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No Papo Antagonista desta quinta-feira, 13, Madeleine Lacsko, Dennys Xavier e Munique Busson, policial militar que participou da megaoperação contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, deflagrada em 28 de outubro.

Ao comentar a ofensiva contra a facção nos complexos da Penha e do Alemão, a PM rebateu críticas de ‘especialistas’ em segurança pública e falou em “afronta” aos agentes.

“É difícil você ver um discurso hoje em dia sobre segurança pública onde tenha um peso e um contrapeso. Por que não colocam os estudiosos com alguém que está na ponta da lança, para realmente resolver o problema?

Porque é muito fácil ficar jogando a culpa na polícia, e a gente tem que acatar tudo e resolver o problema que a gente não causa.”

Assista:

Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.

Apresentado por Madeleine Lacsko, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade. Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.

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Transcrição
00:00Bom, a gente tem o prazer nesse momento de estar em contato com ela, Monique Busson,
00:13policial que participou da mega operação contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro,
00:19uma das poucas mulheres que participaram.
00:22Monique, seja muito bem-vinda ao Papo Antagonista, é uma alegria ter você aqui com a gente.
00:26Obrigada, obrigada pela oportunidade, muito boa tarde audiência e é um prazer estar aqui,
00:33ter essa oportunidade de falar um pouco do nosso lado.
00:37Eu queria saber o seguinte, Monique, chama a atenção que numa operação tão grande,
00:43vocês eram em três mulheres só e dois mil e poucos homens, é isso?
00:47Isso.
00:49Existe uma diferença física entre homem e mulher, existe uma diferença de treinamento
00:54e isso faz diferença numa operação que é uma operação quase contra uma guerrilha urbana, vamos dizer.
01:00Como que uma mulher se qualifica para entrar nesse tipo de força especial e fazer parte de uma operação dessa?
01:08Então, de fato, nós somos biologicamente mais fracas, né?
01:12Mas isso não quer dizer que a gente não possa exercer a função do militarismo operacional.
01:21Está dando eco?
01:23Não, a resposta está dando um retorno para você, para mim a sua fala está perfeita.
01:29Tá, então vamos retornar aqui.
01:31Então, assim, óbvio que é uma profissão predominante masculina, né?
01:37Nós já entramos sabendo dessa peculiaridade, então, assim, eu sempre me preocupei em treinar mais e estar bem condicionada,
01:46porque a gente precisa realmente usar força física, estar condicionada, correr, socorrer amigo baleado.
01:53Então, assim, realmente é uma profissão diferente, né?
01:57Por isso, eu acho que tem poucas mulheres, a gente, nós entramos na polícia em 1950, então é muito novo, né?
02:05A gente está conquistando espaço ainda dentro da instituição, principalmente na parte operacional.
02:12Então, acho que caiu.
02:14Vocês estão me ouvindo?
02:15E estamos aqui te vendo.
02:17Tá, então...
02:19Eu queria, o Kertzmann e o professor Denis têm perguntas para a Monique?
02:23Tenho, sim.
02:26Em primeiro lugar, boa noite, Monique.
02:28Prazer recebê-la aqui no Antagonista.
02:30Obrigada.
02:30Eu queria saber o seguinte, entre o que foi planejado, executado e o resultado prático,
02:37como que você vê, de uma nota de 1 a 10, assim, como que você daria, qual nota você daria para a operação?
02:44Então, boa noite.
02:46Eu não tenho como dar 10, porque a gente perdeu 4 policiais.
02:50Então, assim, é uma perda irreparável.
02:53A gente pode neutralizar mil narcotraficantes, narcoterroristas, que não vai compensar a vida de um agente de segurança pública, né?
03:03Mas, assim, nós que estamos na ponta da lança, a gente não participa desse planejamento, dessa parte da inteligência da operação, né?
03:11Então, nós, a gente fica sabendo da operação horas antes.
03:15A gente não sabe para onde vai, onde é a operação e nem o tamanho da operação.
03:20Até por questão de segurança para não vazar, né?
03:23Então, a gente só fica sabendo na hora, ali, horas antes.
03:26Quando eu cheguei lá no Maré Zero, que eu não vou falar onde é, para se preparar para a operação,
03:33o nosso comandante Coronel Menezes deu umas palavras de motivação lá para a gente.
03:37Ele está sempre junto à frente à tropa.
03:39Isso é muito bom, humaniza a tropa.
03:42E aí, a gente fica sabendo saindo para a operação, né?
03:45E aí, quando eu cheguei lá e vi aquela quantidade de blindados, e aí você começa a perceber o tamanho e o nível da operação, né?
03:52E aí, cada um fica sabendo qual vai ser sua missão, porque não é...
03:58Muitas pessoas me perguntam, pô, como é que é?
04:00Todo mundo entra junto?
04:01Não, cada um tem uma missão, tem que estar no local certo para ter êxito na operação, né?
04:06Professor Denis, vamos lá.
04:11Sim, eu gostaria.
04:12Eu gostaria de saber, na semana que estourou a operação, nós chegamos a comentar aqui que algo dessa magnitude,
04:22o tamanho do crime no Rio de Janeiro, que seria impossível uma operação dessa natureza sem uma quantidade expressiva de mortos.
04:30É possível uma operação contra o crime organizado no Rio de Janeiro, sem uma quantidade expressiva de mortos,
04:40dada essa penetração do crime no meio da população em geral?
04:46Então, vamos lá, ótima pergunta.
04:48Eu sempre falo que a polícia do Rio de Janeiro, polícia civil, militar, penal, é a melhor polícia do mundo.
04:57Mas isso não é por questão de ego, é por questão do crime aqui ter armamento de guerra.
05:05A gente está vivendo uma guerra e o nosso diferencial é que a gente está combatendo essa guerra no meio de uma cidade,
05:11no meio de cidadãos, no meio de civis, né?
05:14Em qualquer lugar do mundo, combate-se guerra em campo de batalha.
05:20Então, aqui, nós que somos os profissionais, nós temos um desafio enorme,
05:24porque nenhum policial sai de casa querendo apertar o gatilho para matar alguém, principalmente um tiro errado.
05:31Eu acho que esse é o maior medo de qualquer agente de segurança pública,
05:34de atingir um morador, uma criança, uma idosa.
05:37Então, assim, a gente tem essa peculiaridade.
05:40E, assim, respondendo a tua pergunta, eu acho que se a gente tiver uma frequência maior de operação combativa como essa,
05:50com certeza a letalidade vai diminuir.
05:52Com a ajuda do governo federal também, com blindados, com esteira, com o suporte que nós precisamos ter,
05:59porque a guerra hoje é assimétrica, porque eles têm muito mais armamento
06:03e usam muito mais coisas contra o Estado, né?
