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No Check Up desta semana, o Dr. Cláudio Lottenberg recebe o neurologista Mário Peres para um bate-papo completo sobre dores de cabeça, seus sinais de alerta e as melhores formas de tratamento. Ao longo da conversa, eles abordam desde o diagnóstico até os fatores que podem desencadear o problema, como saúde mental e hábitos alimentares.

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Transcrição
00:00Olá! O programa de hoje, nosso Check-Up, fala a respeito de dor de cabeça.
00:09A cabeça é uma das partes mais importantes do nosso corpo,
00:13pois nela ficam abrigados os órgãos cruciais para o funcionamento do nosso organismo,
00:18contendo o cérebro, o centro de controle do nosso corpo.
00:21Ela também leva os órgãos dos sentidos, olhos, ouvidos, boca e nariz.
00:27Além de tudo isso, ela é responsável pelo nosso raciocínio, nosso social e interação com o mundo.
00:34No Check-Up de hoje, o Dr. Cláudio Lutenberg conversa com o Dr. Neurologista Mário Pérez
00:40sobre uma doença muito falada, a dor de cabeça.
00:44O que é a dor de cabeça? Como cuidar para prevenir?
00:47Até quando uma dor de cabeça é normal?
00:50Fique ligado, o Check-Up está no ar.
00:57Check-Up Jovem Pan
00:59Condutor Cláudio Lutenberg
01:01Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia,
01:06estima-se que mais de 140 milhões de pessoas sofram com dores de cabeça.
01:12Destas, 13 milhões encaram o problema entre 15 ou mais dias por mês.
01:17Essa maior incidência caracteriza a cefaleia crônica,
01:20condição que impacta na qualidade de vida e dificulta na busca por tratamentos eficazes,
01:25causando risco de abuso de medicamentos, automedicação,
01:29além de problemas mentais e sociais.
01:33Ou se tratar de algo conhecido,
01:35onde 95% das pessoas têm dor de cabeça pelo menos uma vez na vida,
01:40sendo 70% dos afetados mulheres e 50% homens,
01:45muitos não conhecem meios para tratar e não dão a devida atenção.
01:49Mário, seja muito bem-vindo.
01:53É um prazer ter você hoje aqui conosco.
01:56Muito prazer também.
01:57Uma alegria enorme estar aqui contigo, Cláudio.
01:59Mário, a gente confunde muitas vezes, né?
02:02Dor de cabeça, cefaleia, enxaqueca.
02:05Qual é a diferença?
02:06São coisas similares?
02:08São coisas tão diferentes?
02:10Cefaleia é o termo médico para designar dor de cabeça.
02:14É a mesma coisa.
02:15Então, existem cefaleias primárias, tipo a enxaqueca e outras,
02:20e as secundárias, quando tem uma outra doença que causa dor de cabeça,
02:25que pode ser desde uma coisa mais grave,
02:28tipo um tumor cerebral, um aneurisma,
02:30ou até a ingesta de álcool,
02:32ou uma infecção viral,
02:34que pode também dar como sintoma dor de cabeça.
02:36E quais são os principais sintomas que caracterizam a dor de cabeça?
02:41Ela pode ser difusa?
02:43Ela é localizada?
02:43Como é que ela se manifesta?
02:46Ou depende do tipo de causa que leva a ela?
02:49Vamos falar dos sintomas da enxaqueca.
02:51A enxaqueca não é só dor de cabeça.
02:54Ela tem incômodo com a luz, com o barulho,
02:57ela tem enjoos, pode dar tontura junto,
03:00pode dar as auras visuais, as alterações visuais,
03:04que você vê toda hora no seu consultório, né?
03:06E também tem o chamado pródromo,
03:08que são sintomas que vêm antes da dor de cabeça.
03:11Então, a pessoa fica com irritabilidade,
03:13às vezes dor cervical, tem bocejos,
03:17tem aumento de, ou mais vontade de urinar,
03:20tem alterações digestivas, tem náuseas,
03:23e também incômodo com luz, com barulho.
