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Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, no Kentucky, analisa o impacto político e econômico do shutdown nos EUA. O impasse pode desgastar Donald Trump diante da opinião pública, afetar empregos e programas sociais, além de revelar a fragilidade dos democratas, que seguem sem lideranças fortes para 2026.

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Transcrição
00:00Os dois partidos admitem que a paralisação das contas públicas americanas é praticamente certa.
00:06A situação leva a duas interpretações, uma política e outra econômica.
00:12Vamos começar com a política.
00:14Eu tenho o privilégio de voltar aos Estados Unidos agora para conversar com Carlos Gustavo Pódio,
00:19que é professor no Kentucky, no estado americano no Kentucky, mais precisamente no Berea College.
00:25Obrigado mais uma vez, Pódio, para você abrilhantar aqui a nossa programação.
00:31E repito, é um privilégio nosso porque a gente tem aí o seu olho vivo e faro fino de estar nos Estados Unidos
00:37como um professor, como um analista, como um acadêmico e como um cidadão.
00:43Então eu vou aproveitar essa dupla análise que você consegue fazer.
00:47Vou abusar dos seus conhecimentos acadêmicos que há décadas estuda os Estados Unidos,
00:52e agora você está aí vivenciando tudo o que você estudou.
00:55Bom, esse desgaste político não me parece que seja uma coincidência o Donald Trump apertar um pouco aqui a porca,
01:06está scrolling, como dizem os próprios americanos.
01:10No ano que vem a gente tem mid-term elections, uma eleição em que há uma renovação do Congresso.
01:18Agora é que fica a tua análise.
01:21O quanto isso pode ser um tiro no pé e o quanto isso realmente pode ser um desgaste dos oponentes do presidente Donald Trump,
01:30os democratas.
01:31Obrigado mais uma vez pela participação, Pódio.
01:34Boa noite, Favales.
01:36É sempre um prazer conversar com você, quem nos assiste aí.
01:39Olha, de fato, primeiro que cada vez mais está se tornando comum.
01:44E se a gente olhar desde os anos 70, tem sido comum diversos shutdowns.
01:48Então a gente já tem algum histórico aí de observação para entender, como você disse, os efeitos políticos disso.
01:55Porém, o que acontece é que a gente tem toda sorte de efeitos.
01:59A gente, por exemplo, olha o que aconteceu no Bill Clinton nos anos 90.
02:03Ele sofreu um shutdown bastante expressivo durante o seu governo,
02:07mas que isso foi visto pela população como sendo algo culpado.
02:12Os culpados desse shutdown seriam os republicanos que estariam sendo intransigentes no Congresso.
02:18O Bill Clinton acabou sendo fortalecido daquele shutdown.
02:21Então, para ele foi politicamente positivo.
02:25O que a gente tem no último shutdown, por exemplo, do Donald Trump,
02:29que foi no seu primeiro mandato, aquela questão da construção do muro,
02:33ele acabou ter que sair cedendo.
02:36Ele teve que ceder a questão do muro.
02:38Ele foi visto como intransigente nesse sentido
02:40e não foi politicamente benéfico para o Donald Trump,
02:43como havia sido para o Bill Clinton, por exemplo.
02:46Então, neste atual presente shutdown que a gente tem, em certa medida,
02:51me parece que até o momento é um incentivo dos democratas de estender isso o máximo possível
02:58para obrigar os republicanos, de alguma forma, a sentarem na mesa de negociação.
03:03Na verdade, essa é uma das poucas alternativas que os democratas têm.
03:07O que o Donald Trump tem feito nesse seu segundo mandato é ignorar completamente o Congresso.
03:12Mesmo tendo maioria no Congresso, tanto na Câmara quanto no Senado,
03:17o Donald Trump tem escolhido não passar legislação ou discutir legislação com o Congresso,
03:23nem questões que teria que fazê-lo, como, por exemplo, em questões de tarifas
03:27que ele tem colocado em diversos países.
03:30Ele tem agido por meio de ordens executivas,
03:33que são aquelas ordens que não dependem de aprovação do Congresso.
03:37O Donald Trump é o presidente que bateu o recorde de todos os presidentes
03:41no número de ordens executivas até esse ponto do seu governo.
03:45Ele vai bater o recorde do Roosevelt, que editou uma série de ordens executivas
03:50no contexto da Grande Depressão, do New Deal, etc.
03:53Isso, então, portanto, mostra que o Donald Trump tem preferido ignorar o Congresso.
03:58Ele tem governado. A forma que o Donald Trump tem escolhido governar
04:01é um poder executivo unitário, forte, e, se possível, ignorando o Congresso.
04:06O qual é que, nesta questão em particular, é uma questão que ele não pode ignorar o Congresso.
