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Felipe Moura Brasil comenta declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o Renda Brasil.
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Transcrição
00:00Muito bem, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que está proibido falar em renda Brasil no governo
00:06e garantiu que o Bolsa Família vai continuar.
00:09Em um vídeo publicado nas redes sociais, o presidente ameaçou dar um cartão vermelho a quem propõe
00:14como forma de financiar o programa social, o congelamento de aposentadorias
00:18ou o corte do auxílio para idosos e pobres com deficiência.
00:22Solta aí, produção.
00:23Eu já disse há poucas semanas que jamais vou tirar dinheiro dos pobres para dar para os paupérrimos.
00:32Quem porventura vier a propor para mim uma medida como essa, eu só posso dar um cartão vermelho para essa pessoa.
00:39É gente que não tem o mínimo de coração, não tem o mínimo de entendimento como vive os aposentados no Brasil.
00:45Para encerrar, até 2022, no meu governo, está proibido falar a palavra renda Brasil.
00:52Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final.
00:57Está aí, está proibido, disse o presidente da República.
01:00E ele reconheceu, abro aspas, pode ser que alguém da equipe econômica tenha falado nesse assunto,
01:06que é o corte de benefícios.
01:08Mas por parte do governo, jamais vamos congelar salários de aposentados.
01:13Essa foi a declaração do presidente Jair Bolsonaro.
01:16O que é engraçado é que a equipe econômica, pelo discurso dele, não faz parte do governo.
01:22Tem uma coisa que é a equipe econômica, tem outra coisa que é o governo.
01:26E eu tenho comentado aqui, desde o começo dessas tensões entre a equipe econômica,
01:32preocupada, pelo menos uma parte dela, com uma agenda liberal, com a redução do tamanho do Estado,
01:40com as contas públicas, para elas não entrarem no vermelho.
01:44E também, do outro lado, a tentação populista do presidente Jair Bolsonaro,
01:50claramente preocupado com a reeleição e que percebeu que esse assistencialismo,
01:56esse populismo, na verdade, para a gente falar aqui com todas as letras,
02:00é mais atrelado ao PT durante os governos anteriores, principalmente no Nordeste,
02:04que isso rende um aumento na popularidade dele, como a gente tem visto.
02:08É claro que há outros elementos influenciando nessa popularidade atual do presidente Jair Bolsonaro,
02:14principalmente a falta de uma oposição política, sobretudo na esfera moral,
02:20como eu tenho mostrado nos meus artigos e nos meus comentários, e claro, nesse programa.
02:25Então está havendo aí essa tensão e agora o presidente tomou essa atitude.
02:30Vamos entrar aqui nos detalhes das informações e, aos poucos, eu vou comentando.
02:34Em coletiva do Ministério da Economia, nessa terça-feira, o secretário de Política Econômica, Adolfo Saxida,
02:40foi perguntado sobre o Renda Brasil e respondeu, abre o aspas,
02:43o presidente da República já se manifestou sobre o assunto e não cabe a mim tecer novos comentários.
02:49Obrigado. Fecha o aspas.
02:51Pois é, está seguindo aí a proibição do presidente.
02:53O senador Márcio Bittar, do MDB, relator da PEC na qual seria inserido o programa Renda Brasil,
02:59afirmou ao antagonista, aspas,
03:01falou-se demais, a articulação não foi legal, enfim, a ideia nasceu e morreu,
03:06não há mais o que se falar disso, da minha parte, morreu o assunto. Fecha o aspas.
03:12O plano do governo era usar o Renda Brasil para substituir o Bolsa Família com um valor maior.
03:17No entanto, Bolsonaro e a equipe econômica não chegaram a um acordo sobre a forma de custeio do programa.
03:24Na semana passada, o secretário especial da Fazenda do Ministério da Economia, Valderir Rodrigues,
03:29afirmou que a equipe econômica chegou a estudar o congelamento de benefícios como aposentadorias e pensões.
03:37No Ministério da Economia, auxiliares de Paulo Guedes comparam a situação de Valderir Rodrigues
03:42à de Marcos Sintra, ex-secretário da Receita.
03:45Sintra foi demitido por Guedes em 11 de setembro de 2019 por ter apresentado,
03:50sem autorização do ministro, essa foi a alegação, a proposta de criação de uma nova CPMF na reforma tributária.
03:57Mais uma vez aqui, o Marcos Sintra aparecendo no programa.
04:01Eu relembro aquilo que eu mostrei no meu vídeo, os vídeos de Bolsonaro e a interferência na PF.
04:05Um mês antes dessa demissão, com esse pretexto, houve a reclamação do Jair Bolsonaro
04:13com o Sintra, então secretário da Receita, por causa de uma investigação do irmão do Jair Bolsonaro pela Receita.
04:22Então é bom deixar claro que já havia um desgaste entre o Jair Bolsonaro e o Sintra.
04:28E aí veio esse episódio da CPMF, foi a gota d'água.
