00:00Dos 22 aos 36 anos de idade, ele viveu num mundo que só pertencia a ele.
00:10Passava praticamente o dia todo consumindo maconha, com a ajuda da família se deu conta que tinha deixado de viver todos esses anos.
00:19E agora, em tratamento, não quer perder de novo o que a droga levou.
00:23A gente não sabe quão dependente a gente é até passar por um internamento.
00:31Até você ser internado, você acha que pode sair a qualquer momento, que você é forte, que a hora que você quiser você para.
00:42E a gente só vê realmente quão difícil é quando a gente começa a ficar vestigente e quanto é a nossa vontade.
00:50Então é muito importante que tenha alguém que possa tomar essa atitude por nós.
00:57Quando a gente está em uso, a gente fica sem limites para usar.
01:02Então você acaba se envolvendo com pessoas erradas, você acaba...
01:09Você faz tudo de errado para poder usar.
01:12Você mente, você manipula, você frequenta lugares perigosos, você não tem medo da polícia, você não tem medo da lei, você não tem medo de nada.
01:25Fica incontrolável a violência.
01:31Dos 22 aos 36 anos, o que você perdeu?
01:35É oportunidade de trabalho, comprometi um relacionamento sério que eu tinha e estava.
01:46Acredito ter perdido muito tempo de qualidade de vida.
01:54Viagem, tempo com a família, enfim, tudo que uma vida normal oferece para a gente e a gente não pode aproveitar porque está no quarto fechado.
02:08Eu tenho um dano de carro, me uso, gastando tempo com o uso, que é um negócio que não leva nada, só gasta tempo no dia.
02:23Você é pai. Como que você, como pai, com a experiência que você teve e tem da dependência, você pretende prevenir e evitar que a sua filha passe por isso?
02:42De agora em diante, abstinente, com sobriedade.
02:47Eu vou tentar dar o exemplo, porque essa é a vida da minha saudade.
02:50E se Deus quiser, ela vai ter a escolha de seguir o meu exemplo ou não.
02:55Porque é bem individual.
02:57Exatamente. O mundo é muito fácil, as drogas estão aí, muito fácil.
03:03Nas escolas, na rua.
03:06Então, a gente não está no controle de tudo, né?
03:09Então, a gente tem que...
03:12Eu sou bem peritoso, peço a Deus.
03:14Peço a proteção.
03:16Real.
03:17Que todo mundo gostaria de saber se existe, né, essa receita para os pais para evitar, né?
03:25E que bom que a gente tem exemplos de pessoas que conseguem.
03:27O dado do Centro de Atenção Psicossocial mostra que 80% dos pacientes hoje que passam por tratamento são do sexo masculino.
03:37Mas esse número aqui, ele deve ser o mais preocupante, né?
03:41Menos de 50% dos atendidos permanecem ou aderem ao tratamento.
03:45Por que essa dificuldade e como que a família, como quem está dando suporte, que também precisa de suporte, mas deve agir para que tenha sucesso nesse tratamento,
03:58para que depois que aconteceu, que adoeceu, que tenha esse resultado positivo.
04:05Existe uma preocupação da baixa adesão, mas existe uma preocupação também do baixo acesso.
04:12Boa parte dos adolescentes que têm algum tipo de problema com álcool não procuram serviços de saúde.
04:18O que nós temos feito nessa tentativa de aumentar acesso é tanto na qualificação das equipes de saúde da família,
04:27como a colocação de psiquiatras, trabalhando junto com psicólogos, na atenção primária, no sentido de sensibilizar as equipes
04:36para começarem a ter um olhar e captar esses usuários.
04:40E o que é importante nesse sentido é que as equipes consigam estabelecer um vínculo, resgatar esse vínculo e entender que a recaída,
04:50ela faz parte do tratamento, faz parte da história.
04:53E a sensação que a gente tem hoje em dia é que em algum momento da vida, nossos filhos vão ter acesso.
05:02Sem dúvida alguma.
05:03Agora, como preparamos os nossos filhos para que nesse momento ele não aceite, para que esse momento passe?
05:13É, eu penso assim, que a prevenção, ela acontece com aumentar a rede de proteção e diminuir os fatores de risco.
05:20Nenhuma pessoa, nenhum jovem está isento de ter contato com a substância.
05:25Mas se ele tiver, existem dados que mostram isso, uma formação religiosa, se ele tiver sucesso, por exemplo, no esporte, na escola,
05:35bons vínculos familiares, avós que conta história, sabe assim, resgatar relações, isso vai aumentar a sua rede de proteção,
05:47porque a sua vulnerabilidade interna da idade, que é a curiosidade e querer arriscar-se,
05:56mais a vulnerabilidade do ambiente, se ele estiver exposto à droga, ele vai experimentar.
06:02Uma coisa importante, assim, que as famílias, elas devem entender que mesmo dando esse suporte e ele experimentando,
06:10ela pode perceber sinais de que houve uma mudança e tomar uma atitude imediata.
06:15Então, ter contato com a droga não significa que ele irá desenvolver a dependência.
06:20Se a família é cuidadora e ela está atenta às mudanças de comportamento,
06:26ela terá uma intervenção imediata e o risco de desenvolver a dependência diminui muito.
06:30Isso está muito relacionado com o vínculo.
06:34Na medida em que você tem um acompanhamento, você está próximo, você tem essa proximidade,
06:39você consegue identificar com mais facilidade esse tipo de mudança.
06:43Então, e também sempre deixar este canal aberto, entende?
06:49O que a gente está falando é que a pessoa, ela usa, ela passa a desenvolver dependência
06:57ou desenvolver um consumo, um uso abusivo, na medida em que existe um espaço na vida dela para isso.
07:02E ela não precisa ter uma predisposição no organismo, não?
07:05Qualquer um está sujeito?
07:06Isso é muito mais bem definido em álcool.
07:08Certo.
07:08Em álcoolismo, dependência em álcool, ela está muito mais relacionada e está muito
07:14bem estabelecida pela literatura.
07:18Esta questão de hereditariedade, não em relação a outras drogas.
07:23Quando falar abertamente não afasta o perigo?
07:26Droga não é um tema de se sentar e dizer assim, agora nós vamos conversar sobre maconha.
07:30Hoje o nosso tema vai ser maconha, hoje o nosso tema vai ser cocaína.
07:34Na realidade, no dia a dia, tem que ser conversado assim como se conversa sobre sexualidade, sobre
07:40religiosidade.
07:41Quando há uma oportunidade.
07:44Ou seja, valorização da qualidade de vida.
07:48Se é uma criança que tem uma boa autoestima, que a família potencializa suas qualidades,
07:55que participa de todos os seus eventos, ela vai estar muito mais protegida e haverá muito
08:02mais oportunidade de se conversar sobre o assunto, entendeu?
08:06Então, assim, existem estudos que mostram isso, que a criança precisa de quantidade de
08:11mãe e de qualidade de pai.
08:12Se isso estiver presente, o assunto vai ser tratado com naturalidade.
08:18O problema é esconder e achar que se falar nisso vai despertar a curiosidade.
08:24Não, não falar vai despertar a curiosidade.
08:27Tá certo.
08:28Muito obrigada, quero agradecer pela participação de vocês hoje aqui no painel.
08:32Que bom que você ficou com a gente até agora, nos vemos no sábado que vem, às 8 da
08:36manhã.
08:36Tchau.
08:37Tchau.
08:38Tchau.
08:39Tchau.
08:40Tchau.
08:41Tchau.
08:42Tchau.