“Tarifaço de Trump vai impactar exportações de café”, diz especialista

Jovem Pan News

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Em entrevista ao programa Jornal Jovem Pan deste sábado (02), o ex-vice presidente do Banco Mundial Otaviano Canuto falou tudo sobre os impactos econômicos e comerciais do tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, imposto ao Brasil.

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00:00Pois é, a gente segue falando sobre os impactos econômicos e comerciais do Tarifácio Imposto ao Brasil.

00:06O ex-vice-presidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto, chega ao vivo aqui ao Jornal Jovem Pan

00:12para nós falarmos sobre as últimas declarações do presidente da república,

00:19essas movimentações dos Estados Unidos.

00:21Otaviano, seja muito bem-vindo aqui à programação. Obrigado pela gentileza.

00:25Prazer estar aqui.

00:26Otaviano, vou pedir, por gentileza, uma rápida reflexão sobre o decreto assinado por Donald Trump,

00:33a tarifa imposta ao Brasil, mas com uma longa lista de exceções, cerca de 700 produtos.

00:38Isso pode, inclusive, indicar talvez um caminho para as autoridades brasileiras no que tange as negociações.

00:44Mas, assim, simultaneamente tem uma sinalização de conversa entre Donald Trump e o presidente Lula.

00:51Enfim, isto posto, queria que você trouxesse um pouco suas impressões sobre a possibilidade dessa conversa,

00:59de que maneira as negociações e as articulações devem seguir.

01:03Duas observações importantes, eu creio, para levar em conta.

01:09A primeira é de que, quando a gente considera as isenções que estão colocadas naqueles anexos,

01:17a tarifa média efetiva, levando em conta os pesos dos produtos na pauta de exportação de brasileiros para os Estados Unidos,

01:26e assim por diante, fica algo em torno de 32,7%.

01:31Não é 50%, 32,7%.

01:34E o fato é que essa lista de isenções pode, eventualmente, se ampliar,

01:44caso, por exemplo, se leve em conta o que o Howard Lutnik,

01:50o que o secretário do comércio do Trump mencionou a respeito de isentar importações de frutas,

01:58de produtos agrícolas que não existem dentro dos Estados Unidos.

02:02Pois bem, mas ainda assim, 32,7% é a taxa mais alta entre todos os países.

02:10Mas, em relação às tarifas lá do dia 2 de abril, lá do dia da libertação,

02:17apenas Brasil e Suíça estão com taxas recíprocas, com essas taxas específicas a essa normativa,

02:28maiores do que em 2 de abril.

02:30Então, realmente, é uma pancada peculiar no Brasil.

02:34Agora, o impacto disso tende a ser, é claro, muito doloroso em alguns setores.

02:42Pensa o peso que vai ter para as exportações de café,

02:47caso alternativas não sejam encontradas.

02:51Uma notícia importante a esse respeito foi o anúncio pela embaixada chinesa hoje,

02:58credenciando um número bem maior de firmas brasileiras a exportar café para a China.

03:07Pois bem, mas mesmo que não haja muito disso, de alternativa,

03:12o fato é que o efeito disso no total vai ser alguma coisa em termos de um impacto sobre o PIB brasileiro

03:21entre algo entre 0,4% e 0,6%.

03:26Quer dizer, o total, o efeito total do tarifácio não é lá tão significativo,

03:33mas ele é pesado para os segmentos, os segmentos particularmente que não entraram na lista de isenções.

03:42E eles vão ter que pagar uma tarifa mais alta porque tem um mínimo lá do Trump,

03:47os 10% vão valer para todo mundo.

03:49Agora, é importante que, por exemplo, os aviões e as peças de aviões produzidos pelo Brasil

03:58tenham sido colocados na lista de isenção.

04:02É que seria um tiro no próprio pé também para os Estados Unidos.

04:06Vejam, eu moro aqui há 21 anos.

04:10Em todas as viagens que eu faço de curta duração, com aviões de escala média,

04:15eu vou lá checar e o avião é da Embraer.

04:18Existe, não tem uma alternativa à Embraer com qualidade e competitividade que tem os aviões produzidos pela Embraer.

04:28E é por isso que a Embraer, inclusive, tem investimentos aqui para a parte final de montagem,

04:33tem partes aqui, investimentos nos Estados Unidos.