04:11Ele precisa que o Congresso aprove legislação que continue financiando
04:16o funcionamento do governo norte-americano.
04:18Então, vai ser interessante a gente ver como é que o Donald Trump vai se portar
04:21numa situação em que ele vai ser obrigado, em certa medida, a negociar com o Congresso.
04:25Mas, em se tratando de Trump, né, Favara, a gente sabe que é tudo muito imprevisível.
04:31Pode, ainda orbitando a questão política, a gente tem esse levantamento,
04:35que, inclusive, foi trazido pela nossa correspondente em Washington,
04:39de que o Trump, talvez, usasse esse pretexto do shutdown
04:44para enxugar a máquina pública, algo que ele abusou na campanha.
04:49Aliás, muitos dos votos foram em cima do que ele dizia de enxugar, né,
04:56de tirar a camada gordurosa do Estado.
05:00Mas, isso não pode levar a uma gritaria dos sindicatos?
05:07Quer dizer, essas pessoas agora que vão engrossar uma fila de food stamps,
05:14de auxílio ao desemprego, né, dos pedidos de auxílio ao desemprego,
05:19isso não pode reverberar negativamente para este restinho de 2025,
05:25e, principalmente, em 2026, a gente tem dados que saíram hoje
05:29da confiança do consumidor, caíram.
05:32Tudo bem, o desemprego saiu daquela margem do chamado pleno emprego,
05:36mais pessoas pedindo o seguro-desemprego.
05:38Não é completamente descontrolado, de uma maneira em que...
05:44Mas é aí que fica a minha pergunta, né?
05:46Ele pode, talvez, estar cavando um buraco no qual ele mesmo vai cair?
05:51Certamente, ele pode estar cavando este buraco.
05:57Eu acho que é um pouco isso que ele vai estar testando as águas, né?
06:01Acho que, pelo entendimento, então, sempre que a gente olha essas atitudes
06:05do Donald Trump, né, e ele é afeito a esse tipo de declaração,
06:09e esta é a forma com que ele faz negociação, né,
06:12ele gosta de fazer negociação sempre tendo um elemento de alavanca, né,
06:17que ele chama.
06:18Então, portanto, ele nunca faz uma negociação numa posição de fraqueza.
06:22Ele não quer dizer a que está sendo pressionado pelos democratas.
06:25Então, a alavanca que ele está usando nesse momento é essa.
06:29A ideia de que ele sabe que muitos democratas têm uma série de programas públicos
06:34que são defendidos pelos democratas, ele está dizendo,
06:36olha, se vocês não votarem esta legislação, eu vou demitir essas pessoas.
06:42Mas ele pode, como você colocou muito bem, entender, e os seus assessores talvez
06:48estejam discutindo isso com ele, que isto pode sim gerar um problema na questão do desemprego.
06:53Uma coisa é você licenciar esses funcionários durante o período do shutdown,
06:58coisa que já aconteceu em outras épocas.
07:01Outra coisa é você simplesmente fazer uma demissão em massa, né,
07:05criando, portanto, aí, como você disse, dificuldades com grupos de interesse
07:09e também aumentando, em certa medida, o grau de desemprego e assistência social
07:15que essas pessoas vão precisar.
07:17Num contexto, Favale, que se a gente olhar o orçamento que foi aprovado
07:22pela administração Trump, é um orçamento que corta muito
07:25desses benefícios sociais, inclusive, como você citou, os food stamps, né,
07:29coloca uma série aí de requisitos e burocracias para as pessoas acessarem
07:34esses benefícios sociais.
07:36Isso pode, talvez, tornar mais evidente problemas desse orçamento
07:40que foi passado no Congresso, isso pode ser ruim para o Donald Trump.
07:44Mas tudo isso vai depender, e todas as pessoas que estão falando agora no Congresso,
07:49estão todos eles medindo a temperatura da opinião pública.
07:52Essa é a grande questão que vai decidir, mais do que simplesmente os seus interesses,
07:57as negociações, é como a população vai reagir com relação a isso,
08:03num momento, como você também falou muito bem, que estamos nos aproximando aí, né,
08:08nos Estados Unidos, quando a gente fala de um ano, é um tempo muito curto, né,
08:12para as eleições, mas daqui a um ano teremos as eleições de meio de mandato, né,
08:17e isso normalmente é uma eleição que é ruim para o partido do presidente, né,
08:21Então, esses cálculos todos, certamente, estão nessa disputa que a gente está vendo agora
08:27em torno do shutdown.
