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Em entrevista, o professor de direito constitucional André Marsiglia comenta a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da suposta trama golpista. Segundo ele, o comportamento da Corte tem sido "mais político do que jurídico".

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Transcrição
00:00E pra continuar falando sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus,
00:05nós recebemos agora o professor advogado e professor de direito, André Marciglia,
00:10chega nessa edição do Jornal Jovem Pan, pra nos ajudar a entender melhor aí os meandros jurídicos dessa decisão,
00:16o que está por vir, explicar essa decisão de hoje já, o voto proferido pelo ministro Alexandre de Moraes.
00:22Professor, boa noite, bem-vindo.
00:24Boa noite, prazer estar aqui com vocês, com toda a audiência do Jovem Pan News.
00:28Professor, a primeira pergunta é como você recebe o voto condutor, o voto do ministro Alexandre de Moraes,
00:34que condena o ex-presidente Jair Bolsonaro e todos os outros réus por todos os crimes que a Procuradoria-Geral da República denunciou.
00:44Olha, com surpresa nenhuma, né, o ministro Moraes, ele vem há muito tempo já anunciando o seu voto, né,
00:51sempre que há alguma oportunidade, mesmo que seja no recebimento da denúncia inicialmente,
00:57depois na leitura do relatório, enfim, em todos os momentos o ministro Moraes antecipa o seu voto e dá a sua visão a respeito desses fatos todos.
01:06Então, surpresa nenhuma, é mais do mesmo, né, a gente já tinha certeza que isso aconteceria,
01:13assim como também em relação ao Dino.
01:16Me parece que a surpresa ficará por conta do voto do Fux, que pode ser um voto divergente a partir de amanhã.
01:21Já vou trazer os nossos comentaristas pra essa conversa, a próxima pergunta é da Dora Kramer.
01:28Boa noite, professor André Marcília, muito prazer em recebê-lo aqui.
01:34Eu queria saber do senhor, porque essa questão da anistia, se a anistia é ou não, pode ou não ser enquadrada,
01:41quer dizer, se o golpe de Estado, se esses crimes que estão sendo examinados agora,
01:46podem ser enquadrados, cabem, se a anistia cabe a eles.
01:50E aí, queria que o senhor desse não só a sua opinião sobre isso,
01:55porque há muita divergência no mundo jurídico,
01:58e também, como é que o senhor viu o fato de o ministro Dino
02:06resolver enfrentar esse assunto ali na abertura do voto dele?
02:11Olha, Dora, eu vou começar pelo final, né, eu acho que, da sua pergunta,
02:20eu acho que o Dino, no momento em que o ministro se manifesta a respeito de anistia,
02:25ele só traz mais politização para esse julgamento que, enfim, tem sido muito mais político do que jurídico.
02:32Não é cabível nesse momento, aliás, não é cabível em qualquer momento os ministros se manifestarem
02:36por um tema que está no Congresso, aliás, está sequer no Congresso,
02:40está sendo cogitado, discutido ainda no Congresso,
02:43sequer em trâmite no Parlamento.
02:47Então, antecipar uma visão me parece um claro recado,
02:50ele chega a dizer, eu aqui até, para auxiliar os demais poderes,
02:54entendo que a anistia é inviável, quer dizer, para esses crimes.
02:59Então, esse tipo de recado, esse tipo de antecipação,
03:02é indevida, totalmente indevida ao judiciário, ao magistrado, ao ministro do STF
03:08e só reforça que nós estamos diante de um STF
03:12que se comporta de forma muito mais política do que jurídica
03:15durante todos os seus atos, inclusive nesse julgamento.
03:19Uma coisa que também, hoje, me chocou durante esses votos todos
03:25é o ministro Moraes, por exemplo, mencionar
03:29Olha, a gente não está aqui discutindo a materialidade,
03:32a gente não está discutindo se houve ou não tentativa,
03:35estamos discutindo apenas a autoria.
03:37Como que nós estamos discutindo se houve ou não tentativa?
03:40Claro que estamos.
03:41É o início do julgamento, é nesse momento que os debates se fazem,
03:46é nesse momento que é pertinente, inclusive,
03:49se discutir a materialidade e a autoria,
03:51que são os componentes de qualquer processo penal.
