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  • há 6 meses
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Felipe Moura Brasil e o colunista Paulo Cruz debatem a questão racial e a politização das manifestações.
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Transcrição
00:00Para conversar comigo sobre essa questão racial, o tema do racismo e tudo mais,
00:06ele, Paulo Cruz, grande professor, é um prazer recebê-lo aqui.
00:12Ô Felipe, tudo bem? Prazer sempre falar contigo.
00:15Está aqui nesse seu novo sucesso, o programa Papo Antagonista.
00:21É um prazer, mais uma vez.
00:24Vamos lá, vamos ver o que está acontecendo, essa confusão toda.
00:27Pois é, Paulo. Aliás, antes eu só queria lembrar aqui aos espectadores
00:31que vocês podem assinar a Cruzoé e o Antagonista mais em o antagonista.com barra exclusivo.
00:36É esse link que aparece aqui embaixo.
00:39Também podem mirar o celular aqui para o QR Code para conseguir um desconto na assinatura.
00:43E assim vocês ficam muito bem informados e com todas as nossas análises em áudio,
00:48nas colunas, as reportagens que poucos veículos fazem incomodando todos os lados
00:54com as verdades inconvenientes que precisam vir à tona.
00:58Porque aqui é o jornalismo que os poderosos tentam evitar que exista.
01:04Está cheio de microfone de aluguel por aí e aqui a gente mostra a realidade, como ela é.
01:09Então você também, além de ficar bem informado, você contribui para o jornalismo independente
01:15e vigilante de o Antagonista e da Cruzoé.
01:17Paulo, é o seguinte, essa discussão chega no Brasil, muitas vezes até ela é traduzida
01:25de uma forma ruim do debate público americano.
01:29Afinal, as culturas não são exatamente as mesmas, as tradições, a história de cada país
01:35tem as suas peculiaridades.
01:38Então esse movimento Black Lives Matter, ele gera uma série de discussões também aqui no Brasil.
01:44E as pessoas precisam se atentar a certas nuances, porque existe a questão da causa.
01:54Todos nós somos radicalmente contra o racismo, os racistas, os crimes raciais, eles precisam ser punidos
02:02da maneira severa, assim como todos os outros crimes.
02:05A gente sempre zela pela punição dos criminosos e com as questões raciais não é diferente,
02:11com os seus agravantes também, muitas vezes ligados a outros crimes.
02:16Então isso é absolutamente legítimo.
02:20E muitas vezes a gente vê, claro, uma instrumentalização política de tudo quanto é movimento.
02:26Isso não é só racial.
02:28E às vezes a coisa descamba também para alguns lados que não são bem-vindos.
02:34O lado da violência e aí muitas vezes até uma causa legítima pode fazer com que pessoas percam a razão
02:42e acabam agredindo ou se transformando naquilo também que estão justamente tentando combater.
02:48Então encontrar essas nuances, encontrar essas medidas num debate público que vem de muita polarização,
02:57cada um escolhe um lado e defende de uma maneira agressiva e hostil,
03:00é sempre complicado, sempre exige um cuidado verbal, exige toda uma preocupação com as minúcias,
03:08que se perdeu muito no debate público brasileiro, se é que um dia teve, né Paulo?
03:14Felipe, você introduziu o assunto da maneira absolutamente correta, assim,
03:19porque eu estou, inclusive nesse exato momento, nesse período, pensando nesse assunto.
03:26Porque o que eu tenho percebido?
03:30Quer dizer, quando eu comecei a falar sobre esse assunto de novo, há cinco anos atrás,
03:35é claro que a ideia era chutar a porta dessa muralha ideológica que existia em torno do assunto.
03:41Então, uma vez a porta chutada e eu entrando forçosamente nesse debate,
03:47com xingamentos e gritos de todo canto,
03:50agora eu sinto a necessidade de equilibrar a conversa.
03:56Porque o que acontece?
03:57Exatamente do jeito que você apresentou.
03:59Então nós temos no Brasil uma realidade completamente diferente, né?
04:03A nossa realidade racial, digamos assim, é completamente diferente da americana.
04:08E os brasileiros, obviamente, não entendem muito bem o que acontece por lá.