06:07A gente não pode usar granada, a gente não pode usar drone que solta granada, como eles usam, né?
06:14Então, assim, hoje o nosso combate é assimétrico, né?
06:17E é altamente letal. Por quê?
06:20Hoje o crime está compensando, né?
06:22Se o jovem, a criança que entra para o crime, ele coloca na balança,
06:28e hoje está sendo encantador entrar para o crime, porque ninguém fica preso, né?
06:35Não tem punição, a nossa legislação não pune ninguém, né?
06:40O sistema penitenciário não pune ninguém.
06:42Por que eu estou falando isso?
06:44Porque se tiver uma frequência de operações dessas,
06:48naturalmente ninguém, assim, vai diminuir drasticamente
06:51o número de adolescentes e crianças entrando para o crime,
06:54porque eles vão ver que não está compensando.
06:56Pô, peraí.
06:57Então, assim, eu sempre comparo, por exemplo,
07:00uma comunidade, eu vou fazer uma analogia,
07:01porque tem pessoas que têm dificuldade até de entender um pouco sobre segurança pública.
07:05Quem não está dentro, né, tem uma visão distorcida.
07:08Eu brinco que, assim, é como se fosse um terreno
07:11que você para de limpar e capinar ele por muito tempo.
07:15Vai crescer o mato, vai crescer a árvore.
07:17Para você capinar aquele terreno vai ser muito mais difícil,
07:20vai ter mais letalidade.
07:22Se você manter uma frequência limpando o terreno,
07:25vai ser mais fácil.
07:26Vai ser menos letal, né?
07:29E acaba que vai ter um resultado mais positivo.
07:33Monique, você está falando da sua realidade ali,
07:37de participar dessas operações.
07:39A gente recebeu aqui essa semana o coronel Cássio Freitas,
07:42que já foi comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
07:46Ele também já chefiou, né,
07:47esse conjunto dos comandantes.
07:51Eles têm ali uma espécie de associação.
07:53Ele já chefiou isso.
07:55E ele me falou algo da experiência dele também em campo
07:59que eu achei muito interessante, muito significativo.
08:04Ele falou, esse combate que você tem nessa operação no Rio de Janeiro
08:08ou naquela outra operação que foi feita na Baixada Santista,
08:12ele é diferente do treinamento tradicional do policial.
08:15Por quê?
08:17No treinamento tradicional do policial,
08:19tem lá um cara assaltando um mercado,
08:21tem lá o cara fazendo uma tentativa de sequestro,
08:23tem lá o cara assaltando um banco.
08:25Quando a polícia chega e atira,
08:28ou ele foge,
08:29ou ele dá um tiro na polícia e foge.
08:31Esses outros, não.
08:34Eles ficam lá sustentando o combate
08:37até matar ou morrer.
08:39É uma coisa muito diferente.
08:41Eu queria saber de você
08:42se você percebe essa diferença
08:45e se houve uma evolução,
08:47uma diferença de treinamento
08:48diante da reação desse tipo de bandido
08:52ligado ao crime organizado.
08:56Perfeito.
08:57Não, não tem diferenciação do treinamento.
09:00O que acontece é que a tropa se adapta
09:02ao combate ao crime.
09:04E aí, hoje, no Rio de Janeiro,
09:06nós viramos o resort do crime nacional.
09:10Tanto que o resultado dessa operação
09:11tinham vários chefes de Manaus,
09:14do Nordeste,
09:15como nós pudemos ver aí o resultado.
09:18Então, por que aqui virou o resort do crime?
09:22Porque não estava operando.
09:25Por causa da DPF 635, né?
09:28Porque quando a gente precisa fazer essa operação,
09:31você precisa avisar escola, hospital,
09:34Ministério Público.
09:35E acaba vazando a operação.
09:37Então, eles fugiam.
09:38Como teve um pouco antes dessa mega operação,
09:41teve uma operação na Rocinha, né?
09:43Para cumprir o mandato de prisão do Peixão.
09:46Não sei se vocês conseguiram acompanhar.
09:48Mas, assim, mais de 300 narcoterroristas fugindo.
09:53E tudo bem.
09:53E deram um tiro no ônibus,
09:56na Avenida Brasil, né?
09:58Então, assim, é atos de terrorismo mesmo.
10:01E aí, respondendo a tua pergunta,
10:04não existe um treinamento diferenciado.
10:06Por que eu te falo que a polícia do Rio de Janeiro
10:08é a mais bem preparada?
10:10Porque a gente treina na realidade.
10:12Os nossos números de letalidade,
10:15tanto de agentes de segurança pública,
10:17quanto de narcoterrorista,
10:20equivale à guerra.
10:21Do Hamas, do Iraque.
10:24Então, assim, se você levantar os números,
10:27equipara.
10:28Só que, assim, o problema é que a gente...
10:30Como que você combate uma guerra
10:31se as pessoas não declaram que a gente está em guerra?
10:34Se o nosso judiciário diz que a gente está em paz, né?
10:38Porque a nossa legislação está dizendo
10:40que a gente está em paz.
10:41Então, assim, o policial,
10:43ele se adapta à realidade do Rio de Janeiro.
10:46É por isso que, assim,
10:46eu tenho muito orgulho da nossa instituição,
10:48da Polícia Civil,
10:49porque a gente enfrenta, de fato,
10:51uma guerra urbana, né?
10:53E com toda essa dificuldade de falta de legislar
10:56para punir,
10:58eu, inclusive, já prendi um marginal da lei
11:02com 30 passagens.
11:04Então, assim,
11:05não se faz segurança pública
11:07só com a ponta da lança,
11:08só com o fuzil e dando tiro.
11:10Nós sabemos disso.
11:12Só que, assim,
11:13a gente precisa da ajuda de outros poderes,
11:15do judiciário,
11:16do governo federal, né?
11:19E aí, hoje, graças a Deus,
11:21a gente tem esse espaço com vocês,
11:23com podcast,
11:24com uma mídia mais livre,
11:25que a gente está conseguindo trazer
11:27o lado do agente da segurança pública.
11:29Porque só passava na mídia grande
11:31que a culpa era da polícia.
11:33Nós resolvemos um problema
11:35que não é a gente que causa.
11:36Então, assim,
11:38hoje a gente tem a oportunidade
11:39de mostrar para vocês,
11:41para os cidadãos de bem,
11:42o que resultou nessa mega-operação.
11:44Deu uma esperança para o Carioca.
11:47Pô, tem jeito.
11:48É só todo mundo ter o mesmo ideal.
11:50É só todo mundo trabalhar
11:51pelo mesmo objetivo
11:52e deixar a ideologia de política de lado.
11:56Eu acho que resultou,
11:58assim,
11:58o resultado maior da operação
12:00não foram os sem presos,
12:01os sem fuzis,
12:02os 117 neutralizados.
