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Em entrevista ao Jornal Jovem Pan, o professor de relações internacionais Pedro Costa Júnior analisou as negociações do governo brasileiro para tentar reduzir o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump. Segundo ele, a postura adotada pode ser vista como frágil e reflete a clara estratégia de pressão econômica do presidente norte-americano.

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Transcrição
00:00E o governo brasileiro tem se articulado para dar uma resposta aos setores mais afetados pelo tarifácio que já entrou em vigor. Igor Damasceno.
00:07O governo federal pediu formalmente que a Organização Mundial do Comércio abra consultas sobre as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos e que já estão em vigor desde ontem.
00:20Em nota divulgada pelo Itamaraty, o governo brasileiro alega que os Estados Unidos violam flagrantemente compromissos centrais assumidos na OMC, como o princípio da nação mais favorecida e os tetos tarifários negociados.
00:37Na prática, a consulta é uma etapa de negociação e mediação. Após isso, a OMC pode abrir um painel para investigar as condutas norte-americanas.
00:48No entanto, o processo é longo e não tem garantia de sucesso.
00:53Em entrevista à agência Reuters, o presidente Lula disse que não vai se humilhar para Donald Trump e que só vai ligar para ele se o chefe da Casa Branca realmente quiser conversar para negociar.
01:06Enquanto isso, Lula se prepara para discutir as tarifas com os membros dos BRICS, o bloco dos países emergentes.
01:13Deixa eu lhe falar uma coisa. Um presidente da república não pode ficar se humilhando para o outro.
01:18Eu respeito todo mundo. Eu exijo respeito comigo.
01:25Mesmo nesse momento, nós estamos ainda, tem muita gente do Brasil tentando conversar com gente americana.
01:33Nós acreditamos que um país que tem 201 anos de relação diplomática muito civilizada,
01:38não vai jogar isso fora por causa, muitas vezes, de uma atitude destemperada de um presidente da república.
01:46O presidente também disse que tem a obrigação de proteger as empresas e defendeu o multilateralismo.
01:53E veja que eu estou fazendo tudo isso quando eu poderia anunciar uma taxação com produtos americanos.
02:00Não vou fazer porque eu não quero ter o mesmo comportamento dele.
02:05Não vou fazer porque eu não quero ter o mesmo comportamento do presidente Trump.
02:09Eu quero mostrar, quero mostrar, que quando um não quer, dois não brigam.
02:17E eu não quero brigar com os Estados Unidos.
02:21Enquanto isso, a equipe econômica do governo acerta os últimos detalhes da medida provisória,
02:27que vai garantir linhas de crédito mais baixas e juros menores,
02:31como método de proteção das empresas que serão afetadas.
02:35Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
02:38a MP vai ser direcionada principalmente para as empresas menores.
02:42Ontem nós procuramos entender a encomenda do presidente em relação ao detalhamento.
02:49Nós dissemos para ele que a questão empresa por empresa não precisa, evidentemente, ser tratada em lei.
02:55Ela pode ser objeto de regulamentação.
02:57Mas provavelmente o ato do presidente é ele que vai julgar a conveniência.
03:01Mas possivelmente terá que ser uma medida provisória para entrar em vigor imediatamente.
03:05Mas por se tratar de uma medida provisória, o texto só vai valer por quatro meses
03:11e precisará de aprovação do Congresso Nacional para se tornar permanente.
03:16Os setores afetados estão preocupados.
03:20A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel
03:23afirmou que a imposição das tarifas é uma flagrante desvantagem competitiva.
03:28Lembrou que os outros fornecedores terão tarifas de no máximo 27%
03:33e que o México, principal concorrente do Brasil, está isento.
03:38O diretor executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais, Vinícius Estrela,
03:43também se manifestou contra as tarifas.
03:46Ele pediu negociação.
03:48O setor de cafés especiais acompanha a entrada em vigor das tarifas de importação de café
03:56pelos Estados Unidos do Brasil com certa preocupação.
04:00pois alguns operadores do mercado já vêm buscando entender e renegociar contratos futuros,
04:10buscando repartir parte dessas tarifas com alguns produtores, exportadores e cooperativas,
04:20de modo a impactar de maneira diminuída o consumidor americano.
04:25A medida provisória deve ser apresentada assim que houver aval do presidente Lula
04:31e do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
04:34De Brasília, Igor Damasceno.
04:37Vamos falar então com o Diego Tavares, que vai trazer mais informações e análise dele sobre isso.