04:12É claro que com isso a gente não quer legitimar nenhum tipo de movimento radical,
04:17porque a gente sabe que essas questões lá também estão capturadas politicamente.
04:24Então, assim, se há uma coisa que é igual lá e aqui,
04:27é a captura político-partidária desses temas que são sensíveis.
04:32São temas que existem, são problemas que são reais,
04:36que existem, mas que estão, no momento, capturados politicamente.
04:40Então, quer dizer, lá fica o Trump de um lado falando,
04:42olha, tem que investigar também esses vândalos, não sei o quê.
04:45E aí ele se parece insensível com a relação dos problemas que às vezes acontecem mesmo.
04:52E do lado do Partido Democrata eles ficam, ah, porque o Trump fica aí.
04:56Então eles ficam com essa briga.
04:58Essa briga se transfere aqui para o Brasil também de maneira absolutamente descuidada.
05:04E a gente começa a ver exageros de todo canto.
05:07Então, é claro que, de um ponto de vista conservador,
05:11a gente deve, sobretudo, ter prudência na hora de analisar essas coisas.
05:14Não é simples.
05:16Então, quer dizer, um sujeito tomar sete tiros nas costas
05:20não é um negócio normal.
05:23Porque aí já jogam a explicação.
05:26Ah, mas ele tinha antecedentes criminais.
05:28Ah, mas ele estava...
05:30Tinha um mandado de prisão para ele.
05:33Escuta, uma coisa não justifica a outra.
05:35Então, quer dizer, tem um problema lá que é sensível,
05:39que está dentro da formação do povo americano.
05:44É óbvio que isso é concentrado, isso está nos guetos,
05:47não é uma coisa da realidade americana como um todo.
05:50Mas esses temas tendem a mover uma grande quantidade de formadores de opinião.
05:57Então, para a gente conseguir entrar nesse debate de maneira prudente e assertiva,
06:04a gente tem que saber analisar as coisas com cautela.
06:09Então, ficam os conservadores jogando dados estatísticos.
06:13Não, porque negros...
06:14Claro, eu também já fiz isso.
06:16Ah, porque negros matam...
06:1899% dos negros americanos são mortos por outros negros.
06:22Ah, porque a polícia para mais brancos do que negros.
06:25Claro, tudo isso são dados.
06:27E é importante trazê-los à luz.
06:30No entanto, a gente não pode se mostrar insensível
06:35às questões que realmente são factuais.
06:38Então, quer dizer, sete tiros nas costas.
06:41Não dá para a gente falar...
06:42Ah, mas o fulano...
06:43Ah, o joelho no pescoço de um sujeito...
06:46Ah, mas ele estava drogado, ele morreu, não foi disso.
06:50Entende?
06:50Aí fica uma discussão sem sentido.
06:53Sem a gente se mostrar, como todo conservador deve se mostrar,
06:57consciente de seus próprios defeitos.
07:01É bom deixar claro, Paulo, se me permite só o parênteses,
07:04é bom deixar claro que esse conservadorismo,
07:07cuja virtude primária é a prudência,
07:10é o conservadorismo, de fato,
07:12é a tradição do pensamento conservador
07:14que não tem absolutamente nada a ver com o bolsonarismo
07:18e, principalmente, esse bolsonarismo
07:20das atitudes demonstradas durante o governo Bolsonaro.
07:25Pode ser que na retórica tenha havido alguma interseção,
07:30no entanto, a prática é absolutamente diversa.
07:34Paulo Cruz está falando aqui da tradição burquiana,
07:37da tradição do estadista e pensador irlandês Edmund Burke,
07:40que eu já citei em vários artigos meus na Cruzoé,
07:44que teve sua vida, sua obra resgatada pelo autor conservador
07:46americano Russell Kirk.
07:48Também teve a sua representatividade,
07:52esse pensamento no Roger Scruton,
07:54um filósofo britânico conservador.
07:57Aqui o conservadorismo existiu também na vida e na obra
08:00de Joaquim Nabuco, que eu já trouxe também várias vezes para vocês
08:03em comentários, em vídeo aqui no canal,
08:05e também nos meus artigos na Cruzoé.
08:07Então, é outra coisa que demandaria, claro, uma outra discussão.