12:04Foi essa esperança que deu para o cidadão.
12:07No dia seguinte eu estava de serviço,
12:09os cidadãos vinham me abraçar na viatura.
12:12Muito obrigada pelo seu serviço.
12:15Porque ninguém aguenta mais.
12:17Nós sofremos ataques terroristas
12:19todos os dias.
12:21E a mídia não mostra isso.
12:23Esse apelo que teve pós-operação,
12:26que eu falo que nós combatemos
12:28não só a guerra bélica,
12:29é uma guerra tridimensional.
12:31O que é isso?
12:32É uma guerra bélica,
12:33uma guerra informacional
12:35e uma guerra jurídica.
12:37Nós agora estamos na parte
12:39da guerra jurídica.
12:41Tanto que o nosso ministro
12:42veio aqui,
12:43eles estão querendo,
12:45eles vêm como tubarão
12:46para tentar combater agora,
12:49atacar a gente com guerra jurídica.
12:51Então, assim,
12:52primeiro a gente vai na operação
12:53e tem a guerra bélica.
12:55Aí no dia seguinte,
12:56que eu sempre falo
12:56que no dia seguinte
12:57é o pior dia,
12:59que é o dia seguinte da operação,
13:00que vem a mídia,
13:02vem a esquerda,
13:03vem os especialistas
13:04de segurança pública teóricos,
13:06para falar que foi chacina,
13:10que a polícia são genocidas,
13:13que nós somos assassinos.
13:15E hoje a gente tem a rede social,
13:17graças a Deus,
13:18para quebrar, combater.
13:20Eu tenho um podcast também,
13:21tem cinco meses só.
13:23Mas hoje a gente tem,
13:24eu, Batata e Honora,
13:26a gente combate não só com fuzil,
13:27a gente combate com microfone,
13:29assim como vocês.
13:30Então, a gente percebeu
13:31essa importância da comunicação,
13:34porque existia essa guerra da narrativa,
13:36que muitas das vezes,
13:37e aí pós isso,
13:39vem a parte jurídica,
13:41porque a gente vai precisar responder.
13:44Quem teve ali,
13:46precisou revidar a injusta agressão,
13:48porque o policial,
13:49ele não entra atirando,
13:50isso é uma narrativa,
13:52não entra,
13:53eu vou fazer dez anos de polícia,
13:54mês que vem,
13:55eu nunca fiz isso,
13:56e nunca vi nenhum colega de profissão fazer isso.
13:59Isso é mentira.
14:00Agora,
14:01não é uma opção do policial atirar para matar,
14:04é uma consequência do marginal da lei.
14:07Se ele se entregar,
14:09o policial não atira.
14:11Agora,
14:12você vai falar para mim
14:13que um marginal de ponto 30,
14:16de 762,
14:18de armamento de guerra,
14:19tu vai tacar uma pedra na cabeça dele,
14:21ele vai desarmar?
14:22Não vai, gente.
14:23Isso aí afronta até a gente que está lá,
14:25dando nosso sangue,
14:26nosso ó,
14:27perdendo um colega de profissão.
14:29Sabe,
14:29isso é uma afronta.
14:31Então,
14:32assim,
14:33pode falar,
14:34perdão.
14:35Queria saber se o Kertzman,
14:37o professor Denis,
14:37tem alguma pergunta.
14:39Kertzman.
14:40Eu queria saber o seguinte,
14:41a senhora se pronuncia com muita veemência,
14:44e de forma muito correta,
14:46a meu ver,
14:46a respeito de questões políticas,
14:49a senhora critica outros poderes,
14:51no caso,
14:52o judiciário.
14:54Isso interfere,
14:55de alguma forma,
14:56na sua atuação policial?
14:58Existe algum código de conduta,
15:00alguma regra interna da polícia
15:02que a senhora não possa se pronunciar politicamente
15:05ou fazer essas críticas?
15:09Então,
15:10eu fardada,
15:11eu não posso me posicionar politicamente,
15:13mas eu,
15:14antes de ser policial,
15:15eu sou cidadã brasileira,
15:16como vocês.
15:18Então,
15:18eu posso, sim,
15:19me posicionar,
15:20mas,
15:21assim,
15:21fardada,
15:22não posso.
15:23Eu não posso também fazer propaganda política,
15:26não posso.
15:30Monique,
15:31além de tudo,
15:31fala muito bem.
15:32Monique,
15:33eu tinha uma pergunta
15:34que vai no sentido de,
15:36daquela pergunta anterior que eu fiz.
15:39Existe,
15:39você acha,
15:40uma disposição do comando
15:41de continuar com essas operações?
15:44Porque essa é uma questão que ficou no ar,
15:47nós não sabemos muito bem se isso continua,
15:49se isso fica lá atrás.
15:51Qual que é a sua opinião nesse sentido?
15:52É,
15:53o nosso governador já se pronunciou,
15:55né?
15:56Ele falou que tem aí pelo menos mais 10 operações desse nível planejadas.
16:01Só que,
16:01como eu falei para vocês,
16:02hoje a gente está na guerra jurídica.
16:05Então,
16:06assim,
16:06foram mais de 70 dias de planejamento para essa operação,
16:09eu tenho certeza,
16:10e acredito,
16:11nos meus superiores,
16:12no secretário Cury,
16:13no secretário Coronel Menezes,
16:14no governador,
16:15que foi tudo muito bem planejado,
16:18né?
16:18juridicamente também.
16:20Então,
16:20assim,
16:20a gente está nessa parte.
16:22Eu acho que se não tiver nenhum impedimento jurídico,
16:26né?
16:26Do governo federal,
16:28eu acho que com certeza terá continuidade dessa operação.
16:31Mas,
16:32como eu falei,
16:33a gente não faz segurança pública apenas com operação combativa.
16:38A gente precisa de uma preventiva também,
16:40né?
16:41E aí o Estado precisa entrar com outros deveres aí,
16:45né?
16:45O Estado tem que ocupar o espaço.
16:47E aí a gente tem um problema de efetivo,
16:50né?
16:50Por isso,
16:51o governador pediu apoio,
16:52uma GLO,
16:53né?
16:54Porque,
16:55efetivamente,
16:56por exemplo,
16:56na mega-operação,
16:57lá no complexo,
16:58são 150 quilômetros quadrados de comunidade.
17:01Eu estou falando de mais de 200 mil habitantes.
17:04Então,
17:04assim,
17:04a gente opera,
17:05entra,
17:06cumpre o objetivo,
17:07que foi desmandado de prisão,
17:09né?
17:09E a gente sai.
17:10Aí,
17:11muita gente fala assim,
17:12e aí?
17:12Dia seguinte está tudo igual,
17:14né?
