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O tarifaço de Donald Trump a produtos brasileiros já está em vigor e desde então o governo brasileiro busca negociar a queda da taxação para os setores afetados, além de conversar com outros mercados para compensar as perdas estimadas. Nesta semana, o presidente Lula falou com o presidente da Índia, que também foi afetada pelas tarifas do governo americano. Para conversar sobre esse assunto, a Jovem Pan News entrevista o professor de Relações Internacionais, Lier Ferreira.

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Transcrição
00:00Com o tarifácio de Donald Trump a produtos brasileiros, já em vigor, o governo tenta negociar a queda da taxação para os setores afetados
00:10e conversa com outros mercados para compensar as perdas estimadas.
00:15Nesta semana, o presidente Lula conversou com o presidente da Índia, também afetada pelas tarifas comerciais americanas.
00:22Para conversar sobre este tema, a geopolítica desse tarifácio e da relação entre os países do BRICS,
00:29o Jornal da Manhã recebe o professor de Relações Internacionais, Lier Ferreira.
00:34Professor, muito bom dia, obrigada pela gentileza da entrevista.
00:39Olá, bom dia.
00:41Bom, queria ouvir a tua avaliação, o que esperar daqui para frente em relação a esses dois países?
00:47O presidente Lula ligando para o premier da China após a escalada dessas tarifas impostas pelo governo americano.
00:55De fato, é por aí, é esse o caminho, o Brasil procurar novos mercados e novas parcerias também?
01:03Olha, o Brasil está vivendo um ataque importante da sua soberania, uma pressão gigantesca dos Estados Unidos
01:11que se abate também sobre outros países, México, Colômbia, Canadá e agora, muito mais recentemente, a China,
01:18que compartilha com o Brasil esse tarifácio de 50% sobre o total das suas exportações para o mercado americano,
01:26que é um mercado muito importante.
01:29Então, assim, qual é o caminho para o Brasil nesse momento?
01:32Em primeiro lugar, o Palácio do Planalto, o Itamaraty, todos aqueles órgãos do governo federal
01:38devem adensar os seus esforços de negociação com os Estados Unidos naquilo que pode ser negociado,
01:47ou seja, não os elementos políticos do tarifácio, mas fundamentalmente os elementos econômicos, financeiros e comerciais.
01:54Isso já vem sendo feito no Brasil, isso já vem sendo feito por empresários brasileiros e norte-americanos dentro dos Estados Unidos
02:02e vai sendo feito também, inclusive, pelo Parlamento Brasileiro, que recentemente enviou uma missão
02:07para dialogar com congressistas norte-americanos.
02:10Um outro caminho que também vem sendo estruturado é a criação de um plano de socorro e auxílio
02:16para os setores mais diretamente atingidos.
02:18Esse plano de auxílio e socorro vai seguir mais ou menos o desenho daquilo que foi feito de socorro e ajuda ao Rio Grande do Sul
02:25no contexto das enchentes em 2024.
02:28E a terceira linha é exatamente essa, de você negociar com novos mercados
02:34para minimizar os efeitos do tarifácio sobre os setores exportadores brasileiros,
02:40sejam setores agrícolas, sejam setores agrários.
02:43Nesse sentido, um diálogo privilegiado com a Índia é muito importante.
02:47Por quê? Porque junto com a China, além de fazer parte do BRICS,
02:51a Índia é o segundo maior mercado em termos quantitativos do mundo,
02:55ou seja, China e Índia têm as duas maiores populações com cerca de 3 bilhões de pessoas.
03:02Então, assim, esse é um mercado que realmente o Brasil deve adensar a sua presença,
03:07assim como outros mercados na África e na Ásia.
03:10Agora, professor, a figura do próprio presidente Lula, né, se manifestando ali, fazendo a ligação para o Trump,
03:17porque ora ele acena dizendo que vai ligar, aí depois muda de ideia,
03:21como a entrevista ao longo dessa semana para Reuters, que repercutiu bastante,
03:25ele dizendo que não pretende ligar porque tem medo de ser humilhado.
03:29Será que as negociações também não avançam justamente porque existem outros interlocutores,
03:34mas não o próprio presidente Lula?
03:38Olha, eu acredito que nesse momento o Lula possa fazer um grande diferencial no diálogo direto com o Trump.