08:12Mas, então, essa questão da prudência num debate
08:16que fica dividido em alas hostis umas às outras,
08:21em que a troca de acusações a todo instante
08:25é difícil, né, Paulo, entrar.
08:28E a gente vê, muitas vezes, as pessoas acostumadas
08:33a ouvir o lado mais hostil lá nos Estados Unidos,
08:39qualquer um dos lados,
08:41e trazer para cá, para o Brasil, para uma outra realidade,
08:45aquelas alegações que são dadas, assim,
08:49de uma maneira muito displicente nos Estados Unidos,
08:52e que aqui elas repercutem pessimamente,
08:57porque justamente mostram,
09:01fazem a pessoa parecer muito insensível.
09:05E muitas vezes essas alegações,
09:07elas são colocadas com falta,
09:09quer dizer, com insensibilidade, né,
09:11sem essa preocupação em mostrar a realidade
09:17como algo complexo,
09:20em que existem certas causas legítimas,
09:22existem problemas gravíssimos,
09:25no entanto, a discussão precisa ser colocada
09:27com os devidos fatos, né.
09:29Não, e olha, Felipe,
09:31acho que a questão é ainda mais complicada,
09:34porque é o seguinte,
09:35é claro que a tradição do pensamento conservador
09:38está ligada aos autores que você citou,
09:41mas a disposição conservadora está no cidadão comum.
09:46Então, quer dizer, qualquer pessoa comum
09:47se solidariza com o sujeito tomando sete tiros nas costas,
09:51entendeu?
09:51Então, quer dizer,
09:52uma dona de casa vendo isso na televisão,
09:54ela não vai falar,
09:55ah, está vendo,
09:56mas ele tinha antecedentes criminais.
09:58Pelo amor de Deus, né?
09:59Ou então,
10:00os jogadores de basquete resolvem aderir ao Black Lives Matter
10:04de modo muito, digamos assim,
10:06discutível, né,
10:08e hipócrita até,
10:10aí a gente olha para aquilo e fala assim,
10:12ah, mas eles são ingratos com o sistema capitalista.
10:14Pelo amor de Deus,
10:15como assim ingratos com o sistema capitalista?
10:18Então, assim,
10:19o conservadorismo não é pautado em abstração, né?
10:22Eles são o que são pelo talento que eles têm, né?
10:26Eles são um motor do sistema capitalista,
10:29eles não estão onde eles estão pelo sistema capitalista,
10:32porque eles têm talento para estar lá.
10:35Então, quer dizer,
10:35a hipocrisia desses sujeitos que aderem a esses movimentos
10:39tem de ser separada das abstrações.
10:42Eles aderem a esses movimentos por uma série de fatores.
10:45Eu acho que a gente precisa analisar esses fatores.
10:49Ah, tem um certo sentimentalismo em torno do assunto?
10:52Tem.
10:53Ah, mas tem também um histórico.
10:55Então, quer dizer,
10:56imagina,
10:57eles ainda têm, de certo modo,
10:59aquele fantasma das leis de McCraw,
11:02de ter um país segregado.
11:04Ainda hoje há resquícios dessa segregação
11:07em vários lugares nos Estados Unidos.
11:10Eles ainda pensam o país de modo racializado.
11:13Comunidade negra americana,
11:15comunidade não sei o quê.
11:16Então, quer dizer,
11:17não é simples, né?
11:19Entrar na cabeça de um jogador desse aí
11:21e achar que ele está aderindo
11:22só porque ele é um idiota.
11:25Às vezes ele se sente impulsionado
11:27pelo calor do momento.
11:28Bom, tudo bem.
11:30Então, a gente precisa ter um pouco mais de sensibilidade
11:32para compreender essas questões que são complexas.
11:36Então, um conservador não deve se atirar
11:39à crítica nonsense, né?
11:42A crítica joga um dado estatístico
11:44e acha que está resolvido.
11:45Não, não está.
11:47Se a gente quiser debater isso seriamente,
11:49a gente precisa descer um pouco desse pedestal.
11:52Inclusive, é o título do meu artigo
11:54que saiu hoje na Gazeta do Povo,
11:57conservadorismo de gabinete.
11:59Então, as pessoas têm que sair
12:01dos seus gabinetes protegidos
12:02e ir para a rua
12:04e ver o que acontece
12:05e conversar com a pessoa comum.