04:42Diego, você acha que a visão do presidente Lula está correta sobre qualquer tipo de,
04:48digamos assim, diálogo ou tentativa de negociar poderia beirar a humilhação para o presidente Donald Trump
04:57e, consequentemente, colocar o governo norte-americano numa posição privilegiada em relação ao Brasil?
05:06Não seria de forma alguma, muito pelo contrário, Lula demonstraria grandeza,
05:12demonstraria que é um presidente que está olhando para as necessidades dos empresários,
05:17necessidades do setor produtivo e não para as próprias necessidades eleitorais.
05:22Ele fala em se humilhar para o presidente Donald Trump,
05:24mas o próprio presidente Donald Trump já declarou que está com a cadeira da sua mesa de reuniões
05:31aberta para que o presidente Lula vá até lá negociar,
05:34disse abertamente que atenderia uma ligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
05:38para negociar a questão das tarifas.
05:42Eu vou repetir, peço até desculpas, mas eu tenho que repetir o que eu disse no meu comentário anterior sobre o tema.
05:47Lula viu no tarifaço uma questão de reviver a própria popularidade que se encontrava em queda
05:53e, com isso, precisa manter esse conflito, manter a narrativa de que está combatendo
05:59um inimigo externo que foi motivado pelas ações de Eduardo Bolsonaro que se encontra nos Estados Unidos,
06:06enfim, matando muitos coelhos com uma cajadada só.
06:10Encontrou uma narrativa, encontrou mais uma forma de atacar os seus adversários políticos
06:14e, com isso, o interesse nacional vai ficando relegado ao segundo, ao terceiro plano.
06:19É muito importante a gente lembrar que o que afeta, o que esse tarifaço afeta no país
06:24não é só o grande exportador, não é só o grande empresário,
06:28afeta toda a cadeia produtiva dos produtos, como o café, como a carne bovina,
06:33que foram mantidos, taxados, nessa tarifa de 50% sobre as exportações.
06:37Então, o presidente não estaria se humilhando de forma alguma
06:40caso buscasse o canal de negociação com os norte-americanos.
06:44Muito pelo contrário, como eu disse, demonstraria grandeza,
06:46demonstraria carinho com os empresários que são os grandes produtores de riqueza do nosso país,
06:52as pessoas que geram emprego e renda para os brasileiros
06:55e isso, sobretudo, num cenário de colapso fiscal como o que nós temos enfrentado aqui no país nos últimos anos.
07:02Eu quero avançar nesse assunto com o professor de Relações Internacionais,
07:05Pedro Costa Júnior, que está conosco neste fim de semana.
07:07Professor, bem-vindo. Muito obrigado por conversar e nos atender neste sábado.
07:11Eu estava olhando para frente, mas ele já está aqui no telão.
07:14E eu gostaria de saber a sua análise sobre a maneira como o Brasil tem se posicionado
07:18e esse temor de depender da maneira como a negociação funcionar
07:23parecer uma humilhação em vez de uma demonstração de abertura ao diálogo.
07:30Boa noite.
07:32Boa noite, Evandro. Boa noite a toda a audiência da Jovem Pan.
07:35Bom sábado para todos. Um prazer estar aqui.
07:37Bem, Evandro, olha, tem duas questões aí que nós precisamos separar, né?
07:43A questão geopolítica e a questão geoeconômica, a questão econômica.
07:48O movimento dos Estados Unidos, ele vai claramente no sentido de arrefecer,
07:55em certa medida, as questões econômicas.
07:57Nós tivemos aí quase 700 exceções de produtos fora do chamado tarifácio.
08:04tarifácio, foram 694 ao todo, e há outros que são negociados ainda
08:10por setores empresariais, Câmara de Comércio, diretamente aqui no Brasil,
08:16a Câmara de Comércio nos Estados Unidos, outros setores da sociedade civil organizada,
08:22e também por, digamos, funcionários do Estado, que não são diretamente os presidentes da República.
08:30O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o secretário do Tesouro, o Scott Bassett dos Estados Unidos,
08:38o Mauro Vieira, tentando diálogo, o nosso chanceler, ministro das Relações Exteriores,
08:43para poder amenizar e arrefecer mais essas tarifas.
08:48Do ponto de vista geopolítico, isso não vai arrefecer.
08:53A estratégia do Trump é muito clara.
