque eu falei,
24:57eles têm que saber,
24:58isso é grave.
25:02Não aconteceu nada.
25:04Eles lidam,
25:06isso nós não estamos falando
25:07que governos da esquerda
25:08fazem isso.
25:09Os governantes de direita
25:10lidam como se fosse natural
25:11que a causa da diversidade,
25:15a educação
25:16e a cultura
25:17sejam parasitadas
25:19por ideologia de esquerda
25:21e de forma violenta.
25:22E eles têm entregue
25:24essas áreas em São Paulo hoje,
25:26com algumas raríssimas
25:28e honrosas exceções,
25:30ela fica entregue
25:32à esquerda
25:33para fazer pregação política.
25:34Então,
25:34mas o que eu disse
25:36para os dois secretários?
25:38Para o secretário
25:39e disse para o prefeito,
25:40eu não vou mentir.
25:41Falei,
25:42quando um quadro
25:43é eleito pela direita
25:45ou pela centro-direita,
25:46ele precisa
25:47ter a hombridade
25:49de fazer busca ativa.
25:52Eu te dou uma lista
25:53de gay de direita,
25:54de lésbica de direita,
25:56de trans.
25:57Por que eles não fazem
25:59a busca ativa?
26:01Por quê?
26:02Eu não perdoo.
26:04Entendeu?
26:04Tá.
26:07Janaína,
26:08agora o objetivo
26:09é retomar
26:10esses espaços.
26:12Então,
26:12por exemplo,
26:13o secretário
26:13que hoje
26:14é de esquerda
26:16numa administração
26:17de direita
26:17e tem uma agenda
26:19toda esquerdista,
26:22o objetivo
26:22é substituir
26:24essa pessoa
26:25e fazer isso.
26:26Não,
26:27não.
26:27O objetivo da frente
26:29é pelo menos
26:29que as pessoas de direita
26:31não sejam perseguidas.
26:33Eu acho assim,
26:34a gente já nem tem
26:35mais esperança
26:35de querer substituir.
26:38Entendeu?
26:39O que nós estamos exigindo
26:41é a possibilidade
26:43de existir.
26:44Tá.
26:45Sabe?
26:46É a possibilidade
26:47de existir.
26:48É a possibilidade...
26:49Por exemplo,
26:51qual é a lógica
26:52que isso foi conversado
26:53ontem lá na reunião
26:54da frente
26:54e eu já tinha sido
26:55questionada sobre isso
26:57quando eu era
26:57deputada estadual
26:58por um casal
26:59de lésbicas.
27:00Um casal de lésbicas
27:02veio pra São Paulo
27:03e elas foram conhecer
27:05o municipal.
27:07Pra comprar o ingresso
27:08elas tiveram que dizer
27:09qual era a orientação,
27:11qual era o gênero
27:11e elas ficaram indignadas
27:13com a invasão
27:14de privacidade,
27:16com razão,
27:16e foram se queixar
27:17no meu gabinete.
27:19Ontem,
27:20no final da nossa reunião
27:22da frente parlamentar,
27:23o pessoal que estava lá
27:24mostrou de novo.
27:26Eu pergunto,
27:27qual é a lógica
27:28de uma pessoa
27:29ter que se expor,
27:31expor a sua intimidade
27:32pra comprar
27:33um ingresso
27:34do municipal?
27:36E qual é a lógica
27:37de um prefeito
27:37que se diz de direita
27:39manter um negócio desse?
27:42E tem uma outra questão
27:44que é a seguinte,
27:45é a corrupção da arte,
27:47a substituição da arte
27:48pela ideologia.
27:50Por exemplo,
27:50como é que você escolhe
27:51músicos de uma orquestra?
27:54As audições,
27:55elas são as cegas.
27:57Você não sabe quem é.
27:58pra que não tenha
27:59nenhuma influência.
28:00O que que tá acontecendo
28:00no municipal?
28:01É por cota.
28:04As óperas,
28:05as óperas são
28:06que eu fico mais perto da vida.
