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No Só Vale a Verdade, o coronel da reserva José Vicente da Silva Filho (ex-secretário nacional de Segurança Pública) debate a megaoperação no Rio de Janeiro com Marco Antonio Villa.

O coronel critica o planejamento que "falhou em prever as consequências" e afirma que a ação “fracassou a operação na qual um policial morreu”. Ele lamenta a letalidade e diz que “o bom plano é aquele que é facilmente implantado”, citando que "a população está intimidada".

Assista à íntegra: https://youtube.com/live/pCFnkyeEmEk

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Transcrição
00:01Mais informações, porque o número de fuzis muitas vezes recolheram o fuzil, mas não o cadáver.
00:07Houve então, portanto, uma alteração provavelmente da forma como aquela pessoa foi morta, em combate ou não.
00:14Será que todos foram mortos em combate? Essa autópsia que pode, presumo eu, não sou especialista, pergunto ao senhor, é que poderia dizer.
00:21Então há uma série de fatos que ainda no momento causam estranheza e já querem comemorar algo que sequer não sabemos o conjunto dessa operação.
00:32Se ela foi um êxito, foi um sucesso ou na verdade conduziu a uma tragédia que pode se reproduzir a um novo enfrentamento muito mais violento no futuro até a curto prazo.
00:43E há uma reação da população de entender que os milicianos são seus defensores frente ao estado opressor.
00:51É, o que assusta a gente, são duas questões interessantes.
00:56Um, que a população oprimida pela, até nesse contexto, ela é oprimida pelos traficantes que comandam as comunidades.
01:05São centenas de comunidades, não é só a Penha e o Complexo do Alemão.
01:09Tem centenas.
01:12Elas acabam apoiando a morte desses criminosos.
01:14Isso gera, naturalmente, um potencial político muito positivo para quem defender essas mortes.
01:23Nós temos políticos que cansaram de reivindicar prestígio heróico porque mataram.
01:31Não, eu matei mesmo.
01:33Caramba!
01:33E isso parece natural, para uma população amedrontada, parece natural que bandidos morram, antes dele do que eu.
01:42A pesquisa que já foi feita sobre essa ação no Rio de Janeiro, mostra que 80% da população das favelas aprovaram a operação.
01:50Não é de estranhar, quando houve aquela matança no Carandiru, em novembro de 1992, em São Paulo, foi feita uma pesquisa por telefone.
02:00A população aprovou em massa a morte daquelas pessoas.
02:04A gente que é da polícia, eu acabo ficando em uma posição antipática com a polícia.
02:10Mas eu tenho compromisso com a verdade aqui com você.
02:13Eu, uma questão de integridade pessoal, eu faço a minha crítica livre disso.
02:18Cansei de ver pessoas que estiveram no Carandiru falando de policiais metralhando presos atrás das grades.
02:27Isso foi objeto de processo, estão falando novidade aqui.
02:32Assim como ao longo da história, dos meus 30 anos na polícia, mais outros 32 que já estão fora da polícia,
02:38as narrativas que a gente ouve de barbaridade policiais falando como se fossem coisas naturais.
02:44E esses heróis depois, de unidades heróicas depois, vão pedir os votos das pessoas.
02:51Eu quero esse cara aí que eu estou precisando dele.
02:54Então nós temos essa situação.
02:56A população aplaude.
02:58Na verdade, o aplaude é compreensível, que são uma população intimidada.
03:02E agora, o proveito político disso, que é uma coisa vergonhosa, é vergonhosa a ação em ti que mata muita gente.
03:12É vergonhosa uma ação que não conseguiu proteger seus policiais a ponto de quatro morrerem.
03:17Parece só quatro no meio do 121?
03:19É muita coisa.
03:21Eu sempre coloco, fracassou a operação que o policial morreu.
03:24A operação no Jacarezinho, no Rio de Janeiro, uma favela de 40 mil habitantes,
03:29um policial morreu logo na entrada, daí mataram mais 27 na operação que seguiu.
03:35Um fracasso também.
03:37Mas o que a gente percebe, de maneira geral, o Vila, é que Rio de Janeiro é um modelo um pouco do que acontece muito no Brasil.
03:46A polícia brasileira mata 6 mil pessoas por ano, supostos confrontos.
03:52Ah, mas são bandidos.
03:54Mas uma sociedade minimamente civilizada não pode pensar assim.
04:00Matar pessoas é uma coisa muito grave.
04:03Mas são bandidos.
04:04Tudo bem.
04:04Há contexto que é inevitável o uso da força.
04:07O treinamento que um policial tem, um treinamento padrão, tem aqui em São Paulo, no Brasil, no exterior,
04:13um indivíduo vai atacar um policial, pode atacar com uma barra de ferro, um pedaço de pau.
04:17O policial vai treinar para dar dois tiros no tórax do opositor.
04:20É uma defesa aceita dessa forma.
04:24Por que dois tiros?
04:25Porque ele pode errar um.
04:26É muito rápido isso.
04:28E por que o tórax não atira na perna?
04:30Porque tem um espaço maior que tem na sua frente.
04:33Não?
04:33É uma coisa lógica.
