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Donald Trump afirmou que os Estados Unidos podem realizar ataques terrestres na Venezuela em meio ao aumento da tensão com o regime de Nicolás Maduro. Regiane Bressan, professora de Relações Internacionais da Unifesp, analisa os impactos geopolíticos e os riscos para o Brasil.

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Transcrição
00:00Em meio ao clima de tensão entre a Casa Branca e o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela,
00:04o presidente Donald Trump afirmou, durante uma reunião de gabinete nesta semana,
00:08que os Estados Unidos começaram em breve a realizar ataques terrestres dentro da Venezuela.
00:13Sobre esse assunto, eu converso com Regiane Bressan,
00:16professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo
00:19e presidente do Fórum Universitário Mercosul.
00:22Boa noite, Regiane.
00:25Boa noite, Felipe. Boa noite a todos.
00:27Tudo bem. Regiane, como é que você vê?
00:30Primeiro, vamos começar com essa história dessa tensão entre Estados Unidos e Venezuela.
00:34Como é que você vê isso? Como é que esse problema pode respingar no Brasil?
00:39A situação realmente é bastante delicada, bastante complicada
00:43e claro que nenhum país da região gostaria de enfrentar um conflito dessa dimensão num país vizinho.
00:51Essa ofensiva dos Estados Unidos é bastante crescente.
00:56No entanto, dificilmente, tirando o Maduro do poder, vai acabar com o governo, o regime na Venezuela.
01:05Porque a grande verdade é que ele é sustentado por muitos militares.
01:10Aliás, Felipe, eu acho até que nem se ele quisesse sair do governo nesse momento, ele conseguiria.
01:16Porque muita gente depende dele, são generais, muitos militares.
01:22E assim, fica bastante difícil a gente pensar que, mesmo que ele saia do país,
01:29acabe o governo venezuelano atual.
01:35Para o Brasil, a situação ficaria muito complicada se esse conflito avançasse,
01:40porque nós sofremos uma série de questões dada a interdependência das fronteiras.
01:48Então, nós receberíamos mais migrantes e teríamos mais problemas ligados à fronteira com a Venezuela.
01:55Ou seja, é algo que o Brasil tem que lidar e tentar, de alguma forma, evitar que esse conflito escale.
02:03Professora, essa semana a gente viu uma situação curiosa.
02:07Ao mesmo tempo que o presidente Donald Trump está ameaçando o Maduro,
02:11dizendo que a Venezuela está levando drogas para os Estados Unidos,
02:14está bombardeando barcos que supostamente estariam levando drogas para os Estados Unidos
02:18e dizendo que é uma guerra às drogas.
02:21Por outro lado, o presidente americano deu um indulto para o ex-presidente de Honduras, o Hernandes,
02:27que estava condenado, estava preso nos Estados Unidos,
02:29condenado a 45 anos por envolvimento justamente com o narcotráfico.
02:34São dois pesos e duas medidas?
02:35Parece que é uma atuação um pouco diferente do presidente Trump em relação a esses dois líderes.
02:42Tem alguma coisa a ver com o petróleo da Venezuela?
02:45Certamente, Felipe.
02:47O que os Estados Unidos desejam é ter esse controle do petróleo,
02:51até porque atualmente, com a guerra da Ucrânia se estendendo tanto,
02:56dificilmente conseguiríamos, por exemplo, pensar que os Estados Unidos não dependeriam mais desse petróleo.
03:06A grande verdade é que é uma cortina de fumaça
03:08e nós sabemos que o narcotráfico não se acomoda em apenas um país.
03:14Ou seja, são redes transnacionais que necessitariam de cooperação internacional,
03:20que necessitariam de muitos esforços de vários países para conseguir contê-lo,
03:27já que ele atua através das fronteiras.
03:30Aliás, eu sempre gosto de lembrar que o principal parceiro dos Estados Unidos na América Latina
03:35no combate ao narcotráfico é Cuba,
03:37que tem um governo que faz um controle bem amplo no seu território.