03:54Então, esse tipo de postura de, olha, tem coisas aqui que não são mais para serem discutidas
04:01ou a anistia não deve ir adiante,
04:04essa forçação de barra, vamos dizer, dos ministros me parece totalmente indevida.
04:10A anistia, ela é um instituto constitucional,
04:14ela está prevista na Constituição e também está previsto na Constituição
04:18ou previstos os casos em que não cabe anistia,
04:22que é tráfico de drogas, que é crimes de terrorismo e crimes hediondos.
04:27Nenhum desses crimes chamados contra a democracia
04:30estão previstos na nossa Constituição como inviáveis de serem anistiados.
04:37E aí, o que há de divergência, Dora, a respeito disso,
04:41é que alguns advogados chegam a dizer o seguinte,
04:44ah, mas não está previsto, mas é implícito na Constituição,
04:49porque se um crime contra a democracia se atenta à própria Constituição,
04:54então é óbvio que aquilo não poderia ser anistiado.
04:57Mas nós temos de lembrar que muita coisa atenta contra o Estado,
05:00atenta contra a Constituição.
05:02Roubo atenta também.
05:05Por exemplo, tudo que a gente tem visto agora,
05:07esses escândalos todos da Previdência,
05:09tudo isso também atenta contra a democracia,
05:12contra o Estado, contra a Constituição,
05:13e não é por isso que nós estamos dizendo
05:15que eles não são passíveis de serem anistiados.
05:18A gente não pode inventar tipos penais e nem normas constitucionais
05:24simplesmente porque a gente tem receio
05:26de que isso possa trazer alguma consequência no futuro
05:30ou de que não seja cabível porque é contra a democracia.
05:34Esse é um tipo de subjetividade que a Constituição não recebe bem
05:37e que nós, então, como intérpretes da Constituição,
05:40e, sobretudo, os ministros, os últimos intérpretes da Constituição,
05:44também não devem fazê-lo.
05:46Eles devem se ater ao texto da lei
05:48e não ao que eles pensam ou gostariam que estivesse no texto da lei.
05:53Professor André, a pergunta agora é do Túlio Nassa.
05:57Professor André, boa noite.
05:59É uma honra tê-lo aqui conosco.
06:00Professor, uma questão que vem se colocando muito
06:03como ponto central dessa discussão,
06:05tanto pela acusação, pela defesa e, agora, pelos votos do ministro,
06:10está no mérito, exatamente naquele trecho em que se discute
06:13o que é tentativa e o que é mera cogitação.
06:16Isso é algo que a sociedade, em geral,
06:19tem uma dificuldade muito grande de observar
06:21e algo que o ministro Alexandre de Moraes,
06:23num esforço hercúleo, tentou ligar live,
06:26tentou ligar manifestação de Jair Bolsonaro,
06:29tudo a uma tentativa chamada violenta ou de grave ameaça.
06:33Como que o senhor pode enxergar essa questão
06:35e explicar para o telespectador que, de fato, existe de cogitação
06:40ou de início de prática de tentativa de abolição
06:43do Estado Democrático e Direito ou golpe de Estado?
06:47Perfeito. Veja, a gente precisa entender
06:50que a cogitação, dentro da nossa legislação,
06:52isso não é uma questão de opinião, ela não é punível.
06:55Então, se, por acaso, eu chego,
06:57ou qualquer um de nós chegar em casa, na sua casa,
07:00e cogitar, no dia seguinte, assaltar um banco,
07:03isso não significa que você pode ter a polícia
07:06entrando pela janela e te prendendo.
07:09Você está cogitando, você precisa iniciar algum ato
07:12concreto para que aquilo ocorra.
07:15Isso não significa que você precisa concluir o ato.
07:18Muitas pessoas dizem,
07:19ah, não, mas se houver a conclusão de um ato,
07:22de um golpe de Estado,
07:23não haverá mais Estado para punir o golpe.
07:26Certo?
07:26Mas você não precisa concluir,
07:28você precisa iniciar.
07:29Então, o início já é punível,
07:32e, no entanto, a cogitação não.