12:09Então, todo mundo fica evocando o povo.
12:11Aí, o governo adora evocar o povo e tal,
12:13mas gente que não sabe o que é o povo.
12:15Então, precisa conversar com as pessoas.
12:17Precisa saber o que elas pensam a respeito.
12:19E, de repente, uma mudança cultural.
12:21Eu lembro que...
12:22E eu falo isso no artigo.
12:23O Martin Luther King disse que
12:25a América precisava de uma revolução de valores.
12:28Eu acho que essa revolução de valores
12:30simplesmente não aconteceu.
12:31Ela está por acontecer.
12:34E é preciso que os conservadores
12:36tenham consciência disso.
12:38E que essa revolução de valores
12:39não vai acontecer jogando dado estatístico,
12:43jogando porcentagem.
12:45Não, tem que conversar com as pessoas.
12:47Tem que entender o que está acontecendo.
12:49Tem que, de certo modo,
12:51organizar a polícia
12:53de modo que esses casos diminuam.
12:56Porque agora todo mundo está filmando, né?
12:59Então, assim,
13:00eu fico atento a isso
13:03porque a gente precisa fazer a lição de casa.
13:07E isso dá ensejo para os reacionários.
13:11Para aqueles que só querem dizer
13:12ah, mas é mimimi.
13:14Ah, mas não sei o quê.
13:15Não é assim.
13:17As questões são mais sensíveis.
13:19Então, para a gente trazer o debate
13:21para uma racionalidade prudente
13:24ou prudencial,
13:26a gente precisa afastar
13:28o discurso do radicalismo,
13:30o discurso do reacionário,
13:33o discurso que acha que está tudo bem
13:34e que só estão reclamando
13:36porque é mimimi.
13:37Então, tira o Black Lives Matter
13:38da jogada,
13:39que é um grupo radical,
13:41que é um grupo que quer destruir
13:42os Estados Unidos.
13:43A gente já sabe disso aí.
13:46Mas tirando o Black Lives Matter,
13:48não fica tudo bem.
13:50Aquela coisa sensível
13:52ainda permanece ali.
13:54Então, é essa coisa sensível
13:55que a gente precisa observar.
13:59Então, infelizmente, é assim.
14:01E mesmo qualquer movimento,
14:04agora falando sem especificar nenhum caso,
14:06qualquer movimento que tem
14:07componentes radicais,
14:09às vezes lideranças radicais,
14:10mas que traz uma bandeira
14:13popular que atua em nome
14:16de uma causa legítima,
14:19ele pode ter, às vezes,
14:22uma ou outra liderança
14:24mais hostil,
14:27às vezes até perversa,
14:28dependendo da causa.
14:30E, no entanto,
14:32esse movimento pode ganhar aderência
14:34por pessoas ingênuas também.
14:37Esse movimento pode ganhar aderência
14:38por pessoas que estão
14:40identificando aquela causa legítima
14:44pela qual vale a pena lutar
14:46naquele movimento
14:48e, com a sua aderência,
14:50às vezes,
14:52ajudam a impulsionar também,
14:54a reforçar algo
14:56que tem componentes radicais
14:58ou que resulta, às vezes,
15:00num ato de vandalismo, etc.
15:02Isso é para todos os movimentos,
15:03não estou falando aqui
15:04de nenhum específico.
15:05E essas pessoas,
15:07elas são suscetíveis,
15:11muitas vezes,
15:12aquelas que não estão
15:13fanatizadas pela causa,
15:15não pela causa,
15:17a causa, às vezes,
15:19vale até uma intensidade,
15:22mas aquelas pessoas
15:22que não estão fanatizadas
15:25pelo movimento político,
15:27essas pessoas, muitas vezes,
15:29elas são suscetíveis
15:30à argumentação
15:32se colocada da devida forma.
15:34E é preciso
15:36mostrar justamente
15:39essas nuances,
15:40quer dizer,
15:40separar a causa
15:42da sua exploração política.
15:44E isso é muito difícil
15:45quando está tudo junto
15:47e misturado,
15:48que é o que a gente tem visto
15:49em todos os lugares,
15:50nos Estados Unidos,
15:51no Brasil,
15:52em relação a vários fenômenos.