28:07A ópera virou
28:08um discurso político.
28:10Você teve protesto
28:11contra agronegócio
28:13numa ópera
28:15do século XVII
28:16que nem fizeram.
28:17Uma ópera de Poutine
28:18botaram um protesto
28:20contra o agronegócio
28:21no meio da ópera.
28:23Isso vem acontecendo
28:23sistematicamente.
28:24Você vai a um museu,
28:26tem a questão da ideologia.
28:27foi o Museu do Ipiranga.
28:29Que é um museu,
28:30pra falar do quê?
28:30Da independência do Brasil.
28:32Tem lá a história
28:33do coletivo trans
28:35de fazer roupa
28:35não sei o que lá.
28:36Sim.
28:37Então, assim,
28:39fazer a arte
28:41já muitas vezes
28:42não é aceito.
28:43Porque se for proposto
28:44um projeto artístico,
28:46esse aparelhamento
28:47faz com que ele
28:48não seja aceito
28:49porque se quer
28:49um projeto ideológico.
28:52É a linguagem.
28:53só se fala sobre isso.
28:55Então, por exemplo,
28:57os projetos.
28:58Nós temos que declarar
29:00a emergência climática.
29:02Porque o Pantanal
29:03inundou por causa
29:04da emergência climática.
29:05Eu fui ver os técnicos
29:06apresentarem.
29:07Não tem nada a ver com isso.
29:09Aquela enchente
29:10não teve a ver com isso.
29:12Mas agora você tem
29:13que colocar.
29:14Como professora da USP,
29:15eu tive que preencher
29:16um formulário
29:17para dizer
29:19qual era
29:19a participação
29:21das águas
29:22nas minhas aulas.
29:24Eu não sei
29:25o que está acontecendo.
29:29Veja,
29:29eu falo
29:30de direito ambiental,
29:31mas qual o papel
29:32das águas?
29:33Era um formulário
29:34maluco.
29:37Que nem tem a ver
29:37com a sua área.
29:38Então, assim,
29:39isso tomou conta
29:40de uma forma
29:41que as pessoas
29:42se iludem.
29:43Não, eu vou eleger
29:43um governador,
29:44vou eleger...
29:46O problema é que
29:47essas pessoas
29:48não olham
29:48para esses detalhes.
29:50Então, não é perseguição
29:52a ninguém,
29:52não é tirar a pessoa,
29:55é permitir
29:55que o pensamento
29:56divergente
29:57exista.
29:59Sim.
29:59E vocês têm um ponto
30:00também que é o ponto
30:01da liberdade, né?
30:03Que, aliás,
30:04vocês estavam comentando
30:05aqui,
30:05hoje foi o dia
30:07do gênero
30:08na COP30.
30:09Eu fiquei pensando
30:10o que o gênero
30:11tem a ver
30:11com o aquecimento global,
30:13com a emissão, enfim.
30:14Mas tem aquela coisa
30:15de que...
30:15mais caliente.
30:17O outro...
30:18Ai, gente,
30:19que vergonha, né?
30:21Mas, assim,
30:22hoje a gente tem
30:23essa coisa
30:24que é mais valorizado
30:25se você toca
30:26num assunto, então,
30:27de meio ambiente,
30:28ou de gênero,
30:30ou de trans,
30:31e aí você tem
30:31mais chance
30:32do seu livro
30:32ser aceito
30:33numa editora
30:35ou do seu filme
30:35ganhar um edital, né?
30:37Tem essa hierarquização
30:39de valores.
30:40Agora,
30:40a proposta de vocês
30:41seria tirar
30:43esses critérios
30:46e colocar outros
30:47no lugar
30:47ou a ideia
30:48é uma arte...
30:50Eu entendo
30:51que não possa haver
30:51critérios
30:52que excluam,
30:55porque eles falam
30:55que querem incluir,
30:57mas existem
30:57critérios
30:58que excluem.
