- 19/06/2025
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NotíciasTranscrição
00:00Então, desde logo. Então, nessa ação penal 502.365.32, depoimento do Sr. Fernando Gomes de Moraes.
00:07Sr. Fernando, o senhor foi chamado como testemunho nesse processo.
00:11Na condição de testemunho, o senhor tem um compromisso com a justiça em dizer a verdade e responder as perguntas que lhe forem feitas, certo?
00:17Certo.
00:18Eu vou adverti-lo, Sr. Fernando, que se o senhor faltar com a verdade, o senhor fica sujeito a um processo criminal, certo?
00:24Sim.
00:25Dito isso, eu passo aqui a palavra, então, à defesa do ex-presidente Luiz Nácio Lula da Silva, para perguntas.
00:36Sr. Fernando, bom dia.
00:39Bom dia.
00:41Sr. Fernando, o senhor poderia, ainda que brevemente, nos relatar a sua trajetória pessoal e profissional?
00:48Sr. Fernando, eu sou jornalista desde os 14 anos, comecei em Belo Horizonte, me mudei para
00:59São Paulo em 65, quando os mesquitas declararam o Jornal da Tarde, trabalhei 10 anos no Jornal da Tarde, trabalhei na
01:09revista Veja, trabalhei na Folha, trabalhei na TV Cultura, depois passei a me dedicar a publicar meus trabalhos
01:22trabalhos jornalísticos em livros, seja sob forma de geografia, seja sob forma de relatos de episódios
01:32históricos brasileiros ou estrangeiros, e tive uma breve passagem pessoal pela política.
01:43Eu fui deputado em dois mandatos, fui secretário de Cultura do Estado de São Paulo e depois
01:54secretário de Educação do Estado de São Paulo, sem ter abandonado a minha atividade profissional
02:01original, jornalista.
02:03Pois não.
02:04E, em relação ao ex-presidente Lula, existe alguma situação pessoal ou profissional que
02:12tenha colocado o senhor em maior contato com ele, notadamente, após ele ter deixado
02:18o cargo de presidente da República?
02:21Sim.
02:22Eu, na verdade, conheço o ex-presidente Lula há 44 anos, quando ele era um sindicalista,
02:31um operário sindicalista e eu era deputado.
02:34Eu me aproximei sem intimidades com ele, testemunhei a primeira prisão dele, uma dessas curiosidades
02:47do destino, acabei testemunhando as duas prisões dele.
02:51não entrei para o PT, quando a maioria dos meus colegas foram para o PT, eu continuei na
03:00MDB, depois eu adornei a política e, no período que o presidente exerceu a presidência da República,
03:12eu praticamente pedi um portato com ele, talvez por não ser muito afeito ao Palácio, eu estive,
03:20na verdade, nos oito anos dele como presidente, estive três vezes no Palácio Planalto, uma
03:31vez para uma entrevista profissional com ele, uma vez que era Dia Internacional da Mulher que
03:39a dona Marisa, a falecida dona Marisa, organizou uma exibição do filme Olga, que é baseado
03:46num livro meu, para as mulheres que trabalhavam no Palácio e estive numa terceira ocasião,
03:54já não me lembro qual é, mas também sem maiores, sem contatos maiores.
04:00Depois que ele deixou a presidência da República, eu fui contratado por duas editoras, uma brasileira
04:07e uma norte-americana, Companhia das Letras no Brasil e a Penguin nos Estados Unidos, para
04:16escrever um livro, que não é uma biografia, um livro sobre a vida do presidente Lula, da
04:22prisão de 1980, o projeto original, o contrato original que eu fiz com a Penguin e com a
04:31companhia, era de escrever sobre a prisão, a partir da prisão dele em 1980, até o fim
04:37do mandato dele em 2010, e o livro terminaria aí. No entanto, como eu grudei no calcanhar dele,
04:44como eu grudei no calcanhar dele, para usar, se o senhor me permite uma expressão vulgar,
04:51nos últimos, estamos em 2010, nos últimos sete anos, eu achei que seria um desperdício
05:01profissional eu ter tido o privilégio de conviver com ele durante toda essa crise que estamos
05:09vivendo até hoje, desde o golpe contra o presidente Dilma Rousseff até agora, então propus para
05:18os meus editores que eu fizesse o livro em dois tomos. O primeiro tomo, tal como foi combinado,
05:24de 1980 a 2010, e o segundo tomo, de 2010 até saberá Deus quando.