17:14Eles voltaram lá a traficar,
17:16com mais fuzis.
17:18Sim,
17:19mas assim,
17:19quem não entende um pouco de segurança pública,
17:22acha que não aconteceu nada.
17:24Aconteceu,
17:24porque esse tipo de combate
17:27é para desarticular o crime.
17:29Aquilo ali não é para acabar o crime,
17:31né?
17:31A gente acaba o crime,
17:32a gente diminui o crime com outras coisas,
17:35com educação,
17:35com cultura,
17:36né?
17:36com escola,
17:38com criança,
17:39fazendo esporte.
17:40Mas assim,
17:40esse combate direto
17:42é necessário.
17:43Eu vou fazer uma outra analogia aqui,
17:45por exemplo,
17:46uma pessoa com câncer,
17:47ela não pode tomar uma adipirona.
17:49Ela tem que ter uma quimioterapia correta
17:51para o câncer dela.
17:53E aí,
17:54se o crime está muito armado,
17:56né?
17:56E ele está
17:57aterrorizando o cidadão carioca,
18:00a polícia tem que estar no mesmo nível,
18:02senão,
18:02é até desleal essa guerra.
18:03Então,
18:05assim,
18:05pode ter o triplo de quantidade
18:07de narcoterrorista.
18:10Se a gente tiver uma igualdade bélica,
18:12pode ter dez policiais.
18:13Eu te afirmo que nós vamos subir
18:16e combater o crime tranquilamente.
18:19O Denis observou que a Monique,
18:21a Monique,
18:22ela fala muito bem,
18:23ela é muito bonita.
18:24E assim,
18:25o que ela fala da operação,
18:28Denis,
18:28o que eu fico muito...
18:31O que a gente fica,
18:32assim,
18:32pensando,
18:33às vezes ela falando isso,
18:35eles não avisam onde vai ser a operação,
18:37ninguém sabe quando,
18:38de última hora te avisam para ir,
18:40e ela percebeu a magnitude do que era
18:43quando ela já estava lá,
18:45que ela começou a ver blindado,
18:46blindado, blindado.
18:47É isso.
18:48Ou seja,
18:49é uma profissão para poucas pessoas,
18:51né?
18:52Eu sou um fã incondicional
18:55do trabalho desses policiais.
18:58Porque,
18:58Madá,
18:58eu não consigo nem imaginar
19:00uma situação como essa,
19:01falar do conforto da nossa casa,
19:04fazer as avaliações,
19:05num sofá confortável,
19:08mas você trocar tiro com um bandido de fuzil
19:10durante 15,
19:1216,
19:1318 horas.
19:15Então,
19:15ali você supera tudo,
19:17cansaço,
19:17atenção,
19:18adrenalina,
19:19o medo de morrer,
19:20que todos nós temos,
19:22numa situação daquela em especial.
19:24Então,
19:25é uma coisa realmente extraordinária.
19:27e claro,
19:28no contexto do Rio de Janeiro,
19:30exatamente,
19:30que não pode ser anunciado antes,
19:32porque vai vazar inevitavelmente.
19:36E,
19:36Kertzmann,
19:37essa questão dos policiais
19:40passando a se posicionar,
19:45talvez seja derivado de grande parte da mídia
19:48ter assumido uma posição
19:50que sempre busca uma desculpa
19:52para defender os bandidos,
19:54né?
19:54Os policiais,
19:55acho que ficaram durante muito tempo
19:56apanhando demais,
19:58né?
19:59Na grande mídia.
20:01Apanhando de forma completamente injusta,
20:04porque maus profissionais
20:06existem em qualquer lugar,
20:08Madalena.
20:08Existe no jornalismo,
20:10existe na medicina,
20:12existe também na polícia.
20:14O problema é que,
20:15via de regra,
20:16sempre se tomou
20:17uma pequena parte pelo todo.
20:19Sempre se demonizou,
20:21né?
20:21As forças policiais
20:22de quaisquer estados.
20:23No Rio de Janeiro,
20:24principalmente.
20:25E é muito injusto,
20:26porque o Denis acabou de falar,
20:28essas pessoas,
20:29elas estão lá
20:29colocando as próprias vidas
20:32em risco.
20:33E para,
20:34na maioria dos casos,
20:35ganhar muito mal,
20:37na maioria dos casos,
20:38estarem muito mal equipadas,
20:40inclusive,
20:41né?
20:41ainda para depois ter que ficar
20:43sendo recriminado pela sociedade.
20:45A Monique,
20:46ela falou de assimetria,
20:47Madalena,
20:48e eu me recordo que,
20:49em algum programa,
20:50acho que logo quando começou,
20:52logo quando foi deflagrada
20:53essa operação,
20:54talvez no Papo Antagonista,
20:56eu havia feito esse comentário,
20:58a respeito dessa assimetria.
20:59Porque,
21:00ao instar o democrático direito,
21:02as forças policiais,
21:03elas precisam obedecer,
21:06né?
21:06Os códigos de conduta,
21:07elas têm leis próprias,
21:09como ela disse,
21:10um policial não pode chegar
21:11atirando a esmo,
21:12porque ele vai ser punido
21:13por causa disso.
21:15Se ele for,
21:15se isso for descoberto,
21:17ele vai ser investigado,
21:18processado e condenado
21:19por um crime.
21:22Já do outro lado,
21:23do lado da criminalidade,
21:24não tem código nenhum,
21:25não tem ética nenhuma.
21:26O cara atira para matar,
21:27joga granada,
21:28agora tem até drone
21:29despejando bomba.
21:30E eu dizia
21:31que essa mesma assimetria
21:32ocorreu, né?
21:34A gente viu isso ocorrendo
21:35durante dois anos
21:35na guerra entre Israel e Hamas,
21:37em que acontecia a mesma coisa,
21:39você tinha um Estado democrático
21:40e direito,
21:40que eram as forças israelenses,
21:42né?
21:42Combatendo terroristas.
21:44E que quando acontecia
21:45e ocorreram,
21:46infelizmente,
21:47diversas casualidades
21:48em meio à população civil
21:50de Gaza,
21:51a opinião pública
21:51corria para poder condenar
21:53o exército israelense
21:54como se o exército israelense
21:56fosse o criminoso.
21:57E não encarava aquilo
21:59como uma guerra
22:00em que, infelizmente,
22:01fatalidades civis
22:02acabam acontecendo.
22:04Mas justamente por causa
22:05essa simetria.
22:06Eu queria até perguntar
22:07para ela,
22:07é uma pena que caiu a linha.
22:09Ela voltou agora,
22:10Kertzmann.
22:11Monique está de volta.
22:13Monique,
22:14primeiro falando aí,
22:16respondendo,
22:16aquela pergunta
22:17ficou pendente
22:17da guerra informacional.