04:35Então, essa é uma situação, o perigo que o policial enfrenta no seu dia a dia.
04:40Ponto.
04:40Essa prerrogativa, essa defesa, o policial tem.
04:44Mas não faz sentido você, deliberadamente, ou por erro de planejamento, você matar pessoas que poderia ter evitado.
04:55Porque esse é um conceito, praticamente, de barbárie na mão do Estado.
05:01Nós não podemos consentir nisso.
05:02O Rio de Janeiro, os bandidos perigosos, muito armados.
05:07Mas como é que esse pessoal chegou nesse ponto?
05:10O chefe da Polícia Civil, que chamou os mortos de narcoterroristas, ele já se sabe que está sendo cogitado para ser candidato ao governo do Estado.
05:20Ele falou sobre o impacto de uma picada de mosca azul aí, pelo jeito.
05:24Ele vem, coloca como narcoterroristas, mas também nessa fala da Polícia Civil, diz que se sabe que naquela área entram 10 toneladas de drogas por mês.
05:37Entram 50 armas, em média, por mês naquela região.
05:42Se sabe que entra tudo isso, como é que não sabe como entra para bloquear o acesso?
05:48Nós temos, portanto, um conjunto muito grande de problemas que vem se acumulando, especificamente no Rio de Janeiro.
05:56Eu tenho uma teoria, para mim é muito válida, desses 62 anos vinculados à segurança, que é o seguinte, por que chegou nesse ponto?
06:06Chegou nesse ponto de policial ter que entrar nessa região fortemente armado, perder quatro policiais, matar uma quantidade imensa de bandidos.
06:18Eram pessoas, mataram, sabe lá ser legalmente, eu duvido que seja legalmente 100% nesse caso.
06:25Mas como é que o Rio chegou nesse ponto?
06:27Por que a polícia deixou, com sua inércia, ineficiência, incompetência, deixou o crime tomar conta de grande parte do estado do Rio de Janeiro?
06:40Cresceu sobre seus olhos.
06:42O artigo 144, parágrafo primeiro da Constituição, dá lá para a Polícia Federal,
06:47prevenir e reprimir o tráfico ilegal de drogas e afins.
06:52Mas, está sendo feito, a droga está chegando em quantidades industriais, 10 toneladas só nessa região do Rio de Janeiro,
07:00de imediações dessa área de operação.
07:03Então, todas essas falas, chega algum momento, começa a criar crise de segurança.
07:09Crise, toda crise, seja no comércio, na indústria, na área política, ela avisa que vem chegando, dá pequenos sinais.
07:17Nesses primeiros momentos você consegue evitar.
07:20Quando ela cresce mais, os meios que você tinha para evitar não são suficientes para você administrar mais.
07:27Isso está acontecendo no Rio de Janeiro e em boas partes do Brasil.
07:29No caso do Ceará, no caso da Bahia.
07:32Alguns estados até que estão indo bem porque conseguiram evitar que essa coisa acontecesse.
07:37São Paulo deu uma resposta vigorosa contra o PCC aqui em 2006, quando a polícia foi atacada.
07:43Evitou que a coisa escalasse muito em termos de domínio de território.
07:46As facções acabam, como é o caso do PCC mesmo, comando vermelho e em outras praças,
07:52acabam verificando que é melhor sair desse enrosco, dessa encrenca de briga campal com a polícia e vamos ganhar dinheiro.
08:02Nós vivemos uma operação aqui em São Paulo, carbono, o carbono tem outro nome lá?
08:07Oculto.
08:08Oculto.
08:08As polícias acham os nomes bonitinhos para essas operações, muito criativas.
08:14Já se vê numa outra escala do crime mais estruturado, junto com os fraudulentos de sempre.
08:22Achar oportunidades.
08:23Crime, seja o batedor de carteira, agora é um batedor de carteira mais, é ladrão de celular.
08:28Seja o traficante, ele trabalha em cima das oportunidades que aparecem.
08:33Altas oportunidades e baixo risco.
08:36Como é que você administra a segurança?
08:38É preciso reduzir oportunidades, é preciso aumentar o risco.
08:41Eu aumento o risco quando aumenta a pena, quando aumenta a eficiência policial.
08:45Deu controle.
08:46Nós estamos em cidade do interior de São Paulo?
08:48Claro, existem outros fatores.
08:49Mas o fato é que nós temos padrões praticamente americanos nas cidades do interior de São Paulo.
08:56Muitas também no Rio de Santa Catarina, Minas.
08:59Mas algumas dessas regiões são extremamente problemáticas.
09:02Os instrumentos habituais não conseguem mais controlar.
09:07Justamente sobre isso, pegando esse gancho político, coronel, acho que de um lado eu até já disse,
09:14o Brasil provavelmente é, precisa ter estudos, mas pelo pouco que eu conheço,
09:20no mundo ocidental, como democracia, onde os legislativos, tanto na esfera municipal, estadual, federal,
09:28tem o maior número de representantes das polícias civil, militar e das forças armadas.
09:33Não há nenhum país na América Latina, por exemplo, que tenha um tão grande número de representantes.
09:39Portanto, a insegurança pública, não a segurança, a insegurança é um ativo eleitoral que dá voto.
09:46E 99,99 desses eleitos pouco fazem para construir uma política de segurança pública.
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