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No Só Vale a Verdade, o professor e historiador Marco Antonio Villa recebe o coronel da reserva da PM de São Paulo, José Vicente da Silva Filho. O ex-Secretário Nacional de Segurança Pública debate os desafios do Governo do Rio de Janeiro em retomar territórios do crime organizado.

O coronel avalia que “o bom plano é aquele que é facilmente implantado”, e que o plano das autoridades cariocas foi “bem concebido”, mas “falhou em prever as consequências” da reação do crime.

Assista à íntegra: https://youtube.com/live/pCFnkyeEmEk

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Transcrição
00:00a questão local, para depois expandir para a questão nacional.
00:03Primeiro, o fenômeno carioca.
00:06Um pouco fluminense, que se estende a Baixada,
00:09a São Gonçalo, do outro lado da Bahia,
00:12mas especialmente ao fenômeno carioca.
00:14Não causou estranheza ao senhor, por exemplo,
00:18o funcionamento de serviços municipais
00:21em plenos momentos de combate,
00:23que deveriam ter sido preservados, por exemplo,
00:26escolas, serviço público em geral.
00:29Segundo alguns, as pessoas na hora foram surpreendidas por aquilo.
00:33Por outro lado, também, não causou surpresa.
00:36Eu vou citar vários fatos, mas só mais um,
00:39para depois entendermos um pouco a operação militar,
00:42para depois discutir a questão mais estrutural da segurança pública.
00:45O número de fuzis apreendidos, que eu imaginei,
00:48pelo que se falava, que seria um número muito maior.
00:51E parece que o número de fuzis apreendidos
00:53é inferior ao número de mortes nessa tragédia que lá ocorreu.
00:56Eu poderia dar outros exemplos,
00:59que passariam se a questão se a tropa foi treinada ou não,
01:02a questão da autópsia, que vai revelar o melhor,
01:04certamente, como é que essas mortes ocorreram.
01:07E até o nome daqueles que lá faleceram,
01:09que hoje estão surgindo a história de cada um,
01:13mas nós não sabemos do conjunto.
01:16Eu vou chamar de vítimas do enfrentamento,
01:19com todas as aspas possíveis,
01:21que nós não estamos aqui para glorificar o crime organizado,
01:24nada disso, mas para fazer uma discussão
01:27que não é política panfletária,
01:28como faz o governador do Rio de Janeiro,
01:31que só falta ser candidato ao Prêmio Nobel da Paz.
01:33Nós estamos vendo cada Prêmio Nobel ultimamente,
01:36então nós estamos discutindo seriamente.
01:38E porque também, legalmente,
01:41existe, se há resistência por parte daquele,
01:43frente à polícia, a polícia tem que reagir.
01:46Mas precisa ver de que forma também isso ocorreu.
01:49Nós não sabemos ainda o conjunto dos fatos.
01:51Eu pergunto ao senhor, como primeira questão,
01:54houve, na leitura que o senhor tem,
01:57com as informações que o senhor tem agora,
01:59um planejamento, no sentido científico,
02:02de ocupação de uma região e cumprir mandatos judiciais,
02:05destaca-se, da forma como deveria ser feita,
02:09dentro da tradição de outras operações
02:11que já foram feitas por outras polícias estaduais,
02:14como, por exemplo, em certos momentos da história de São Paulo?
02:16São duas questões aí.
02:18Uma questão é o planejamento,
02:20outra é a execução do que estava no plano.
02:22Perfeito.
02:23O bom plano, qualquer área de negócio,
02:25ou numa área policial,
02:27ele já prevê, de certa forma, o sucesso da operação.
02:31O bom plano é aquele que é facilmente implantado,
02:33ou implantado com relativo sucesso.
02:36O que nós percebemos, de maneira geral,
02:38pela declaração, a gente não tem cópia do plano,
02:40mas pela declaração das autoridades,
02:42que esse plano foi bem concebido.
02:44Ele foi antecedido de um longo período de avaliação,
02:48levantamento de informações,
02:50chamada inteligência da polícia.
02:52Tanto assim que conseguiram evidência suficiente
02:55para que o juiz emitisse mais de,
02:57em torno de 150 mandados de busca e apreensão,
02:59dando os endereços,
03:01onde possivelmente estariam criminosos,
03:04materiais, drogas, armas, etc.
03:06E também instruíram cerca de 69 mandados de prisão
03:12de criminosos aí, então, procurados.
03:14A partir daí, foi feito um plano durante dois meses,
03:17é o que consta.