30:59O decreto
31:00do prefeito
31:01que regulamenta
31:02a legislação
31:02do Promac,
31:04que seria
31:05a Lei Rouanet
31:06Municipal,
31:06fala claramente
31:08que projetos
31:09de natureza
31:10religiosa
31:12estão fora.
31:15Então, assim,
31:17mas é um prefeito
31:18eleito pela direita?
31:20É um prefeito
31:21eleito pelo povo
31:22evangélico?
31:23Por que ele
31:24assinou aquele decreto?
31:26Por que ele
31:26mantém esse decreto?
31:29Veja,
31:29eu estou aqui
31:30personificando
31:31no prefeito
31:31porque eu
31:32hoje estou
31:33no Parlamento
31:35Municipal,
31:36então,
31:36esse é mais
31:36o meu dia a dia.
31:37Mas isso acontece
31:38o tempo inteiro.
31:39E assim,
31:40por exemplo,
31:41tem aquela história,
31:42vários eventos,
31:43até do Ministério Público
31:44entrar para proibir
31:45Bíblia na escola,
31:46roda de oração
31:47de aluno.
31:48E aqui em São Paulo
31:49já não é o primeiro
31:50problema que tem
31:51porque eles incluíram
31:52uma coisa
31:53de história africana
31:54e a história
31:56africana
31:57que eles contam,
31:58a história da África
31:59que está no currículo,
32:00na verdade,
32:01ela não é
32:03a da África.
32:04Porque esse pessoal
32:05não quer saber
32:05da África,
32:06o que pensa a África.
32:07Ela é de uma África
32:08imaginária
32:09que só existe
32:10na mente
32:11de gente
32:12de classe média
32:13alta do Ocidente.
32:15Você vai para a África,
32:16não tem nada disso.
32:17Eu trouxe aqui
32:18até o Batista Miranda
32:19de Lá de Bó,
32:19não tem nada disso.
32:21Aí,
32:21por exemplo,
32:22se fala de África,
32:24falando de orixás,
32:26eu desafio
32:27qualquer um aqui,
32:28aí em qualquer país
32:29da África,
32:30perguntar nome de orixá
32:31na rua.
32:31ninguém sabe.
32:33Não,
32:34e já eram coisas
32:35mal vistas
32:36antes da colonização.
32:38São tidas como
32:38religiões animistas,
32:40feitiçais.
32:40Portanto,
32:40não faz parte da cultura.
32:42Mas a Umbanda
32:42é brasileira.
32:43A Umbanda é brasileira.
32:44Fundada em Niterói.
32:45A Umbanda nasceu
32:46no Brasil
32:47como uma dissidência
32:49do cardecismo.
32:51Qualquer um
32:51que vai estudar,
32:52a Umbanda é brasileira.
32:54E assim,
32:56aí chega naquela história.
32:57Não pode ter nada
32:58religioso,
32:59mas falar de orixás
33:00pode.
33:02Então,
33:03assim,
33:03a questão ideológica,
33:05ela vai fazendo
33:05com que cada regra
33:07de seleção
33:08seja flexibilizada.
33:10Porque quando você
33:11aparelha,
33:12por todas as instâncias
33:13que vai passando,
33:14um deixa um detalhe aqui,
33:15o outro deixa o outro ali,
33:16o outro deixa o outro ali,
33:18barra tudo
33:18que é de quem ele não gosta
33:20e passa absolutamente
33:21toda a proposta
33:23de quem é daquele grupo.
33:25Sim,
33:25e eu tenho insistido
33:26também com o pessoal
33:27de direita.
33:29Você acha que não tem
33:29um bandista de direita?
33:31Que não tem
33:32candomblacista de direita?
33:34O direitista
33:35tem que integrar.
33:38Porque ao integrar,
33:39ele desmascara
33:40essa suposta
33:42natureza inclusiva
33:43da esquerda.
33:45Entende?
33:46Então,
33:47assim,
33:47a verdade
33:48é que o direitista
33:51ele deixou
33:52uma avenida
33:53para a esquerda
33:54tomar conta
33:55dos discursos.
