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  • há 6 meses
O escritor Augusto de Franco fala sobre os parâmetros em que se trava uma nova guerra fria.

Assista à conversa na íntegra: https://youtu.be/NOVfHSY4gvY

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Transcrição
00:00Deixa eu pegar esse gancho que você falou dessa segunda Guerra Fria,
00:04porque me parece que a base é diferente daquela da primeira.
00:11Inclusive, em algum momento você tweetou, a gente separou,
00:17mas aqui aproveitando, fazendo a curadoria dos seus tweets,
00:22que eu acho que é uma forma sintética de expressar um pensamento,
00:27mas que ela vai no cerne da questão.
00:30A gente já tinha comentado antes sobre a perda da validade desse discurso de direita e de esquerda,
00:37dessa polarização conceitual de direita e de esquerda.
00:41E você dá um exemplo muito bom, quando você cita o Putin.
00:45O Putin é de direita ou de esquerda?
00:48Ele apoia o Maduro, o Ortega, Cuba, que são de esquerda,
00:52mas também apoia o Trump, o Orban, o Le Pen e o Bresset, que são de extrema-direita.
00:57E aí, essa Guerra Fria se fundamenta em que tipo de polarização?
01:06E, mais uma vez, esse discurso de capitalismo, comunismo, socialismo, já era?
01:13Já era.
01:13Para essa segunda Guerra Fria, já era.
01:16A primeira Grande Guerra Fria, nos anos 60, 70, até a queda do Muro de Berlim,
01:27foi uma guerra fria entre o bloco do leste socialista e o mundo capitalista.
01:34Atualmente, não é mais essa divisão.
01:37A divisão é muito mais profunda no sentido civilizacional do termo.
01:44Quer dizer, são os países eurasianos contra os países oceânicos, vamos chamar assim.
01:51Nós estamos revivendo o George Orwell,
01:53que, em 1984, tinha a Eurásia, a Lestásia e a Oceânia.
02:03E era muito engraçado, porque, como era um regime autoritário, ditatorial,
02:10sempre precisava estar em guerra, porque a autocracia é a guerra.
02:13Então, o cara dizia, bom, e agora?
02:16Agora nós estamos em guerra com a Eurásia?
02:17Não, isso foi na semana passada.
02:19Agora é com a Lestásia.
02:20Eles iam trocando o inimigo, embora o inimigo fosse imaginário,
02:23porque precisava do inimigo.
02:26Porque a guerra, ao contrário do que a gente pensa, Cláudio,
02:29não é destruição de inimigo, é construção de inimigo.
02:33Você constrói o inimigo para poder juntar, sob suas asas,
02:40aqueles que vão lhe seguir.
02:43E você diz, olha, cuidado, o bicho papão vem aí e vai te pegar.
02:47Então, a guerra é um engendramento, para gerar o estado de guerra,
02:53que é um estado que permite, então, você exercer um poder autocrático
02:58a partir de estruturas hierárquicas.
03:01Então, isso é uma informação importante,
03:04porque as pessoas acham que guerra é o sangue lá saindo no campo de batalha.
03:07Não.
03:08O próprio Hobbes já sabia disso.
03:10Ele dizia, olha, a guerra está acontecendo quando não tem a batalha.
03:13Em 1651, no Leviatã, o Hobbes tem um capítulo sobre isso.
03:20Dizendo, não, é quando você percebe a disposição para a guerra.
03:24Aí a guerra está acontecendo.
03:25Quer dizer, a guerra é o estado de guerra e toda a guerra é interna.
03:29Muito bem.
03:31O que vai ser essa segunda grande guerra fria que está começando?
03:35Eu acho que está começando.
03:37Vários analistas internacionais acham também que está começando.
03:40Eles querem fazer um eixo das autocracias.
03:46Autocracias não eleitorais e eleitorais.
03:48Então, é Rússia, que é uma autocracia eleitoral.
03:51China, que é uma dificuldade na equação,
03:53porque a China não quer entrar subordinada em nenhum bloco desse tipo.
03:58E Irã, esse entra.
04:02Então, querem fazer um eixo,
04:04que é o eixo neograsiano até a Síria e etc.
04:08e tal, com aliados no Ocidente.
04:12Não é?
04:12Com aliados tipo Hungria, Turquia.
04:16Não é?
04:17Com aliados...
04:18Com os países árabes, que são ditaduras.
04:25E até na América Latina você tem Cuba, Venezuela, Nicarágua,
04:29que acabam apoiando, de certa maneira, a política do Putin.