03:25É impressão minha, ou de fato está ficando mais frequente
03:30as pessoas serem diagnosticadas com enxaqueca?
03:33A gente está vendo realmente, com o passar dos anos,
03:38um aumento de sobrecargas de todas as maneiras físicas e mentais.
03:43E isso reflete em mais dores, de uma maneira geral,
03:46porque o sistema de dor é um sistema de defesa,
03:49é um sistema de alerta que vai sinalizar alguma coisa para a gente
03:52que está errada.
03:54Então, a gente está vendo mais.
03:55E também, as pessoas estão se conscientizando mais
03:58da existência da enxaqueca e dos seus tratamentos.
04:04Os tratamentos de evitar a dor de cabeça
04:06e não só o uso de analgésicos, como é o mais comum.
04:10Quer dizer, no passado as pessoas tomavam remédio,
04:12eram sintomáticos e resolviam temporariamente
04:15e esqueciam o assunto.
04:16E hoje elas têm o interesse, ou porque é recorrente,
04:20ou porque, de fato, elas são mais alertadas para isso.
04:23Correto?
04:24É.
04:24E também existem novos tratamentos.
04:27Tratamentos que geraram uma resposta melhor de efeito nas pessoas.
04:33Então, a gente está tendo cada vez mais e melhores opções de tratamento.
04:38Ainda, a maior parte das pessoas só tomam analgésico,
04:42só apagam o incêndio e não fazem o tratamento preventivo,
04:47que pode ser tanto com remédio quanto sem remédio.
04:49E você, quando observa o panorama daqueles pacientes que te procuram,
04:54você tem dores de cabeça que são oriundas de problemas na cabeça.
04:58Mas tem doenças sistêmicas que também cursam com dor de cabeça.
05:03Quais doenças seriam essas?
05:05Tem.
05:05Eu acho que a mais importante para a gente conversar
05:07é a pressão alta, a hipertensão arterial.
05:10Existe um lado que é um mito,
05:13porque a pressão bem controlada ou uma pressão moderadamente aumentada
05:18não deve ser causa de dor de cabeça.
05:22Mas enxaqueca e pressão alta se conversam, são comorbidades.
05:27Inclusive, tem tratamentos para pressão que também são bons para enxaqueca,
05:32como os beta-bloqueadores ou o candesartan, por exemplo.
05:37Existem níveis de dor de cabeça?
05:39Existe dor de cabeça fraca, leve, moderada e forte, muito forte.
05:45Existem todos os níveis possíveis.
05:48Existe a cefaleia em salvas, por exemplo,
05:51que é um tipo de dor considerada a pior dor que o ser humano pode sentir.
05:56Ela normalmente é só de um lado,
05:59ela tem lacrimejamento, queda da pálpebra,
06:02ela dura menos, dura em média 30 minutos,
06:05gosta de vir em um horário do dia específico.
06:08E ela é realmente extremamente incapacitante.
06:13Diferente da enxaqueca, que a pessoa prefere ficar mais num quarto escuro ou quieta,
06:18na cefaleia em salvas a pessoa fica agitada, inquieta.
06:22E os tratamentos são também muito efetivos,
06:24tanto para cortar quanto para evitar que ela apareça.
06:27Otávio Franco, paciente de cefaleia em salvas e voluntário da Associação Brasileira de Cefaleia em Salvas e Enxaqueca,
06:35conta como sofre com sintomas desde 17 anos e como ficou uma década sem diagnóstico.
06:42Depois de várias visitas em especialistas, exames desnecessários e desamparo,
06:47Otávio conseguiu descobrir o problema e procurar por tratamento.
06:51Cerca de 17, 18 anos de idade eu comecei a ter dores de cabeça fortíssimas, muito fortes mesmo.
06:58Eu chegava a ficar desesperado, do tamanho que era dor.