05:35Pois não. Então, a partir, notadamente, de 2011, o senhor passou a ter um contato
05:43frequente com o ex-presidente Lula.
05:46Absolutamente frequente, e com pouco tempo eu descobri que o melhor local, o melhor horário
05:54para entrevistá-lo, para ouvi-lo, para levantar histórias com ele, era dentro de aviões.
06:00Porque não havia telefone, não havia secretária, não havia deputado, senador, assessor.
06:07Então, eu comecei a acompanhá-lo nas viagens que ele fazia ao exterior para realizar palestras
06:17no mundo inteiro. Eu acho que, excluindo a Oceania, eu fui a todos os outros continentes com ele,
06:26e literalmente grudado, algo que vem da minha profissão de repórter.
06:35Então, nesses últimos, um pouco antes da descoberta do Tomô, eu já comecei a gravar com ele,
06:45eu me lembro de ter gravado, ele já estava com cabelo grande, com barba, e ficava praticamente o tempo todo
06:54ao lado dele. Uma, duas, três vezes por semana eu ia ao Instituto fazer gravações com ele, fiz gravações com mais umas cem pessoas
07:07que gravitaram na órbita dele nesse período, inclusive gente de oposição.
07:15Não pretendo que seja um livro Chapa Branca, um retrato oficial, um livro jornalístico, como todos os onze,
07:24até hoje, e tive o privilégio de acompanhá-lo, provavelmente mais até do que, acho que só os seguranças dele
07:37estiveram mais cedo do que eu com eles, nesse período, é preciso ficar claro, nesse período que vai de começo de 2011 até agora,
07:49até três dias antes dele ser preso.
07:53Pois não. E nessa situação em que o senhor, inclusive, mencionou ter acompanhado o ex-presidente Lula em viagens ao exterior
08:08para a realização de palestras, o senhor chegou a assistir as palestras? O senhor sabe dizer se o presidente Lula
08:16efetivamente realizou as palestras no exterior?
08:20Olha, eu imaginei que essa pergunta pudesse ser feita ou pelo senhor ou pelo juiz Moro, e hoje de manhã,
08:28antes de vir para aqui, eu descobri que eu fui a 18 países com o presidente Lula, e eu assinalei aqui,
08:36por causa da pressa vindo correndo para cá, África do Sul, Alemanha, Angola, Cuba, Espanha, Etiópia, França, Índia, Inglaterra, México, Moçambique e Portugal.
08:50Eu ficava sempre no mesmo hotel, ou se era uma casa alugada reservada para ele pelos convidados, pelos anfitriões,
09:04eu ficava sempre junto com ele, a maioria das vezes, era em hotel, e eu, embora eu não goste muito de acordar cedo,
09:16ele, às seis horas da manhã, pedia que um segurança fosse ao meu quarto e me chamasse para tomar café da manhã com ele.
09:22E eu, com ele, ficava até a hora que ele ia dormir.
09:26Uma particularidade que eu não sei se é isso ou não, para o julgamento que o doutor Moro vai fazer,
09:32é que em nenhum momento ele disse para mim, olha, na hora que eu tiver que tratar de algum tema privado, reservado, particular,
09:42eu te aviso e você sai.
09:44Isso é muito comum, não seria uma indelicadeza da parte dele.