04:33É uma política socialista?
04:35Não.
04:35É uma política populista.
04:37Isso é.
04:38É uma política populista.
04:40Mas o objetivo é expandir,
04:43é voltar à política de blocos
04:45e expandir a influência desse bloco.
04:48E tem um risco muito grande para o Brasil,
05:03que é esse negócio dos BRICS.
05:07Outro dia o Lula falou...
05:09Ah, quem sabe a gente aproveita o negócio dos BRICS
05:14para solucionar a questão na Ucrânia.
05:19Ora, quem são os BRICS?
05:21Vamos lá.
05:22Vamos lá.
05:23Brasil.
05:24Tudo bem.
05:27Rússia.
05:29Uma autocracia.
05:30China, uma autocracia fechada.
05:36Índia, uma autocracia.
05:38África do Sul, meio de lado ali,
05:40uma democracia eleitoral parasitada por populismo,
05:44tal como o Brasil é.
05:46Isso é um bloco hegemonicamente autocrático,
05:49não é democrático.
05:51Não é uma boa fazer isso.
05:53O Brasil tem que se aliar aos países democráticos da Europa,
05:58aos países democráticos da América.
06:01E aqui na América nós temos só quatro democracias liberais,
06:04não é que é...
06:06São quatro ou cinco, vamos ver.
06:07Canadá, Estados Unidos, que ainda é,
06:10embora está caindo, é cadente.
06:12Costa Rica, Barbados, Chile e Uruguai.
06:19Essas são as democracias liberais da América.
06:22Mas você tem Canadá, Estados Unidos, que ainda é, etc.
06:25E tal.
06:28Essas são as alianças preferenciais do Brasil,
06:31mas não são as alianças preferenciais do PT.
06:36O governo Lula, ele sempre está privilegiando
06:40seus aliados de esquerda, tipo Bolívia,
06:44Equador, quando era o Correia,
06:46Venezuela, Nicarágua, Honduras, etc.
06:50Aliás, o Zelaya ficou preso com a concordância de Lula,
06:54pelo que eu sei, preso não,
06:57ou miziado na Embaixada Brasileira em Honduras,
07:02durante muito tempo, que foi um escândalo.
07:05Escândalo.
07:06Foi um escândalo.
07:07Ele tinha sido...
07:07Ele foi preso, né?
07:09Ele foi preso.
07:10Foi um escândalo aquilo.
07:12Mas por que?
07:13Ah, não.
07:13Porque é uma aliada, etc.
07:14E tal.
07:14Porque é uma aliança populista.
07:16O perigo é esses populistas de esquerda
07:19se aliarem aos autocratas, entendeu?
07:22Então, BRICS não deve ter nenhum papel político.
07:28Deve ter zero de papel político.
07:30Mercosul deve ter zero de papel político.
07:33Essas coisas que eles criaram aí,
07:35o Unasul, não sei o que,
07:36eles criaram durante os governos do PT,
07:39uns troços meio esquisitos e tal,
07:41que tinham um eixo ideológico na política externa.
07:48E que, se bobear, esse eixo vai se manter.
07:52A política do sul global, as alianças sul-sul.
07:56Ora, nós temos que nos aliar às democracias
07:59mais avançadas do mundo, gente.
08:01Não temos que nos aliar a ditaduras.
08:04Isso é um absurdo.
08:07Angola.
08:07Bom, então, esse é um risco.
08:13E é um perigo.
08:14Por que é um perigo?
08:15Porque se vai mesmo eclodir
08:17uma segunda grande guerra fria,
08:20porque a guerra fria não é uma coisa
08:22que você vê assim,
08:23porque ela é sempre subterrânea, né?
08:25Mas se vai eclodir uma segunda grande guerra fria,
08:28como é que nós vamos nos posicionar
08:30nesse conflito?
08:32Nós vamos querer ficar em cima do muro?
08:34Só que, outro dia, o William Wack
08:35estava falando que esse muro agora
08:37ficou tão fininho que você não consegue
08:38ficar em cima do muro, entendeu?
08:40Não tem mais quando você ficar em cima do muro.
08:43Ah, não.
08:44O Brasil, ele não vai romper
08:46suas relações comerciais.
08:48Você conversa mole.
08:49Relações comerciais é uma coisa.
08:51Aliança política é outra coisa.
08:53Aliança política é outra coisa.
09:07Aliança política é uma coisa.
09:09Aliança política é outra coisa.
09:10Obrigado.
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