07:01Procurei médicos, recebi diversos diagnósticos dos mais diferentes.
07:06Fui em oftalmologista, achando que era problema no olho.
07:10Fui em dentista, achando que tinha problema no dente, porque doía um pedaço da minha cabeça.
07:16Passei mesmo em neurologistas, que achavam que eu tinha enxaqueca.
07:20E fiquei mais de 10 anos com diagnósticos errados, tomando uma medicação errada
07:26e principalmente com grande desespero de não saber por que minha cabeça doía tanto
07:31e sem saber o que fazer com isso.
07:34O que acontece é que essa dor de cabeça que eu tenho, que é a cefaleia em salvas,
07:38ela tem uma característica muito peculiar, que é a periodicidade.
07:42Então ela dá uma época do ano e depois ela para.
07:44No meu caso, a minha cabeça dói quase todo dia, durante umas seis semanas, quatro, seis semanas, às vezes oito.
07:51Depois ela para e ela volta só no outro ano.
07:54Então o que aconteceu é que sempre que eu ia num médico e ele me passava algum tipo de tratamento,
07:57depois de um tempo ela parava, mas porque ela para mesmo.
08:00E eu achava que aquele tratamento tinha funcionado.
08:02Só que quando ela voltava no outro ano, eu fazia o mesmo tratamento e aquilo não funcionava.
08:06Então aquilo foi me dando assim, atrapalhava muito a parte emocional também.
08:12Até que um dia eu assisti num programa como esse daqui, um programa de esclarecimento.
08:17Tinha um neurologista falando sobre cefaleias, eu me interessei do assunto, porque eu tinha dor de cabeça.
08:22E aí ele começou a contar algumas características de uma cefaleia que ele disse que era mais rara que as outras.
08:28E aí ele explicou, ele falou, olha, é uma dor muito forte, que é o que eu sentia, de um lado só da cabeça, não é na cabeça inteira, que também é o que eu sentia.
08:37Aí ele falou, dura de 30 a 45 minutos, que era o meu caso, durava geralmente 40 minutos, uma hora, uma hora e pouquinho.
08:43Que é muito diferente da enxaqueca, que dura de 3 horas a 3 dias.
08:48E aí ele falou assim, tem uma característica muito peculiar, que é o seguinte, no momento da dor, o olho incha, fica vermelho, a pálpebra fica bem inchada, o olho escorre e o nariz escorre.
08:59Quando eu ouvi isso, eu falei assim, poxa, mas é isso que eu tenho, né?
09:01E só então que eu descobri que eu tinha cefaleia em salvas.
09:04A partir disso, aí eu consegui um diagnóstico médico correto, para confirmar essa informação que eu tinha recebido nesse programa.
09:12E a partir daí eu consegui fazer um tratamento adequado para a cefaleia em salvas, porque até então eu fazia tratamentos para outros tipos de dores de cabeça.
09:20E a cefaleia em salvas, ela é mais peculiar, então o tratamento dela é peculiar, né?
09:25Eu consegui manejar muito melhor a dor de cabeça e, principalmente, eu não tinha mais aquele desespero, porque eu sabia que, apesar de ser uma dor muito forte, era só uma dor, não estava acontecendo nada.
09:35Porque antes eu achava que a minha cabeça ia explodir, que eu tinha alguma coisa na cabeça, né?
09:38E que ela ia passar, né? Em algum momento ela ia passar.
09:42Então foi muito importante para mim e muito libertador poder ter um diagnóstico correto sobre cefaleia em salvas, porque até então eu tinha só diagnósticos errados.
09:51O diagnóstico mais próximo que eu tive foi de enxaqueca, mas o remédio da enxaqueca não serve para a cefaleia em salvas, então eu sabia que eu tinha uma dor de cabeça, mas tratava ela de forma errada, né?