15:54Então, eu pergunto para você aqui
15:55sobre a sua experiência pessoal
15:57no Brasil.
15:58Você, visivelmente,
15:59Paulo, estava até citando
16:00a tradição conservadora,
16:01você não reza
16:03pela cartilha esquerdista.
16:05A gente viu
16:05na história recente do Brasil,
16:07lamentavelmente,
16:07muita gente de esquerda,
16:09não todos,
16:10mas muita gente de esquerda,
16:12demonizando quem quer
16:13que se colocasse
16:14contra qualquer pauta
16:15da esquerda
16:16para os grupos
16:17considerados minoritários.
16:20Então,
16:20se você é contra
16:21cota racial em universidades,
16:23o sujeito te chama de racista
16:24em vez de debater com você.
16:26Ele te demoniza.
16:27Se você tem qualquer restrição
16:29a um direito
16:30de homossexual
16:32que eles estão querendo
16:33emplacar ainda,
16:34que ainda não está
16:36na legislação
16:38de um país,
16:39então chama
16:40de homofóbico.
16:42Isso a gente
16:42viu a esquerda fazer
16:44durante muito tempo
16:44e viu,
16:45inclusive,
16:45uma reação eleitoral
16:47a esse tipo de
16:48política identitária.
16:51Então,
16:52você,
16:53não rezando
16:54pela cartilha de esquerda
16:55e querendo
16:56afastar
16:58essa agressividade,
17:00essa hostilidade
17:00reacionária,
17:02você também
17:03acaba atacado
17:04dos dois lados,
17:05não é, Paulo?
17:05Quer dizer,
17:06chamado,
17:07por exemplo,
17:08de alguém que
17:08incorporou o racismo
17:10porque
17:10o fato
17:12de você ser negro
17:14gera um impacto
17:16em pessoas
17:17de esquerda
17:18por ver
17:18que você
17:19está se dissociando
17:21daquela
17:22argumentação
17:23tradicional
17:23do esquerdista
17:24em relação
17:24a essas causas
17:25e também
17:27atacado
17:28pela direita
17:29por ter,
17:29sei lá,
17:30se vendido
17:30para a esquerda.
17:31Como é que é lidar
17:32com essa situação?
17:34Bom,
17:35isso é engraçado
17:36porque esse final
17:36de semana
17:37eu fui atacado
17:38por uma bolsonarista
17:39que falou
17:40para eu voltar
17:40para a África.
17:42Então,
17:42esse tipo
17:43de extremismo
17:44na direita
17:46que é perigoso.
17:47Agora,
17:48eu nunca fui de esquerda.
17:49Nunca.
17:50Então,
17:50eu acho uma babaquice
17:51quando aparece gente
17:52falando
17:52como pode
17:54um negro
17:55de direita.
17:56Eu nunca fui de esquerda.
17:57E muita gente
17:58que me acusa
17:59disso,
17:59daquilo,
17:59essa juventude
18:02de internet,
18:03eles não eram nem nascidos.
18:04Eu estava lendo
18:05o que eles descobriram agora.
18:07Entende, Felipe?
18:08Então,
18:08assim,
18:09eu fiquei muito tempo
18:10sem discutir esse assunto
18:11porque eu não queria
18:12mais discutir isso.
18:14Mas eu já fui radical,
18:15já fui parado
18:15pela polícia
18:16inúmeras vezes
18:17já quis brigar
18:18com polícia
18:18na rua.
18:20Eu já tive raiva
18:21de brancos.
18:22Eu já fui
18:22tudo esse negócio aí.
18:24Então,
18:24quando esse pessoalzinho
18:25estava nascendo,
18:26eu já tinha cansado.
18:27Falei,
18:27quer saber o que está
18:28da minha vida?
18:29Se um dia aparecer
18:30um racista na minha frente
18:31e cometer um racista
18:32na minha frente,
18:32eu meto um murro
18:33na cara dele
18:33e vamos que vamos.
18:35Então,
18:35eu estava sossegado
18:36até que eu começo
18:38a ver
18:38esse tipo de discussão
18:40radicalizada
18:41tomar corpo.