03:43Assim, também sabemos que a Venezuela tampouco é o país mais envolvido
03:47em relação ao narcotráfico da região.
03:50Dessa forma, é apenas um pretexto para que o Trump não precise passar no Congresso dos Estados Unidos
03:58a autorização para invadir definitivamente a Venezuela.
04:02Ou seja, ele usa a agenda, o tema do narcotráfico,
04:06para conseguir mandar suas missões e, claro, fazer ofensivas duras a Nicolás Maduro.
04:12Agora, professora, a gente tem visto essa estratégia de bombardear barcos em águas internacionais,
04:19mesmo que seja em águas internacionais, já está chegando num limite perigoso.
04:24Além de várias pessoas que já morreram, sem nenhuma prova de que eles eram traficantes,
04:28recentemente a gente viu um certo questionamento até do próprio Partido Republicano
04:32em relação a um míssil que teria atingido sobreviventes de um primeiro ataque.
04:39Então, está começando a ter uma mudança ali na questão política entre os próprios republicanos.
04:44Você acha que essa pressão interna pode levar o presidente Donald Trump
04:47a tomar uma outra decisão, por exemplo, em relação à Venezuela?
04:51Olha, existem muitas variáveis neste jogo.
04:57Aliás, o tabuleiro das relações internacionais é muito dinâmico
05:01e ele é formado por pressões tanto externas ao Estado quanto internas aos Estados Unidos.
05:08Ou seja, nós temos uma comunidade internacional que se coloca contrária a esse tipo de ataque.
05:16que, como você mesmo disse, são civis que morrem, que perdem as suas vidas,
05:21sem ter uma comprovação que estariam efetivamente ligados ao narcotráfico.
05:26E assim, os Estados Unidos vão se aproximando cada vez mais da Venezuela,
05:31aumentando uma ofensiva que a gente sabe que não vai resolver o problema do narcotráfico
05:36nem as questões internas da Venezuela.
05:39Por outro lado, é muito provável que a sociedade dos Estados Unidos
05:46também comecem a pressionar o governo de Donald Trump
05:49para reverter essa ofensiva, essa situação.
05:53Eles enfrentam problemas migratórios?
05:56Enfrentam.
05:56E nós, analistas, imaginávamos no começo deste ano
06:00que o seu governo, ou seja, o governo de Trump,
06:02seria muito pragmático em relação às migrações.
06:05Mas a gente vê um governo muito mais em ações
06:10que somam não apenas o combate à migração
06:16ou mesmo o controle migratório,
06:18mas que vão para uma arena de violência,
06:22uma arena de ingerência.
06:25Então, realmente, é um governo que deve sofrer
06:28não apenas contra oposição por parte da sociedade,
06:33mas, possivelmente, cada vez maior do Congresso dos Estados Unidos.
06:38Professora, agora, o que a gente sempre vê,
06:41a gente vê algumas notícias que nos deixam um pouco preocupados.
06:44Por exemplo, em relação ao presidente Donald Trump,
06:46ele acusando a Venezuela de ter grupos dos cartéis venezuelanos de drogas
06:51serem terroristas, narcoterroristas.
06:54Depois, nós vemos essa discussão aqui no Brasil,
06:57alguns políticos dizendo que as associações,
06:59os grupos criminosos do crime organizado
07:01devem ser vistos também como organizações terroristas
07:04por causa dessa questão das drogas.
07:06O presidente Donald Trump já disse, inclusive,
07:09que ele poderia atacar grupos produtores de drogas,
07:12criminosos ligados às drogas,
07:15em qualquer lugar onde ele achar que seja necessário.
07:19Claro que eu não quero ser alarmista,
07:20mas a senhora vê alguma perspectiva de, por exemplo,
07:24alguma intervenção na Venezuela
07:26ou em algum outro lugar da América do Sul?
07:28Certamente os Estados Unidos pressionam para isso,
07:34ou seja, o governo de Donald Trump,
07:36ele mostra ser um governo, como eu disse,
07:38que vai muito além da construção de uma política externa
07:42que respeita os princípios das relações internacionais.