22:19Vocês já sentem
22:20algum resultado
22:21da atuação?
22:22A gente tem visto
22:23muitos policiais
22:24que têm as suas mídias próprias,
22:26que têm podcasts.
22:28Já dá para sentir?
22:29Olha, é uma diferença impressionante.
22:34Eu estou há quatro anos
22:35na mídia,
22:35no Instagram,
22:38e é estrondosa a mudança.
22:41A gente não percebia
22:42o calor da sociedade
22:45com a gente na rua.
22:46Principalmente eu,
22:47que tenho...
22:47Vou fazer dez anos
22:48e nove anos na minha carreira
22:50foi dentro de UPP,
22:51que é a Unidade Polícia Pacificadora,
22:52que são dentro da comunidade.
22:54Então, assim,
22:55nós éramos hostilizados,
22:57cuspidos,
22:59as crianças atacavam pedra.
23:01E, assim,
23:01não é exagero, tá, gente?
23:02Porque é cultural
23:04daquele local, né?
23:06Comunidades que são dominadas
23:08pela facção Comando Vermelho.
23:10Hoje,
23:11eu tenho muitos seguidores
23:12dentro de comunidade
23:13que me mandam mensagem
23:14no privado e falam,
23:15Busson,
23:16eu tinha outra visão da polícia
23:18e hoje,
23:19por você,
23:20pelo Batata,
23:21pelo Rafa,
23:22pelo Brito,
23:23eu tenho uma outra visão.
23:25Ou seja,
23:26o que eu acho
23:26que isso acarretou?
23:27Nós conseguimos
23:28transformar
23:30a polícia
23:31em seres humanos,
23:32o que as pessoas
23:32não enxergavam.
23:33Nos enxergavam
23:34apenas com o Estado,
23:36braço armado do Estado,
23:38o opressor,
23:39que era o que se falava
23:40na grande mídia.
23:41Então,
23:42hoje eu consigo,
23:43com o meu Instagram,
23:45falar para a sociedade
23:46que, olha,
23:46eu sou mãe,
23:48né?
23:48Eu sou filha,
23:49eu sou esposa,
23:50né?
23:51Eu sou cristã
23:51e eu sou isso
23:53antes de ser profissional.
23:55Eu não sou só uma farda.
23:57E eu acho que a gente
23:58passou essa sensibilidade
23:59para a sociedade,
24:00né?
24:01Porque a nossa imagem negativa,
24:04a gente foi sempre demonizado,
24:06né?
24:06Pelas grandes mídias,
24:08ela,
24:09ela vende notícia,
24:10né?
24:10Então,
24:11a mídia sempre vendeu
24:12como que o problema
24:13da segurança pública
24:14sempre foi culpa
24:15da polícia.
24:16Então,
24:17assim,
24:17a rede social
24:18trouxe muito benefício
24:19para a gente,
24:20né?
24:20Os podcasts.
24:21Então,
24:21assim,
24:22essa guerra,
24:23a gente não tinha percepção
24:24que a gente precisava combater.
24:26E hoje,
24:26graças a Deus,
24:27até os nossos comandantes
24:28perceberam isso,
24:30né?
24:30As instituições
24:31estão fazendo um ótimo trabalho
24:32com mídia social,
24:34né?
24:34Tem as páginas lá,
24:35para quê?
24:36Para mostrar a verdade
24:37no dia seguinte.
24:39É,
24:39vocês devem ter visto
24:40aquela imagem
24:41que eles fizeram
24:42enfileirando os corpos,
24:44né?
24:45Dos narcoterroristas
24:47neutralizados.
24:48Aquilo ali,
24:49gente,
24:50aquilo é isso.
24:51Isso é atitude
24:52de guerrilheiro.
24:53Eles estavam
24:54com roupas guile,
24:55que a gente chama de guile,
24:56que são roupas camufladas
24:58para estar no meio
24:59da mata camuflado.
25:01E, assim,
25:01os próprios moradores,
25:02até outros narcoterroristas,
25:04tiraram a roupa,
25:05né?
25:06Que a gente teve,
25:07pegou a imagem,
25:08cortaram,
25:09empilheraram ali
25:10como se fossem
25:11117 anjinhos,
25:13né?
25:14Eles não estavam armados.
25:15Isso para quê?
25:16Para chocar o mundo inteiro,
25:18né?
25:19E aí,
25:19ter a narrativa
25:20de que é uma chacina,
25:21né?
25:23Genocidas.
25:23Então, assim,
25:24olha a gravidade disso.
25:26Eu tenho uma experiência
25:27dentro de comunidade
25:28que,
25:29na troca de tiro,
25:30né?
25:30A gente revitou
25:31a injusta agressão,
25:32o marginal foi neutralizado
25:34e,
25:35quando nós chegamos
25:35perto do marginal,
25:38baleado,
25:38já no chão,
25:40ele estava sem blusa,
25:41só que,
25:41quando nós chegamos perto,
25:43ele estava com uma blusa
25:43de escola pública.
25:46Então,
25:47se alguém me contasse isso,
25:49eu não acreditaria.
25:50Se aparecesse na televisão,
25:52ia aparecer o quê?
25:53Jovem estudante
25:54foi baleado,
25:55assassinado
25:56pela polícia militar.
25:58Quando eu fui ver a blusa,
25:59só tinha a mancha de sangue,
26:01a perfuração,
26:03né,
26:03do tiro,
26:04não tinha na blusa.
26:06Então,
26:06olha o nível.
26:07Não é só guerra de bélica
26:09que a gente luta,
26:11é muito mais grave,
26:12é por isso
26:12que são atitudes terroristas.
26:15A gente precisa combater isso
26:16no nível que está.
26:18Só que,
26:18para a gente combater,
26:19a gente precisa reconhecer
26:20o nível que nós estamos.
26:22O problema é isso.
26:23A gente tem um,
26:24né,
26:24o Major Novo,
26:25o Professor Novo,
26:26não sei se vocês conhecem,
26:27ele criou o conceito
26:29de,
26:30de direito operacional.
26:33O que que,
26:33o que que significa isso?
26:35É a junção
26:35do judiciário
26:37com atividade policial.
26:40Por quê?
26:40Nós vivemos no mundo,
26:42né,
26:42da legislação judiciário
26:44como se a gente
26:46vivesse em paz,
26:47né,
26:47uma nação em paz.
26:49E aí,
26:49quando vem a atividade policial
26:51e junta
26:51com o nosso judiciário,
26:53dá conflito,
26:55porque não bate,
26:57né,
26:57e aí,
26:58adivinhem
26:59para onde
27:00que acorda a ROE?
27:02Para o policial
27:03que está na ponta da lança.
