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O envio de navios de guerra dos Estados Unidos para a costa venezuelana elevou a tensão com o governo de Nicolás Maduro, que respondeu mobilizando 4,5 milhões de milicianos. A professora de relações internacionais da FESPSP Ana Carolina Marson analisa os riscos de confronto direto, a interdependência econômica entre os dois países, o papel do petróleo nessa relação e o impacto político do discurso militarista de Donald Trump.

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Transcrição
00:00E a gente fala agora sobre a tensão entre Estados Unidos e Venezuela
00:05com a justificativa, por parte de Donald Trump, de enfrentar ameaças de cartéis de drogas.
00:12Então o governo americano enviou embarcações de guerra para a costa venezuelana.
00:18Em resposta, o presidente Nicolás Maduro anunciou a mobilização de 4 milhões e meio de milicianos.
00:27Significam de um grupo que responde ao presidente e não às forças armadas.
00:33É uma espécie de um exército paralelo que existe na Venezuela.
00:38Sobre isso eu converso com Ana Carolina Marson, que é professora de Relações Internacionais
00:43da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a quem eu começo agradecendo
00:50a presença aqui, professora, para esse debate que eu quero começar com a pergunta mais
00:56óbvia de todas.
00:58Sobre Venezuela é um tema particularmente muito caro para mim, porque em algum momento
01:03da minha carreira como jornalista eu fui correspondente na América Latina e fui muito à Venezuela.
01:07Vi muito essas trocas de farpas verbais entre o então presidente Hugo Chávez e na época
01:13o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
01:16Nunca os dois foram a vias de fato.
01:18E lembrando a todo mundo que nos ouve que existe um comércio muito rígido entre os dois
01:25de petróleo.
01:27A necessidade dos Estados Unidos em comprar o petróleo venezuelano e a necessidade da
01:32Venezuela, um petroestado, de vender para o seu melhor cliente os Estados Unidos.
01:39Diante dos fatos, vamos a essas premissas.
01:43Seria realmente possível, factível, um duelo armado ali, eles se engajarem numa guerra?
01:51Boa noite mais uma vez.
01:52Boa noite, Favalli.
01:55Em primeiro lugar, muito obrigada pelo convite.
01:58É um prazer estar aqui.
02:00Bom, então, em relação à sua pergunta, como você muito bem colocou, existe uma relação
02:06de interdependência entre esses países.
02:09Existem farpas históricas entre eles.
02:13Então, a Venezuela, eu acho que é muito importante nós termos em mente que, independente de ser
02:19um republicano ou um democrata no poder nos Estados Unidos, a Venezuela representaria um
02:24incômodo, mas o que nós vemos agora é essa nova demonstração de força por parte de
02:31Donald Trump.
02:32Tinha enviado três destroyers, três navios militares para a costa venezuelana, agora enviou
02:41mais três navios com o poder vivo, ou seja, que consegue fazer uma invasão em terra.
02:48Mas nós vemos que, por enquanto, tem sido só uma demonstração de força.
02:54Nós precisamos também tomar muito cuidado na análise, no sentido de existe essa pressão,
03:00essas farpas existiram, porém, ir para as vias de fato acontecer uma invasão é bastante
03:07improvável, porque isso custaria muito caro ao Donald Trump no quesito reputação, na própria
03:15política pode custar vidas americanas, tem um custo militar.
03:20Então, não é de interesse dos Estados Unidos fazer essa incursão de fato, porém, é do
03:27interesse do Trump, sim, exercer essa pressão em cima da Venezuela para que a Venezuela ceda
03:34aos pedidos dos Estados Unidos para que não seja tão incômodo, tão grande para a administração
03:42estadunidense, porém, partir para as vias de fato é improvável que aconteça.
03:47Professora Carolina, está aqui os dados concretos, vamos trazer para dados sólidos isso que
03:55a gente estava falando, a importação do petróleo americano.
03:59O Canadá fornece 4 bilhões de barris por dia, depois o... não, perdão, 4 milhões e 68 mil
04:11barris por dia, o México 465 mil, a Arábia Saudita e a Venezuela está aqui com quase 230
04:20barris por dia, está como o quarto parceiro comercial no abastecimento de combustível,
04:29nós estamos falando aí do país que junto com a China são os maiores consumidores de
04:33petróleo do mundo.
04:35E na outra face da moeda, a exportação do petróleo.
04:41Não é que os venezuelanos exportam muito para os Estados Unidos, é disparado o melhor
04:46cliente, 36,5% do petróleo venezuelano vai para os Estados Unidos, na Ásia, ou seja,
04:54a Venezuela manda para um continente inteiro que tem parceiros do calibre da China e da
04:59Índia, menos de 40%, 35,9%, um pouquinho menos do que os Estados Unidos, para a Europa
05:07pouco mais de 17% e o resto do mundo aqui 10%.
05:11Então, fica aqui na concretude a relação de dependência dos dois, principalmente da
05:17Venezuela para os Estados Unidos.
05:20E voltando aqui, aí é quase risível, professor, a gente vê o tamanho das forças militares,
05:28a quantidade do contingente americano em comparação com o contingente venezuelano, o orçamento
05:36e fora a expertise de guerra dos Estados Unidos.
05:41Mas avançando, e aí a gente fazendo um trabalho de muito difícil, de uma leitura da cabeça
05:48do Donald Trump, como se diz na crônica esportiva, a senhora acha que ele está jogando para
05:53a torcida?