07:34Então, se você estiver no terreno de lives,
07:37como você bem disse,
07:38de postagens, de questionamentos a respeito do Estado,
07:42a PGR chega a dizer que as lives, as postagens,
07:46elas poderiam ter enfraquecido,
07:49servido para enfraquecer o Estado,
07:51mas isso tudo está num terreno de uma subjetividade imensa.
07:57Porque se é possível, por lives,
07:59ou por postagens,
08:00ou por questionamentos,
08:02se enfraquecer o Estado,
08:03então todos nós aqui que nos manifestamos,
08:05advogados, jornalistas,
08:07a imprensa de uma forma geral,
08:08está sempre potencialmente cometendo algum ilícito.
08:12Nós não sabemos o que terceiros farão
08:14com aquilo que a gente disse,
08:15e não sabemos o que acontecerá no dia seguinte ao que dissermos.
08:19Então, como é que a gente fica?
08:20Se aquilo que for dito,
08:23ou aquilo que for expressado,
08:25for o suficiente para se entender
08:27como um ato de execução de um golpe de Estado,
08:30bom, primeiro que a gente compreende
08:31a palavra como algo violento.
08:34Se a gente entender que a palavra é um ato de violência
08:38a ponto de se poder abolir um Estado,
08:40como é que a gente vai tratar violências
08:42como sequestros, homicídios e outras coisas mais?
08:46É preciso ter um pouco de parâmetro.
08:47As palavras, se forem tratadas como violência,
08:50a gente precisa tratar as demais violências,
08:55as ações violentas, como algo, então, enfim,
08:57merecedor do quê?
08:59De enforcamento.
09:00Então, é muito perigoso que a gente trate
09:03a palavra dessa maneira.
09:05E pior, que a gente entenda que simplesmente
09:07pessoas que se manifestaram dessa ou daquela maneira
09:11já iniciavam com isso um golpe de Estado.
09:14Porque, repito, todos nós ficamos expostos
09:17à possibilidade de que se compreenda
09:19que a minha palavra hoje possa ser já entendida
09:23como o início de uma execução de algo que eu não fiz
09:27e que nem farei e que sabe-se lá se terceiros o farão.
09:31Isso é o grande ponto dessa história,
09:33porque isso sobrevive à questão Bolsonaro
09:35ou a esse julgamento.
09:37Se nós criminalizarmos, de alguma forma,
09:40como parece que está ocorrendo,
09:42a liberdade de expressão,
09:45as redes sociais e todo o debate público,
09:50nós teremos, sem dúvida alguma,
09:52menos capacidade de promovermos ideias no futuro.
09:57Professor André Marciglia, que também é advogado,
09:59professor de Direito,
10:00eu quero mudar de assunto agora,
10:02falar sobre um evento que vai acontecer
10:03nessa quinta-feira aqui em São Paulo
10:05e que tem o apoio da Jovem Pan.
10:07Estou falando do Fórum Caminhos da Liberdade,
10:09que vai contar com a sua participação.
10:12Quero que você explique para a nossa audiência
10:13do que se trata, o que esperar
10:14desse evento programado para a próxima quinta.
10:18Olha, é um evento, sem dúvida alguma,
10:20muito importante,
10:21onde justamente estamos lá para debatermos ideias,
10:25para ventilarmos possibilidades,
10:28discutimos o Estado, discutimos direito.
10:30São diversos painéis e palestrantes
10:33palestrantes que participarão
10:35e eu estarei num painel,
10:37num desses painéis,
10:38no final da tarde,
10:39às cinco e meia da tarde,
10:40com outros grandes palestrantes
10:44e isso, sem dúvida,
10:47eu entendo como essencial.
10:49É desse lugar que nós temos
10:51que construir o debate público,
10:53juntando pessoas que têm ideias
10:54e que, enfim, querem promover melhorias
10:58a partir do seu debate de ideias.
11:00Então, enfim, também fico aqui o convite
11:02a todos que estiverem aptos,
11:08estiverem interessados no debate público
11:11em aprimorar, inclusive, as suas ideias,
11:13que compareçam e estejam lá conosco.
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