04:31E o Bolsonaro, naquele discurso na reunião ministerial, se referia ao caso do irmão,
04:36as investigações, obviamente, era disso que se tratava, quando depois falou
04:41não vou esperar foder minha família e amigo meu, palavras dele que eu tenho de repetir
04:45com o vocabulário que ele usou naquela ocasião.
04:48Só para deixar claro aqui quem é esse Sintra.
04:51Em agosto, Bolsonaro afirmou que não iria enviar ao Congresso uma proposta formulada,
04:56na época pelo Ministério da Economia, que estudava cortar o abono salarial para custear o benefício.
05:02O governo chegou a cogitar em julho inserir um dispositivo para alocar recursos para o Renda Brasil
05:07na proposta do Fundeb, que é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
05:13e de Valorização dos Profissionais da Educação.
05:16Se falar esse nome cumprido, ninguém sabe que é o Fundeb, que gera tanto debate lá no Congresso Nacional.
05:22Com isso, seria possível burlar o teto de gastos.
05:25Então eu retomo aqui.
05:26Desde o começo de toda essa tensão entre a equipe econômica e o presidente da República, Jair Bolsonaro,
05:32eu tenho dito que a equipe econômica tem servido para ele, para vir ali com as medidas duras,
05:37enquanto ele posa daquele que está preocupado com a população principalmente pobre.
05:42E aí ele faz todo o seu carnaval populista em cima disso,
05:47fritando, de certa maneira, membros da equipe econômica,
05:51quando não a equipe econômica inteira, até mesmo o Paulo Guedes,
05:56que se tornou, como a gente tem chamado ironicamente,
05:59o tesoureiro oficial da campanha de 2022 do Jair Bolsonaro.
06:04No entanto, esse episódio, ele é muito interessante,
06:08porque o Jair Bolsonaro se deu conta de que,
06:12para financiar um projeto populista de poder,
06:16para financiar um programa social de maneira que lhe dê mais votos,
06:20de maneira que aumente a sua popularidade,
06:23é preciso tirar esse dinheiro de algum outro lugar.
06:26E quando se tira esse dinheiro de algum outro lugar,
06:30isso também causa desgaste com outro grupo de pessoas.
06:34E aí ele ficou tremendamente irritado,
06:37porque essa informação veio a público.
06:39Então, de repente, ele nem se preocuparia
06:42se isso estivesse sendo discutido em privado.
06:45Mas aí chegou até a imprensa, e não é culpa da imprensa,
06:49porque aí vem o Paulo Guedes, não, o presidente acorda,
06:51vê as notícias e tal, como se fosse culpa da imprensa.
06:54Mas tem lá um membro da equipe econômica
06:56que falou que essa questão chegou a ser estudada.
07:00Então, o presidente da República se dá conta
07:03de que, olha, vai ter um desgaste.
07:05Aí ele quer evitar o desgaste e coloca um ponto final de uma vez.
07:09Ora, esse ponto final pode ser uma coisa boa.
07:13Acontece que, eu duvido muito,
07:15que o presidente Jair Bolsonaro vá desistir da reeleição,
07:18que ele vai desistir de uma maneira
07:20de tentar garantir esses votos e esse aumento de popularidade
07:26com os beneficiários desses programas.
07:30Então, a gente vai continuar assistindo a essa tensão
07:34entre uma equipe econômica preocupada com as contas públicas
07:37e um presidente que, mais do que a situação emergencial
07:42das pessoas pobres precisando do auxílio emergencial
07:45e, eventualmente, de uma prorrogação.
07:48A questão é definir essas medidas.
07:50Está preocupado com o seu projeto de poder,
07:53até porque existem investigações envolvendo a sua família.
07:57E ele interferiu na PF dizendo que não ia esperar
07:59que isso avançasse, naquela expressão que eu acabei de falar agora há pouco.
08:06E ele precisa do foro privilegiado,
08:08precisa de todas as garantias que a caneta lhe dá,
08:10inclusive para aparelhar o Estado com pessoas como Augusto Aras,
08:16por exemplo, na Procuradoria-Geral da República,
08:19detratoras da Lava Jato, que atuam para esvaziar a força-tarefa,
08:23que encurtaram o período de prorrogação da Lava Jato,
08:26no caso dele, até janeiro de 2021,
08:29embora, felizmente, a Lava Jato tivesse várias investigações
08:33e esteja colocando tudo para vir à tona,
08:36porque sabe que o tempo é curto para dar andamento aos 400 inquéritos
08:40que estavam abertos.
08:42Então, tem um lado positivo nisso tudo,
08:44que é essa percepção de que não existe Renda Brasil Grátis.
08:48É o título até que eu pedi para a produção colocar
08:50na transmissão no YouTube e na nossa divulgação,
08:54na arte de divulgação desse programa.
08:56Aliás, o almoço grátis, não existe almoço grátis,
09:00uma expressão que foi popularizada pelo Milton Friedman,
09:03mas para não dar aqui exemplos mais complicados
09:07para o presidente da República,
09:09eu estava saindo de casa, peguei um livro aqui
09:11do próprio Paulo Rabelo de Castro, economista brasileiro,
09:15com passagens aí, a proximidade com o poder
09:18na história recente do país,
09:20que é, olha só, o mito do governo grátis.
