O Senado Federal deve instalar nesta terça-feira (4) a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado.
A decisão, tomada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ocorre em um momento de alta tensão na segurança pública, logo após a megaoperação policial no Rio de Janeiro. Reportagem: Lucas Martins.
Assista à íntegra: https://youtube.com/live/42WpUltth9M
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal: https://www.youtube.com/c/jovempannews
Siga o canal Jovem Pan News no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
00:00Ainda no combate às facções criminosas, o Senado deve instaurar a CPI do crime organizado nesta terça-feira.
00:07Amanhã, Lucas Martins chegando ao vivo diretamente de Brasília com mais informações a respeito disso.
00:12Qual a expectativa para a instalação dessa CPI, hein, Lucas? Boa noite.
00:19Oi, Coba. Muito boa noite para você e para todos que estão na nossa companhia.
00:23Pois é, a expectativa é que essa CPI seja instalada amanhã aqui no Senado Federal.
00:30E pelo rito aí, deve ser decidido o presidente, o vice-presidente e também a relatoria dessa CPMI.
00:38A comissão que foi anunciada pelo presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, na semana passada,
00:45depois dessa mega operação que aconteceu no Rio de Janeiro, entre as polícias do Rio de Janeiro aí,
00:51que resultou na morte de 121 pessoas.
00:55Os parlamentares querem investigar o que aconteceu aí e também a atuação das facções criminosas no Brasil
01:03e como elas conseguiram se expandir em todo o país.
01:07A expectativa é chamar policiais e outros agentes de segurança para entender sobre o combate das facções criminosas no Brasil.
01:17Então, essa expectativa dos depoimentos iniciais nesta comissão que está prevista para ser instalada amanhã.
01:25Mas nos bastidores tem aí uma questão envolvendo o governo federal.
01:30Isso porque interlocutores acreditam que essa CPI aí pode ser uma forma de desgastar a imagem do presidente Lula.
01:38Isso depois de algumas afirmações que ele deu nos últimos dias, como foi o caso de uma viagem que ele fez à Malásia,
01:47onde ele afirmou que traficantes são vítimas dos usuários.
01:52Essa afirmação do presidente Lula não caiu muito bem e a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto, a SECOM,
02:01precisou aí lançar uma nota se retratando em relação a essa afirmação do presidente Lula.
02:09Com isso, a base governista aqui no Congresso Nacional já prevê aí, o governo tenta emplacar a presidência de alguns nomes da base governista,
02:19já prevendo algumas questões aí que pode expor a imagem do presidente Lula.
02:25E eles querem nomes como Jacques Wagner, Rogério Carvalho ou Randolfe Rodrigues.
02:31Essa daí é a expectativa da base governista.
02:33Ainda todo esse esquema está sendo negociado aqui entre o Congresso e também o Executivo.
02:40A comissão vai ser instalada amanhã e aí começam as votações para definir quem vai ser o presidente, o vice-presidente
02:47e também quem vai assumir a relatoria dessa comissão.
02:51Mais uma comissão aqui no Congresso Nacional, especificamente no Senado Federal.
02:56A gente, é claro, fica de olho em tudo e traz sempre as novidades da movimentação aqui no Congresso Nacional para a nossa audiência.
03:03Volto com você, Koba.
03:04Muito obrigado, Lucas Martins, ao vivo e de Brasília.
03:07E aí eu quero muito a opinião também da Deise, do Fernando Capês a respeito disso.
03:10Começando por você, Deise, que é uma estudiosa da política e das CPIs em Brasília, no nosso Congresso Nacional.
03:17Será que agora que a violência se tornou o assunto mais preocupante da população brasileira,
03:23há algum potencial de uma CPI ultrapassar os limites do Congresso e gerar algum resultado efetivo?
03:29Porque nem roubo de velhinho, CPMI do NSS, está repercutindo como poderia, né?
03:35Kobayashi, olha, chega a me dar até um, desculpa o palavreado aqui, mas um ranço quando eu ouço isso.