09:49Eu fiz outros perfis, inclusive fiz um perfil de um presidente do exercício da presidência, o presidente Collor,
09:57e o combinado foi isso, na hora que ele quisesse tratar de assuntos reservados,
10:04que alguém me tiraria do gabinete, da casa, de onde ele estivesse.
10:09No caso do presidente Lula, não.
10:11Eu assisti, o que eu não assisti foi o que eu não quis,
10:15mas eu assisti rigorosamente todos os encontros, todas as palestras.
10:20Gravei as palestras, o gravadorzinho Amador.
10:25Algumas delas eu fiz fotos.
10:28Como eu sabia que tinha um fotógrafo dele acompanhado o tempo todo,
10:31eu não me preocupava tanto com a imagem.
10:33Mas, em alguns casos, eu próprio me encarreguei de fazer fotos.
10:37Então, eu posso dizer que nessas viagens eu acompanhei 24 horas por dia.
10:45Só não dormia com ele.
10:47Nos momentos que ele estava acordado, fosse em avião, fosse em almoço, fosse em jantar,
10:52fosse com chefes de estado, em muitos casos ele foi recebido por chefes de estado dos países que estavam visitando,
11:00fosse com personalidade.
11:03Eu não lembro, por exemplo, que nós estávamos na Inglaterra...
11:05Eu vou interromper um minutinho aqui, senhor Fernando.
11:08O senhor pode responder mais brevemente, objetivamente, as questões da defesa.
11:11Não precisa se alongar nessas histórias com todo o respeito, mas existe aqui a necessidade de seguir.
11:19Então, qual que é a próxima pergunta?
11:22Não, só me desculpe...
11:23O senhor ia, na verdade, tocar num ponto que eu ia lhe questionar na sequência,
11:28que era um episódio em Londres envolvendo o cantor Bonovox.
11:34O senhor pode descrever, por gentileza?
11:38O presidente foi a Londres fazer convidado para fazer uma palestra para empresários.
11:45Que às vezes ele ia convidado por empresários e às vezes por trabalhadores.
11:50Na Alemanha e na África do Sul, por exemplo, ele foi convidado por sindicatos.
11:53Em Londres ele foi convidado por empresários.
11:56E depois do almoço estávamos no hotel conversando e chegou um cantor, um roqueiro, Bonovox,
12:06para fazer uma visita a ele.
12:08Começaram ali um pouquinho e a hora que o Bono foi embora o presidente perguntou se eu podia fazer a delicadeza
12:16de acompanhá-lo até a portaria do prédio.
12:19E eu disse que havia ali uma centena de recortes europeus e brasileiros, um número menor,
12:29mais por causa do Bono do que do presidente Lula, obviamente, estrela universal.
12:36E os repórteres perguntaram para ele, o que o senhor achou da conversa com o presidente brasileiro,
12:44o presidente Lula?
12:46E o Bono disse uma frase que ficou muito marcada na minha memória, que ele disse o seguinte,
12:51Depois da morte do Mandela, só existe no mundo uma pessoa capaz de juntar ricos e pobres, pretos e brancos, gordos e magros.
13:03E essa pessoa se chama Luiz Inácio Lula da Silva.
13:06Por se tratar não de um cientista político, nem de um teórico, mas de um cantor de rock, aquilo me impressionou muito.
13:15Essa questão tem relevância para o caso ou por qual motivo, doutor?
13:20Excelência, nós estamos falando, primeiro, reputação de um acusado.
13:26E segundo...
13:27Nós estamos falando de reputação, existe uma acusação aqui a ser julgada.
13:30Certo.
13:31Esse tipo de...
13:32A defesa é muito importante.
13:33A reputação...
13:34E segundo, nós estamos falando, inclusive, a excelência...
13:37A empresa pode divulgar essas questões meritórias em relação ao ex-presidente fora do processo,
13:42não precisa ser aqui em audiência.
13:44Não, mas divulgar fora do processo, vossa excelência...
13:47Não, não diz respeito aos fatos em julgamento, doutor.
13:50Qual que é a próxima pergunta?
