No novo episódio do Em Off, o fenômeno da culinária na internet, Daniel Sozzo, conta como tudo começou. Ele revela os detalhes de como seus vídeos de receitas simples viralizaram e como foi trabalhar em um dos melhores restaurantes do mundo. Daniel também explica por que tem preconceito com o termo "influenciador" e como prefere se classificar.
Assista à íntegra em: https://youtu.be/ch0qnXs9P60
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00:00Agora conta por que que você está aqui, onde foi que você chamou a atenção da mídia que você começou a aparecer?
00:06Cara, essa história é muito doida, tá? Mas, tipo assim, vou falar, eu não sei exatamente por que que, tipo, alguns vídeos começaram a explodir, assim.
00:17Eu só meio que tô fazendo tudo que eu quero, sabe? E aí eu gosto muito de produzir um conteúdo, como posso dizer, genuíno.
00:25Então, tipo, eu não tô nem aí. Tipo, eu vou e faço o que eu quero.
00:29Vamos só pra gente tentar classificar aqui de alguma forma.
00:32Tá bom, volta.
00:33Você se considera um criador de conteúdo, um influenciador, um crítico de gastronomia, uma pessoa normal que faz conteúdo na internet e esse conteúdo começou a reverberar?
00:42Tá bom, vamos por partes. Influenciador eu não sei, eu tenho um pouco de preconceito com essa palavra, assim.
00:47Por quê?
00:48Não sei, eu não sei, porque eu acho soberbo. É difícil, sabe? Você se considerar uma pessoa que influencia as pessoas, eu acho soberbo.
00:57Eu acho que, tipo, você tem que pegar e produzir o conteúdo e se esse conteúdo gerou uma influência, isso é uma consequência.
01:04Então eu gosto mais do termo criador de conteúdo. Eu nunca me apresento muito como influenciador.
01:09Eu me considero um crítico? Acho que não.
01:11Tipo, eu gosto de fazer essas críticas sobre gastronomia e tudo mais, acho legal, mas eu não me considero um crítico.
01:18Acho que, tipo, o crítico, ele tem uma ciência, uma técnica, acho que mais endossada, mais profunda do que eu tento apresentar.
01:25Tipo, quando eu penso em Instagram, eu acho que as pessoas estão lá muito por entretenimento.
01:29E aí eu hoje, eu tô tentando trazer um pouco da técnica que eu conheço de gastronomia, mas ao mesmo tempo, tipo, de uma forma que seja entretenimento.
01:39Então eu tento equilibrar um pouco desses dois, assim.
01:41É muito legal, até o primeiro vídeo que deu uma viralizada forte, a ideia dele, de onde veio, é muito louca, assim.
01:47Porque, basicamente, eu tava lá folheando, tipo, o TikTok e tudo mais da vida, e aí eu vi uma chefe de cozinha fazendo esse ou esse de queijos.
01:57E aí eu falei, caraca, que legal, eu fiquei meio preso, assim, no vídeo.
02:00E como eu planilho o restaurante que eu vou há muitos anos, eu olhei e falei assim, cara, eu tenho um monte de restaurante.
02:06Eu falei, amor, me grava aí, vamos ver.
02:09Eu não fiz em momento nenhum, tipo, caralho, eu vou virar criador de conteúdo, vou ficar famoso, nada disso.
02:16Só achei que ia ser maneiro como conteúdo.
02:17E aí eu fui lá e descobri uma linguagem legal pra falar de restaurante.
02:21E aí, depois disso, o que começou?
02:22Aí a gente começou a fazer saga de melhor estrogonofe, melhor pão na chapa, melhor carbonara.
02:28E aí as coisas começaram a acontecer.
02:30Mas você fala assim, o que que te trouxe aqui?
02:32Eu não sei.
02:33Tipo, eu não sei mesmo.
02:34Você é formado em gastronomia.
02:36A sua história com a comida e com a gastronomia não começou agora.
02:40Não, não, não.
02:41Como é que ela começou?
02:42Primeiro que ela começa com a minha avó.
02:45Tipo assim, meus pais, meu pai e minha mãe trabalharam muito durante a minha infância.
02:48E aí, dos 10 a mais ou menos ali os 15 anos, o que aconteceu?
02:53Eu ia pra escola, saía da escola e aí eu ia pra casa da minha avó.
02:57E ela que me buscava na escola e tudo mais.
02:59Eu acho que quando você tem, sei lá, 10 anos, 11 anos, você tem tanta energia,
03:02que o único jeito de você fazer a criança ficar quieta é botando ela pra fazer alguma coisa.
03:05E aí minha avó me colocava pra cozinhar.
03:07E eu acho que eu criei a paixão ali pela cozinha, pelo ato de cozinhar e de comer, por isso.
03:13Então eu tive essa parte ali, muito forte com a minha avó, e eu comecei a aprender sobre gastronomia.
03:19E aí com 18 anos eu entro na faculdade e começo minha carreira.
03:22Meu primeiro emprego na gastronomia foi como auxiliar de sushi man.
03:25Então eu comecei ali fazendo, tipo, peixe, né, ajudando o máximo que eu podia,
03:28depois fui pra cozinha quente.
03:30Só que eu comecei a notar que, tipo assim, cara, o mercado da gastronomia é um mercado muito complicado.
03:36Tipo, eu fico muito puto com várias pessoas no Instagram, que, tipo, são críticos racionômicos e tudo mais,
03:44mas, tipo assim, eu acho que alguns beiram desrespeito.
03:47E quando eu penso, tipo, no mercado da gastronomia, ele é um mercado que quem tá lá,
03:53ele tá abrindo mão de tanta coisa pra te servir.
03:55Tipo assim, tanta coisa.