10:00Então a partir do momento que eu descobri que eu tinha cefaleia em salvas, eu consegui tratar ela de uma maneira mais adequada e, principalmente, conseguir ter um pouco mais de tranquilidade e de saber que era uma condição que é manejável, né?
10:11Apesar de não haver cura, ela tem tratamento, né? Tem tratamento agudo, tem tratamento e até preventivo.
10:17A cefaleia em salvas, ela, apesar de não ser uma doença que ainda se conhece a cura, até porque não se sabe nem muito bem o que causa, né?
10:25Ela tem tratamento e esse tratamento é bastante eficaz.
10:29A pessoa consegue melhorar muito a dor, melhorar muito as crises, né?
10:32Claro que cada caso é um caso, né?
10:35Nem todo mundo reage da mesma forma aos medicamentos e nem todo mundo tem as mesmas características da dor de cabeça,
10:40mas ela tem tratamento bastante eficaz hoje em dia.
10:44Então, se a pessoa tem essas características, tem uma dor de cabeça muito forte, né?
10:49De um lado só da cabeça, que o olho lacrimeja, o nariz escorre, né?
10:53E ela dura, assim, 30, 45 minutos, né?
10:56Talvez um pouquinho mais, um pouquinho menos, né?
10:58A pessoa precisa entender que ela não tem enxaqueca, que ela tem cefaleia em salvas e que tem um tratamento específico
11:03e esse tratamento é eficaz, né?
11:05E que não adianta essa pessoa ficar tratando como se ela fosse enxaqueca,
11:09porque o tratamento da enxaqueca não é eficaz para a cefaleia em salvas.
11:13Um quadro intrigante é justamente quando você não tem uma causa básica,
11:18as assim chamadas cefaleias primárias, né?
11:21Como é que você trabalha para tentar identificar o que está levando a isso?
11:26Tem cura?
11:27As pessoas podem se livrar desse tipo de cefaleia?
11:30Excelente pergunta.
11:31Essa é uma narrativa que a gente tem, né?
11:34E talvez seja culpa de nós, médicos, dizer que a enxaqueca não tem cura,
11:40mas eu quero fazer alguns paralelos aqui para a gente repensar esse assunto.
11:44Então, se você tiver três anos, cinco anos livre de um câncer, de um câncer de mama, por exemplo,
11:50você estabelece que o câncer foi curado, né?
11:52A gente não pode enxergar a enxaqueca como uma pneumonia que vai se tomar o antibiótico e vai acabar com ela.
12:02É uma doença crônica, né?
12:04Mas é totalmente possível você gerar uma remissão e você ficar sem dor de cabeça por três ou cinco anos.
12:11Então, neste caso, se a gente entender que ela pode ter uma definição diferente,
12:17nesse caso, sim, existe cura.
12:20O que não existe é nunca mais você ter dor na vida,
12:24porque o sistema de dor, ele é um sistema de defesa,
12:27ele tem que estar ali, que nem uma buzina que você tem no seu carro.
12:31Você não quer usar, mas se você uma hora precisar usar,
12:34ela está ali para servir ao seu propósito.
12:38Quando você não encontra uma causa básica e a pessoa não tem uma explicação,
12:43e ela tem uma cefaleia primária,
12:45qual é o limite que você vê para que ela possa se automedicar?
12:51Você acha que as pessoas têm abusado em cima disso?
12:55Como é que você enxerga dentro de uma visão crítica, falando para a população de maneira geral?
12:59Eu acho que, sim, a automedicação é um grande problema.
13:05Eu acho que a palavra abuso, ela é um pouco forte,
13:09porque implica em culpa das pessoas,
13:13mas eu acho que elas são mais vítimas porque elas não têm a informação.
13:16O que ela vê na televisão?
13:18Propaganda de analgésico.
13:20O que ela sabe?
13:22Qual é o nível de conhecimento?
13:24Ela não sabe que existe tratamento preventivo,
13:28tratamento para ela não ter dor de cabeça,
13:31para ela evitar que venha a dor de cabeça.