03:42Porque, eu até quero ouvir o Capês, obviamente, né?
03:44Mas os nossos estudos sobre as CPIs, eu reitero isso todas as vezes, a gente faz levantamento de dados qualitativos e quantitativos.
03:54Todos os estudos mostram que a partir de 2012, as CPIs, CPMI, no Congresso Nacional, elas perderam completamente a força.
04:01O ponto dessas CPIs foi aquela CPI do Carlos Cachoeira.
04:08E, a partir daí, com essa mediatização, com o espetáculo das CPIs, os parlamentares começaram a se preocupar muito mais em aparecer nos noticiários,
04:17em fazer os cortes para as redes sociais, do que efetivamente ir até o final da CPI.
04:22Eu lembro que, quando anunciaram a criação da CPI do MST, nós chegamos a comentar aqui na Jovem Pan
04:30sobre a possibilidade de, inclusive, o relatório final ser de uma página, ser completamente ineficiente.
04:36No fim, a CPI, ela não teve nem relatório final.
04:39Então, tem acontecido um processo nessas CPIs que elas são muito mais uma resposta à matéria do momento,
04:46ao sentimento do momento da população, e elas não conseguem fôlego para ir até o final.
04:51E isso são dados científicos.
04:53Então, de novo, quando eu vejo a criação dessa CPI do crime organizado,
04:57ela está respondendo a um sentimento de momento, um sentimento que está na mídia,
05:01mas, assim que a mídia começar a dar atenção para um outro assunto,
05:04eu aposto com vocês, e talvez aposte também não seja a palavra mais correta,
05:09mas eu aposto que essa CPI, ela não vai ter fôlego até o final.
05:11E, se tiver relatório de uma página, já vai ser algo extremamente positivo.
05:15E, quando a gente vai para o livro, né, Fernando Capês, falando aqui com o autor, um doutrinador,
05:19CPI deveria gerar produção legislativa, investigações, inquéritos, ações penais, enfim.
05:25Há alguma expectativa para a CPI do crime organizado?
05:28Porque crime organizado no país, ah, deveria ter objeto suficiente para gerar algum resultado. E aí?
05:32Olha, Nelson, eu assino embaixo tudo que a Deise Diocari falou, e só para não ficar repetitivo,
05:39eu vou trazer um dado para vocês. O Brasil faz legislação por casuísmo ou por oportunismo.
05:46Surge algum evento midiático, corre o Congresso Nacional e aprova uma lei.
05:51E, normalmente, uma lei é aprovada às pressas, sem reflexão, e assim é também com relação às CPIs.
05:56Vou dar um exemplo para vocês agora. O Congresso Nacional acaba de aprovar uma lei
06:01em resposta à necessidade de um combate mais efetivo ao crime organizado.
06:06Então, agora é o seguinte, tem um crime que é crime de quadrilho ou bando.
06:11É o crime, o nome que se dá agora, chama Associação Criminosa.
06:14É três pessoas ou mais que se reúnem para praticar crime. É esse crime.
06:17Muito bem. O Congresso Nacional chegou e aprovou uma lei, dizendo o seguinte,
06:22Agora, quem integra uma associação criminosa responde pelo crime que está no artigo 288.
06:28E quem contrata membro de organização criminosa para praticar um crime,
06:34também responde como se fosse membro da quadrilha.
06:37Muito bom. Só que esqueceram um detalhe.
06:40A lei do crime organizado define o crime de organização criminosa.
06:44A organização criminosa é um crime muito mais grave do que o crime de associação criminosa.
06:49E na organização criminosa, não tem um dispositivo semelhante.
06:54Moral da história, pelo que o Congresso Nacional aprovou,
06:58quem contratar um membro de uma quadrilha para praticar um crime,
07:02responde como se fosse também membro da quadrilha.
07:06Mas quem contratar um membro de uma organização criminosa para praticar um crime,
07:11não responde como membro da organização criminosa.
07:14É como dizia um antigo programa de televisão.
Seja a primeira pessoa a comentar