18:43Eu falei,
18:43peraí,
18:43peraí,
18:44esse negócio
18:44não vai para canto nenhum.
18:45A discussão está sendo
18:47levada para uma sinuca
18:48de bico.
18:49Esses caras trocaram
18:50uma lógica de superação
18:52que era comum
18:53no movimento negro
18:54até a década de 70
18:55por uma lógica
18:57de reivindicação.
18:59Então,
18:59eles estão o tempo todo
19:00reivindicando
19:01sabe lá Deus o quê.
19:02Então,
19:03esses movimentos
19:04de reivindicação
19:05acabam criando
19:06um clima sentimentalista,
19:09um clima que suscita
19:11aquele tipo
19:12de reação
19:14infantilizada
19:17diante de um problema grave.
19:19Então,
19:19as pessoas agem
19:20todas como crianças,
19:22como crianças
19:23que precisam ser tuteladas
19:24e cuidadas
19:25e tal.
19:25Ai,
19:26porque o racismo,
19:27ai,
19:27porque as pessoas,
19:28ai,
19:28não sei o quê.
19:29Ai,
19:30você xinga uma pessoa
19:31de macaco na rua
19:32e ela começa a chorar,
19:33um adulto.
19:34Então,
19:35assim,
19:35não,
19:36peraí.
19:37Que caminho é esse
19:38que vocês estão tomando?
19:38Então,
19:39eu nunca fui de esquerda,
19:40eu nunca tive
19:41esse tipo de...
19:43Quando eu tomei,
19:45assim,
19:46quando eu me conscientizei
19:47de que havia
19:48essa coisa
19:48de posição política,
19:50eu já vi
19:51que eu já era
19:51conservador naturalmente.
19:53E o meu conservadorismo
19:54vem do meu cristianismo.
19:56Então,
19:57quer dizer,
19:58esse pessoal
19:59está chegando agora.
20:00Muita gente
20:01está chegando agora.
20:02E aqueles que são
20:02mais velhos,
20:04que são da minha geração
20:05e que são de uma geração
20:06anterior
20:07e que estão na esquerda
20:09é porque foram
20:10escravizados ideologicamente.
20:13É isso.
20:14Estão dentro dos partidos,
20:15estão dentro de...
20:17Por exemplo,
20:18um dia
20:18eu estava dentro
20:19de um grupo
20:19de movimento negro,
20:20agora,
20:21recentemente,
20:22que foi criado
20:23por um amigo
20:23e um petista
20:25que estava lá dentro do grupo,
20:26que era um grupo plural e tal,
20:27e um petista
20:28que estava lá dentro do grupo
20:29me xingou
20:30de preto fascista.
20:32Um negro
20:33mais velho
20:33do que eu.
20:34Agora,
20:34pergunta,
20:35de onde
20:35que é esse fulano?
20:37Ele é um psicólogo
20:38que mora em Brasília
20:39e que é filiado
20:40ao PT
20:41há não sei quantos anos
20:43e que recebeu
20:45benesses do PT
20:46a vida inteira.
20:47Então,
20:47claro,
20:47pode me chamar
20:48de preto fascista
20:49ser chamado
20:51de preto fascista
20:51por um borra-bota
20:52desse aí
20:53capacho do PT.
20:55Então,
20:56é assim que a coisa funciona.
20:57Então,
20:58se o sujeito
20:58é muito fanatizado,
21:00ele está dentro do...
21:01Ele é escravo ideológico.
21:04Do mesmo jeito
21:05que agora
21:06nós também temos,
21:07infelizmente,
21:08os escravos ideológicos
21:09do bolsonarismo,
21:11que estão aí
21:12fazendo a polarização
21:16perfeita
21:17para esses caras
21:18ficarem no poder
21:19o tempo que eles quiserem.
21:20Exatamente.
21:21Mas eu
21:21estou fora.
21:23Nunca,
21:23nunca precisei
21:24desse tipo
21:25de comportamento
21:26e não é agora
21:27que eu vou precisar.
21:28Então,
21:28quer dizer,
21:28eu estou tentando
21:29trazer a discussão
21:30para um nível
21:31racional
21:32e sair dessa lógica
21:35do sentimento
21:35e da reivindicação
21:36que só atrapalha.