03:19E depois a execução desse plano.
03:21Mas a gente prevê algumas coisas que falharam aí.
03:24Um, o diálogo que não foi muito à frente
03:26com a Polícia Federal.
03:28Consta que houve esse relacionamento,
03:30tentando obter alguma coisa.
03:32A Polícia Federal tem insumos importantes de inteligência.
03:34inteligência quer dizer informações sobre criminosos,
03:37informações sobre drogas,
03:38fluxo de drogas, etc, etc.
03:41Mas falhou uma primeira etapa,
03:44você mencionou aí,
03:45a questão de prever as consequências da operação em si.
03:50Aquilo é igual um terremoto,
03:51o epicentro ali na Penha,
03:53complexo do Alemão,
03:55mas e as repercussões em geral
03:57para as comunidades vizinhas
03:59e para toda a cidade,
04:00que acabou acontecendo,
04:02o que seria previsível que acontecesse.
04:04Não, terroristas,
04:06eu quero transformar em terrorista,
04:08mas os membros da facção
04:10não gostaram da história
04:12e acabaram fazendo um pouco de terrorismo na cidade.
04:17Isso porque acabaram,
04:18no momento de pré-rush da cidade,
04:22quase o final do dia,
04:24acabaram fazendo interrupções do trânsito
04:26em mais de 20 vias da cidade.
04:28Inclusive grandes artérios,
04:30como a Avenida Brasil,
04:31a linha vermelha e amarela.
04:32Isso causou muito impacto.
04:34Muitas escolas fecharam,
04:36empresas fecharam,
04:37soltaram mais cedo os seus funcionários
04:39e criou-se um clima de terrorismo na cidade,
04:41de pânico na cidade.
04:43Aí houve falha porque a prefeitura não foi notificada.
04:46E a prefeitura tem um bom sistema
04:48de coordenação de problemas graves do município,
04:52inclusive de trânsito.
04:53Tem um centro de operações para isso
04:55e não foram comunicados,
04:57não pediram essa colaboração,
04:59inclusive da prefeitura,
05:00por essa parte.
05:01Ela tem agência de trânsito,
05:02tem guarda municipal,
05:04tem estruturas para colaborar,
05:06foi pega de surpresa.
05:07Isso foi ruim.
05:08Por outro lado,
05:09a execução,
05:11ela acabou sendo gravemente comprometida,
05:15porque, no meu entendimento,
05:16houve falha na execução,
05:18no controle das ações da tropa.
05:21Isso acabou acarretando,
05:24inclusive,
05:25os excessos que,
05:26no meu entendimento,
05:27aconteceram.
05:29O primeiro falha grave dessa operação,
05:32a morte de quatro policiais.
05:34Dois, pelo menos,
05:35foram praticamente no começo da operação,
05:37em torno das nove horas.
05:39Isso costuma, inclusive,
05:40incrementar um ânimo vingativo nos policiais.
05:43Isso é normal,
05:44e não só no Rio,
05:45e não só no Brasil.
05:47Esse é um problema.
05:48Um problema de controle
05:49dessa tropa policial,
05:51a partir daí.
05:52Quando anuncia a morte no policial,
05:54aquilo provoca um choque
05:56na estrutura policial.
05:59É necessário, inclusive,
05:59ter o preparo da tropa
06:01para essas coisas,
06:02antes de começar a operação.
06:04Então,
06:05e algumas coisas começam a aparecer,
06:07como, por exemplo,
06:08o que eu chamo de insucesso da operação,
06:11além da morte dos policiais,
06:13um dos policiais mortos
06:14tinha apenas 40 dias,
06:16praticamente,
06:16de trabalho na Polícia Civil.
06:18praticamente um estagiário
06:20e vai para uma ação dessa
06:22onde era previsível
06:23um confronto pesado.
06:25É sempre importante ressaltar
06:27que havia criminosos
06:28fortemente armados,
06:29tanto que foram
06:30prendidos mais de 90 fuzis.
06:32Fuzis são armas de guerra,
06:34utilizadas por exércitos
06:36e atividade de guerra.
06:37São usados,
06:38especialmente no Rio de Janeiro,
06:39para controle de territórios.
06:41Controle e conquista de territórios.
06:44É guerra mesmo.
06:46Então, o ambiente era guerra.
06:48Tanto que nós tínhamos
06:48um batalhão de choque da PM,
06:51tinha um batalhão
06:52de operações especiais da PM
06:54e tinha ainda
06:55uma coordenadoria
06:56de recursos especiais
06:57que é quase um batalhão
06:58de choque da Polícia Civil.