13:33Então, essa é a informação principal que precisa ser levada para as pessoas.
13:39Se você toma analgésico, ok, você está apagando incêndio,
13:43você está aliviando só naquele momento.
13:46Mas e a enxaqueca que vai vir no dia seguinte ou no outro dia?
13:50Porque a doença tem uma intermitência, ela vai e volta.
13:54Existem fatores, e aí quando você fala de não achar uma causa,
13:57de fato, a enxaqueca é uma doença que é multifatorial.
14:02Tem várias coisas e às vezes você tem um pouquinho de cada coisa.
14:06Então, você tem que identificar na pessoa qual que é o aspecto principal
14:10ou quais aspectos precisam ser trabalhados.
14:12Ela precisa melhorar do seu sono,
14:14ela precisa melhorar da sua saúde mental,
14:16ela precisa melhorar a sua postura,
14:18ela precisa melhorar a alimentação,
14:21ela precisa se exercitar
14:23e ela às vezes tem uma predisposição interna,
14:28uma genética muito forte,
14:30que por mais que ela faça tudo isso,
14:32ela vai continuar tendo dor de cabeça e ela precisa de um tratamento.
14:35Então, a gente tem que entender o que é aquela pessoa,
14:38o que ela está precisando
14:40e customizar e fazer o tratamento específico para ela.
14:44Você viu e citou agora a respeito das propagandas de analgésico.
14:49As pessoas acabam tendo acesso,
14:51muitas vezes sem qualquer prescrição médica.
14:53Qual o risco da pessoa tomar analgésico
14:56sem uma orientação, passando de certos limites?
15:00Existem riscos importantes.
15:02Primeiro porque se você só toma analgésico
15:05sem ter um diagnóstico, o que está por trás?
15:08Você está tendo aumento de pressão?
15:10Você está tendo hipóxias?
15:11A dor de cabeça vem de madrugada
15:13e aí de repente é uma apneia do sono
15:15porque a oxigenação à noite está baixa?
15:18Então, essa pessoa que está acima do peso,
15:20que está roncando à noite e tendo dor de madrugada,
15:23não adianta ela tomar analgésico,
15:25ela tem que tratar a doença de base,
15:27que é um fator de risco, inclusive,
15:28para ela ter isquemias, para ela ter AVC, infarto.
15:32Então, o problema do diagnóstico,
15:35se ela não sabe o que ela tem,
15:37ela tomando analgésico,
15:39ela pode ter as consequências da doença de base.
15:42Outra coisa é que a venda de anti-inflamatórios no Brasil é livre.
15:47Então, você toma um anti-inflamatório,
15:49você compra sem receita e o que vai acontecer se você tomar demais?
15:54Vai furar seu estômago, vai te dar problema renal,
15:57vai te dar hipertensão.
16:00Então, esse também é um problema.
16:02Claro, o grande problema, que infelizmente a gente não tem tanto no Brasil,
16:06mas que em outros países é gravíssimo,
16:08que é o uso de opioides.
16:09Então, essa é uma informação também importante.
16:12Tramadol, codeína, opioides,
16:15a gente não dá para dor de cabeça, para enxaqueca,
16:18não é remédio para cortar dor de cabeça,
16:21porque eles causam também hiperalgesia,
16:23quer dizer, eles pioram a dor.
16:26Então, isso precisa ser bem colocado.
16:29E a orientação médica de diagnóstico
16:31e de início de um tratamento preventivo,
16:34que pode ser sem remédio também.
16:36E depois vai mudar a qualidade de vida dessa pessoa.
16:41Ela, em vez de cortar mais rápido,
16:43ela vai deixar de ter a dor de cabeça.
16:45Quer dizer, a analgesia pode ser algo temporário,
16:47esporádico para aquela situação,
16:49mas é algo que merece uma avaliação,
16:51porque o uso crônico tem seus efeitos
16:53e tem os seus preços.