21:38Só atrapalha,
21:39inclusive,
21:40o jovem
21:40que precisa levantar
21:41e andar.
21:43Precisa superar
21:44as adversidades também.
21:46Como todo mundo,
21:48né?
21:48Como todo mundo,
21:49exatamente.
21:50E é claro que a gente
21:51precisa olhar essa questão
21:52com cuidado,
21:53por isso que eu chamei aqui
21:54Paulo Cruz.
21:55É claro que a gente
21:56poderia falar horas,
21:57mas já estouramos o tempo
21:58e a gente vê,
22:00lamentavelmente,
22:00Paulo,
22:00só um último comentário,
22:02essa síntese ideológica
22:05ou a síntese
22:06da propaganda política
22:07sendo usada
22:08pelas claques
22:09dos dois lados.
22:10Quer dizer,
22:11são sempre
22:11frases curtinhas,
22:13aquilo que você
22:14precisaria muitas vezes
22:16de um artigo inteiro
22:17para descompactar
22:18e mostrar toda a mentira,
22:19aquilo pode ser
22:20sintetizado
22:22numa frase curta,
22:23porque normalmente
22:24a refutação
22:24é maior do que a mentira.
22:26E a gente vê hoje
22:27esses porta-vozes
22:28do bolsonarismo
22:29falando barbaridades
22:31nas redes sociais,
22:33aproveitando justamente
22:34aquele espaço
22:35pequenininho,
22:36em vez de sintetizar
22:38do modo positivo
22:39coisas que podem ser
22:41elaboradas e desenvolvidas
22:43a partir dos seus fundamentos
22:45ou até os seus fundamentos
22:47em artigos mais longos,
22:48não,
22:48eles fazem a síntese
22:49política ideológica
22:50de propaganda,
22:51que é aquela
22:52que contém
22:52meias-verdades,
22:54distorções,
22:55mentiras,
22:56e que, no entanto,
22:57atingem uma parcela
22:59da população
23:00que não
23:01presta atenção
23:04durante muito tempo,
23:05né, Paulo,
23:06em algumas coisas específicas,
23:08ela só é bombardeada ali
23:10de pequenas frases curtas,
23:12são pessoas que têm
23:13muita dificuldade
23:15em permanecer atento
23:16ou em ler
23:18ou em ter qualquer
23:19atividade
23:20com maior minúcia
23:22para acompanhar os fatos,
23:24para acompanhar aquilo
23:25que está acontecendo.
23:26Então fica uma guerra
23:27de propaganda
23:27dos dois lados
23:28e aí
23:28é essa agressividade,
23:30essa hostilidade.
23:30Esse programa veio
23:31para se posicionar
23:33de uma maneira diferente
23:34em relação
23:35a essas falanges,
23:37a essas claques,
23:38justamente
23:39descompactando
23:40os assuntos
23:41e trazendo aqui
23:43as suas nuances,
23:44os seus detalhes,
23:45as suas minúcias,
23:46né,
23:46trazendo à tona
23:47os fundamentos
23:48das questões.
23:49É igual,
23:49Paulo,
23:50só para concluir,
23:51quando se fala,
23:52ah, mas o PT
23:54roubou mais,
23:55né,
23:55e, por exemplo,
23:58se patrulha
23:59o trabalho
23:59da imprensa
24:00em mostrar ali
24:01os detalhes
24:02a respeito
24:03de desvio
24:05de dinheiro público
24:06em gabinete.
24:07a pessoa precisa
24:09deixar claro
24:10se ela legitima
24:11moralmente
24:12o crime
24:12até determinado
24:14valor roubado.
24:15Qual é esse valor?
24:17Porque eu fiz
24:18essa pergunta,
24:18já falei aqui
24:19nesse programa,
24:19em 2013,
24:20sete anos atrás,
24:21para o pessoal
24:22de esquerda
24:22e agora eu tenho
24:24que fazer
24:24para o pessoal
24:25de direita.
24:26Então tinha lá
24:27o meu artigo
24:27sobre o vale crime
24:28da esquerda
24:28na época da jornada
24:29de junho de 2013
24:30que estavam os atos
24:31de vandalismo
24:33acontecendo
24:34e eu mostrei
24:35isso na raiz
24:35dizendo que ia dar
24:36problema.