33:56também a gente
33:59tem que fazer
33:59a nossa
34:00autocrítica.
34:02Interessante,
34:02porque você é católica,
34:03claramente.
34:04Eu sou espírita.
34:05Ela é espírita.
34:06Católica sou eu.
34:08Eu frequento
34:09a igreja católica,
34:10porque a minha família
34:11praticamente
34:12é toda católica
34:14e eu vou à missa
34:15e eu acredito muito
34:17em Mateus 18, 20,
34:19que está escrito lá
34:20onde houver pessoas
34:21reunidas em meu nome
34:22lá eu estarei.
34:23Eu sou devota
34:24de Nossa Senhora.
34:26Então,
34:26eu sou um tipo
34:26bem brasileiro.
34:27Eu já vi você
34:29falando de Nossa Senhora
34:31várias vezes.
34:32Eu sou Jesus.
34:33É a mais apaixonada
34:35por Jesus.
34:35Eu sou alucinada
34:38por eles.
34:39Tanto Jesus
34:39como Nossa Senhora.
34:41Nossa Senhora
34:41já obtive
34:43tantas graças
34:44que se tiver
34:45que ficar
34:46a vida inteira
34:46de joelho
34:47eu não vou conseguir
34:47pagar.
34:51Mas o que eu estou entendendo
34:52é que a tua visão
34:54é uma direita
34:55mais liberal
34:56que convive
34:57bem com essa pluralidade.
34:59Mas isso é ser de direita.
35:00Ser de direita
35:01é respeitar o indivíduo.
35:03Ser de direita
35:04não é mente fechada, não.
35:06Tá.
35:07E olha,
35:08conseguimos o vídeo
35:09que a Janaína falou
35:11daquele evento
35:11em que ela esteve.
35:13Eu não sei se vocês têm
35:14a Janaína contando.
35:15A Janaína é muito cuidadosa
35:16com as palavras.
35:18Ela pensa muito
35:20nas coisas
35:20que ela vai falar.
35:21Eu não sei se você tem noção
35:22do que foi
35:23essa bacharia.
35:24Isso é um evento
35:25promovido por dois governos
35:26de centro-direita.
35:28E olha
35:28o que aconteceu.
35:30Vamos ver.
35:31Fora!
35:40Fora!
35:41Fora!
35:41Fora!
35:42E fora!
36:12Boa! Boa! Boa!
36:42Bom, então, nesse momento que as pessoas que viram só esse trechinho, eles me levam para trás, muita gente vem em cima de mim, o representante do governo Tarciso, a representante do governo Nunes, eles chamam o segurança, tudo ali atrás, e falam, agora ele vai te acompanhar.
37:05Eu falei, mas eu não fiz nada para ser colocada para fora, mas o povo não quer você aqui, você não está ouvindo? Eles não querem você aqui, não dá para você ficar.
37:13Eu falei, eu vou ficar, eu fui convidada, eu volto e fico até o final.
37:18Entendeu? Eu volto e fico até o final.
37:23E eles, no incômodo, eu falei, olha, vocês têm que garantir a minha segurança.
37:28Vocês não podem pegar a segurança para me colocar para fora.
37:30Eu fui convidada, eu vim aqui para ouvir, eu acho que era a Consul da Bélgica que ia dar uma palestra.
37:37Sim.
37:37Eu vou ficar até o final da fala da Consul, eu não saio antes.
37:42Então, assim, como é isso que um governo que a gente se mata para eleger, manda a gente embora?
37:50E as pessoas falavam assim para mim, o que você foi fazer lá, como quem diz, mereceu?
37:58As pessoas acho que perderam a noção do que é direito e do que é abuso.
38:03Não, e aí começaram as relações, né?
38:05Então, eu recebi gente no gabinete, falaram, não, você não tem, como é que falava?
38:10A gente entende que você não queira se assumir, entendeu?
38:15E que você tenha querido ir lá.
38:18E, assim, eu falei, gente, mas por que será que para eu ir em um evento,
38:22para apoiar pessoas, que eu preciso fazer parte do grupo?