16:55Agora, vamos falar um pouquinho de enxaqueca,
16:57que é algo que chama muita atenção,
17:00e não só de vocês que estão assistindo,
17:02mas da comunidade médica.
17:03Quais são os tipos de enxaqueca
17:05e como é que a gente diagnostica
17:07e como é que a gente trata?
17:09A gente pode classificar grosseiramente
17:11as enxaquecas em crônicas.
17:14É uma doença crônica,
17:15mas a enxaqueca crônica é basicamente
17:17enxaqueca todo dia.
17:19Sim, existem pessoas com enxaqueca todos os dias.
17:22e as episódicas, que são as mais infrequentes.
17:27E aí tem as enxaquecas com aura e as sem aura.
17:32A aura é aquela alteração visual,
17:34pontos escuros, luminosos, linhas e figuras em zigue-zague
17:39que vêm normalmente antes da enxaqueca
17:42e que duram normalmente de 5 minutos até 60 minutos
17:47e que também são peculiares e parte do quadro da enxaqueca.
17:52E você então, quer dizer, classifica a aura
17:55como se fosse um aviso.
17:57A enxaqueca vai vir.
17:58Adianta é medicar quando surge a aura
18:00ou a gente tem que medicar de maneira mais crônica?
18:04A aura é um sinal que você pode segurar a enxaqueca?
18:07Se você tem a aura e sabe que a dor vem,
18:11é o momento certo de tratar.
18:12Aliás, quanto mais cedo a gente pegar
18:15a crise da enxaqueca, melhor.
18:17Mas, de novo, reforçar que uma crise recorrente,
18:22uma dor de cabeça que vai e volta,
18:23precisa ser tratada preventivamente.
18:26Olha, é aí talvez até falando no sentido multidisciplinário.
18:29Eu também lido com um pouco disso,
18:31não tanto, evidentemente.
18:33Vícios posturais e dor de cabeça.
18:36Pessoas que ficam muito tempo no computador.
18:38Vícios de refração, problema de óculos.
18:41O que você pode contar sobre isso
18:43no mundo que hoje trabalha o tempo todo
18:45interagindo com o computador e, principalmente, jovens.
18:48Cláudio, a gente tem que pensar que a cabeça tem músculos oculares,
18:55músculos da mastigação,
18:57músculos aqui na região de trás e do pescoço.
19:00E todos eles podem ter contraturas.
19:05E essas contraturas podem chegar num ponto e levar à dor.
19:09Então, se o vício de refração é forte o suficiente
19:13para gerar uma contratura excessiva da região,
19:17ela vai ocasionar.
19:19Esse é um debate, né?
19:20Se existe dor por vício de refração,
19:24quer querer ouvir a sua experiência,
19:26a sua opinião sobre isso.
19:28É, a musculatura que fica ao redor dos olhos,
19:31se ela sofre algum tipo de abuso no seu uso,
19:35justamente está relacionada com músculos,
19:38ela pode levar também a sintomas de dor de cabeça.
19:41Tanto que quando você prescreve o óculos
19:44ou você faz algum tipo de exercício ortótico,
19:48você minimiza isso, você diminui.
19:51Então, é uma área onde nós, na verdade,
19:52interagimos, oftalmologistas e neurologistas.
19:56Se falei a secundária,
19:58o que você pode contar para a gente
19:59das doenças de base que levam a isso?
20:02Bom, tem algumas que são importantes.
20:04Na verdade, qualquer coisa pode dar dor de cabeça,
20:08desde as mais graves, tumor cerebral,
20:11aneurisma, isquemias e um espectro grande,
20:15até as causas bem simples.
20:17Mas das doenças sistêmicas,
20:20eu acho que uma que eu quero destacar,
20:23que é a hipertensão intracraniana
20:26por obesidade.
20:30Então, você tem um aumento de pressão intracraniana
20:34que não é por causa de um tumor,
20:36mas por causa da formação excessiva do líquor.