24:37Aí o que aconteceu?
24:38Foi assassinado
24:38um cinegrafista
24:39por dois black blocs
24:41com rojões
24:43e tinha muito
24:44esquerdista lá
24:45e eu fiz a lista,
24:46mostrei as declarações
24:47passando pano
24:48para o vandalismo.
24:50Então o pessoal
24:50que passa pano
24:51para desvio
24:51de dinheiro público
24:52vai fazer o quê?
24:53Vai gerar mais
24:54desvio de dinheiro público
24:55se essa ideia
24:57prevalecer.
24:58Quer dizer,
24:58se os políticos puderem,
25:00aqueles que são ladrões,
25:01tomarem as devidas medidas
25:02para reestruturar
25:03os seus esquemas criminosos.
25:05Então a sabotagem
25:06do esquema de corrupção
25:07também é grave.
25:08Não é só
25:09a corrupção já feita
25:10durante um longo prazo.
25:11Mas enfim,
25:12eu perguntava
25:12para os esquerdistas,
25:14Paulo,
25:15até porque eles
25:17justificavam o crime
25:18e você fala muito bem
25:19a respeito disso também,
25:21pela origem social
25:22do indivíduo.
25:23Quer dizer,
25:23se ele é pobre
25:25e tal,
25:26para determinadas pessoas
25:27com esse viés esquerdista,
25:29não são todas,
25:30elas estão moralmente
25:32legitimadas para roubar.
25:34E muitos pobres
25:36não pensam assim,
25:39são educados
25:41de uma maneira
25:42a considerar
25:43que todo crime
25:43é errado,
25:44é ilegal,
25:45é injusto,
25:46é pecado.
25:47Muitas vezes as pessoas
25:48cristãs,
25:49então tem essa ideia
25:51chegando à cabeça delas,
25:52enquanto outra
25:53está chegando dizendo,
25:54olha,
25:54você nasceu pobre,
25:55então você pode roubar.
25:55e aí eu perguntava
25:57até que ponto
26:00de renda mensal,
26:01qual é o limite
26:02da renda mensal
26:03que autoriza
26:03o sujeito a roubar.
26:05Aí eles nunca dizem,
26:07eles nunca descem
26:08ao fundamento
26:09e à especificidade,
26:10eles precisam
26:11dessa alegação genérica,
26:13só para escravizar
26:14mentes, etc.
26:15Então isso acontece lá,
26:17entre os radicais
26:18de esquerda
26:18e acontece
26:19entre os radicais de direita.
26:20Acontece lá,
26:21para não falar,
26:22perdão,
26:22só nos radicais,
26:23entre os vendidos
26:24de esquerda
26:25e acontece entre os vendidos
26:27de direita,
26:27o pessoal que está lá
26:28só para passar pano.
26:30Então esses fundamentos
26:32a gente traz aqui à tona
26:33e esse tipo de discussão
26:35que eu vejo o Paulo Cruz
26:36trazer à tona também.
26:37A gente já estourou o tempo,
26:38Paulo,
26:38mas sua consideração final
26:40e boa noite para você,
26:42muito obrigado
26:42por essa participação.
26:44É isso aí, Felipe,
26:45obrigado pelo convite,
26:47estou aí à disposição sempre,
26:48essa discussão é sempre
26:49muito difícil,
26:50eu sempre digo
26:52e tenho que fazer isso,
26:53que eu criei um curso
26:54para isso,
26:55então lá,
26:55cursospaulocruz.com.br
26:57o meu curso é uma discussão
26:58racional sobre o problema
27:00do racismo no Brasil
27:01para tentar colocar
27:02essa discussão
27:03no trilho de novo,
27:04então quem quiser
27:05entra lá,
27:06dá uma olhada e tal
27:06e é isso,
27:08estou disposto a conversar
27:10sempre que você precisar,
27:11estamos juntos
27:12e vamos que vamos,
27:13vamos tentar desarmar
27:14essas bombas
27:15que esses vendidos,
27:16radicais e oportunistas
27:18espalham pelo caminho,
27:20porque essa é a função deles.
27:23é isso aí czy acontecer ?
27:24É isso aí,
27:25não sei sempre.
27:26E aí
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