09:23E aí tem lá na capa, governo grátis, figurado,
09:26sentido figurado, aquela definição de verbete de dicionário,
09:29aquele que promete distribuir vantagens e ganhos para todos,
09:32sem custos para ninguém, fenômeno político que está
09:35na raiz do declínio do vigor da economia brasileira
09:38e na estagnação de seu processo produtivo.
09:42Eu vou ler aqui um pedacinho desse livro para vocês,
09:45que obviamente é um pedaço condizente com tudo aquilo
09:49que eu comento há muitos anos.
09:50O ponto culminante do ilusionismo político
09:53é o governo grátis, o mito do governante
09:56que seja capaz de produzir benefícios coletivos
09:58sem qualquer custo para a sociedade
10:00é a forma mais sofisticada de se criar,
10:03a ilusão coletiva da gratuidade
10:06a respeito de tudo que seja ou provenha do setor público.
10:10O mito do governo sem custo para quem quer que seja
10:12é, enfim, o governo grátis para você.
10:15O governo grátis fala ao ouvido de cada cidadão,
10:18tem interlocução pessoal com o representado
10:20e, finalmente, mora no coração de cada um deles.
10:23Obviamente, o contraditório do mito do governo grátis
10:26é a desilusão total que finalmente haverá de provocar
10:29a perda da fé na possibilidade
10:31de o cidadão obter algum benefício do governo superior
10:34aos custos que ele está suportando,
10:37em geral, uma dolorosa percepção
10:38que a sociedade tenta adiar,
10:40agravando o problema.
10:42E aí ele fala dos exemplos internacionais
10:45a respeito desse assunto,
10:46sempre se tratando de uma esperança quase inabalável
10:50na possibilidade metafísica de um líder carismático,
10:53movido pela generosidade e absoluta sintonia
10:56com seu povo, entre aspas,
10:59vocês vejam como tudo confere,
11:00ter e exercer o dom privilegiado de conceder,
11:04livre de efeitos negativos à sociedade,
11:06vantagens à maioria dos cidadãos
11:08sem prejuízo ou sacrifício para qualquer outra parte.
11:12No governo grátis, a despesa pública
11:14sempre haverá de crescer mais rápido
11:16do que os recursos da economia privada
11:19que a financia.
11:20E essa expansão, sobretudo se galopante,
11:23da despesa pública exigirá um esforço de financiamento
11:25pelo governante e seus prepostos
11:28que tentarão, e por algum tempo,
11:30se forem ágeis e cativantes conseguirão,
11:33criar um mecanismo de extração de recursos.
11:36Aí ele dá vários exemplos sobre esses mecanismos
11:39e resume a concepção do regime do governo grátis,
11:42que é de tirar de quem pode
11:44e repassar uma parte, claro,
11:45para quem precisa ou diz precisar.
11:47E logo se formará, esse que é o ponto importante,
11:50uma longa fila de candidatos
11:52a participar do último grupo,
11:54dos necessitados.
11:55E os mais produtivos entre os cidadãos
11:57serão normalmente os selecionados
11:59a pagar a conta da mágica pessoal.
12:02E aí no final ele vai falando a respeito
12:03do declínio, que finalmente haverá uma falência
12:06do empreendedorismo e vencerá o princípio
12:09da acomodação.
12:11É por essas e outras que a gente sempre cita
12:13aquelas frases marcantes, célebres,
12:15do ex-presidente republicano dos Estados Unidos,
12:17Ronald Reagan, que falava que
12:18o melhor programa social é o emprego,
12:21que deve-se medir o sucesso de um programa social
12:23pela quantidade de pessoas que saem dele,
12:26não pela quantidade de pessoas que entram,
12:28lamentavelmente, no Brasil nos últimos anos,
12:30nas últimas eleições.
12:31Sempre se foi discutida a ampliação do programa social,
12:36quer dizer, é o discurso eleitoreiro,
12:39mais gente podendo receber esses benefícios
12:43se tornando dependentes do Estado,
12:45sem um horizonte de andar com as próprias pernas.
12:48É claro que há pessoas no Brasil que precisam,
12:51tanto do auxílio emergencial, quanto do Bolsa Família,
12:54no entanto, é preciso elaborar esse plano,
12:56justamente para que o máximo de pessoas
12:58consiga sair dele e tenha uma entrada
13:01no mercado de trabalho.
13:03Então, isso tudo é muito didático,
13:05é muito elucidativo,
13:06e a gente trabalha justamente para que o governo
13:11saiba administrar as contas públicas
13:13de uma maneira responsável,
13:15sem incorrer na irresponsabilidade fiscal
13:18em busca de interesses políticos eleitorais.
13:36Obrigado.
13:37Obrigado.
13:38Obrigado.
13:39Obrigado.
13:40Obrigado.
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