20:39E isso também causa uma consequência no seu lado,
20:44que é a alteração visual,
20:46alterações da retina, atrofia.
20:49E no final, a pessoa pode até cursar com cegueira,
20:54perda visual, né?
20:56Então, para suspeitar de uma hipertensão intracraniana
20:59idiopática, você vai ter aquela pessoa com obesidade,
21:04com dor diária, com zumbido
21:06e com alguma alteração visual.
21:08Então, esse conjunto de sintomas aí
21:11precisa ser levado ao médico
21:13para que ele também pense nessa possibilidade diagnóstica
21:18e consiga tratar.
21:20E aí, a pessoa tem uma melhora substancial.
21:22Nessa epidemia de doenças mentais,
21:25depressão e ansiedade,
21:26a depressão e ansiedade levam à dor de cabeça
21:29ou a dor de cabeça pode levar à depressão e ansiedade?
21:34Ou os dois caminhos são possíveis?
21:36Excelente tema.
21:37É uma via de mão dupla.
21:40E é uma coisa interessante.
21:42Tempos atrás, a gente achava que era a depressão
21:45a maior culpada.
21:46Mas a que mais gera dor de cabeça é a ansiedade
21:50e os sintomas físicos de depressão.
21:54Se a gente juntar ansiedade, antecipação, preocupação,
21:58se a gente juntar também a irritabilidade,
22:01nós vamos ter um caldo bastante,
22:04que a gente chama algógeno, né?
22:06Quer dizer, a junção dessas duas situações
22:09levam bastante à dor de cabeça.
22:11Irritabilidade e ansiedade, preocupação, antecipação.
22:15Agora, não é infrequente a gente,
22:18até no cotidiano, conversando entre amigos,
22:20no consultório também.
22:21Ah, estou com uma leve dor de cabeça,
22:23mas não há nada grave.
22:25Quando é que as pessoas têm que se preocupar
22:27com a dor de cabeça?
22:28Tem duas questões aqui,
22:29que é a dor de cabeça como um sinal de alerta
22:32de algo grave.
22:34Então, se é uma dor de cabeça
22:36como uma paulada de forte intensidade aguda,
22:39pode ser um sinal de aneurisma,
22:42de sangramento cerebral.
22:43Agora, se é uma dor de cabeça
22:46que está te atrapalhando de alguma forma,
22:49que tira a sua qualidade de vida,
22:52que é frequente e recorrente,
22:54essa aí, tanto faz, aonde, como,
22:57ela precisa ser diagnosticada e tratada,
23:00porque ela te atrapalha de alguma forma.
23:02Você falou que você pode prevenir a dor de cabeça,
23:05principalmente quando você tem o Aura,
23:07que está te avisando.
23:09E você tem, logicamente, analgésicos que você utiliza
23:13para evitar a dor de cabeça.
23:16Existem alimentos que podem desencadear a dor de cabeça?
23:19Alguma mecânica imunológica como gerador de dor de cabeça?
23:23A gente tem que pensar da seguinte forma.
23:26Existem desencadeantes provocadores
23:28e qualquer sobrecarga física e mental
23:31pode desencadear uma dor.
23:33A lista de alimentos é grande.
23:37Existem predisposições individuais,
23:40mas o fator alimentar mais importante
23:42é não se alimentar.
23:44Olha que interessante, né?
23:45Quer dizer, a pessoa que não se alimenta bem,
23:48ela tem o fator predisponente
23:50a ter dor de cabeça.
23:51E não é infrequente, né?
23:52Eu estava com dor de cabeça,
23:54depois comi alguma coisinha e eu melhorei.
23:56Algo, principalmente, numa época que a gente fala aí
23:59de dietas com jejum intermitente,
24:02abolir determinadas refeições.
24:05Quer dizer, se alimentar de forma frequente
24:08é algo que é importante,
24:09desde que bem orientado, na qualidade alimentar.
