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Em entrevista ao Jornal da Manhã, o professor de relações internacionais, Danilo Porfírio, debate se as tarifas impostas pela política de Donald Trump nos EUA podem acelerar as negociações do acordo Mercosul-União Europeia. A expectativa é que o acordo, crucial para o agronegócio, seja votado ainda neste ano.

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Transcrição
00:00E a possibilidade de acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia é o tema da nossa entrevista com o professor de Relações Internacionais, o Danilo Porfírio, que conversa com a gente ao vivo agora no Jornal da Manhã.
00:14Professor, bom dia, seja bem-vindo.
00:16Olha, essa tentativa de acordo entre os dois blocos já se arrasta há muito tempo.
00:21O senhor acredita que agora, com a nova conjectura econômica internacional, como o tarifácio do Donald Trump, por exemplo, isso ganha mais força e pode acontecer em breve?
00:33Sim, Patrícia, bom dia a todos. David e Patrícia, bom dia a todos.
00:37Sim, e não só pela condição econômica, das condições econômicas enfrentadas pelo Brasil em relação às retaliações, às ações, vamos dizer aí, retalhatórias ou conhecido tarifácio feito pelo governo americano.
00:56Mas também nós temos que entender que a Europa está numa situação complicada também.
01:04Ela reconhece que ela perde a cada dia mais espaço, como referência, como um grupo considerado uma potência global de pertinência.
01:20Então nós percebemos aí que a Europa se preocupa em ratificar posições, reconhecendo o seu apequenamento e procura aí conquistar e ratificar espaços para os seus interesses econômicos.
01:40E aí acelera esse processo junto com o Brasil, que também passa por um momento crítico, para que esse acordo que está sendo desenvolvido a banho-maria saia, mas ainda com ressalvas.
01:55E quais os principais pontos que a gente pode destacar caso efetivamente esse acordo seja fechado?
02:01Porque o presidente Lula até enfatizou que a intenção é fechá-lo até o mês de dezembro, ou seja, até o final do ano.
02:07Na verdade, os pontos são acessibilidade de produtos e serviços, vamos dizer, tecnologicamente de ponta, para o mercado brasileiro.
02:21E ao mesmo tempo, produtos, vamos dizer, manufaturados principalmente de origem da agroindústria e produtos agrícolas dentro da União Europeia.
02:33Mas, David, existe uma questão ainda que está sendo desenvolvida, que é uma questão que os franceses não abrem mão,
02:43que são as salvaguardas quanto ao acesso dos produtos agrícolas do Brasil, do Mercosul, especificamente do Brasil, dentro do mercado europeu.
02:56Então, vamos dizer, nosso mercado produtor agrícola, pecuário, agroindustrial, ele é pujante, ele é de ponta, altamente desenvolvido,
03:12e isso gera temor de concorrência junto aos espaços econômicos produtivos agrícolas, agropecuários, agroindustriais dentro da Europa.
03:25Então, esse ainda é um grande problema, mas nos parece que isso vai ser aceito de alguma forma pelo Mercosul e pelo Brasil,
03:38em função, obviamente, dessa situação que nós estamos aí testemunhando.
03:43E esse temor desse setor, como você disse, é uma questão mais do protecionismo?
03:49Ou você acredita que, realmente, os agricultores de lá, eles fazem essa questão ambiental, levam isso mais a sério do que a questão brasileira?
03:59Porque algumas exigências não são feitas, inclusive, para os próprios agricultores franceses, eles querem cobrar do Brasil isso.
04:08Então, tem mais a ver com o protecionismo do que com as regras ambientais, que é o viés aí que eles colocam na mesa?
04:14Patrícia, é a lógica da legitimidade, da legitimidade aparente.
04:20Outrora, antes dessa questão da defesa com mérito da proteção ambiental,
04:30os europeus alegavam outros argumentos, como questões trabalhistas, questões de desigualdade social.
04:38E agora, vamos dizer, a retórica da vez é a questão da proteção ambiental.
04:47Claro que o pano de fundo é o protecionismo.
04:52Claro que o pano de fundo é o temor que esse, vamos dizer,
04:58esse livre comércio venha demonstrar que o parque produtivo agrícola da Europa
05:10esteja, de alguma maneira, em obsolescência ou em atraso em relação à natureza
05:21ou à condição, vamos dizer, de desenvolvimento do nosso parque produtivo.