27:04e ele não é nem preparado
27:06para conseguir responder
27:08a nossa atividade policial.
27:12Então,
27:12é frequente
27:13a gente sentar
27:13num júri
27:14de frente
27:14para o capa preta
27:16e se enrolar,
27:18mas não porque
27:18o policial
27:19fez errado,
27:21às vezes foi
27:21desconhecimento técnico
27:23com a lei.
27:25Então,
27:26isso dá um problema
27:26enorme para a gente
27:27que está na ponta da lança,
27:29né?
27:29Por quê?
27:29Porque não reconhece
27:30que,
27:32principalmente o Rio de Janeiro,
27:33tem um crime
27:34peculiar,
27:35então precisa ser tratado
27:36na lei
27:37de forma igual
27:38com a nossa atividade.
27:40Por isso,
27:40eu acho que na afronta
27:41lá com a especialista
27:42de segurança pública,
27:43ela é doutora,
27:45ela é professora
27:46de uma faculdade federal,
27:47muito me preocupa
27:48porque ela forma opiniões,
27:50ela forma,
27:51né,
27:51autoridades,
27:52que amanhã
27:53vai estar lá,
27:54sentado,
27:55me julgando,
27:56julgando meus colegas.
27:57Então,
27:58assim,
27:58por que que essa pessoa
28:00não junta
28:00o estudo dela,
28:01que eu não estou diminuindo,
28:03o diploma dela,
28:05não é isso?
28:06Eu só gostaria
28:06que ela juntasse
28:07o conhecimento
28:08que ela tem
28:08com a nossa prática.
28:10Difícil você ver
28:11um discurso hoje em dia
28:13sobre segurança pública,
28:15um debate sério,
28:16onde tenha o peso
28:17e contrapeso.
28:18Por que que não
28:19coloca os estudiosos
28:20junto com alguém
28:21que está na ponta da lança
28:22para realmente resolver
28:23o problema?
28:24porque é muito fácil
28:27ficar jogando a culpa
28:28na polícia
28:29e a gente
28:30tem que acatar tudo
28:32e resolver o problema
28:32que a gente não causa.
28:34Então, assim,
28:34de verdade,
28:35eu acho que falta
28:36boa vontade
28:37dos poderes
28:38de realmente resolver.
28:39E olha que interessante
28:40que eu achei.
28:41Depois dessa mega-operação,
28:44teve uma movimentação
28:45nacional dos poderes.
28:47Os governadores,
28:49está todo mundo...
28:49O Derrite aí,
28:51está como relator
28:52dessa lei antiterrorista.
28:55Então, assim,
28:56obrigou a todo mundo
28:57a se movimentar.
28:59Precisa ser feito
28:59alguma coisa.
29:02Tanto que nós tivemos
29:0386% de aceitação
29:05da operação
29:05do morador de comunidade.
29:08O que isso quer dizer
29:09para a gente?
29:10Eu não moro em comunidade.
29:12Eu acho que vocês
29:12também não moram.
29:13Então, não é a gente
29:14que tem que decidir
29:15se é bom ou ruim
29:17a operação.
29:17É quem mora lá dentro,
29:19quem está sendo oprimido.
29:20Quem está sendo morto,
29:22teve a Verônica
29:24aqui no Salgueiro,
29:26no Rio de Janeiro,
29:26em São Gonçalo,
29:27uma comunidade bem expressiva
29:29dentro do Comando Vermelho.
29:31Ela estava saindo
29:32para passear
29:32com um filho de 4 anos
29:33no colo no carro.
29:34Não sei se vocês viram
29:35esse caso.
29:36E um marginal da lei
29:37brincando com uma Glock
29:39com kit rajada
29:40e disparou sem querer
29:42e pegou no carro dela.
29:44Eu não vi nenhum
29:45apresentador da Globo
29:47chorando a morte
29:48da mãe dela.
29:49Eu não vi
29:51nenhum especialista
29:51de segurança pública.
29:52Eu não vi a ONU,
29:53não vi a OAB.
29:54Ninguém lutando
29:55por essa vida inocente.
29:58Agora,
29:58quando eu é de marginal da lei,
30:00vai ter
30:00esse discurso parcial?
30:03Isso para mim é hipocrisia,
30:04mau caratismo
30:05ou oportunismo
30:06barato,
30:08ideológico ou financeiro.
30:10Não sei, né?
30:10Porque a gente precisa
30:11ter prova.
30:12Mas, assim,
30:12está bem claro
30:13e o cidadão está acordando.
30:14Ninguém aguenta mais.
30:16Ninguém aguenta mais.
30:17Então, assim,
30:18foi ótimo porque
30:19deu a esperança
30:21para o cidadão.
30:23Eles perceberam
30:23que tem jeito,
30:25dá jeito
30:25e quando a polícia
30:26pode trabalhar,
30:28nós trabalhamos.
30:30A tropa
30:31ama trabalhar.
30:32E aí a gente
30:33se entristece
30:34porque a gente
30:35ouve de alguns
30:36partidos,
30:38a culpa é da polícia.
30:39A polícia
30:39é que não trabalha.
30:40Tem marginal
30:41com 70 passagens
30:42de polícia.
30:42A polícia
30:43trabalhou 70 vezes
30:44e a justiça
30:45soltou 70 vezes.
30:48Então, assim,
30:49para começar
30:49tem que tirar
30:50direito de vagabundo.
30:52O vagabundo
30:53tem tanto direito
30:54que vocês
30:55que são cidadãos de bem
30:56estão presos
30:57dentro da casa de vocês.
30:59Exato.
31:00Então,
31:01não é isso.
31:02Antigamente tinha hora
31:03para ser assaltado.
31:03Agora não tem hora.
31:05É de manhã,
31:05de tarde e de noite.
31:06Ou seja,
31:07aí é a percepção.
31:07Olha como tem piorado.
31:10Né?
31:11E, Monique,
31:11você está falando isso
31:12de soltar?
31:13O coronel Cássio
31:15me mostrou aqui
31:15um marginal
31:18que acabou morrendo
31:19num confronto
31:20com a polícia.
31:21Ele me mostrou.
31:22Ele tinha
31:22180 passagens.
31:25Chamava Filipinho.
31:27Não sei se você conhece
31:28o caso do tal
31:28do Filipinho.
31:29Eram 180 passagens.
31:32E aí ele fez
31:33comigo um raciocínio
31:34que eu nunca tinha feito
31:36que é o seguinte.
31:36Ele falou
31:37quem que é o culpado
31:37da morte do Filipinho?
31:39É o juiz
31:39que soltou na primeira vez
31:40que se ele estivesse preso
31:41não estava morto.
31:42Se ele estivesse preso
31:44não estava em confronto
31:44com a polícia.