08:28Pode, para a gente encerrar, tirando o critério que é o juízo de valor, né,
08:32se eu, você, quem está nos assistindo, se acha que é certo ou errado, bonito, feio, bom ou ruim,
08:38é uma questão de escolhas, né, a gente viu esta proposta de orçamento
08:42que corta benefícios sociais, por outro lado, houve um aumento de gastos militares,
08:48pela primeira vez na história dos Estados Unidos, o orçamento militar passa de um trilhão de dólares,
08:53independente da opinião de cada um, foi uma escolha do governo federal.
08:58Agora, para a gente encerrar, olhando o outro lado, que são os democratas,
09:02e você que está aí, né, acompanha como cidadão e também como acadêmico,
09:07um estudioso dos Estados Unidos, pode, quais são as figuras que seria interessante
09:11nós olharmos para o lado dos democratas.
09:14Tem o governador da Califórnia, que, me parece assim, vocifera bastante contra o Donald Trump
09:21e usa os mesmos recursos de ser irônico nas redes sociais, usa memes contra o presidente,
09:27na mesma medida que o Trump aprendeu a fazer,
09:30mas dentro do Congresso tem, eu sei que tem o líder da minoria também,
09:34tem mais alguém que seria bom nós prestarmos atenção,
09:37que agora, nesse mid-turn election, pode despontar, ou ao longo de 2026,
09:43ser uma pedra no sapato do Donald Trump?
09:46Vale, essa é uma questão crucial, né, e se a gente olhar aí as pesquisas de opinião,
09:52o Donald Trump, ele tem a sua aprovação caído bastante, né,
09:56a aprovação dele é significativamente menor hoje do que era quando ele assumiu, né,
10:02está neste ponto até abaixo do que estava no mesmo ponto do seu primeiro mandato,
10:07mas quem tem pior aprovação que o Donald Trump, de acordo com todas as pesquisas,
10:12e há uma consistência aí, é o Partido Democrata, né, a imagem do Partido Democrata está no chão,
10:19é o pior momento, de acordo com as pesquisas, desde que as pesquisas começaram a ser feitas,
10:24o pior momento em termos de imagem para o Partido Democrata.
10:28Isso cria uma situação muito difícil, de um certo vácuo de lideranças, né,
10:33se você olha, por exemplo, as pesquisas que são feitas, já pensando lá na frente, né,
10:38quem vai ser o candidato do Partido Democrata a presidente?
10:41Não tem nenhum, nenhum candidato que está disparando, né,
10:46entre os republicanos, se você faz a mesma pesquisa, o J.D. Vance, que é o vice do Trump,
10:51aparece em primeiro em todas as pesquisas.
10:52Nos democratas você não tem isso, o Gavin Newsom, que você mencionou, o governador da Califórnia,
10:57tem feito essas estratégias e tem conseguido aí um certo destaque,
11:01em algumas pesquisas ele já aparece em primeiro ou segundo lugar, na preferência,
11:05mas nunca de forma muito disparada, né.
11:08Então, este problema, essa sua pergunta nos leva a ter que afirmar um problema grave
11:14que os democratas têm, que é de falta de liderança, o próprio líder da minoria na Câmara e no Senado
11:21são figuras pouco carismáticas e que não têm conseguido, de alguma forma,
11:27recuperar a imagem do partido, né.
11:29Então, a situação dos democratas nesse momento, e essa é uma vantagem para o Donald Trump e os republicanos,
11:35é que apesar do Trump ser visto de forma a não ter uma popularidade muito alta nesse momento,
11:40os democratas estão nesse momento com a imagem no chão,
11:43num certo momento de crise existencial, buscando saber como é que eles vão, de alguma forma, se articular.
11:50A gente vai ter, em certa medida, algumas respostas já esse ano, né,
11:54temos eleições em New Jersey, na Virgínia, a eleição para a prefeitura de Nova York, né,
12:00que em certa medida vão nos dar aí algum tipo de entendimento, né,
12:04para onde está indo o partido democrata, mas ainda vai demorar,
12:08e não creio que exista hoje um líder que se destaque muito.
12:12Talvez, novamente, o Gavin Newsom, governador da Califórnia,
12:15seja aquele que tem mais, de alguma forma, a se destacar,
12:18mas, tirando ele, não tem nenhum grande nome aí que seja, neste momento, acima dos demais.
12:26Ródio, o único alento que eu tenho é saber que, nesse momento sugêneres da política americana,
12:32a gente pode contar com seus conhecimentos para desvendar o que está nas entrelinhas.
12:38Eu agradeço publicamente aqui, confesso que tive o privilégio de conversar,
12:43diretamente lá dos Estados Unidos, no estado do Kentucky, com o professor do Berea College,
12:48Carlos Gustavo Pódio, que sempre abrilhanta a nossa programação.
12:52Pódio, obrigado mais uma vez, até uma próxima, eu tenho certeza que vai ser bastante em breve.
12:57Tchau, bom restinho de semana.
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