08:54Digamos, a doutrina Trump para a América Latina, que obviamente mira no Brasil,
08:59como principal país da América do Sul, a maior economia da América do Sul,
09:03mais da metade da economia da América do Sul,
09:06ela vai direto para poder pressionar cada vez mais.
09:10Então, a partir do momento que se acionou a lei magnistique,
09:13ela não vai voltar atrás, ela não tem tendência de voltar atrás.
09:18Ela mira primeiro um ministro do Supremo,
09:20que é o Alexandre de Moraes, mas ela tende a se aplicar a mais.
09:26Inclusive outros pares do Supremo, enfim, e outras figuras que do governo no Brasil
09:33pode passar pelo legislativo, pelo executivo e pelo judiciário.
09:38E aí, o que o presidente Lula entendeu?
09:40Olha, conversar com o Trump, com essa doutrina definida,
09:44é um risco grande, é o que ele está dizendo.
09:45É um risco grande, porque vai se repetir, tende a se repetir,
09:49quer dizer, até o mundo mineral sabe disso.
09:52O encontro dele com o Trump na Casa Branca vai dar em Zelensky,
09:56vai dar no que aconteceu com a Ursula von der Leyen da União Europeia.
10:00É humilhação pública. Aquilo não é negociação.
10:03Aquilo como, quando acabou aquela humilhação com Zelensky,
10:06que estava presente também o vice-presidente de The Vance,
10:09o Trump falou, essa é a última frase dele, está aí, né?
10:11Para todo mundo ver.
10:12Ele falou, é um ótimo material para TV.
10:14Então, isso não é o caso, está certo?
10:18Bom, o que se pode fazer, o que ele tem feito,
10:22que é acionar canais secundários,
10:24inclusive o vice-presidente da República, o Geraldo Alckmin.
10:27É por aí que as coisas podem se realizar.
10:31E deixar as portas abertas,
10:33porque para o Brasil não interessa ser sancionado.
10:36O Brasil precisa tentar resolver isso o máximo possível.
10:41Agora, o que não vai arrefecer,
10:42isso que eu quero deixar cravado aqui,
10:44as tarifas econômicas já foram negociadas em grandes medidas
10:47e elas se tornaram menos do que se imaginava
10:50com todas essas exceções.
10:52Agora, do ponto de vista geopolítico,
10:54isso não vai acontecer.
10:55Porque o Trump tem um plano para a região.
10:57Eu vou fechar aqui essa primeira intervenção.
11:00O que disse o secretário de defesa dos Estados Unidos,
11:04o Peter Hexet, ele disse,
11:06nós precisamos retomar o nosso quintal,
11:10se referindo à América Latina.
11:11Então, para o Trump interessa ter um amigo dele aqui no Brasil,
11:14um aliado, assim como ele tem na Argentina,
11:17que é o Milley,
11:18assim como ele tem em El Salvador,
11:19que é o Bukele.
11:20E o Lula não é um aliado.
11:22O Lula não é um amigo do Trump.
11:24Então, interessa para ele colocar,
11:26ou o ex-presidente Bolsonaro aqui,
11:28ou um aliado como o Bolsonaro.
11:29O que o Trump quer, no fundo,
11:31é fazer um Milley em cada país da América Latina.
11:35Isso é retomar o quintal.
11:36É isso que está em jogo.
11:37Agora, professor,
11:37eu queria que o senhor trouxesse a sua análise
11:39sobre a ligação do presidente Lula
11:41com o presidente Vladimir Putin,
11:43dias antes do encontro dele com o Donald Trump.
11:46Esse diálogo pode ser capaz de movimentar as peças,
11:50seja positivamente ou negativamente,
11:53trazendo respostas ainda piores
11:57ou mais imprevisíveis ainda de Donald Trump?
12:01Bom, essa pergunta é uma pergunta crucial.
12:04Porque o próprio presidente Trump
12:06vai encontrar o presidente Vladimir Putin
12:09para negociarem sobre a guerra.
12:11Então, essa ligação também é uma iniciativa do Putin,
12:15porque o Brasil, junto com a China,
12:17propôs um acordo de paz na Ucrânia,
12:20na guerra da Ucrânia,
12:21envolvendo, obviamente, a Rússia e a Ucrânia.
12:24E são o acordo que está aí,
12:29também disponível,
12:30que tem lá 11 pontos decisivos
12:33e que foram assinados pelo presidente Lula
12:35e pelo presidente chinês, o Xi Jinping,
12:38para exatamente propor a paz.