03:46Por quê? Porque nós sabemos que Lula e Donald Trump representam espectros políticos bastante distintos
03:54e possuem afinidade praticamente zero.
03:57No entanto, é absolutamente fundamental que o presidente Lula envide publicamente todos os esforços necessários
04:06para a salvaguarda dos interesses brasileiros que estão sendo duramente atingidos por esse tarifácio.
04:13O presidente Lula não deve ter nenhum medo de humilhação,
04:17até porque ele estará sempre estabelecendo uma negociação do ponto de vista ativo
04:23e do ponto de vista ativo, como vem sendo a característica da sua política externa desde o primeiro mandato.
04:28Agora, se for necessário, se for conveniente, se os negociadores entenderem,
04:36e aí eu falo tanto os negociadores diplomáticos, como por exemplo o ministro Mauro Vieira do Itamaraty,
04:41como também os negociadores políticos, o vice-presidente Geraldo Alckmin,
04:45o ministro da Fazenda Fernando Haddad.
04:47Se eles entenderem que essa conversa é necessária, o presidente Lula deve estar, sim, aberto.
04:54Eu tenho certeza que estará sempre na defesa dos interesses nacionais.
04:58Agora, professor, a gente sabe que o BRICS tem posições distintas nessa negociação.
05:04É possível esperar uma resposta conjunta diante de condições tão diferentes?
05:09Olha, vamos entender que o BRICS não constitui exatamente uma organização internacional,
05:16mas muito mais uma coalizão de países que buscam aspectos comuns do ponto de vista da política externa,
05:24particularmente aquilo que diz respeito à defesa do multilateralismo
05:28e das instituições que constituem a chamada governança global.
05:32Nesse sentido, uma articulação conjunta dos países BRICS,
05:37quer consideremos os países originários, Brasil, Rússia, Índia, China e posteriormente a África do Sul,
05:44quer o BRICS Plus ou o BRICS Mais ou o BRICS Ampliado,
05:47com a presença de outros países importantes como Indonésia, Irã, Egito, dentre outros,
05:53é muito difícil que a gente tenha uma posição conjunta, uma articulação conjunta dos países.
06:00Mas nós estamos vendo alguns movimentos interessantes.
06:04A China, por exemplo, vem abrindo mercados para o Brasil com uma resposta solidária
06:10aos ataques que vêm sendo sofridos pelo nosso país.
06:13Assim, por exemplo, cerca de 180 exportadores brasileiros de café
06:18foram recentemente habilitados no mercado chinês.
06:21O mesmo vem acontecendo, por exemplo, com a possibilidade de expansão da importação de carne bovina brasileira,
06:27um outro produto que vem sendo duramente impactado pelo tarifácio.
06:33Da mesma forma, Brasil e Índia começam a negociar a possibilidade de que o mercado hindu
06:40também absorva uma parte desses produtos brasileiros que estão sendo tarifados,
06:45da mesma forma que buscam aumentar as relações recíprocas.
06:50Então, assim, a busca de novos mercados é um imperativo da política externa brasileira
06:55desde a política externa independente nos anos 1960.
06:59E isso deve ser acentuado e aprofundado no contexto contemporâneo,
07:03independente até mesmo do tarifácio.
07:06Mas, evidentemente, que o tarifácio coloca um sentido de urgência e emergência
07:10para a prospecção desses novos mercados.
07:13E os mercados da Ásia e da África são mercados onde a presença brasileira
07:17ainda é relativamente incipiente e onde ela pode crescer muito,
07:22diminuindo cada vez mais a nossa dependência em relação ao mercado americano,
07:27que sempre será importante.
07:28As relações com os Estados Unidos devem ser sempre cultivadas pelo Brasil,
07:33porque são relações históricas, são relações relevantes.
07:36E eu tenho certeza que a diplomacia brasileira, nesse momento,
07:39como em qualquer outro momento da nossa história,
07:41não vai querer afastar-se dos Estados Unidos,
07:44e muito menos do mercado, do gigantesco mercado norte-americano.
07:49Conversamos com o professor de Relações Internacionais, Lier Ferreira,
07:53a quem eu agradeço mais uma vez a gentileza da entrevista.
07:56Professor, um bom dia para o senhor. Até uma próxima.
07:59Olha, muito obrigado pela oportunidade de conversar mais uma vez com o público da Jovem Pan.
08:04Estarei sempre à disposição aí de todos vocês.
08:07Obrigada.
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