31:45Você teve 180 chances
31:48de preservar a vida
31:50do Filipinho
31:50e tentar socializar, né?
31:53Ressocializar.
31:54A gente está terminando aqui.
31:55Monique,
31:55sabe uma coisa
31:56que eu queria saber de você?
31:58Por curiosidade mesmo.
32:01É uma profissão policial
32:02que você não vai ficar milionária.
32:04Não é para isso
32:05que você entrou.
32:06Não é uma mega cena.
32:07Você é casada.
32:10Você tem filhos.
32:12Você é divorciada
32:15e tem filhos.
32:16Eu também.
32:17Tenho dois filhos.
32:18Aí você tem a sua família.
32:21Você é uma mulher de Deus.
32:22Você tem o pessoal da igreja.
32:26Quando você pesa isso na balança
32:28te ligando para ir
32:31em uma operação
32:32que você não sabe
32:33onde é que é,
32:33que magnitude,
32:34que tipo de bandido,
32:35quanto tempo você vai
32:36trocar tiro e fuzil,
32:38por que você faz isso?
32:39Por que vale a pena?
32:40Então,
32:42é algo que,
32:43assim,
32:44vou falar a verdade para você.
32:46Nem nós
32:47que somos vocacionados
32:48a gente consegue entender.
32:51Mas eu vejo,
32:52assim,
32:52algo em comum
32:53entre a gente
32:54na tropa,
32:54nós que somos vocacionados
32:56e a gente ama estar ali
32:57e a gente,
32:58assim,
32:59se dedica àquilo ali
33:00e a gente vai trabalhar
33:01e não é exagero
33:02e a gente não sabe
33:03se vai voltar,
33:03de fato.
33:04Aqui no Rio de Janeiro
33:05isso é uma realidade.
33:06Nós temos,
33:07as pessoas falam,
33:08é a polícia que mais mata
33:10no Brasil
33:10e é a polícia
33:11que mais morre também.
33:13Só que é algo
33:15que, assim,
33:16todo policial
33:17que está ali
33:17na linha de frente,
33:18que eu percebo,
33:19nós temos o perfil
33:20altruísta,
33:21o perfil de ajudar
33:22o próximo,
33:23o perfil de servir
33:24a sociedade.
33:25E para algumas pessoas
33:26falam, assim,
33:27para mim,
33:28você não precisa disso,
33:29você é bonita,
33:30você tinha um trabalho
33:31bom,
33:32por que?
33:33Chega a ser egoísta
33:34com suas filhas.
33:35Então, eu acho que, assim,
33:36é algo ideológico, sabe?
33:38E eu falo,
33:39eu como cristã,
33:40eu vejo como um propósito
33:41de Deus,
33:42não é uma profissão fácil,
33:44todo mundo sabe, né?
33:45Nós temos uma remuneração
33:46que nada vale
33:48a nossa vida, né?
33:49Quando a gente perde
33:50um amigo de trabalho,
33:52é uma dor irreparável,
33:53é um pedaço da gente.
33:54Você imagina você
33:55na tua profissão
33:56como comunicadora,
33:58perder um colega
33:59aí de estúdio
34:00uma vez por semana,
34:02uma vez por mês,
34:04e você tem que continuar ali
34:05dedicando a sua vida, né?
34:07Então, assim,
34:08é algo que é
34:09inexplicável,
34:11vou falar pra você,
34:11é inexplicável,
34:12mas é muito honroso,
34:15é muito gratificante
34:16quando chega um cidadão,
34:18você tem um êxito
34:19numa ocorrência,
34:20você salva uma pessoa,
34:22e ela vem com os olhos
34:23brilhando,
34:24e deposita toda a confiança
34:26que ela tinha em você,
34:28e agradece.
34:29Obrigada por vocês existirem,
34:31obrigada por você estar aqui.
34:32Então, assim,
34:33é por isso que a gente,
34:35eu tenho uma necessidade grande
34:37de expor o que acontece
34:39pra tentar melhorar isso,
34:41porque, assim,
34:42se colocarem 30 operações
34:43dessa por semana,
34:44o policial vai estar lá feliz,
34:46eu te garanto isso,
34:48a tropa ama o que faz,
34:49só precisam deixar a gente trabalhar.
34:51Então, assim,
34:51é algo que eu não consigo
34:52te explicar em palavras,
34:54só sentir, né?
34:55E aí,
34:56é uma profissão que,
34:57assim,
34:57como bombeiro também,
34:58é uma profissão que as crianças
35:00crescem olhando,
35:02admirando e querendo.
35:04Eu acho que pela tamanha coragem
35:07que nós precisamos ter,
35:08né?
35:09Tamanho,
35:10a gente precisa ser audaz,
35:13de deixar nossa família em casa,
35:15sair e não saber se vai voltar.
35:17Então, assim,
35:17acho que por isso que
35:18deveríamos ser tão valorizados
35:20pelo cidadão.
35:22A gente entra,
35:23não esperando reconhecimento,
35:25mas, assim,
35:25poxa,
35:26a gente vê, às vezes,
35:26nos Estados Unidos,
35:27os militares,
35:28eles são aplaudidos
35:29nos estádios,
35:30né?
35:31Eles são aplaudidos
35:32quando entram no restaurante.
35:34E, assim,
35:35falta isso aqui, né?
35:36Eu acho que, assim,
35:37já melhorou muito,
35:38como eu falei pra vocês, né?
35:39Assim que eu comecei
35:40com rede social,
35:41eu era hostilizada também
35:43em rede social.
35:44Ah, polícia,
35:45vai trabalhar,
35:45tá fazendo o que na internet,
35:47blogueirinha,
35:48tá querendo aparecer,
35:50foto fardada.
35:51Mas eu já tinha
35:52o meu objetivo interno,
35:53eu preciso comunicar
35:55o que acontece com a gente.
35:56alguém precisa falar.
35:59Então, o que parecia
36:00pra gente é o quê?
36:00Morria um polícia hoje?
36:03No dia seguinte,
36:04a sensação que eu tinha era,
36:05caramba,
36:06ninguém liga pra gente,
36:07sabe?
36:08Ninguém se importa.
36:09Não é noticiado.
36:11Então, assim,
36:12hoje a gente consegue
36:13passar isso.
36:14E, assim,
36:14a gente está bem feliz
36:15com esse resultado
36:16e eu espero que melhore bastante.
36:17Então, assim,
36:18respondendo a sua pergunta,
36:19eu não tenho palavras
36:20pra te descrever.
36:21eu só sei que, assim,
36:22vem da alma,
36:23a gente faz, sabe,
36:24de coração e, assim,
36:26quantas vezes forem necessário.
36:28A gente só precisa
36:29de ajuda
36:29dos outros poderes.
36:31Porque tem jeito,
36:32a segurança pública tem jeito.