12:40Parte dessa ligação do Putin para o presidente Lula
12:44vem por aí,
12:45porque o Trump é uma medida muito grande.
12:50O Trump tem uma estratégia, né, Evandro?
12:52O Trump, ele quer, ele está convicto
12:54que ele está decidido a ganhar o Prêmio Nobel da Paz.
12:57Então, durante toda a campanha dele,
12:59ele disse que ia acabar com essa guerra em 24 horas,
13:01ele disse que ia acabar com todas as guerras,
13:03e ele está fazendo um movimento nesse sentido.
13:05E isso também é indiscutível.
13:07Ele tem se esforçado para acabar com as guerras.
13:10Isso está acontecendo.
13:11E esse deslocamento com o Putin vai nesse sentido.
13:14Agora, do ponto de vista geopolítico,
13:18com essas tarifas e geoeconômico,
13:20o Trump tarifou o mundo todo.
13:22Está isolando os Estados Unidos.
13:24E isso fortalece a união de outros países,
13:28como, por exemplo, os países do sul global.
13:30Então, o Putin e o presidente Lula conversaram agora.
13:34E, na mesma semana, o presidente Lula também conversou
13:37mais de uma hora com o presidente chinês,
13:39ou o presidente indiano, perdão,
13:41o Modi.
13:41E estão discutindo, junto com a China também,
13:46junto com a Índia, junto com a Rússia.
13:48Ou seja, você repara aí que são os quatro BRIC fundadores do bloco,
13:52quando ainda era BRIC, antes da entrada da África do Sul,
13:55os quatro pilares, as quatro pedras angulares dos BRIC.
14:00Eles estão discutindo uma possível resposta
14:04e uma possível retaliação conjunta para os Estados Unidos,
14:07aos Estados Unidos, no âmbito dos BRICs.
14:10Então, aí a estratégia do Trump tem um problema claro.
14:15Por quê?
14:16Veja, tanto o Brasil como a Índia
14:18são estados que não estão países alinhados automaticamente
14:24a nenhum dos dois blocos de poder,
14:26China ou Estados Unidos.
14:27Nós somos mais próximos dos Estados Unidos,
14:29mas não somos alinhados automaticamente.
14:31Nem da China.
14:32E a Índia é a mesma coisa.
14:33A Índia, pelo contrário.
14:33A Índia tem inimizade milenar, histórica, com a China.
14:37Mas quando o Trump decide sancionar os dois países,
14:42Brasil e Índia, as duas maiores sanções do mundo,
14:46acima de qualquer outro país,
14:48os dois países mais sancionados, o tarifaz do Trump,
14:50eu digo sancionado porque essa tarifa tem efeito de sanção,
14:53são respectivamente Brasil e Índia.
14:56O que ele faz?
14:57Ao invés de trazer esses países para o lado dele,
15:00para isolar da China,
15:02ele está colocando os dois países no colo da China.
15:04no outro lado de geopolítico oposto de poder.
15:09Então, isolando os Estados Unidos.
15:12É isso que nós estamos vendo agora.
15:13E o Putin sabe disso.
15:15E ele está aproveitando esse movimento.
15:17Professor, deixa eu abrir o espaço também
15:18para o Diego Tavares, nosso comentarista,
15:20participar da entrevista.
15:21Vai lá, Tavares.
15:23Professor, muito boa noite.
15:25Um prazer conversar com o senhor aqui no Jornal Jovem Pan.
15:27Eu quero retomar esse ponto que o senhor trouxe
15:29a respeito de como essa conduta de Donald Trump
15:31tem jogado o Brasil mais e mais no colo dos chineses.
15:35Porque se a intenção era de fato ter um presidente aliado
15:39em cada um dos países da América Latina,
15:42o Tarifácio está mostrando justamente o contrário.
15:44O Tarifácio devolveu,
15:46deu fôlego ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
15:49que tinha problemas com sua popularidade até então.
15:53O senhor vê essa como a possibilidade mais provável
15:56de efeito a respeito do Tarifácio,
15:59que é uma maior ampliação do alinhamento do Brasil
16:02com a China, com a Rússia, com as potências asiáticas,
16:07que inclusive em relação a produtos como o café brasileiro,
16:10por exemplo, que foi taxado,
16:12já tem abocanhado parte desse gap deixado pelos norte-americanos?
16:17Exatamente.
16:17Eu concordo com a pergunta,
16:21que vai no sentido também de uma análise muito interessante.