05:28O medo é que eles percam o espaço, ou seja, saiam perdendo dessa história, não é?
05:34Então, muitas vezes a gente usa essas questões ambientais para dar legitimidade
05:41a questões de interesse puramente econômico.
05:45Eu acho que a Patrícia colocou muito bem na pergunta dela, né,
05:47em relação a essas questões ambientais, esse protecionismo também em relação
05:51principalmente à França, porque gera ruídos em relação ao nosso agro,
05:55que tem potencialidade também para exportações.
05:58E uma série de restrições também são colocadas, né?
06:01Eles colocam o sarrafo lá em cima para que a gente possa realizar
06:04as negociações, as tratativas de exportações, né?
06:08Claro, e uma coisa que é importante.
06:11Se nós considerarmos, vamos dizer, os potenciais,
06:17e aqui saindo um pouquinho do Mercosul,
06:19ficando no Brasil na condição de agente integrante dos BRICS.
06:23Há tempos atrás, né, as lideranças dos BRICS levantaram,
06:30vamos dizer, as qualificações,
06:33as qualificações de cada grande integrante original dos BRICS.
06:38E o que que se levantou do Brasil?
06:40Que o Brasil é a bomba verde.
06:44Como assim bomba verde?
06:47É o Brasil hoje, é o celeiro do mito.
06:51É a grande referência alimentar.
06:54É a referência de ponta, muitas vezes,
06:58em até tecnologia na produção agrícola, meus amigos.
07:02Então, esta situação de protagonismo, de desenvolvimento,
07:10preocupa a Europa dentro desse contexto ainda mais.
07:14Que a Europa se apequena.
07:18Apequena politicamente, como estamos vendo aí na realidade da guerra da Ucrânia,
07:25distanciamento dos norte-americanos,
07:28uma perda de espaços econômicos,
07:32com a ascensão da China,
07:33com a ascensão da Índia,
07:37com a competição com os próprios Estados Unidos.
07:40Nós temos que lembrar
07:41que, durante anos,
07:44a principal força motora da União Europeia,
07:47que é a Alemanha,
07:48perde espaços no mundo inteiro.
07:50A Europa perde espaço em regiões tradicionais,
07:56como a África,
07:57no qual China e Índia...
08:00Perdão.
08:01China e Rússia estão presentes a cada dia que passa.
08:05Então, há necessidade de se ratificar espaços
08:10para que a Europa não caia na insignificância.
08:14Mas é o quê?
08:16Uma situação complicada.
08:17Porque, nesse mercado comum,
08:20os brasileiros, no mercado agrícola,
08:24estão muito à frente.
08:26E isso preocupa os europeus.
08:28Esse acordo entre Mercosul e a União Europeia
08:32também traria vantagens para o Brasil
08:34para diminuir a dependência que existe hoje
08:37com o mercado chinês e americano, por exemplo?
08:40Obviamente, o Brasil pensa na diversificação de mercados.
08:47E isso não é só com a União Europeia.
08:51Ao longo dos últimos governos,
08:54dos 20 anos, 25 anos para trás,
08:58nós observamos que o Brasil
09:02busca consolidar a sua presença econômica
09:07em diversas regiões do mundo.
09:09Eu não sei se vocês lembram que há anos e anos atrás
09:13tínhamos uma conferência dos países do Oriente Médio aqui,
09:16aqui no Brasil.
09:18Para o quê?
09:19Para ratificar os acordos comerciais,
09:23inclusive na venda de proteína animal.
09:27Estou falando de carne e de frango.
09:29Não é carne e de frango.
09:30Hoje nós somos os principais fornecedores de carne e de frango
09:36e comida com proteína animal halal
09:41em grande parte do Oriente Médio.
09:44Presença na África,
09:50presença...
09:51Agora nós estamos vendo uma intensificação
09:53de ações entre Índia e Brasil
09:56e, obviamente, a União Europeia
09:59é parte importante para os interesses do Brasil.
10:03Importantíssimo.
10:04O que diversifica ainda mais
10:07nessa situação de tensionamento político
10:11entre os Estados Unidos e o Brasil?
10:15Professor de Relações Internacionais,
10:17Danilo Porfírio,
10:18obrigado aqui pelos seus esclarecimentos
10:20e tenha um bom fim de semana.
10:23Um abraço a todos e um bom fim de semana.
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