36:34A gente tem exemplos
36:35de El Salvador,
36:37né,
36:37da Colômbia,
36:39só precisam
36:39de pessoas dispostas
36:41a se dispor.
36:43Então, assim,
36:45é isso,
36:45é da alma,
36:46vem da alma isso.
36:47Monique,
36:48eu agradeço demais
36:50a sua participação.
36:51A gente conversou aqui
36:51com a Monique Busson.
36:53Ela é uma
36:54das três mulheres
36:55que participaram
36:57entre centenas de homens
36:59dessa operação
37:00no Rio de Janeiro.
37:03Muito obrigada
37:03por atender a gente,
37:05por abrir aqui
37:05o seu coração.
37:06Que Deus continue
37:07abençoando aí você
37:08na sua missão,
37:09tá bom?
37:10Uma boa noite
37:10pra você, Monique.
37:12Boa noite.
37:12Obrigada a vocês
37:13pela oportunidade.
37:15E aí,
37:16eu queria aqui
37:16um comentário
37:17final de vocês,
37:19Kertzmann,
37:20faça aí um comentário
37:21final.
37:22A entrevista da
37:23a entrevista da Monique
37:25eu quis trazer
37:26porque ela é diferente,
37:27ela não é uma análise
37:29geral, né,
37:30da segurança em si.
37:32Eu quis trazer
37:32a visão de quem
37:33tá lá, né,
37:34Kertzmann,
37:34que é uma visão
37:35que a gente precisa
37:36ter na mídia.
37:39Olha,
37:39Madalena,
37:40eu acho que
37:40qualquer profissão
37:42ela merece louvor,
37:44qualquer profissão honrada
37:46merece ser reconhecida.
37:48As profissões
37:49que são
37:49destinadas, né,
37:51ao público, né,
37:52aos servidores públicos,
37:53eu acho que merecem
37:54um lugar ainda
37:55um pouco maior,
37:56ainda de mais destaque,
37:58porque são pessoas
37:58que estão
37:59abdicando das suas
38:00próprias vidas
38:01pra poder servir
38:02a população.
38:03E aí a gente
38:04tem os policiais,
38:05mas a gente também
38:05tem bombeiros,
38:07enfermeiros,
38:08médicos,
38:09professores,
38:10tantas profissões
38:11que exigem
38:12muito sacrifício pessoal
38:14e que na maioria
38:15dos casos,
38:16como eu disse
38:17também anteriormente
38:18no meu comentário,
38:19são muito mal
38:20remuneradas,
38:21são muito mal
38:22equipadas,
38:22a estrutura
38:23pra que essas pessoas
38:24trabalhem sempre
38:25é muito precária
38:26quando vem do poder público
38:27e via de regra
38:29infelizmente também
38:29são muito mal
38:30reconhecidas
38:31pela opinião pública.
38:33Então é bom sim,
38:34é bom a gente conhecer
38:35por dentro, né,
38:36o que que os policiais
38:37passam pra poder,
38:38pras pessoas que tem
38:39olhos só críticos,
38:41porque crítica é justa,
38:42é cabível você fazer crítica
38:44também,
38:44a polícia militar,
38:46seja do Rio de Janeiro,
38:47de Minas Gerais,
38:48São Paulo,
38:49não está imune a críticas,
38:50não está imune a erros,
38:52mas é importante
38:53você conhecer
38:53por dentro
38:54pra poder
38:55não ser tão ranzinza,
38:56né,
38:57e compreender um pouco
38:58o que que essas pessoas
38:59passam.
39:00E Denis,
39:01qual que é o seu comentário?
39:04Eu fiquei muito impressionado,
39:05assim,
39:05muito contundente,
39:07né,
39:07a fala dela,
39:09muito articulada,
39:10muito lúcida,
39:11e eu fico pensando,
39:13né,
39:13enquanto estava escutando
39:14a declaração,
39:17se o Estado brasileiro
39:18não atrapalhasse,
39:20e a melhor forma
39:21de o Estado brasileiro
39:22não atrapalhar,
39:24nem é algo tão difícil
39:25assim,
39:26é se nós tivéssemos
39:27algum apreço
39:28por uma dimensão
39:30racional da existência,
39:31buscando as evidências
39:34do que funciona
39:35melhor.
39:37Não é um exercício,
39:38assim,
39:38tão histriônico,
39:39é?
39:39A meu ver,
39:40não é.
39:41Então você pega
39:42aquilo que funciona,
39:44você pega as iniciativas
39:45que têm resultados
39:47retos,
39:48base em uma compreensão
39:49da natureza humana,
39:51e aplica isso.
39:52Então essa questão
39:53ideológica,
39:54essa questão política,
39:56esse desejo
39:57de sempre
39:58ignorar os fatos
40:00para defender
40:02certas ideias
40:03que são
40:04completamente apartadas
40:06exatamente
40:06desses fatos,
40:07é algo
40:08para mim
40:08a essa altura
40:09do campeonato
40:09absolutamente
40:10incompreensível.
40:12Enfim,
40:12quem sabe
40:12um dia
40:13vamos acordar.
40:16Exatamente,
40:17exatamente,
40:18Denis,
40:18e aqui muita gente
40:19falando no chat
40:19também
40:20dos professores,
40:22dos médicos,
40:23a gente fala
40:23de todos os servidores.
40:25Eu vou falar
40:26a vocês,
40:27eu tenho
40:27uma
40:29admiração
40:30muito grande
40:31por quem
40:32se dispõe
40:33a dar
40:34a própria vida
40:35por alguém
40:36que não conhece.
40:37E essa
40:38é a profissão
40:38do policial.
40:40Eu tenho
40:41essa admiração
40:43porque assim,
40:44se fosse
40:44um dilema moral
40:45de um único
40:46evento específico
40:47na nossa vida,
40:48você daria
40:49sua vida
40:49por alguém
40:50que você não conhece?
40:51Já era um dilema
40:52para a gente,
40:53uma única vez
40:53decidir.
40:55Pessoas como a Monique
40:56todos os dias
40:56saem de casa
40:57já decididas.
40:59Se necessário
40:59for,
41:00vão dar a vida
41:00por alguém
41:01que não conhece.
41:03E isso eu creio
41:04assim,
41:05que diante
41:05de um Estado
41:06ineficiente,
41:07que como diz o Denis,
41:09não vê o que são
41:10as melhores experiências,
41:11de um Estado
41:12corrupto,
41:13de um Estado
41:14que dá moleza
41:15para bandidos sim,
41:16você ainda ter pessoas
41:18que se disponham
41:18a isso,
41:20ganhando o salário
41:21que ganham,
41:21eu considero
41:22praticamente
41:23um milagre.
41:34e aí
41:39um milagre.
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