38:27Ou seja, a solidariedade não existe, a alteridade não existe.
38:32Então, assim, para eu ter ido a esse evento, só teria lógica se eu fosse lésbica, né?
38:39E estivesse ali por ser lésbica.
38:43Entende? Foi uma coisa tão esquisita que aconteceu.
38:47Virou um tititi, porque o que eu fui fazer lá?
38:51Eu falei assim, eu não posso ser uma vereadora eleita que quer apoiar uma causa.
38:56Não, não pode.
39:00Não pode porque você é de direita e não pode porque você tem que se assumir.
39:05Foi uma coisa horrorosa que aconteceu.
39:08E eu tento dialogar com as pessoas e elas não compreendem como isso é um absurdo.
39:12O mesmo absurdo do rapaz que foi dar uma aula sobre Israel, sobre esse conflito,
39:19e por pouco também não apoiou na faculdade.
39:21Como assim?
39:23O André Leisch.
39:24O André Leisch, lá na São Francisco.
39:26Teve até um evento agora de desagravo, promovido junto com a Ana Beatriz Prudente Alck.
39:33Sim, a Ana me convidou, mas foi bem na hora da minha aula de pós.
39:36É, eu também.
39:36A Beyla me chamou, mas era bem na minha hora que eu estou aqui no Papo Antagonista.
39:41Na hora da minha aula de pós.
39:42E assim, a Bela Fellows participou da organização.
39:45Ela é uma boa, mas as duas são lindas.
39:46A doutora Eunice Prudente também participou dessa organização.
39:51Mas o governo do estado e o do município não deram uma satisfação aos seus eleitores de direita, né?
40:00E também a população LGBT de direita.
40:03Ali me assusta muito uma prática que já aconteceu comigo também,
40:07que é quando eles vêm chamando a gente de racista, fascista, não passarão.
40:10Então, sempre quem cerca a gente é maior do que a gente, né?
40:13Sim, sim.
40:14Tem essa intimidação física que eu acho muito preocupante.
40:16Não, mas aí você não é mulher.
40:17Nessa hora você não é mulher.
40:20Janaína, o que você acha do Totó Parente, que é o secretário municipal aqui de Cultura?
40:26Olha, as vezes que eu conversei com ele, foi educado comigo, mas o...
40:30O que você acha do trabalho dele?
40:34O decreto está lá, né?
40:36As restrições estão lá.
40:37Eu estou tentando liberar emendas para atividades mais clássicas, que é o balê de Paraisópolis,
40:45que é a dança clássica.
40:47O projeto Guri, que é música clássica.
40:50Não sai.
40:52Será que se eu tivesse um grupo que fosse fazer hip hop na porta da escola,
40:58sem toda essa estrutura, será que não sairia?
41:02Eu vejo, às vezes, os projetos que os colegas apresentam pedindo emenda.
41:08É funk, é hip hop.
41:10Então, assim, eu não estou falando contra, mas é diferente.
41:16Você ensinar um instrumento clássico para um aluno não é só cultura, é também uma profissão.
41:21Ele pode, na hipótese mais simples, virar ele também um professor.
41:29Ele pode explodir.
41:32Então, assim, eu acho que não existe...
41:34Essas leis de fomento, me parece, são muito importantes para nós formarmos pessoas.
41:40Então, quando você abre uma orquestra mirim,
41:42você vai ensinar.
41:45Então, é também profissionalização.
41:48E eu não vejo essa mentalidade.
41:50Eu não vejo essa mentalidade de pegar...
41:53Vamos fazer um bom espetáculo, pegar as crianças das escolas públicas,
41:57levar para assistir esse bom espetáculo.
42:00É como se, para a pessoa mais simples,
42:03qualquer coisa fosse boa.
42:06Eu sinto, às vezes, isso, sabe?
42:08Eles têm direito ao que têm de melhor.