24:12Caso contrário, esse tipo de jejum,
24:15ele pode levar, inclusive, a dor de cabeça.
24:19Você, depois de tantos anos
24:20na atividade clínica como médico, né?
24:23E muita gente me pergunta,
24:24já que você falou de mim, né?
24:26Usar óculos é uma doença?
24:27Eu digo que não.
24:28Ter dor de cabeça é uma doença?
24:30Se a dor de cabeça for o sintoma de uma doença,
24:34aí nós vamos ter esta outra doença.
24:37A dor de cabeça pode ser um sintoma
24:40de algo ocasional,
24:41que não necessariamente é uma doença,
24:43mas a recorrência, quer dizer,
24:45quando a dor de cabeça vem e volta
24:47e fica persistindo e atrapalha a vida desta pessoa,
24:51aí sim é uma doença.
24:53No caso, o melhor exemplo é a enxaqueca.
24:57Mitos e verdades
24:58Dor de cabeça é sempre a mesma?
25:03Isso é um mito ou é uma verdade?
25:06É um mito.
25:07A dor de cabeça pode aparecer na frente,
25:10em cima, atrás, de um lado, de outro.
25:14Ela pode ter várias formas e manifestações.
25:18Estresse tem a ver com dor de cabeça?
25:20Mito ou verdade?
25:21Tem a ver com dor de cabeça.
25:23É um grande precipitante,
25:26é um fator importante.
25:27Aliás, na vida, na homeostase,
25:31em qualquer situação da saúde humana,
25:35o estresse, talvez a palavra melhor,
25:38seria sobrecarga.
25:40A palavra em português,
25:41sobrecargas, que podem ser físicas ou mentais.
25:44Sim, muito importante.
25:45Todos nós, em algum momento,
25:47temos uma dor de cabeça e vem alguém e orienta.
25:50Toma um pouquinho de água que passa.
25:52Mito ou verdade?
25:54Mito.
25:55Eu acho que existe um excesso de ingesta,
26:00de água e orientações,
26:03as pessoas tomando líquidos exageradamente,
26:06como se essa fosse a solução
26:09para todos os problemas de saúde.
26:11mito,
26:13o que você tem que prestar atenção é
26:16não se desidratar,
26:18o que é diferente de ficar tomando água exageradamente.
26:22Excelente.
26:23Existe dor de cabeça ligada às questões de saúde mental?
26:28Mito ou verdade?
26:28Existe,
26:30existe, então, fatores e problemas de saúde mental
26:35como desencadeantes e, no final, uma coisa puxando a outra.
26:40Ter dor frequente gera mais ansiedade,
26:43gera mais depressão e vice-versa.
26:46Nós tivemos hoje aqui a participação do Mário Pérez.
26:50Mário, eu queria muito agradecer você,
26:53você sabe, da estima, consideração,
26:55o respeito, o carinho que tenho por você.
26:57Eu que agradeço.
26:57Portanto, é um privilégio ter você aqui conosco
26:59falando sobre um tema tão palpitante e importante.
27:03É uma alegria para mim também.
27:05Se você tem alguma dúvida, quer escrever,
27:07quer sugerir algo, escreva, por favor.
27:09Dr. Claudio, arroba jovempan.com.br
27:15No Check-Up de hoje, você viu
27:19os tipos de dores de cabeça,
27:21o que elas significam,
27:23como tratar essas dores
27:24para uma melhor experiência da vida,
27:27quando a dor de cabeça é um sintoma de outras doenças,
27:31como resolver esse sintoma
27:32sem depender apenas dos analgésicos.
27:41CICAP Jovem Pan
27:42Condutor Claudio Lotenberg
27:44A opinião dos nossos comentaristas
27:49não reflete necessariamente
27:51a opinião do Grupo Jovem Pan
27:53de comunicação.
27:58Realização Jovem Pan
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28:03Aisião Jovem Pan
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