13:51Vossa excelência sabe bem que há questões que devem levar em consideração...
13:55Não, essa questão não tem nenhuma relevância para o julgamento.
13:57E, aliás, eu não sei se incomoda, vossa excelência, a questão da reputação.
14:01Não incomoda, doutor.
14:02Eu só acho que o processo não deve ser utilizado para esse tipo de propaganda.
14:05Não é propaganda, é uma questão de reputação.
14:08Nós estamos discutindo aqui a reputação e mais do que isso.
14:13Existe aqui uma discussão em torno de palestras, inclusive colocada em dúvida pelo juízo.
14:18E nós estamos aqui fazendo a prova de que as palestras foram realizadas.
14:22Dois, de que foram realizadas por uma pessoa de grande reputação e que havia um interesse em assistir as palestras.
14:30Qual que é a próxima pergunta?
14:31Absolutamente pertinente à questão.
14:34Eu posso fazer o uso da palavra, senhor juiz?
14:38Não.
14:39O senhor responde as perguntas que foram feitas.
14:41Qual que é a próxima pergunta?
14:42Senhor Fernando, o senhor comentou que por conta desse trabalho, desse livro ou desses livros que o senhor está escrevendo, que envolvem o ex-presidente Lula, o senhor passou a ter uma relação próxima, inclusive presenciou, pelo que eu entendi, contatos do ex-presidente Lula com diversas pessoas, sem que houvesse a necessidade de o senhor deixar o recinto, correto?
15:09Sim, senhor. Exatamente da maneira que o senhor lhe expôs, em nenhum momento, mesmo que fossem algumas conversas pelas quais eu não tinha nenhum interesse, encontro com o embaixador do Brasil no país onde a gente se encontrava, eram conversas aleatárias, mas como eu tinha sido convidado, seria inelicado da minha parte, não estar presente.
15:36Então, assistia todas, acho que praticamente todas as conversas que ele teve, em nenhum momento, eu posso dizer isso, posso assegurar, em nenhum momento ele ou alguém da sua comitiva disse, olha, o presidente queria que o senhor ficasse fora cinco minutos, que ele precisa tratar de um assunto particular. Zero.
15:54Pois não. E o senhor, nessa situação, o senhor presenciou algum ato do ex-presidente Lula que pudesse sugerir a prática de um ilícito? Ou então, pudesse sugerir, está ele resgatando algum ato que ele tenha praticado no cargo de presidente da república?
16:17Não.
16:18Solicitar ou exigir alguma vantagem devida?
16:21Não. Não, não, não, nada. Nenhum momento, nada. E o meritíssimo fez uso da palavra propaganda aí, que eu repudio, eu não estou aqui fazendo propaganda, quero dizer, inclusive, que as viagens que eu fazia com o presidente, eu só ia no avião que o transportava.
16:44Quando havia lugar sobrando, quando não havia, as viagens viagens eram pagas pela companhia das letras.
16:50O Ministério Público, o senhor meritíssimo juiz, pode averiguar isso. Eu fui para a África do Sul com dinheiro da companhia das letras, eu fui para Cuba com dinheiro da companhia das letras, eu voltei para o Brasil com dinheiro e vou pago pela companhia das letras.
17:07Então, em nenhum momento eu teria razão para estar fazendo propaganda de quem quer que seja. Eu não ia jogar fora uma carreira de 50 anos para fazer propaganda de um presidente da república.
17:24Pois não.
17:27Senhor Fernando, basicamente, eu agradeço a sua colaboração e devolvo a palavra ao magistrado.
17:37Outros defensores têm perguntas?
17:40O Ministério Público tem indagação?
17:42A CID de acusação tem indagação?
17:45Certo.
17:46O juiz também não tem questões serem colocadas, vou declarar encerrado aqui o depoimento do senhor Fernando Moraes.
17:51Tchau.
17:52Tchau.
17:53Tchau.
17:54Tchau.
17:55Tchau.
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