Pular para o playerIr para o conteúdo principal
  • há 4 meses
ASSINE O ANTAGONISTA+ COM DESCONTO: https://urless.in/6M3jH
--
O procurador do Ministério Público junto ao TCU Júlio Marcelo de Oliveira mandou uma indireta para o ministro do STF Gilmar Mendes e relembrou um ponto de virada em que a Lava Jato ganhou centenas de inimigos. No Papo Antagonista, Felipe Moura Brasil comentou as declarações do procurador.
--
Cadastre-se para receber nossa newsletter:
https://bit.ly/2Gl9AdL

Confira mais notícias em nosso site:
https://www.oantagonista.com

Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista
https://www.twitter.com/o_antagonista
https://www.instagram.com/o_antagonista

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Aliás, eu quero relembrar uma declaração do Sérgio Moro, mas eu vou deixar para relembrar, porque tudo vai se conectando nesse programa, depois de falar sobre a reação do Júlio Marcelo de Oliveira, esse personagem tão importante, uma figura, obviamente, a gente fala personagem porque no episódio do impeachment ele teve uma participação muito importante, esquadrinhando ali as fraudes fiscais de Dilma Rousseff,
00:25como procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União. Então, o Júlio Marcelo reagiu a tudo isso que está sendo dito e eu vou ler aqui os tweets que ele acabou publicando.
00:44O Júlio Marcelo de Oliveira mandou uma indireta para um certo ministro do Supremo. Abro aspas para ele.
00:49Curioso como um ministro que pretende julgar a isenção de Moro, se referindo a Sérgio Moro, na Lava Jato, atua como órgão de acusação, violando a Lomã, a lei orgânica da magistratura, e demonstrando não ter isenção para participar de tal julgamento.
01:07Fecho aspas para o Júlio Marcelo de Oliveira.
01:09Pois é, eu estava até antecipando isso. O Gilmar fala sobre casos que ele próprio julga, e o Júlio Marcelo está aí falando que não tem isenção para participar do próprio julgamento.
01:21Alguém tem que falar o óbvio, já que tantas pessoas que deveriam estar falando o óbvio, que a gente diz aqui, estão caladas porque são amigos, são porta-vozes dos réus, dos investigados.
01:33Então, esse ministro, claro, é o Gilmar Mendes. Em outro tweet, Júlio Marcelo escreveu o seguinte, aspas.
01:39Muita gente apoiava a Lava Jato até o dia em que ela alcançou a Odebrecht.
01:43Era nesse ponto que eu, Felipe, queria chegar, por isso deixei aqui que o tweet viesse primeiro para depois eu voltar e contar o histórico disso.
01:52Então, muita gente, repito, frase do Júlio Marcelo, apoiava a Lava Jato até o dia em que ela alcançou a Odebrecht.
01:58Desse dia em diante, esses apoiadores viraram críticos e inimigos da Lava Jato e ainda dizem que a operação era seletiva.
02:07Enfim, façam o que digo, não façam o que faço.
02:10Fecho aspas.
02:12Procurador Júlio Marcelo aí dando várias alfinetadas muito coerentes e acertadas.
02:19E ele continua, abre aspas, a Lava Jato e Deltan, se referindo ao Deltan Dallagnol, que era coordenador da Força-Tarefa,
02:25são atacados pelos mesmos motivos, por seus acertos, por terem levado empresários e políticos poderosos ao banco dos réus.
02:32Espera-se que o CNMP, o Conselho Nacional do Ministério Público, não se deixe usar como instrumento de perseguição e retaliação contra um servidor público exemplar.
02:41Muito bem, fecho aspas aí pro Júlio Marcelo Oliveira.
02:45E agora, eu queria voltar a esse caso ilustrativo da Odebrecht, do qual ele falou que muita gente apoiava até que alcançou a Odebrecht.
02:55E por que isso?
02:57Por que houve essa mudança tão óbvia, tão nítida do comportamento de figuras como o Gilmar Mendes?
03:04O Gilmar Mendes apoiava, o Gilmar Mendes criticava a corrupção petista, tem as declarações dele em vídeo.
03:14Quando veio a Lava Jato pra cima de Tucanos, pra cima de Michel Temer, pra cima daquela turma mais próxima do Gilmar,
03:23aí ele deu um cavalo de pau.
03:25Ele que tinha votado lá em 2016, se eu não me engano, a favor da prisão após condenação em segunda instância,
03:33quando foi pautado de novo em 2019, votou contra, mudou de opinião.
03:39Não, a gente falou que os tribunais podiam prender, mas eles estão prendendo demais, né?
03:43Estão prendendo demais, olha só que consequência.
03:46Pois é.