06:59Mas tinha dois batalhões
07:01do policiamento,
07:01que nós chamamos de territorial,
07:03que cuidam do patrulhamento
07:04de bairros
07:05que não tinham tanto preparo
07:07também para esse tipo de confronto.
07:08é necessário até verificar
07:10que treinamento,
07:12que preparo,
07:12além do treinamento,
07:13o preparo para essa operação.
07:15É muito diferente,
07:16eu já comandei batalhão
07:17por muito tempo
07:18e em alguns momentos
07:19que a gente ia fazer
07:20uma reintegração de postos,
07:21por exemplo,
07:22se ir ao pessoal do policiamento
07:23uma atividade,
07:24uma ação tática como essa,
07:26o comportamento é diferente.
07:28Não tem o preparo,
07:29o mesmo preparo
07:30de quem já está
07:31frequentemente fazendo
07:33esse tipo de ação.
07:35E aí nós tivemos
07:36algumas coisas
07:36que tem muitas perguntas
07:38a serem respondidas
07:39que mostram
07:39deficiências operacionais graves.
07:42Como é que deixaram
07:43os 60 corpos numa mata?
07:44Isso eu não entendi.
07:45Não dá para entender,
07:47porque se houve morte,
07:48cada morte precisa
07:50de uma preservação.
07:50Ah, mas o local
07:51é muito difícil,
07:52difícil acesso
07:53de fazer preservação.
07:54Alguma estrutura
07:55de contenção
07:56precisaria ser feita
07:57para preservar o local.
07:59Preservar quer dizer
08:00manter o local
08:00como está,
08:01com os corpos
08:02ali no chão,
08:04para que viesse depois
08:05a perícia
08:06dar uma olhada
08:06nas condições
08:07que essas pessoas
08:08morreram.
08:09Porque isso
08:10manda a lei.
08:12Não é que o policial
08:13pode optar
08:14ou não por isso.
08:15É mandatório,
08:17como se diz.
08:18É preciso preservar
08:19o local
08:19para fazer a perícia.
08:20A polícia do Rio
08:21está acostumada
08:21a não fazer isso.
08:23É muito frequente
08:23acontecer.
08:24Acaba arrastando
08:25o cadáver,
08:26tirando o local.
08:27Às vezes,
08:28sob a desculpa
08:28de que esse cadáver,
08:29na verdade,
08:30a pessoa está
08:31gravemente ferida
08:32e morre
08:33no caminho do hospital
08:33quando já morreu,
08:34na verdade.
08:35Que é fraude
08:36processual também.
08:37Então,
08:38há muitas coisas
08:38erradas,
08:39mas o que mais
08:40me chama a atenção
08:41é uma operação
08:42policial
08:42com 121 mortos.
08:45É uma calamidade.
08:46A gente retroage
08:47um pouco no tempo
08:48e vamos verificar,
08:49se eu não me engano,
08:50em 1993,
08:52nós tivemos
08:53o famoso episódio
08:54da Candelária.
08:56São 21 mortos
08:57colocados lado a lado
08:58ali na Candelária
08:59depois da morte
09:01de um ou dois
09:02policiais.
09:03Foi uma ação
09:04vingativa da polícia
09:05e os corpos
09:05estavam lá.
09:06E daí,
09:07nós temos,
09:08décadas depois,
09:09repete-se o mesmo
09:10problema.
09:11Com uma infinidade
09:12imensa de vícios.
09:13Ah, mas eram bandidos.
09:15Não é porque é bandido
09:16que é natural
09:16que ele tenha sido morto.
09:18A polícia tem um compromisso
09:19com a lei
09:20e tem um compromisso
09:21com a ética profissional.
09:23Ele é bandido,
09:24mas eu só vou atirar
09:25se houver realmente
09:26uma situação
09:27de confronto,
09:28de legítima defesa.
09:29então todas as declarações
09:32com nada de sobriedade
09:34por parte das autoridades
09:35que até festejam
09:36o sucesso
09:37da operação
09:38descontada
09:39a morte dos policiais
09:40parece até um problema menor
09:42e não é um problema menor.
09:45E esse é um contexto
09:46que no fim
09:47acaba sendo vergonhoso.
09:49Mais vergonhoso
09:49do que isso
09:50só vindo os políticos
09:52querendo tirar
09:53uma vantagem política.
09:54E esse é um contexto
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