05:54É bom para essa base aliada ter esse discurso militaresco?
05:58Porque vira e mexe, ele fala, vou dominar o Canadá, vou invadir a Groenlândia, vou mandar
06:05submarinos nucleares para a costa da Rússia.
06:09De tempos em tempos, ele tem ali algum argumento de tom militaresco e talvez isso agrade a base
06:16dele.
06:17O Donald Trump já foi presidente numa gestão, mas eu acho que ele ainda é uma incógnita
06:21para alguns momentos de análise, mas na sua interpretação, isso aqui é para agradar
06:30uma base, é para agradar um tipo de eleitorado que gosta dessa versão mais bully, como dizem
06:37os americanos, de pressão, de um pouco mais de valentia do presidente?
06:42Bom, eu acredito que sim, existe essa parcela de responsabilidade, desse desejo de acomodar
06:55a sua base eleitoral.
06:57Então, como você muito bem colocou, existe uma interdependência econômica grande de
07:03ambas as partes, mais da Venezuela do que dos Estados Unidos.
07:06Os Estados Unidos, eles têm capacidade sim de entrar na Venezuela, caso eles assim desejem
07:14fazer, mas o que nós vemos é que não, como nós comentamos na primeira pergunta, nunca
07:21foi para as vias de fato.
07:23Isso aqui é um movimento bastante complicado, invadir a Venezuela, ir para a guerra de fato,
07:28apesar da capacidade muito superior militar dos Estados Unidos, isso vai ter um custo para
07:36a reputação do Donald Trump.
07:39Não podemos esquecer que o Donald Trump, ele está buscando um Nobel da Paz, encabeçado
07:45pelo Netanyahu, existe esse desejo por parte dele.
07:49Por isso nós vemos também essa grande vontade de negociar com Rússia e Ucrânia.
07:55Mas, no caso da Venezuela, também existe essa vontade de mostrar, fazer esse pule, como
08:04você colocou, que os Estados Unidos, a base do Trump, o elegeu com o slogan, fazer a América
08:11grande novamente.
08:13Então, ele acredita que tornar a América grande venha a partir desse movimento de intimidar
08:21os outros países, de colocar os Estados Unidos na liderança do mundo e nessa liderança,
08:28numa posição de dominação.
08:31Então, eu acredito que tem, assim, essa parcela muito grande de vontade do Trump de agradar
08:37a sua base, que busca esse discurso pelo qual ele se elegeu.
08:42Então, esse movimento que o Trump vem fazendo está muito alinhado com esse discurso, o discurso
08:49de reduzir o processo migratório, de tornar os Estados Unidos grandes novamente, com o
08:57tarifaço, com agora esse movimento.
09:00Podemos citar também a questão dos Estados Unidos, quando ele entrou na guerra, Irã-Israel,
09:06a guerra de dez dias que nós vimos recentemente.
09:08Todos esses movimentos, eles acabam tirando a guerra de Israel com o Irã, que ele realmente
09:16foi para as vias de fato.
09:18Se nós olharmos até mesmo para o tarifaço, o Donald Trump retrocedeu.
09:22Então, ele tem essa retórica muito forte, que ele tenta embasar com ações, mas ele
09:29também precisa tomar muito cuidado, por causa dessa interdependência econômica, por toda
09:34a relação histórica.
09:36Então, existe esse lado, sim, de querer agradar a sua base.
09:41Ana Carolina, infelizmente a gente está ficando sem tempo aqui, mas só para fechar, às vezes
09:46os discursos do Donald Trump, e aqui não estamos fazendo nenhum papel de um proselitismo contrário
09:52ao Donald Trump, nada disso.
09:54Só para a gente deixar todo mundo na mesma página, o Donald Trump alegou essa movimentação
10:01de uma ameaça de guerra, primeiro os destroyers, agora unidades anfíbias, que como a senhora
10:08muito bem destacou, significa que elas têm capacidade para desembarque de tropas.
10:13Ele não pode se aproximar ali do limite territorial marítimo da Venezuela, então ele vai ficar
10:19em águas internacionais, mas com unidades anfíbias ele conseguiria hipoteticamente fazer
10:26o desembarque de tropas. Qual que é a justificativa? Combate ao narcotráfico.
10:31O que não sustenta muito este discurso é que os militares não têm um treinamento específico
10:37para combate a narcotráfico. Isso é mais uma função policial do que uma função do exército,
10:44que é engajado numa guerra, que tem a função de proteger fronteiras.
10:48Embora os Estados Unidos classifiquem alguns grupos narcotraficantes como terroristas,
10:53é um outro tipo de engajamento, precisa de inteligência, investigação, inquérito,
10:59tanto que a polícia americana tem departamentos específicos para o combate ao narcotráfico.
11:06Mas aqui o Donald Trump usou uma unidade militar.
11:11Professora Ana Carolina, já deixa notado que a gente vai se falar outras vezes aqui,
11:15porque o Trump sempre nos dá subsídios e a gente sempre precisa de um especialista
11:20para entender o que passa aqui na cabeça de Donald Trump.
11:25Vou botar até a cabeça dele aqui maior.
11:28Professora Ana Carolina Marston, professora de Relações Internacionais
11:32da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
11:37Havia tantas coisas para nós falarmos, mas uma pena que o nosso tempo hoje está um pouco mais escasso.
11:42Até uma próxima oportunidade. Obrigado pelos seus esclarecimentos, professora.
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