03:47Então ele mudou o seu posicionamento depois que a Lava Jato atingiu os Tucanos.
03:52Só que, isso já sabia, já se sabia que ia acontecer, quem não caía na narrativa petista,
03:59que a Lava Jato é Tucano, essas coisas boçais,
04:02porque a Odebrecht foi a partir da delação dos executivos da empreiteira
04:09que se abriu uma frente de investigação, que coletou provas e que gerou a denúncia
04:15contra o José Serra e contra o Geraldo Alckmin.
04:18Eu vou até lembrar, era isso que eu estava querendo trazer à tona,
04:23declarações do Sérgio Moro em entrevista a mim aqui no Antagonista.
04:29Elas estão numa nota que eu publiquei no site, inclusive, transcrevendo e contextualizando,
04:34porque às vezes em entrevista se fala uma coisa assim de uma maneira mais truncada
04:38e a gente relembra ali todos os fatos.
04:40Então, essa nota está bem completa, de 8 de julho de 2020.
04:45Moro, dois pontos.
04:46Se quiséssemos proteger alguém, tínhamos matado a delação da Odebrecht na origem.
04:50Fecho aço.
04:51Essa foi a declaração forte que eu coloquei como título da nota no site.
04:55Então, nessa entrevista ao Antagonista, que eu fiz aqui com o Moro,
04:59ele refutou as acusações petistas e bolsonaristas de que a força tarefa,
05:03de que ele, juiz também, protegeu rivais de ambos os grupos políticos.
05:07Ele falou, o que eu posso assegurar é que a Lava Jato não protegeu ninguém em Curitiba.
05:12O que aconteceu é que ela foi centrada e depois ela foi até podada
05:16de poder se expandir para outros setores.
05:19Ela foi centrada em subornos e contratos da Petrobras.
05:22E aí nós estamos falando do período em que a Petrobras tinha por dirigentes
05:26as pessoas nomeadas pelo governo Lula e os seus aliados políticos.
05:30PMDB, PP, essa turma aí do Arthur Lira, e PTB, aquela turma lá do Roberto Jefferson.
05:36Velho aliado da família Bolsonaro, né?
05:39Já falei aqui dos cargos no PTB que Flávio e Eduardo tinham, né?
05:44Quando faziam faculdade no Rio de Janeiro, pois é.
05:46Então, o foco ficou nisso aí, continuava o Moro.
05:49No outro caso, foi possível ir um pouco para outra área.
05:52O deputado André Vargas, que era do PT,
05:54teve um processo envolvendo fraudes na Caixa Econômica.
05:57Isso, declaração do Moro, na entrevista.
06:01E ele continuou.
06:01Houve decisões dos tribunais superiores que determinaram a remessa do processo para outros juízos.
06:07Pois é, que eu já estava apontando aqui.
06:09Não estou criticando isso, mas foi o entendimento jurídico lá deles.
06:12Daí foi parte do processo para São Paulo,
06:15e eu faço um parênteses, foi daqui de São Paulo que saíram as denúncias contra tucanos,
06:20parte para o Rio de Janeiro, onde eles tiveram velocidades diferentes.
06:24A própria parte do processo que envolvia o pessoal com foro privilegiado,
06:29tipo Aécio Neves, foi para Brasília.
06:32E também seguiu seu ritmo diferente,
06:34que é normalmente um pouco mais lento do que nas instâncias ordinárias,
06:38por conta de todas as questões estruturais do Supremo Tribunal Federal.
06:42Isso é declaração do Sérgio Moro.
06:44Vocês vejam que ele é até cuidadoso ao falar da lentidão do Supremo Tribunal Federal.
06:48Ele fala por conta de todas as questões estruturais e tal.
06:51Pois é.
06:52E ele continuou.
06:53Então o que eu acho engraçado é que às vezes eu vejo uns críticos da Lava Jato
06:56que apontam o dedo para Curitiba.
06:58Ah, porque protegeu fulano X, porque protegeu fulano Y.
07:00Não, ninguém protegeu ninguém.
07:02Nunca tivemos jurisdição sobre esses casos.
07:04Tudo que apareceu, nós remetemos para os juízos competentes.
07:08Aí tem que ver o que cada juízo competente fez.
07:11Mas o acordo, aí que chega o ponto que eu queria trazer à tona.
07:15Sérgio Moro, palavras dele.
07:16Mas o acordo, que acho que foi o maior acordo de colaboração em termos de dimensão e resultados,
07:23e que envolveu a revelação de pagamentos de subornos para políticos dos mais variados partidos do Brasil,
07:29inclusive também gerou uma onda anticorrupção na América Latina de uma maneira geral,
07:33foi esse acordo da Odebrecht.