04:36Pois bem, o BAC seria grande no curto prazo, imediatamente,

04:43para as empresas de aviação americanas, se elas, de repente, tivessem que pagar muito mais pelos aviões da Embraer.

04:50Então, esse é o caminho.

04:52Eu complemento a minha resposta à sua pergunta,

04:56sugerindo justamente esse que é o caminho.

05:00O caminho é buscar, é não cair na armadilha de misturar política com a decisão de tarifa.

05:10Eu disse que as tarifas do Trump destacaram negativamente Brasil e Suíça,

05:19agora comparando com o 2 de abril,

05:22mas a comunicação do Trump veio com referência só a questões políticas

05:30e a uma agenda que, evidentemente, não pode ser entregue, negociada pelo Brasil.

05:37Não existe como perdoar o Trump ou perdoar o Bolsonaro por conta de tarifas

05:45ou querer coibir a ação pela Corte Suprema nossa, pelo STF.

05:55Então, eu quero crer que o caminho é buscar justamente o apoio de interessados

06:04em manter as importações brasileiras lá nos Estados Unidos,

06:09como, aliás, potencial para fazer pressão sobre a Casa Branca.

06:13E está tudo centralizado na Casa Branca.

06:16Vamos ver o que é que vai dar essa conversa aí entre Lula e Trump.

06:21Sem dúvida alguma, vamos aguardar, né?

06:24Mas você reforça a necessidade de ser uma conversa apoiada

06:29em questões comerciais e tarifárias, né?

06:33Evitar essa discussão política.

06:35Agora, dá para a gente fazer um exercício sobre quais são as reais motivações de Donald Trump

06:40para aplicar uma sanção mais alta, uma tarifa mais alta ao Brasil.

06:45Porque eu escutei muitas pessoas falando, ah, não é apenas uma questão comercial.

06:50Tem ingredientes políticos, sim.

06:53E aí, um grupo aqui do Brasil fala, ah, ele fez isso porque quer defender tal pessoa.

06:57Mas daí tem um outro analista que diz o seguinte, não tem nada a ver.

07:00Na verdade, a motivação é a insatisfação dele com os BRICS, enfim.

07:05Você chegou a uma...

07:08Qual é a sua verdade?

07:09Qual é a sua reflexão sobre as reais motivações de Donald Trump?

07:13A única referência feita pelo próprio Trump,

07:17na carta e na comunicação posterior àquela carta que mandou para o Lula,

07:22que o Lula não recusou, né?

07:26Foi ao Bolsonaro e ao ECF.

07:31Não teve referência nenhuma ali à BRICS,

07:34ou nem mesmo a qualquer item de agenda de BRICS

07:40como substituição do dólar americano.

07:42Você só pode usar como referência

07:46aquilo que é tornado explícito por quem aplicou as tarifas.

07:51Então, eu não creio que BRICS tenha...

07:57Até porque, veja, essa questão de BRICS não está aparecendo

08:02nas conversas e nas comunicações do Trump com a Índia,

08:09nem muito menos com a própria China, né?

08:12É verdade que há uma manifestação

08:16e talvez uma pressão enorme pelo lado do Congresso

08:21com respeito às importações brasileiras,

08:25assim como as indianas, da Rússia, né?

08:28Mas isso é outra história, não é BRICS, né?

08:31Aí, diz respeito a uma sequência das sanções

08:37que foram estabelecidas não apenas pelos Estados Unidos,

08:40mas por europeus e Japão sobre a Rússia,

08:44já desde a invasão da Ucrânia.

08:46Mas o tema BRICS não me parece ter aparecido

08:50em nenhum momento com os outros membros dos BRICS.

08:54É isso.

08:55Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial,

08:58conversando ao vivo com a gente.

09:00Pois não, fala, Otaviano.

09:01Atualmente, atualmente no Policy Center for the New South.

09:05E uma última mensagem, antes do domingo,

09:08vai Corinthians.

09:10Tá certo.

09:11Otaviano, muito obrigado pela participação, viu?

09:14Volte mais vezes aqui à programação da Jovem Pan News.

09:17Um bom fim de semana.

09:18Bom fim de semana pra todos.

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