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"A política tem de orbitar em torno de um centro democrático", diz Augusto de Franco | CD Talks
O Antagonista
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há 6 meses
O escritor Augusto de Franco fala sobre as perspectivas da democracia brasileira.
Assista à conversa na íntegra: https://youtu.be/NOVfHSY4gvY
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00:00
Augusto, você traçou um cenário que me deixa muito preocupado,
00:05
porque quando a gente fala justamente de uma saída democrática
00:09
para toda essa situação, de um lado você tem um partido,
00:13
que é um partido de massa, que é o PT,
00:15
que é o único partido com organização, estrutura e organização e militância.
00:22
Do outro lado, um partido digital, bolsonarista,
00:25
que tem essa militância e que consegue mobilizar.
00:32
Essa capilaridade que consegue projetar ação através desses aplicativos de mensagem.
00:42
Todo o resto do nosso cenário fragmentado, partidário,
00:47
que é extremamente fragmentado, nós não temos nem lideranças,
00:54
nem partidos capazes de rivalizar com isso, com essas duas forças políticas.
01:03
Então, qual é o caminho?
01:05
Eu não vejo, eu até escrevi um artigo recente falando que a direita precisa de um líder,
01:12
a direita e não de um líder populista como o Bolsonaro.
01:16
Qual é o caminho?
01:20
Porque se você não tem estrutura partidária, ou você não tem nenhum tipo de mecanismo partidário,
01:25
ou que simule o mecanismo partidário,
01:29
e você também não tem liderança gravitacional, que tem essa capacidade de atração,
01:37
como é que você entra no jogo?
01:39
Entra de modo minoritário.
01:43
É como nós, os democratas liberais, vamos entrar.
01:47
Ainda bem que outro dia o Tasso Gereissati falou,
01:50
olha, o PSDB não deve entrar no governo.
01:54
Ele pode apoiar o que é bom, pode...
01:56
Depois o Eduardo Leite falou a mesma coisa,
02:00
de outra forma, não é?
02:04
Então, você tem a prefeita, a governadora eleita, Raquel Lira, em Pernambuco.
02:12
Você tem um conjunto de intelectuais, economistas, sociólogos, politólogos,
02:20
que acabaram votando em Lula no segundo turno,
02:24
mas que não concordam nada com o ideário nem o comportamento do PT.
02:28
Então, isso aí esboça um centro democrático e formal, mas que existe.
02:37
Ele não deixa de existir porque ele não é formal, porque não está num partido.
02:41
Possivelmente ele não estará num partido.
02:44
Quer dizer, o problema é, as democracias liberais,
02:48
elas precisam de um centro democrático.
02:51
Quando eu falo a palavra centro,
02:53
eu não estou falando de alguma coisa que é distante da direita e da esquerda,
02:57
porque as pessoas acabam tendo uma visão geométrica de centro.
03:03
Geométrica.
03:04
É.
03:05
Não.
03:06
É um centro no sentido de centro de gravidade.
03:10
A política tem que orbitar em torno de um centro democrático,
03:16
senão ela não é democrática,
03:18
senão ela não é propriamente política, não é?
03:21
Ela é uma espécie de guerra, né?
03:25
Uma política degenerada como guerra.
03:28
É uma guerra por outros meios, como dizia o Lênin
03:32
quando leu o tratado von Krieg do Clausewitz, né?
03:36
Porque o Clausewitz dizia que a guerra é uma continuação da política por outros meios.
03:40
Quando o Lênin leu o Clausewitz, ele falou,
03:43
não, já que a luta de classe é uma espécie de guerra permanentemente presente,
03:47
a gente pode fazer a fórmula inversa do Clausewitz.
03:50
E aí surgiu essa ideia de que a política seria uma continuação da guerra por outros meios,
03:55
que é uma ideia que é muito comum nos populismos.
03:59
Daí o adversário vira inimigo, é guerra o tempo todo, não é?
04:05
Governos populistas fazem...
04:08
Eles estão sempre em campanha e sempre em guerra,
04:10
sempre em campanha e sempre em guerra, pode ver.
04:13
Eles não estão lá sentadinhos governando como a Sana Marim está fazendo na Finlândia,
04:18
como o Olaf Scholz está fazendo na Alemanha, não, não.
04:23
Eles estão sempre ou num palanque ou...
04:27
Então, esse é um problema, a estabilidade da democracia
04:31
fica muito abalada com esse tipo de dinâmica, não é?
04:35
Bom, o que é que pode evitar que essa dinâmica degenere
04:38
e acabe erodindo mais a nossa democracia?
04:41
É preciso ter um centro democrático.
04:43
Ah, mas ele é muito pequeno.
04:45
Bom, pequeno, mas existe.
04:50
Ser pequeno e existir é melhor do que não existir.
04:54
Então, é preciso pessoas que defendam,
04:57
que digam, olha, aqui está avançando o sinal,
05:01
essa medida do governo é contrária à democracia
05:04
ou não é boa para o desenvolvimento,
05:06
ou essa medida da oposição bolsonarista é um absurdo.
05:10
alguém tem que levantar um referencial democrático
05:15
no meio desse embate que vai continuar
05:17
depois do Lula tomar posse.
05:21
Nós vamos ter um populismo no governo
05:23
e um populismo fora do governo.
05:25
e ambos não gostam da democracia liberal.
05:31
Então, os democratas liberais,
05:33
eles têm que se articular.
05:35
Se eles vão fazer um partido digital,
05:37
Cláudio, eu não sei,
05:38
talvez façam, não é?
05:41
Não igual o partido digital bolsonarista,
05:44
mas nós estamos vivendo, sei lá,
05:46
estamos em pleno século XXI
05:50
e não podemos fechar os olhos
05:53
para os novos formatos organizativos
05:56
que nós já temos, entendeu?
05:58
Claro.
06:00
Quer dizer, isso vai ter que acontecer.
06:02
Se não acontecer,
06:04
a democracia liberal fica sem chance,
06:07
não só em 2026,
06:08
mas até em 2030.
06:10
O grande problema aí
06:12
que eu queria salientar é o seguinte.
06:14
nós não temos um número suficiente
06:18
de agentes democráticos
06:20
na sociedade brasileira.
06:22
Os democratas sempre foram minoria.
06:26
Eles nunca foram maioria.
06:28
Quando eu digo dos democratas,
06:30
eu estou falando dos agentes democráticos.
06:32
Claro que se você sair na rua
06:34
perguntando se você prefere democracia
06:36
ou ditadura,
06:37
oito em cada dez pessoas vão dizer,
06:39
não, eu prefiro democracia.
06:42
O Data Folha fez uma pesquisa recente,
06:44
sobre isso.
06:45
Prefiro democracia, claro.
06:47
Mas isso não significa nada.
06:48
Ele acha que democracia é eleição.
06:51
Ele tem uma visão completamente...
06:53
Quer dizer,
06:54
ele é um analfabeto democrático,
06:56
na verdade,
06:57
que diz que ditadura é ruim,
06:58
então eu prefiro democracia.
06:59
Agora,
07:01
o papel dos agentes democráticos
07:03
não é conduzir massas,
07:05
é ser o fermento.
07:06
É fermentar a formação
07:08
de uma opinião pública democrática.
07:11
Para isso,
07:11
você não precisa ser maioria,
07:13
mas você tem que ter uma quantidade
07:14
crítica de fermento.
07:17
Você lembra que,
07:18
no final da ditadura militar,
07:21
se você fizesse uma pesquisa censitária,
07:23
a maioria da população
07:24
apoiava a ditadura,
07:26
do meio para o final.
07:28
Eu estava,
07:28
eu vi isso,
07:29
eu fui um militante
07:30
da luta contra a ditadura.
07:32
Eu, certa vez,
07:33
estava num bar
07:34
em frente ao antigo
07:36
Palácio do Catete,
07:37
que era a sede do governo,
07:39
na época não era mais,
07:39
e eu estava olhando com um amigo,
07:44
nós dois militantes
07:45
contra a ditadura,
07:46
nós olhamos,
07:46
nós estávamos olhando ali
07:49
uns operários
07:51
abrindo a marmita
07:53
e pedindo uma cerveja preta
07:54
para comer junto com a marmita
07:56
na esquina da Silveira Martins
07:57
com a Rua do Catete,
07:58
Rio de Janeiro.
07:59
E eles estavam fazendo,
08:01
sabe o quê?
08:02
Elogiando a marinha brasileira,
08:05
que ela ia se tornar
08:06
uma da marinha
08:07
das mais fortes do mundo.
08:09
Quer dizer,
08:09
eles estavam completamente
08:10
repetindo o discurso
08:11
da ditadura militar
08:13
do Brasil grande.
08:15
No entanto,
08:16
a ditadura caiu.
08:17
Ela caiu
08:18
porque o número
08:18
de agentes democráticos
08:20
era majoritário?
08:21
Não.
08:22
Ele sempre foi minoritário,
08:24
só que ele conseguiu
08:24
fermentar a formação
08:26
de uma opinião pública,
08:28
porque política é isso, né?
08:29
E a resultante,
08:30
a opinião pública,
08:32
era democrática,
08:33
era contrária
08:34
ao regime militar
08:35
e aí o movimento
08:36
foi crescendo, etc e tal,
08:38
e não houve mais sustentação
08:39
para a ditadura militar.
08:40
Então, voltando à questão,
08:42
nós temos uma quantidade
08:44
suficiente de fermento
08:46
hoje no Brasil?
08:47
Essa é uma pergunta.
08:49
Nós temos 1%
08:50
de democratas,
08:51
agentes democráticos?
08:52
Seria 150 milhões
08:55
de eleitores.
08:55
Vamos botar assim,
08:56
fazendo uma conta por alto,
08:58
1 milhão e 500 mil
08:59
agentes democráticos
09:00
trabalhando diuturnamente,
09:02
eu creio que nós não temos.
09:03
Não temos.
09:04
Não temos.
09:05
Não temos.
09:06
Se você pega, assim,
09:06
os principais articulistas
09:08
da grande imprensa
09:09
e analistas e tal,
09:11
aí faz uma lista,
09:12
cabe numa folha de papel
09:13
e você vai ver
09:14
quais aqui cumprem
09:15
um papel de fermento democrático.
09:17
Você vai marcando,
09:18
é pouca gente.
09:20
Você vai marcar alguns,
09:21
é verdade,
09:22
mas é pouca gente,
09:24
não é a maioria.
09:25
Então,
09:26
como é que nós fazemos?
09:29
Nós temos solução,
09:31
nós temos como sair
09:32
dessa situação
09:33
com esse déficit
09:34
que nós temos
09:35
de agentes democráticos?
09:36
Eu creio que não.
09:38
Claro que isso é plantar
09:40
tamareira, né?
09:41
Não é plantar nabo,
09:42
não é plantar rabanete
09:43
que eu vou colher daqui
09:44
a 20 dias.
09:45
Isso é plantar tamareira.
09:47
Então,
09:48
mas se eu não começar agora,
09:49
vamos projetar aí 2030,
09:53
em 2030 eu também não vou ter
09:55
esse número mínimo
09:57
de agentes democráticos, né?
09:59
Se você fizer
10:00
uma varredura pelos partidos,
10:03
você sai
10:04
completamente decepcionado,
10:07
entendeu?
10:09
Decepcionado.
10:09
Se você fizer um questionáriozinho
10:11
de 20 perguntas
10:12
sobre democracia,
10:14
as direções partidárias,
10:15
no geral,
10:16
são reprovadas, viu?
10:17
No Brasil.
10:19
Com certeza.
10:20
Com certeza.
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