07:35E isso só surgiu por quê?
07:38Porque foi em Curitiba que o processo contra esses dirigentes da Odebrecht que pagavam esses subornos avançou.
07:45Não fosse isso, uma relação de causa e efeito, não teria todas essas consequências.
07:50E se nós quiséssemos, e aí vem aquela declaração dele que eu destaquei,
07:54proteger alguém, tínhamos matado isso na origem.
07:57Para que decretar a prisão preventiva, o processo e a condenação do Marcelo Odebrecht?
08:01Não precisava, se eu quisesse, se nós quiséssemos obstruir a justiça, mas era nosso dever atuar.
08:09Fecho aspas aqui para as declarações do Sérgio Moro na entrevista aqui a mim no Antagonista.
08:15E eu registrei naquela nota que a denúncia da Lava Jato em São Paulo contra o ex-governador do Estado
08:22e então atual senador tucano José Serra tem origem também na delação da Odebrecht
08:28e cita como fonte de corroboração os depoimentos.
08:31De Marcelo Bahia, Odebrecht, Pedro Novis, Luiz Eduardo Soares, Arnaldo Cumprido,
08:37Benedito Barbosa da Silva Júnior, Carlos Armando Guedes Pascual, Roberto Cumprido e Fábio Andreani Galdolfo,
08:44todos eles ex-executivos da empreiteira.
08:47Vocês vejam que eu contei oito aqui, só nessa citação dos executivos.
08:51Então o José Serra foi delatado pela turma da Odebrecht,
08:57aquela empreiteira que tinha lá o departamento de propina, com vários codinomes,
09:02inclusive do Rodrigo Maia, o Botafogo.
09:04Os pagamentos realizados em favor do cerdo tucano, segundo a denúncia,
09:08sempre aqui baseando nos documentos, nas declarações das autoridades,
09:11foram registrados nos sistemas de contabilidade da Odebrecht,
09:15onde eram vinculados ao codinome vizinho,
09:18em referência ao fato de que esse agente político morava próximo de seu principal contato na companhia,
09:23Pedro Novis.
09:24Estou lendo trechos da denúncia, que eu resgatei para complementar as declarações.
09:29Isso, além de informado pelo próprio colaborador Pedro Novis,
09:32fica claro nas muitas trocas de e-mails apreendidos no computador de Marcelo Bahia, Odebrecht,
09:37que também confirmou que vizinho era José Serra, que esse era o codinome dele.
09:43E aí eu acrescento vários outros trechos aqui dessas investigações,
09:49e teria de me estender muito, para falar a respeito.
09:55Então, vocês vejam que a partir daí, do avanço das investigações em razão da delação da Odebrecht,
10:02um monte de gente que apoiava a força-tarefa, passou a atacá-la.
10:08Passou a atacá-la por amizade, por aliança política, por uma série de razões.
10:15A gente viu isso acontecer.
10:18E a história é toda fragmentada em narrativas de ocasião,
10:22para tentar macular a imagem daqueles que buscaram combater a corrupção.
10:27não é que não possa haver decisões, eventualmente denúncias, etc.,
10:34que são passíveis de discussão.
10:36Mas a maneira como esse pessoal ao qual eu estou me referindo,
10:40muita gente pode vestir a carapuça, e vocês podem saber, podem identificar,
10:44ir no debate público, quem vocês acham que incorre nesse tipo de gente,
10:49não é assim que eles procedem.
10:51É um ataque deliberado, né, para tentar inutilizar o sistema de combate à corrupção.
10:59É aquela distinção que o Barroso fez.
11:01Olha, decisões, etc., podem ser passíveis de revisão, inclusive, pelas instâncias superiores,
11:06pelo sistema de freios e contrapesos do sistema jurídico brasileiro,
11:11e passíveis de discussão pública.
11:13Agora, elas não podem servir de base para inutilizar um trabalho de combate à corrupção,
11:18principalmente uma corrupção que comprovadamente aconteceu,
11:21um dinheiro que comprovadamente foi desviado.
11:24Teve gerente na Petrobras, o Barusco, Pedro Barusco,
11:28que confessou lá 98 milhões de dólares, se eu não me engano, né,
11:32gerente.
11:34A Lava Jato recuperou 4 bilhões e meio de reais.
11:37Então, esse dinheiro foi roubado, foi desviado, os crimes aconteceram.
11:41Vamos parar de cair na manipulação dessa gente interessada na impunidade coletiva,
11:47no corporativismo, na autoproteção, muitas vezes mafiosa, lamentavelmente.
11:53Muito bem!
12:11Obrigado!
12:12Obrigado!
12:13E aí
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado