Brasil reage a restrições dos EUA a Padilha e destaca impacto na saúde global

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O governo brasileiro criticou restrições dos EUA que impediram o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de participar da OPAS em Washington. A decisão ocorre às vésperas da Assembleia Geral da ONU, envolvendo também temas estratégicos como vacinas, ciência e articulações do Mercosul e Brics.

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00:005 horas e 57 minutos, o governo brasileiro respondeu às restrições impostas pelos Estados Unidos

00:07à presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em Nova Iorque na semana que vem

00:12por conta da Assembleia Geral da ONU.

00:14A gente vai trazer aqui agora no telão a nota divulgada pelo Ministério da Saúde

00:19reagindo, portanto, a essa decisão de Washington.

00:22O título é Governo dos Estados Unidos impede participação do Ministério da Saúde

00:27em reunião da OPAS em Washington.

00:29O OPAS é um órgão do Sistema das Nações Unidas e essa reunião também acontece

00:33paralelamente à Assembleia Geral da ONU na semana que vem.

00:36O texto diz o seguinte, em comunicado recebido da missão dos Estados Unidos para as Nações Unidas,

00:42o Ministério da Saúde do Brasil foi informado da proibição imposta ao ministro Alexandre Padilha

00:47de participar presencialmente da reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana de Saúde, a OPAS.

00:55A decisão viola o acordo de sede com a ONU e o direito do Brasil de apresentar as suas propostas

01:01no mais importante Fórum Global de Saúde para as Américas.

01:05O país é uma referência em saúde pública mundial e um dos principais articuladores de ações

01:10voltadas à defesa da vacina, da ciência e da vida.

01:13Para a viagem aos Estados Unidos, os termos do visto concedido permitem exclusivamente a ida

01:19a Nova Iorque com deslocamentos restritos do hotel para a ONU, além de instalações médicas

01:25em caso de emergência.

01:27Então foi essa autorização que os Estados Unidos deram ao ministro Alexandre Padilha.

01:32Ele não poderia se deslocar livremente por Nova Iorque.

01:35Teria que seguir esse itinerário, hotel ONU ou no hotel, ou no máximo um deslocamento

01:39para um hospital, um posto de saúde em caso de emergência.

01:44Em razão dessas limitações infundadas e arbitrárias ao exercício diplomático brasileiro,

01:49o ministro Alexandre Padilha decidiu não participar das atividades para as quais foi convidado

01:54e permanecer no Brasil dedicado à votação da medida provisória do programa

01:59Agora Tem Especialistas no Congresso Nacional, uma prioridade da sua gestão.

02:03Não se trata de uma medida de retaliação ao ministro, mas ao que o Brasil representa

02:09na luta contra o negacionismo que retira o direito de crianças de se vacinarem

02:14e guia os retrocessos relacionados à saúde que a população norte-americana enfrenta.

02:19Aqui uma crítica a Robert Kennedy Jr., o ministro da Saúde, o secretário americano da Saúde.

02:26A participação do Brasil é determinante para a criação de uma rede inédita de produção

02:32de vacinas na América Latina, envolvendo a Argentina e México

02:35e beneficiando todos os países vizinhos com redução de custos, geração de renda,

02:40desenvolvimento e maior autonomia na oferta de vacinas.

02:43Todas as articulações estão mantidas com a delegação do Ministério da Saúde

02:47em Nova Iorque e Washington e reforçadas por reuniões do próprio ministro

02:51em eventos como a COP30, diálogos bilaterais e missões com representantes

02:56do Mercosul e do BRICS, blocos com presidência do Brasil.

03:00A ciência continuará a avançar e o Brasil não deixará de atuar pela sua soberania.

03:06Aqui, portanto, mais um estranhamento entre Brasil e Estados Unidos,

03:10entre os governos dos dois países e o governo brasileiro,

03:13decidindo então que, frente às restrições impostas por Washington

03:16ao ministro Alexandre de Padilha, ele não vai.

03:19E aí o nosso governo publica uma nota como essa com críticas aqui ao governo americano.

03:25São seis horas em ponto sobre essa manifestação do Ministério da Saúde.

03:31Eu vou chamar de novo ao vivo de Brasília, Eduardo Gair, o nosso analista.

03:36Gair, mais um capítulo aí nessa tensão entre os dois países, hein?

03:39Pois é, Turcio. E os Estados Unidos, na prática, inviabilizaram a participação do ministro da Saúde,

03:47Alexandre Padilha, na reunião da OPAS e também na própria reunião da ONU.

03:51Porque Padilha não teria o objetivo de ir só do hotel para a ONU.

03:55Ele também iria visitar hospitais que têm parceria com o Brasil, lá em Nova Iorque.

04:01Ele iria ter reuniões, por exemplo, na própria embaixada brasileira, na casa do embaixador.

04:07E ele teria os movimentos muito restritos na cidade.

04:10E seria muito ruim, politicamente, para ele, de fato, aceitar se submeter a essas regras impostas

04:16arbitrariamente pelo governo americano a ele.

04:19E vamos lembrar o motivo que foi alegado lá atrás,

04:22único e exclusivamente porque ele participou da criação do programa Mais Médicos,

04:26no governo Dilma Rousseff, lá em 2013, quando ele também era ministro da Saúde.

04:30A mulher de Alexandre Padilha e a filha dele de 10 anos, lá atrás, também tiveram os seus vistos caçados.

04:37Então, claro que é mais um capítulo dessa tensão entre Brasil e os Estados Unidos

04:41e com uma consequência prática para nós, que é um ministro da Saúde brasileiro

04:45que não vai poder acompanhar as organizações multilaterais e as discussões mundiais

04:50a respeito de saúde e vacinação, dois temas muito caros para o nosso país.

04:55E só para complementar e te devolver, Turce, vou dar aqui um pitaco na política,

05:00também, porque é óbvio que se Trump continuar dessa forma, ele se torna o maior cabo eleitoral

05:06de Alexandre Padilha que quer disputar a Prefeitura de São Paulo em 2028.

05:10Padilha, que é, claro, um ministro importante, foi ministro da articulação política,

05:15mas Padilha quase não entrou em 2022, quando foi candidato a deputado federal.

05:19teve uma votação baixa, quase no limite, para ficar de fora da Câmara dos Deputados.

05:24E agora se torna um dos maiores adversários, vamos dizer assim, do Departamento de Estado americano

05:29aqui no Brasil.

05:30Esse contraponto direto, a popularidade que o presidente Lula conseguiu surfar no tarifaço,

05:36eu tenho certeza que Alexandre Padilha vai surfar na campanha de 2028,

05:40quando ele vai tentar disputar a Prefeitura de São Paulo, Turce.

05:43Interessante esse ponto, Gair, e lembrando também que na semana que vem,

05:47provavelmente, os presidentes Lula e Trump vão se cruzar na sede da ONU em Nova Iorque,

05:53porque Lula, como é tradição, fará o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU,

06:01o Brasil tradicionalmente faz esse discurso, e o presidente Donald Trump discursa logo em seguida.

06:05Então vai ser interessante observar, eventualmente, algum encontro entre os dois,

06:09ou mesmo o tom dos discursos e eventuais referências um ao outro.

06:15Obrigado, Gair, pela sua participação.

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