42:15É uma inversão como se a gente tivesse que pegar o que é mambembe
42:21e glamorizar, porque é isso que o pobre tem acesso,
42:24e jamais daremos ao pobre acesso ao nosso mundo.
42:29Mas é o que eu sinto.
42:30É o que eu sinto.
42:30É muito classista.
42:32Entendeu?
42:32É um elitismo.
42:35Então, por exemplo, a confusão que deu,
42:38por causa do Guarani, do municipal,
42:40esse grupo todo, começou essa encrenca...
42:42Eu já vaiei a ópera lá.
42:44Já levantei para vaiar.
42:46Eu fui assistir.
42:47Eu não fiquei tão indignada como os membros do grupo ficaram.
42:51Confesso que não fiquei.
42:53Mas era visível que eles estavam colocando, por exemplo,
42:57indígenas, pessoas negras ali,
43:00para estarem no palco.
43:01Mas eles não estavam tocando os instrumentos,
43:03eles não estavam cantando.
43:06O que eu quero?
43:07Eu não quero colocar essas pessoas ali
43:09para ficarem andando atrás do cantor,
43:11atrás do tenor,
43:13só para dizer que elas estão.
43:14Eu quero que ensinem para elas, entende?
43:17Sim.
43:18E eu não vejo um trabalho de cultura
43:20para fazer isso.
43:22Com a grana que se tem,
43:24era para essas crianças estarem aprendendo.
43:27Com tanto de dinheiro dessas leis de fomento,
43:30e o tempo que elas existem,
43:32era para nós termos muitos, muitos cantores,
43:36muitos tenores,
43:37muitas sopranos,
43:38muitos músicos,
43:40nas periferias, entende?
43:42Sim.
43:42E eles não formaram ninguém.
43:45As igrejas evangélicas estão formando mais músicos do que o Estado.
43:48É um absurdo isso.
43:49Sim, mas é muito dinheiro,
43:51mal empregado.
43:52Janaína,
43:55para a gente ir terminando,
43:56essa frente parlamentar dos artistas livres,
44:01como é que ela prossegue agora?
44:03Porque é um grupo muito grande de artistas.
44:06Eu acompanhei os debates.
44:09Você sabe que eu tenho uma admiração eterna
44:12pela sua paciência.
44:13É difícil debater lei com o artista.
44:18Mesmo quando eles são amigos da gente,
44:21é difícil.
44:22E a Janaína teve essa paciência
44:25de compreender o que eles estavam falando
44:27e de equacionar isso em forma de uma frente parlamentar.
44:32Daqui para frente,
44:33qual é a força que isso tem?
44:35De que maneira que se pretende falar, negociar?
44:39Alguns casos, eu sei, de bastidores
44:41que já foram resolvidos,
44:42como dessa companhia do municipal.
44:44Eu entendo que tem que mexer nesse decreto
44:46para tornar a...
44:51Vamos dizer assim,
44:52o destino desses fomentos,
44:54um pouco mais plural,
44:57tem que tirar essa restrição de obra religiosa
45:00porque isso é inconstitucional.
45:02Não estou falando que vai dar dinheiro
45:03para uma igreja, para um centro.
45:06Não é isso.
45:07Mas você pode ter uma obra de raiz religiosa
45:11com fomento.
45:14Por que não, meu Deus?
45:15Por que não?
45:16Então, assim, tem que tirar essa restrição.
45:19Eu gostaria de nós revermos
45:22essa ideia de dar dinheiro
45:25para quem já é famoso.
45:27Eu sei que isso é polêmico.
45:29mas se a pessoa tem potencial de fazer um show
45:33e cobrar um ingresso,
45:36por que é que vai dar dinheiro público
45:38para essa pessoa?
45:39Nós temos que usar esse dinheiro
45:40para formar crianças e adolescentes,
45:43tirar da criminalidade,
45:44mas isso é uma ideia muito minha, tá?
45:47Não é algo que seja da frente.
45:49O que é, o que integra a frente
45:51uma das propostas é a gente criar público,
45:54formar público.