03:57Eu lembro de mim, assim, óbvio, eu tive uma carreira que foi mais ou menos 18 aos 22,
04:01assim, de gastronomia pesada, barriga, tipo, atrás do fogão.
04:04E aí eu lembro, tipo assim, dia dos namorados eu tenho que trabalhar,
04:09Natal eu tenho que trabalhar, Réveillon eu tenho que trabalhar,
04:12Dia das Mães, que talvez seja um dos que mais trabalha, absurdo, assim.
04:16E aí você pensa, tipo, esse cara não tá lá, tipo, essa pessoa não tá lá.
04:21E, Mário, assim, é maluquice.
04:23Você ainda pegar e ser desrespeitoso com o cara é foda.
04:27Eu acho que você tem o direito, sim, de falar que uma comida tá ruim,
04:30uma comida tá boa, que o serviço foi inadequado.
04:32Mas tem formas respeitosas de você levar isso, sabe?
04:36Tipo, as pessoas que estão lá, elas estão abrindo muito mão de, tipo,
04:39da vida delas em prol de te servir.
04:42Isso é foda.
04:43E você chegou a trabalhar em um dos melhores sessões do mundo,
04:45ou pelo menos estrelado, o premiado que é o Dom, certo?
04:47Sim.
04:49O Alex Atala vai gostar disso.
04:51A gente nunca trocou ideia, tá?
04:53Quando eu trabalhei lá.
04:53Alex Atala!
04:55Por favor, Alex Atala, a gente quer trocar uma ideia com você.
04:58E quando eu digo isso, eu digo o Daniel que eu trabalhei com você.
05:00Porque, tipo, eu trabalhei lá, eu estagiei lá e depois eu fiquei mais uns dois meses ali ajudando na parte...
05:05Eu fui pia no Dom.
05:07Tipo assim, quando eu trabalhei como estagiário, eu trabalhei na cozinha de preparação.
05:10E aí eu produzia muita coisa e tal.
05:12E depois eu fui pia no Dom.
05:14Só que quando eu trabalhei lá...
05:15Pia significa o quê?
05:15Você lavava louça?
05:16Lavava louça.
05:17Perfeito.
05:17E tipo assim...
05:18Eu adorei que tem um nome específico.
05:20Eu fui pia.
05:20Não, tem vários nomes.
05:21Tem vários nomes, assim.
05:22E aí, cara, o que foi muito doido é que eu sempre faço essa piada, tá?
05:29E eu...
05:30Porra, foda-se.
05:31Vou fazer aqui também.
05:32Mas com os meus amigos, que eu costumo dizer que...
05:34Eu trabalho com dados também, né?
05:36Na empresa e tudo mais.
05:37E aí eu falo que às vezes você consegue mentir com estatística.
05:41E o que eu vou fazer aqui é isso, tá?
05:43Perfeito.
05:43Quando eu entrei no Dom e trabalhei lá, mesmo que como estagiário,
05:47o Dom era o quarto melhor restaurante do mundo.
05:49Perfeito.
05:50E desde que eu saí, ele nunca atingiu esse posto mais.
05:53Coincidência?
05:56Não podemos dizer que é posto coincidência.
05:58Não podemos dizer.
05:59Óbvio que não tem nada a ver.
06:00Eu tô só fazendo uma piada aqui.
06:02Mas se você olhar o gráfico, eu saí e ele nunca mais esteve lá, entendeu?
06:05Então assim...
06:05Eu posso alegar que depois que eu saí, coisas mudaram.
06:09Não, eu tô zoando, tá?
06:10A Alex Atala admiro demais teu trabalho.
06:12É só uma piada, obviamente.
06:13Critique o Dom.
06:14Critique o Dom.
06:15Faz muitos anos.
06:16Eu não tenho...
06:17Critique o Dom na época que você conhecia o Dom.
06:18Critique o Dom na época que você conhecia o Dom.
06:21Não, eu acho que todo...
06:22Eu vou falar assim, acho que todo restaurante tem críticas, assim.
06:25E é foda.
06:27Uma das coisas que eu lembro que a gente conversou quando eu trabalhei lá, que foi muito legal,
06:31é que normalmente, restaurantes que estão em patamares muito altos, tipo assim, de ser
06:36muito renomado e ter muita expectativa nele, as pessoas normalmente não vão nele só
06:43tipo pra comer, vão nele primeiro pra ter uma experiência e aí muita gente fala,
06:47porra, paguei mil reais numa comida e o negócio me deixou com fome e tal.
06:51Mas caralho, você foi lá pra, tipo, se empanturrar ou pra viver um negócio que você nunca
06:55viveu?
06:56Mas foi o meu maior problema aqui em restaurantes como o Mani, o Dom, tipo, o Tujú, restaurantes
07:00que estão muito em alta aqui em São Paulo, principalmente.
07:03Quando você pega esses caras, tem muita gente que vai lá pra procurar defeito.
07:07Tipo assim, ai, nossa, porque o guardanapo tava meio de canto, tipo, ah, o cara demorou
07:14cinco minutos pra me atender.
07:15E você não acha que isso é um movimento do consumo, genericamente falando?
07:22Você entra no perfil da pessoa pra achar uma coisa pra meter o pau, você assiste o vídeo
07:25do cara pra falar mal do que ele tá falando, você entra no restaurante pra achar o defeito.
07:29Isso é muito real.
07:32Eu acho que sim, e eu acho que a gente tá ficando meio triste de achar que tudo é perfeito,
07:37tá ligado?
07:37Mas será que a gente acha que tudo é perfeito e a gente precisa de uma, de um lugar de consolo
07:44e falar, não, você também não é tão bom assim, olha aqui, eu tô expondo.
07:47A gente sempre achou que tudo era perfeito?
07:47Tipo, em que momento a gente começou a achar que tudo era perfeito?
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