07:47Eu não tiro do horizonte que os Estados Unidos
07:50tenham problemas com outros países da região,
07:53como com a Colômbia, do Gustavo Petro,
07:57quando já houve desafios na ordem política
08:02com o presidente colombiano.
08:05Da mesma forma, claro, enfrentamos aqui o tarifácio,
08:09ou seja, eu vejo que alguns países já optam
08:12por um alinhamento muito declarado, muito direto,
08:15como a própria Argentina e um dos candidatos,
08:19por exemplo, às eleições do Chile,
08:22que vão acontecer no dia 14 de dezembro,
08:24e outros, claro, que resistem ou querem,
08:28como o Brasil fez, mostrar soberania,
08:32afirmar autonomia,
08:33enfrentam aí dificuldades, restrições nessas relações.
08:39Eu não tiro do horizonte que os Estados Unidos
08:41possam ainda nesses anos de governo de Trump
08:45ter mais conflitos, ou seja,
08:47os Estados Unidos entrarem em novos conflitos
08:49na região, sobretudo por conta
08:52de questões ideológicas que fogem
08:55do controle das próprias sociedades.
08:58Agora, professora, uma outra questão
09:01que deixa a gente sempre meio assim
09:03preocupado, meio atento,
09:05é a questão do porta-aviões Gerald Ford,
09:07que é o maior porta-aviões do mundo,
09:08está no Mar do Caribe,
09:10com várias, né, 15 mil fuzileiros navais
09:13e tudo mais, seria possível imaginar
09:16uma intervenção americana com uma invasão,
09:18por exemplo, terrestre na Venezuela?
09:20Isso é uma coisa que está em discussão,
09:23claro, o presidente Donald Trump
09:24diz que todas as opções estão na mesa,
09:26aquela expressão que eles gostam de usar,
09:28mas seria uma coisa factível
09:30uma intervenção por terra,
09:31uma invasão da Venezuela, por exemplo?
09:34Felipe, certamente,
09:36quando os Estados Unidos fazem esse tipo
09:38de ameaça, a Venezuela já está
09:40se preparando, pedindo apoio
09:41da Rússia e da China.
09:43Imagine que na época ainda
09:45de Hugo Chaves, que faleceu
09:47em março de 2013,
09:50a Venezuela já estava fazendo
09:51acordos de cooperação
09:54em relação à questão militar,
09:57tanto com a Rússia,
09:59tanto com a China.
10:00Portanto, quando os Estados Unidos
10:03escalarem nesse conflito,
10:06ameaçarem cada vez mais
10:07ou mesmo se vierem a invadir,
10:10certamente nós teremos a presença
10:12de China ou mesmo da Rússia
10:14na região.
10:16Isso, claro, vai afetar
10:18muito as relações com a América
10:20do Sul inteira, com o Brasil.
10:22Vai ser um grande problema para nós,
10:25porque o Brasil não quer nem guerra
10:26dos Estados Unidos e tampouco
10:29um conflito que ganhe
10:32uma dimensão muito maior
10:34do que estar aqui do nosso controle,
10:37minimamente no nosso controle.
10:39Então, existe muito receio
10:41de que isso aconteça,
10:43mas nós sabemos que provavelmente
10:45a Venezuela vai contar com a ajuda
10:47de países de fora da região.
10:50Professora, seria muito bom
10:51que a Venezuela fosse uma democracia
10:53de fato e o Maduro saísse
10:54por meio do voto popular,
10:56mas pelo jeito vai ser difícil
10:57isso acontecer.
10:58Obrigado mais uma vez,
10:59professora Regiane Bressan,
11:01professora de Relações Internacionais
11:03da Universidade Federal de São Paulo
11:04e presidente do Fórum Universitário
11:06Mercosul.
11:07Professora, obrigado mais uma vez
11:08e boa noite.
11:10Obrigada a você, Felipe.
11:12Um abraço a todos.
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