16:24porque, veja, nós temos uma disputa do século XXI,
16:28a disputa pelo poder global no século XXI
16:30é entre Estados Unidos e China.
16:32Os Estados Unidos, eles foram os donos do século XX,
16:35o século XX foi um século americano,
16:37e acreditava-se, sobretudo depois da vitória na Guerra Fria,
16:41que o século XXI seria o segundo século americano,
16:44seria um novo século americano, mais um século americano.
16:47E nesse momento eles estão em disputa frontal com a China,
16:51que se torna uma ameaça à hegemonia americana
16:53nesse século.
16:55E aí, nesse tabuleiro, muito rivalizado,
16:57nós temos países estratégicos.
17:00A Foreign Affairs, que é, digamos,
17:02as tábulas sagradas das relações internacionais,
17:05revista ultra-conceituada,
17:08ela tem uma capa muito interessante,
17:10de algum tempo atrás, um mês atrás,
17:12que ela fala os chamados swing states globais.
17:17Países pendulares, que podem decidir
17:19o rumo dessa disputa pelo poder global.
17:21se isso vai pender para o lado ocidental dos Estados Unidos,
17:25ou se vai pender para o lado asiático,
17:27euro-asiático da China,
17:28e com a Rússia como sócia direta nessa aliança sem limites.
17:33E alguns desses estados,
17:35são meia dúzia de estados, na verdade.
17:37Então nós temos ali Indonésia, Turquia,
17:41que são países todos muito grandes,
17:43muito populosos,
17:44que estão em regiões estratégicas do mundo,
17:46e dois países eles trazem como destaque,
17:48que é Brasil e Índia.
17:49Por que o Brasil?
17:50Porque o Brasil é o único país desses,
17:52chamado swing states globais,
17:54que são estados pendulares,
17:56que podem decidir essa guerra geopolítica.
17:59Eles estão...
18:01O Brasil, no caso,
18:02é o único país que está na América Latina,
18:04está nas Américas.
18:05Portanto, que está na zona de influência direta
18:08dos Estados Unidos,
18:09ou como eles chamam na doutrina Truman,
18:11América para os americanos,
18:13ou para dizer como Peter Hexert,
18:14no seu próprio quintal.
18:16É como o Mar do Sul da China para a China.
18:19Então é uma região muito próxima.
18:21O Brasil tem esse diferencial.
18:22Então o Brasil custa caro nesse jogo.
18:25O Brasil tem um peso muito grande para a China,
18:27assim como tem para os Estados Unidos.
18:29Por isso o Trump faz todas essas pressões.
18:31Ele quer um aliado aqui,
18:32e ele quer um amigo aqui.
18:34O presidente Lula não é esse cara.
18:35E ao mesmo tempo,
18:36a Índia é o país mais importante
18:39desses swing states globais.
18:40É a maior população do mundo,
18:41passou a China.
18:43A Índia é uma potência nuclear,
18:44coisa que o Brasil não é.
18:46A Índia tem a economia
18:48que mais cresce no mundo hoje,
18:49inclusive acima da China.
18:51E a chance de ganhar essa guerra
18:53no tabuleiro geopolítico global
18:54é jogar a Índia contra a China.
18:57Os Estados Unidos
18:57vinham fazendo isso relativamente bem,
19:00colocaram a China em alianças militares
19:02no Mar do Sul da China.
19:05Enfim,
19:06só que esses últimos movimentos
19:08estão jogando o Brasil e a Índia
19:10e os outros países,
19:11mas sobretudo esses que são pendulares,
19:14no colo da China.
19:15E o que a China faz?
19:16A China joga parada.
19:18A China está lá.
19:19Está, digamos,
19:20sem fazer essas
19:23grandes movimentações geopolíticas
19:25que os Estados Unidos e o Trump estão fazendo,
19:27e esses países acabam se aproximando
19:29diretamente a esse polo de poder.
19:31Então, o que nós vimos essa semana
19:33é exatamente isso.
19:34O presidente Lula conversando com o Modi,
19:37o presidente Lula conversando com o Putin
19:38e agendando uma conversa com o Xi Jinping.
19:41Esse é o desenho da geopolítica global hoje.
19:43Professor Pedro Costa Jr.,
19:45obrigado pelo bate-papo conosco
19:46neste fim de semana.
19:47Espero que o senhor tenha um ótimo domingo,
19:49um finalzinho de sábado também.
19:50Até a próxima.
19:52Um prazer.
19:53Muito obrigado.
19:53Até mais.
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