45:55Porque hoje, se você tem o dinheiro público,
45:58você distribui os ingressos
46:00para os amigos, para os parentes,
46:02para funcionário público
46:03e não chega na ponta.
46:05A verdade é essa.
46:07Como já está tudo pago?
46:08Está tudo pago por quem?
46:09Pelo dinheiro público.
46:11Então, você distribui ingressos.
46:13Não existe a necessidade de ser algo bom
46:16para fazer com que as pessoas comprem.
46:18E aí tem um número de ingressos gratuitos
46:21para poder fazer as pessoas
46:24se acostumarem com a arte.
46:27Porque, assim, vocês já devem ter percebido,
46:29não é todo mundo,
46:30as pessoas não nascem gostando de arte.
46:33É raro.
46:34Você tem que fazer as pessoas apreciarem.
46:36E, para isso, você tem que levar as crianças,
46:39levar os adolescentes, sabe?
46:41Falar de música, explicar.
46:43Isso dá trabalho.
46:45É muito mais fácil falar assim,
46:46você tem emenda aí,
46:48então você manda para um grupo
46:49que diz que vai fazer uma peça de teatro.
46:51Bateram no gabinete.
46:53Olha, a gente quer fazer uma peça de teatro.
46:55Ai, que bom, vocês são artistas.
46:56Quanto tempo vocês já fizeram o curso?
46:57Não, estamos com essa ideia.
46:59Falei, vocês querem o quê?
47:00Nós queremos 600 mil reais.
47:04Eu falei, mas o que está acontecendo?
47:07Não, gente, só estou falando para vocês.
47:08É uma coisa louca.
47:11Aí você começa a ver os projetos, entende?
47:15Então, assim, para tudo.
47:17A gente tem que debater tudo isso.
47:19Janaína, espero realmente que essa frente dê certo.
47:24Eu tentando dar 100 mil para o Balé Paraisópolis
47:27e para o Projeto Guri,
47:29desde o começo do ano, não sai.
47:32E eles existem, estão lá.
47:33E são maravilhosos.
47:36E aí passa alguém com uma ideia e pede 600 mil.
47:40Falei, pede para algum vizinho aí,
47:42porque daqui não vai sair nada.
47:44Junaína, quero te agradecer muito por você ter vindo aqui.
47:50Uma alegria enorme ter você aqui com a gente.
47:52Um segundo.
47:52Claro.
47:53Eu quero trazer aqui uma pauta, que eu estou mergulhada nessa pauta.
47:57Diga.
47:58O que acontece?
47:58Hoje, nós temos equipamentos e LPIs.
48:03Instituições de longa permanência, que é para idosos.
48:06Por isso, e nós temos os hospitais,
48:09nós temos entidades que recebem pessoas com deficiência
48:12para fazer o contraturno,
48:14mas nós não temos equipamento público
48:16para receber não idosos
48:19que sejam completamente dependentes.
48:22Por exemplo, de alimentação artificial,
48:26que precisem de oxigênio.
48:27Não existem esses equipamentos.
48:29Não existe na lei, não existe no orçamento,
48:32não existe no mundo dos fatos.
48:34Os que existem são de entidades religiosas,
48:39que não conseguem receber nenhum recurso público.
48:41Estou tentando mandar, não conseguem.
48:43Então, eu estou nessa batalha de esclarecer,
48:47não é só a população,
48:48esclarecer quem está em cargo de poder.
48:51Presidente, governador, prefeitos, vereadores, deputados,
48:55nós precisamos urgentemente criar esses equipamentos.
48:59Porque não são só os idosos.
49:00Tem pessoas com 50 anos, tiveram AVC, estão na cama.
49:04E família nenhuma consegue bancar toda a estrutura necessária.
49:10Que dirá a pessoa mais simples.
49:12Então, eu quero aproveitar esse espaço precioso
49:14para pedir ajuda
49:15para que nós coloquemos essas instituições
49:19no mundo da realidade,
49:20porque elas são necessárias,
49:22e na legislação,
49:25no orçamento.
49:26Elas precisam existir no orçamento.
49:27Isso que você está falando, Janaína,
49:30em uma época que eu estava trabalhando em assessoria parlamentar,
49:35a vereadora com que eu estava trabalhando
49:38descobriu que não era obrigatório ter anestesista,
49:42nem anestesia,
49:44para parto normal na rede pública.
49:46Por isso que eu consegui aprovar a lei.
49:48Eu lembro.
49:49Isso aí, olha, com a graça de Deus,
49:51isso é uma coisa que ele me concedeu fazer,
49:53que foi aprovar essa lei
49:55para a mulher escolher a maneira que o seu filho vai nascer,
49:58desde que no tempo certo, obviamente,
50:01e ter direito à anestesia.
50:02Essa lei vigora em São Paulo,
50:04mas mesmo aqui,
50:07nós temos situações.
50:09Eu fui,
50:09quando eu estava no final da gravidez,
50:12eu tinha vindo de Angola,
50:14e eu fui num hospital público aqui de São Paulo,
50:17porque conheci a gente lá,
50:18falou, não, faz aqui o parto,
50:20é maravilhoso, é referência,
50:22e aí a pessoa me falou, não,
50:23mas se for normal,
50:24não tem anestesia.
50:26Com dor.
50:27Parirás com dor.
50:29Aí eu falei assim,
50:30tá, mas e se eu tiver com dor?
50:31A pessoa olhou para mim e falou assim,
50:32na hora de fazer, você não pensou, né?
50:34Putz.
50:35É surreal.
50:36Era surreal o tratamento dado às mães.
50:40E quando a gente começou a falar disso,
50:43as grandes autoridades não sabiam, Duda,
50:48não sabiam,
50:49não tinham essa consciência.
50:50Essa outra questão que você está trazendo agora
50:53é algo da mesma natureza.
50:56Eu entendo que na cabeça de quem é um governante,
50:59talvez ele ache que isso existe.
51:01Não existe.
51:02Eu estou indo na ponta.
51:04Eu estou visitando todos.
51:06Não existe.
51:07A gente precisa tirar da cabeça
51:10e colocar na realidade.
51:11Eu peço a ajuda de vocês.
51:14Ótimo que você passou a sua mensagem aqui.
51:16Obrigada, gente.
51:17Olha, Janela, eu quero te agradecer muito por ter vindo aqui.
51:21A gente espera que as nossas autoridades tomem consciência sobre isso.
51:26Que você, que está vendo a gente, leve isso adiante.
51:30Porque todo mundo conhece alguém que tem uma pessoa que precisa cuidar.
51:35Ou precisa cuidar porque teve um derrame,
51:37ou porque é um autismo muito grave,
51:40ou pessoas com alguma paralisia cerebral.
51:43Paralisia cerebral.
51:43Por causa do parto.
51:44Porque dizem que eu sou mentirosa?
51:46Não sou.
51:47Então, tem essa situação.
51:49E a gente não tem equipamento público para lidar.
51:52Eu creio que essa vai ser uma causa para vocês também.
51:56Daqui a pouquinho a gente vai para um intervalo comercial na TV BMC.
52:00Se você está vendo aqui, a gente vai colocar esse corte de vídeo depois nas redes sociais
52:05para você mandar adiante.
52:07Eu fiquei surpresa porque eu imaginava que isso existia.
52:10E creio que é uma causa muito importante para a gente falar.
52:13O apoio às famílias que precisam cuidar de alguém.
52:17Pago existe.
52:19É caríssimo.
52:20Pouquíssimas famílias têm como fazer.
52:22A gente precisa ter isso no SUS até para preservar a saúde dos outros
52:26que estão cuidando dessas pessoas.
52:29Agradeço muito a Janaína Pascoal por ter vindo aqui.
52:31A gente vai fazer um breve intervalo comercial aqui pela TV BMC.
52:36E nós continuamos junto com vocês no canal do YouTube do Antagonista.
52:56E aí
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado