D'Avila recebe Luiz Fernando Figueiredo, especialista em finanças e ex-diretor de política monetária do Banco Central. Juntos, eles discutem a atual situação fiscal e déficit público do Brasil e como o governo de Javier Milei, na Argentina, surpreendeu os economistas.
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews
Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/
Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews
Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews
Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/
TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews
Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews
#JovemPan
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews
Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/
Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews
Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews
Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/
TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews
Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews
#JovemPan
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00Entrevista com Dávila
00:05Olá, bem-vindos. Toda semana temos um encontro marcado para falarmos sobre os assuntos mais
00:14importantes do momento e sempre com um convidado muito especial. O Brasil vive um dos períodos
00:20mais desafiadores da política fiscal e monetária. Com o pé no acelerador do gasto, a relação
00:26dívida PIB já é a mais alta entre todos os países emergentes e caminha para a marca
00:33perigosa de 85% do PIB em alguns anos. Por outro lado, o Banco Central, com o pé no freio,
00:40eleva a taxa de juros para o nível mais alto dos últimos 20 anos na tentativa de conter
00:46a irresponsabilidade fiscal. Essa política esquizofrênica do governo de acelerar o gasto
00:53de maneira inconsequente e o Banco Central frear com a elevação da taxa de juros não é saudável
00:59para um país que precisa crescer de maneira sustentável, ganhar produtividade e competitividade
01:04internacional. O que o Brasil precisa fazer para retornar o caminho do crescimento, do
01:11bom desempenho econômico e de uma política fiscal e monetária em sintonia com essa agenda
01:16do crescimento sustentável. E para conversar sobre este cenário desafiador, ninguém melhor
01:22que já esteve no Banco Central em outro momento de crise no país, hoje o meu convidado é
01:29Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de política monetária do Banco Central e presidente do
01:34Conselho de Administração da Jaiv Mauá Investimentos. Luiz Fernando, muito bem-vindo aqui a uma entrevista
01:41com o Davi. O prazer é enorme, Felipe. Luiz Fernando, vamos começar aqui com um tema fundamental.
01:48Esta política fiscal do governo parece uma política do Brasil das antigas, onde o Brasil
01:56gastava, parece que não há o dia de amanhã. E isso está fazendo a nossa dívida se elevar a um nível
02:04perigoso, pressionando a taxa de juros e os credores lá fora até de olho assim, será que o Brasil vai
02:10conseguir honrar seus compromissos? Parece aquele pesadelo da era Sarney.
02:16Então, Felipe, o governo tem, como você comentou no início, ele tem uma política que é esquizofrênica.
02:25Por um lado, ele tem o chamado arcabouço fiscal, que deveria minimamente dar uma racionalidade na dívida,
02:34dar uma racionalidade na política fiscal e depois na dívida. O problema é que ele usa,
02:40o parafiscal, o fora do arcabouço fiscal, para expandir a economia. Então, no final,
02:47ele está ampliando os gastos que não são contabilizados e, com isso, ele aumenta mais
02:54a dívida pública. E, por outro lado, ele, além de tudo, como você mesmo falou, essa história
02:58do carro de acelerar e brecar, ele atrapalha muito o Banco Central e faz com que a gente tenha
03:03que tenha uma taxa de lucro olímpica, o que é um absurdo.
03:06Isso afeta demais a produtividade do Brasil e a competitividade. O custo capital acaba inibindo
03:12o investimento. E, ao inibir o investimento, o Brasil passa numa situação muito complicada
03:19no momento. O custo capital é elevado e nós que precisamos ganhar produtividade e competitividade,
03:23pelo contrário, o Brasil vem caindo nas taxas de produtividade. O que nós podemos fazer
03:27para recuperar essa nossa produtividade que vem caindo nos últimos anos?
03:33Olha, primeiro que o Brasil fez uma série de reformas que já melhorou, quer dizer, há
03:40tempos atrás, o que os economistas chamam de PIB potencial, que é quanto o país pode
03:44crescer de maneira sustentável. Esse PIB potencial, sei lá, uns 10 anos atrás, era zero, ou seja,
03:50o país não conseguia crescer. Foram feitas uma série de reformas a partir do governo
03:55Michel Temer e com o governo Bolsonaro, Paulo Guedes, etc., que melhoraram muito isso.
04:01Hoje, esse número é em torno de 2% a 2,5%. E investimentos em infraestrutura. O país
04:08hoje está mais produtivo. Só que o que nós fizemos de lá para cá, a partir desse governo,
04:15foi parar com esse caminho de reformas, que elas ajudam muito a produtividade, primeiro.
04:22E segundo, fazendo políticas que são esquizofrênicas, que no final atrapalham tudo. Eu vou dar só
04:28um exemplo do que está acontecendo agora. Ele acabou de ampliar o IOF, que não deveria
04:35ser um imposto para arrecadar, e sim um imposto regulatório. Com esse aumento da carga, vou
04:41dar só um exemplo. Alguém que toma um empréstimo que custava, sei lá, 26% ao ano, virou 37% ao ano.
04:49Ou seja, custa 11% ao ano a mais do que custava antes dessa medida. Será que um orçamento,
04:58um grande projeto de longo prazo, aguenta um aumento de custos dessa magnitude por ano?
05:05É muito difícil. Então, o que o governo tem feito, como ele está com uma popularidade
05:11muito baixa, no final o que ele está querendo fazer é, deixa eu aumentar a demanda a qualquer
05:15custo. Só que o custo dessa brincadeira, em termos de o quanto a nossa economia pode
05:21crescer, o quanto ela é produtiva, é um custo que traz para trás. Então, em vez de a gente
05:28poder crescer mais, o que ele está fazendo é dando um boost de curto prazo, mas fazendo
05:33com que a gente consiga crescer menos para frente.
05:35É, e isso mostra claramente na taxa de investimento. Nosso Brasil está com uma taxa de investimento
05:40em torno de 16%, 17% ao ano, enquanto os outros países emergentes estão 40%. Então, nós
05:46estamos muito atrás das taxas importantes. E pior, o dinheiro da arrecadação está indo
05:51para gastos e despesas correntes do governo. Então, daqui a pouco nós vamos ter uma taxa
05:56pública de investimento quase zero.
05:58Não, é verdade. Para dar uma ideia, 16%, 17%, a depreciação do nosso parque, ela é
06:07maior do que o investimento consegue, vamos dizer, manter mais moderno o nosso parque.
06:13Então, a gente está envelhecendo, o país está envelhecendo, principalmente o parque
06:17industrial. E assim, com esse nível de custo de capital,
06:26a maioria dos projetos ficam absolutamente inviáveis. O que você tem ainda é que deixado,
06:32que é um legado do governo anterior, um pipeline enorme de investimentos em infraestrutura,
06:38que mesmo com um custo ainda elevado, a taxa de juros de longo prazo está muito alta,
06:43mas mesmo assim esses projetos ainda são rentáveis, produtivos. Então, nesse sentido,
06:49pela primeira vez, talvez na história dos últimos 30 anos, a gente vê mais investimento
06:54acontecendo em infraestrutura. Mas, de novo, a taxa de investimento, ela não é suficiente
06:59para a gente não só manter o parque moderno, como desenvolver para frente.
07:06Principalmente em três áreas aí, que é estradas, rodovias, é uma coisa que está crescendo,
07:11a história de portos e aeroportos também. E agora saneamento básico, graças ao marco
07:18do saneamento, que pelo menos deu segurança das regras. Então, são três áreas aí de infraestrutura
07:23que parece que o Brasil está caminhando bem, né?
07:25Sem dúvida. Energia também. Energia, energia, energia limpa, né? Outra área importante.
07:30É a mudança na matriz de energia nos últimos 10, 20 anos foi impressionante.
07:35É impressionante. Quando as regras são estáveis, aí as pessoas têm mais apetite para o investimento,
07:41mesmo com o custo de capital ainda elevado. Por que investimento de 20 prazos?
07:4520 anos, 30 anos, ele começa a fazer o retorno lá na frente.
07:49Luiz Fernando, um ponto interessante. O Edmar Barcha, que nós tanto gostamos,
07:55dizia que a abertura econômica é a mãe de todas as reformas.
07:59E o Brasil continua uma das economias mais fechadas do mundo.
08:03Essa pauta parece um pouco demodê nesse mundo de nacionalismo econômico
08:09e volta do protecionismo. Como que você acha que o Brasil tem que se posicionar
08:14nessa pauta da abertura econômica? Ela é fundamental, mas é o momento errado de se fazer
08:20ou devemos fazer de qualquer jeito, porque isso vai ajudar a ganhar produtividade
08:24e competitividade da economia brasileira?
08:27Olha, quando a gente olha os países que mais se abriram comparado com os países que menos se abriram,
08:32vamos olhar, por exemplo, nos Estados Unidos, né?
08:34O Trump está completamente contra o país tão aberto, com tarifas tão baixas.
08:40Mas a economia americana foi a que mais cresceu, a que mais foi produtiva nas últimas décadas.
08:46Exatamente.
08:47Muito por conta disso. Por conta, olha, eu quero sim importar barato
08:51para eu manufaturar ou melhorar e vender mais caro.
08:58Eu quero sim comprar mais barato, porque o custo em geral da economia fica muito mais baixo.
09:04Quer dizer, o Brasil, eu até fiz um artigo recentemente dizendo assim, olha,
09:08os Estados Unidos que estão nesse caminho de se fechar ou aumentar o custo de importação,
09:15ele deveria olhar para o Brasil e ver o exemplo do que não fazer, né?
09:18Porque, de novo, se as empresas são muito protegidas, no final não tem como.
09:25Elas se tornam menos produtivas.
09:27Quanto mais, vamos dizer, em mar aberto elas estão, mais produtivas, melhores produtos elas têm que oferecer
09:33e elas acabam se desenvolvendo muito mais.
09:35Então, assim, o caminho da abertura, sem dúvida, é o caminho do desenvolvimento.
09:41Agora, em que momento?
09:43No momento que está se falando muito em fechamento,
09:46o Brasil ter uma bandeira na outra direção e se mostrar mais amigável,
09:51eu não tenho dúvidas que é um ganho enorme, principalmente num momento como esse.
09:56É, e uma coisa que é anti-intuitivo, que uma das coisas que pode ajudar o Brasil a ganhar produtividade
10:01é justamente abrir mais para a importação, para poder importar tecnologia de ponta.
10:06No Brasil tudo é muito caro, né?
10:07Comprar uma máquina é caro.
10:10Nosso telefone celular custa 60% mais que o americano.
10:13Tudo é muito caro de tecnologia e tecnologia certamente tem um enorme impacto em produtividade, né?
10:18Então parece uma coisa contra-intuitiva, mas parece muito importante nesse momento olhar
10:23o que nós podemos exportar mais de valor agregado e, na verdade, o que nós podemos importar mais
10:29para ganhar produtividade, principalmente no caso da indústria, né?
10:32Sim, toda vez que você se fecha, no final você acaba se acomodando, que é muito o que aconteceu no Brasil.
10:42Quando você pega os setores que são mais abertos, são de longe os setores mais competitivos.
10:48E o Brasil, ele tem bons empresários, o brasileiro é empreendedor.
10:53Então, o que nós estamos fazendo é protegendo aquele que...
10:58No final você está protegendo um empresário antigo, em detrimento da população,
11:04em detrimento de mais desenvolvimento e de você poder fazer mais coisas.
11:09Porque quando você tem dificuldade de importar uma máquina, você vai para outro negócio.
11:15Se você depende de alguma coisa que você não consegue, você vai para outro negócio.
11:20Então, no final, o Brasil acabou sempre escolhendo aqueles setores, né?
11:26Aqueles negócios que, no final, ele não tinha tanta barreira de entrada e o custo de importar
11:37e que foram, no final, os setores que mais se desenvolveram.
11:41A questão de tecnologia, ela tem um lado que é o lado, vamos dizer, que você tem um custo de importar,
11:47mas tem um outro lado que a tecnologia, no final, ela não tem muito fronteira, né?
11:54Então, vamos dizer, a inteligência na questão tecnológica, ela não tem uma fronteira de um país, né?
12:01Então, nesse sentido, até no nosso caso, que somos um país mais fechado,
12:06a gente acaba tendo mais benefícios porque, de novo, quando você fala balança comercial,
12:12então, são bens que estão indo, estão voltando, é muito mais fácil de você controlar.
12:17Serviço já é mais difícil e, quando você fala de inteligência, é mais difícil ainda, né?
12:23Então, infelizmente, o Brasil adora perder uma oportunidade,
12:26mas essa é uma oportunidade muito grande para o Brasil.
12:29Por exemplo, hoje, a questão dos data centers, né?
12:33Porque toda essa nova tecnologia precisa muito de energia, muito.
12:39O Brasil, ele tem a melhor matriz energética e muita capacidade de aumentar, vamos dizer, a produção de energia.
12:48Então, é o país ideal, um dos países ideais para que você tenha grandes data centers instalados.
12:55Vamos ver se a gente não vai perder essa oportunidade, mas o Brasil tem se colocado como um bom lugar para ter esses centros, né?
13:04E a atividade econômica mais exposta à competição internacional, que é o agronegócio,
13:11essa parece ser o exemplo a ser seguido, né?
13:13Como que o Brasil consegue usar essa sua capacidade empreendedora para ter ganho de produtividade gigantesco,
13:19e o agronegócio vem ganhando nos últimos 10, 20 anos, né?
13:22E mostrando que é capaz de competir no mercado internacional e ser um dos players mais competitivos no agronegócio no mundo, né?
13:30Então, eu acho que é um bom exemplo para a indústria seguir, né?
13:32Sem dúvida, há alguns anos atrás, o agro era 10, 12% do PIB.
13:38Quando você olha o agro hoje no sentido mais amplo, ele passa de 30% do PIB.
13:43E realmente, o que acontece é, o mundo vendo o excesso de competitividade brasileiro,
13:52o mundo muitas vezes se fecha e não deixa o Brasil entrar.
13:57Só que o mundo que está se desenvolvendo, talvez ele não cresça como ele cresceu,
14:02o mundo mais globalizado nas últimas décadas,
14:05mas crescendo, ele precisa muito mais de alimentos, como é de uma maneira geral, né?
14:09E o Brasil, talvez seja o único país que pode, de uma maneira super saudável, crescer muito a produção.
14:16Então, esse é um lado, eu diria assim, é o lado do Brasil que vai bem, que dá certo, né?
14:23Ô, Luiz Fernando, tem três pontos importantes aí nessa produtividade que a gente precisa olhar, né?
14:28Primeiro, a questão tributária.
14:29O que você acha dessa reforma tributária que está em discussão ainda no Congresso,
14:35mas se isso vai ajudar a melhorar ou não a produtividade?
14:38Afinal de contas, o atual sistema tributário, nós temos 70% do PIB em judicialização.
14:44Então, é um péssimo sistema tributário para ganho de produtividade e competitividade
14:47e a história dos impostos cumulativos, que é outro grande problema.
14:51Então, primeiro, como é que você vê a questão tributária?
14:53Depois, eu queria discutir sobre dois outros temas, a trabalhista e a educação.
14:57Mas vamos começar pela tributária.
14:58A tributária, ela tem três aspectos, tá?
15:01Um aspecto é o tamanho do Estado, ou seja, quanto é que custa o Estado?
15:06Isso não está em discussão.
15:08O Estado hoje gasta muito, mas ele...
15:11Desculpa, ele arrecada muito, mas ele gasta muito.
15:14Então, isso não dá para discutir, infelizmente.
15:18A outra vertente é entre indústria, serviços, entre os agentes, os estados, municípios, etc.
15:28Essa discussão entre quem fica com mais ou com menos da fatia do bolo.
15:33Que a gente tem uma série de distorções.
15:35Por exemplo, a indústria hoje paga muito mais tributo do que deveria comparado com serviços.
15:40Isso deveria ser discutido.
15:43É uma discussão difícil.
15:45Pouco se avançou nesse sentido.
15:48Então, o primeiro, nada.
15:50O segundo aspecto, um pouco se discutiu, mas não tanto.
15:54E o terceiro é que é um caos o nosso sistema.
15:58Você tem vinte e tantas legislações.
16:01Cada Estado tem uma legislação diferente.
16:04A grande vantagem dessa reforma é que ela nos tira do caos para uma coisa quase que razoável.
16:12Que é uma grande melhora.
16:15Embora a gente não vai ter um regime caro, mas muito mais simples.
16:22O único problema é que a transição ficou longa demais.
16:26E daí você vai ter que conviver com dois sistemas.
16:28Então, num primeiro momento, você até perde um pouco de produtividade.
16:31Até você alcançar, vamos dizer, o final da transição.
16:35Ação até o seu posto de valor agregado total.
16:37Exatamente.
16:38Mas, sem dúvida, é um avanço.
16:40Fala, para um sistema bom?
16:44Não, é semi-bom.
16:46Mas o que a gente tem hoje é um caos.
16:47Mas, certamente, o próximo governo vai ter que discutir o tamanho do Estado brasileiro.
16:52Não tenho dúvida.
16:54Por quê?
16:55Primeiro que o Brasil gasta como um país desenvolvido.
16:59Para dar uma ideia, nós gastamos em torno de 35% do PIB.
17:02A média dos emergentes é entre 20% e 25% do PIB.
17:06A segunda coisa é que os gastos não discricionários são quase 95% do orçamento.
17:17Agora, pense o seguinte.
17:18Você vai para uma empresa, você se tornou o presidente da empresa, o CEO da empresa e tal.
17:23Aí, legal, você tem plenos poderes, etc.
17:26Só tem um problema.
17:27Do seu orçamento, 95% está amarrado, você não pode mexer.
17:30O que você vai fazer?
17:32Tem muito pouco a fazer.
17:33Então, esse aspecto é um aspecto que tem que ser mexido.
17:37Se você olha outros países, o gasto que é livre é 20%, 25% do orçamento,
17:43para você implantar o seu sistema de governo.
17:47Então, assim, primeiro, a gente arrecada demais.
17:50Então, o espaço do Estado no nosso PIB é grande demais.
17:56Para um país emergente, mais ainda.
17:57Dois, você tem isso, você não consegue ter gastos discricionários suficientes para você fazer uma boa plataforma de governo.
18:07E três, que a gente continua tendo uma dívida que não para de subir.
18:12Ou seja, as receitas, mesmo altas, elas não estão dando conta das despesas.
18:18Por quê?
18:20Porque a gente tem um sistema hoje que ele é todo amarrado e totalmente indexado com ganhos reais definidos.
18:30Às vezes, você pode dar um ganho real para o salário mínimo, porque você está num momento muito bom do país.
18:36Mas, às vezes, você não pode dar.
18:38Só que isso carrega também a aposentadoria.
18:40Você carrega um monte de penduricalhos em cima do salário mínimo.
18:44Então, isso tudo vai ter que ser reolhado.
18:47No final, a questão fiscal, que hoje é tão relevante, porque daqui a pouco as pessoas vão começar a ter dúvidas sobre o tamanho da dívida,
18:55ela não é tão complicada.
18:57Você está falando 2,5%, 3% do PIB, que você consegue tirar algumas coisas, tipo isenções,
19:04como a ideia do Armínio de segurar um pouco o salário mínimo, etc.
19:07Mas, com esse ajuste de 2,5%, 3% do PIB e a dívida mudando a trajetória,
19:17a taxa de juros reais poderá ser muito mais baixa.
19:20Então, no final, o déficit nominal, que hoje é 10% do PIB,
19:24talvez um dos maiores do mundo, pode vir para 4% com uma certa facilidade.
19:29Então, esse aspecto é um aspecto que nos tira desse ciclo vicioso
19:34e nos traz para um outro ciclo, que daí você consegue pensar em qualidade do gasto,
19:39pensar em tamanho do Estado.
19:41O que a gente precisa é sair desse momento meio emergencial,
19:44que a gente tem hoje uma situação fiscal que é insustentável.
19:49Então, você começa por aí, que não é difícil, precisa querer.
19:52Esse governo, esse governo não quer, mas não é difícil de fazer.
19:56E depois você consegue mexer em todas as outras questões que são muito relevantes.
20:01Ou seja, está na hora do Estado realmente levar um certo chacoalhão e ser repensado.
20:08Agora, Luiz Fernando, o Brasil vai precisar de um presidente à la mileia o próximo ano
20:12para diminuir esse tamanho do Estado.
20:14Porque, no fundo, nós estamos falando, primeiro,
20:16temos esse engessamento da indexação do salário mínimo a todos os benefícios,
20:20que representa 60% de todas as despesas públicas.
20:23Então, na hora que a coisa piora, não tem como reduzir.
20:27Esse é o primeiro ponto que você tocou.
20:28O segundo são as emendas parlamentares.
20:31Você se lembra muito bem, que estava no Banco Central naquela época,
20:35que, no plano real, o Fernando Henrique fez um malabarismo
20:38para ter um fundo social de emergência,
20:41que era para garantir 20% do orçamento discricionário para investimento.
20:46Hoje, as emendas parlamentares representam 24% do orçamento
20:50que já foram capturadas e acabam indo de maneira pouco transparente
20:54para questões paroquiais.
20:56Será que nós temos coragem de ter um mileio para cortar aí
21:002%, 3% do PIB, do gasto do Estado brasileiro?
21:04Olha, eu acho que provavelmente teremos.
21:10Mas não vai ser aí.
21:12Mexer nesse vespeiro das emendas, eu acho muito difícil.
21:17E, no final, é um pouco ter o Congresso contra o governo.
21:20Então, eu não acho que seja por aí.
21:23Eu acho que a redução pode se dar uma parte via isenções que são enormes hoje.
21:30As isenções são 650 bilhões por ano.
21:34Então, tem muito espaço ali.
21:36E, depois, você segurar aumento de gastos.
21:39Então, ao longo do tempo, você chega lá.
21:41E a desconstitucionalização de despesas, a desobrigação.
21:44É, o Perso Arida tem uma visão que eu acho que é uma visão muito correta.
21:49Vamos tirar da Constituição tudo que é assunto econômico.
21:53Porque é muito de...
21:54Ah, não, vamos engessar para não ficar ruim.
21:57Não.
21:58Quando está ruim, você não consegue arrumar,
22:00porque você precisa mudar a Constituição todas as vezes.
22:02Então, você deveria mudar o grau de dificuldade para mexer nas questões mais econômicas.
22:09Mas tem um aspecto das emendas que eu não acho de todo ruim.
22:14Deixa eu explicar o que eu quero dizer.
22:16Claro que elas têm que ser completamente transparentes.
22:19Então, isso não tem discussão.
22:20Está errado, precisa ser completamente transparentes.
22:23E, na minha visão, elas são grandes demais.
22:26Não sei se dá para mexer nisso, mas elas são grandes demais.
22:29Mas tem um outro aspecto que existia antes uma certa chantagem do Executivo com o Legislativo.
22:38Tipo, olha, eu não te dou o pirulito, eu não te dou a emenda.
22:42E daí o Legislativo votava com o governo.
22:44Hoje, eu acho que gerou um equilíbrio melhor de forças
22:49o Legislativo não precisar tanto do Executivo para as suas emendas.
22:55Embora eu ache que o número seja alto demais.
22:57Então, algum espaço nisso eles deveriam ter mesmo.
22:59Eu acho que tem uma certa...
23:01Eu acho que tem um equilíbrio maior.
23:03E era um jogo ruim.
23:04Porque era um jogo...
23:05Olha, eu realmente...
23:06Era um certo rolo compressor.
23:08Porque, senão, eu não te dava as emendas e você...
23:11Nos seus redutos eleitorais, você não podia ajudar, etc.
23:15Então, não era uma coisa, a meu ver, saudável.
23:19Agora, elas ficaram grandes demais.
23:21E totalmente sem transparência.
23:24Então, não dá para ser dessa forma.
23:25Mas, qualquer governo que venha vai precisar muito do Congresso
23:30para conseguir avançar nessa agenda, que não vai ser uma agenda fácil.
23:34É muito interessante, você falou do Milley.
23:37Eu lembro que eu conversei com diversos...
23:41Os melhores economistas da Argentina, antes do Milley entrar,
23:46100% de...
23:47Não vai dar certo.
23:49Mas, assim, não tinha ninguém que falasse...
23:50Não, zero.
23:52O que está acontecendo é impressionante.
23:55Primeiro que ele foi...
23:56Ele está menos panfletário.
23:59Mas o ajuste que ele fez foi um ajuste muito grande.
24:02O gasto público foi 5% do PIB em um ano.
24:04Só que parece que está dando certo.
24:09Ele já viveu o vale e agora...
24:13A economia na margem na Argentina está crescendo 6%.
24:15É, não, é.
24:17A pobreza saiu de 56% para 33%.
24:21A popularidade dele está alta.
24:25Pô, será que essa história do gradualismo
24:27não é muito pior do que você dar um choque?
24:30Aliás, isso é a questão fundamental do sucesso do Milley.
24:35Ele entendeu que o gradualismo
24:37havia fracassado na América Latina.
24:40Porque toda vez que você começa com reformas graduais,
24:42ela é capturada pelo sistema
24:44e ela acaba sendo diluída
24:46e acaba saindo uma reforminha de nada.
24:48Por isso que ele mandou 600 medidas para o Congresso
24:51e é isso que ele desorganizou o Congresso
24:53e, no fundo, ele sabia o que ele queria aprovar.
24:56E nós vamos ter que fazer uma coisa dessa.
24:58Nós vamos ter que fazer alguma coisa
24:59porque os lobbies organizados,
25:03se você manda uma matéria de cada vez,
25:05elas capturam o Estado
25:06exatamente como aconteceu na reforma tributária
25:08que a gente comentou há pouco.
25:10Não tem dúvida.
25:12O Macri foi o exemplo.
25:15Exatamente.
25:16Ele fez uma coisa gradual,
25:18o Congresso aprovou pouco,
25:21daí a população ficou cansada,
25:23ele pede a popularidade e acabou o governo dele.
25:25Exatamente.
25:26O Milley fez um caminho inverso.
25:27E ele foi, de novo,
25:29menos libertário
25:30e mais foco no que interessa,
25:33por exemplo,
25:33aquela questão de acabar com o Banco Central.
25:37Esquece a história,
25:38vamos seguir no que é importante.
25:40E, no final, está indo muito bem.
25:41Não dá para dizer o contrário.
25:42E o Brasil tem algumas coisas
25:46que são duras.
25:47Essa história,
25:49é aquela história,
25:50o jabunti está em cima da ave
25:51porque alguém colocou ele lá.
25:53Não foi porque é fácil
25:54que o cara chegue lá.
25:56É a mesma coisa que acontece com o orçamento.
25:58Se é 95% de rigidez,
26:01não é à toa.
26:02É uma série de gente
26:02pendurada nesse 95%.
26:05Então, você tem que fazer uma coisa
26:07no momento em que você está com
26:08o auge da sua credibilidade,
26:10popularidade, etc.,
26:11uma agenda muito clara.
26:14De novo, é o que você falou.
26:16Ele colocou lá 100 coisas.
26:18Sabia que ele ia aprovar, sei lá, 60.
26:20Mas 60 já estava muito bom.
26:22É um pouco essa a lógica
26:24que a gente deveria ter aqui.
26:25Luiz Fernando,
26:26a segunda medida
26:27que nós estamos falando de produtividade
26:28é a questão trabalhista.
26:29O Brasil tem uma das piores
26:31legislações trabalhistas do mundo.
26:33Uma legislação antiquada,
26:35dos anos 40,
26:36que não evoluiu.
26:38Nós só temos 39 milhões
26:40de trabalhadores com carteira assinada.
26:41Temos uma enorme informalidade
26:43no trabalho,
26:44que tem impacto dramático
26:45na produtividade,
26:47e a pejotização.
26:48Então, assim,
26:50como você vê a questão
26:51trabalhista no Brasil?
26:53Nós temos de reformar a lei,
26:56revogar a lei,
26:58fazer o quê
26:58para que o Brasil
26:59tenha uma legislação moderna?
27:02Afinal de contas,
27:03hoje nós voltamos a ter,
27:05infelizmente,
27:05mais de 4 milhões
27:06de ações trabalhistas.
27:08somos recordistas
27:09de ações trabalhistas
27:10no mundo.
27:11E isso tem um enorme problema,
27:14é um passivo gigantesco
27:16para as empresas brasileiras.
27:17Como é que você vê
27:17a questão trabalhista?
27:19Como é que o Brasil
27:19pode ter uma legislação
27:21moderna,
27:22eficiente,
27:23que ajude
27:24a impulsionar a produtividade?
27:26Vamos lá.
27:27A gente precisa ter
27:28uma outra cabeça
27:30do que foi a cabeça
27:32que fez a legislação
27:33que nós temos hoje.
27:34O ex-ministro Paulo Guedes
27:37ele falava uma coisa
27:38que ele tem muita razão,
27:39quer dizer,
27:40você contrata uma pessoa,
27:42mas te custa duas pessoas.
27:44Então você acaba
27:45contratando menos,
27:46então você não está
27:47protegendo,
27:48você está dificultando
27:50o emprego.
27:51Então um aspecto
27:53é reduzir a carga
27:55sobre o trabalho.
27:57Isso é talvez
27:58a coisa mais importante.
28:01Segundo,
28:02quando você olha
28:03o que cresceu muito,
28:05que tipo de trabalho
28:06cresceu muito,
28:07por exemplo,
28:08hoje a maior área,
28:10o maior setor
28:11do mercado de trabalho
28:12é o de motoqueiros,
28:14de empregadores, etc.
28:16Qual é a cabeça
28:16dessa turma?
28:17É uma cabeça
28:18mais de empreendedor,
28:20não é do empregado
28:22padrão de empresa.
28:25De novo,
28:26essa legislação
28:27é a legislação
28:27de anos 80.
28:30Já mudou,
28:31o maior empregador hoje
28:32são os entregadores.
28:35Então,
28:35e hoje a questão
28:38da pejotização
28:38é o caminho
28:40que se encontrou
28:41para não pagar
28:42esse caminhão
28:43e hoje
28:44o próprio
28:45empregado
28:47ou, nesse caso,
28:48pessoa jurídica,
28:49ele entende
28:49que é melhor
28:50para ele.
28:51Porque senão
28:52o custo
28:52para a empresa
28:53fica tão alto
28:54que não pode pagar
28:55melhor
28:56e se vacilar
28:58vai ter menos gente.
29:00a mudança
29:03é muito importante,
29:04mas é uma mudança
29:05olhando
29:06o que é o Brasil
29:08e o que é o mundo
29:09de hoje,
29:09que é um mundo
29:10muito diferente
29:11do que era lá atrás.
29:13É um pouco,
29:14até,
29:14nesse sentido,
29:15é um pouco
29:15a cabeça do PT.
29:17O PT está pensando
29:18como é que é
29:19o sindicato,
29:20fábrica,
29:21fazer greve.
29:23Isso não existe mais.
29:24Na fábrica tem robô.
29:25As pessoas hoje
29:28elas trabalham
29:29num regime
29:30muito diferente
29:31do que era aquele.
29:33Então, assim,
29:34tem que ser
29:34com esse olhar
29:36que a legislação
29:37precisa ser reformada.
29:40Principalmente
29:40diminuir o custo
29:41de contratação
29:42e os custos tributários,
29:44a tributação
29:44do trabalho formal,
29:45é isso que você está dizendo.
29:46Exatamente.
29:47Quer dizer,
29:47para a empresa
29:48custa quase duas vezes.
29:50Então,
29:50eu contrato uma pessoa,
29:52mas me custa duas.
29:53E para o funcionário
29:55custa 30%,
29:5725%
29:58do que ele recebe.
29:59Então, assim,
30:00é caro demais.
30:02Por isso que
30:03o caminho
30:03foi o caminho
30:04da prejudicação.
30:06Porque fica mais barato
30:07para a empresa
30:07e bem mais barato,
30:09paga muito menos imposto.
30:10O empregado,
30:11ele tem menos segurança,
30:14mas ele tem
30:14muito mais flexibilidade.
30:17E a terceira
30:17perna
30:19desse tripé
30:20da produtividade
30:20é a educação.
30:21O Brasil
30:22teve um grande salto
30:25de inclusão
30:26de educação
30:27com o Paulo Renato,
30:28com o ministro da educação
30:29no governo Fernando Henrique.
30:30Mas,
30:31depois de Paulo Renato,
30:32nunca mais
30:33nós conseguimos
30:33ter um ministro
30:34focado na melhoria
30:35da qualidade
30:36da educação.
30:37E isso,
30:38os indicadores internacionais
30:39mostram
30:39o Brasil
30:40numa situação dramática,
30:41tanto de alfabetização,
30:42de aprendizado,
30:43etc.
30:45O que nós temos
30:46de fazer na educação
30:47para fazer
30:48essa grande
30:49transformação,
30:50que é preparar
30:51a mão de obra
30:51da juventude
30:52para o mundo
30:52do conhecimento.
30:54E o desafio é enorme.
30:55Nós temos 46%
30:56dos jovens
30:57abandonando o ensino médio
30:58e nós temos 60%
31:00das crianças
31:00que não estão
31:01plenamente alfabetizadas
31:02até os oito anos de idade.
31:04O que nós temos
31:04de fazer
31:05para a educação
31:06ser esse
31:07pilar importante
31:09de ganho
31:09de produtividade?
31:11Eu acho que
31:11algumas coisas,
31:12Felipe,
31:13até eu fundei
31:15e toco
31:16um instituto
31:17chamado
31:17Instituto Fefig,
31:18que o negócio
31:20do nosso instituto
31:21é ajudar
31:22o setor público
31:23a melhorar
31:23a qualidade
31:24da educação
31:25básica.
31:27Então,
31:27acho que o primeiro ponto
31:28é,
31:29quando você olha
31:30o orçamento
31:30de educação,
31:31comparado com
31:32os países mais
31:33desenvolvidos,
31:34ele não é tão grande,
31:35mas ele é muito maior
31:36do que ele já foi.
31:38Só que ele é muito
31:39mal distribuído.
31:40O ensino,
31:41universidades,
31:43etc.,
31:43o ensino superior,
31:44ele pega
31:45dois terços
31:46do orçamento.
31:48sendo que a base,
31:50que é o ensino
31:52fundamental
31:52e o ensino básico,
31:55é, no final,
31:56a base mesmo
31:57para você ter gente
31:58que possa entrar
31:59na universidade.
32:01E, como se gasta pouco
32:03e foi dado
32:04pouca atenção,
32:06você acaba tendo
32:07jovens
32:08de baixa qualidade
32:09e que vão ter
32:11muito pouco
32:11a aprender,
32:13vão ter pouca capacidade
32:14de aprender
32:14no ensino superior.
32:16então, primeiro,
32:17você tem que ter
32:18uma realocação
32:19do foco.
32:20O foco tem que ser
32:21um ensino básico.
32:23Depois,
32:23você tem,
32:24eu diria que,
32:25dois períodos,
32:26que é zero a seis anos
32:28e depois o fundo de um,
32:30que são fundamentais
32:31para você dar,
32:32entre astas,
32:33musculatura,
32:34instrumentos
32:36para que essas crianças
32:36realmente se desenvolvam.
32:38Então,
32:39precisa ter
32:39um foco muito grande
32:41na qualidade.
32:42porque a nossa história
32:44foi uma história
32:44de universalização
32:46do ensino público,
32:48que hoje é mais ou menos
32:4985% dos alunos
32:51estão na escola pública.
32:53Mas a gente não conseguiu
32:54universalizar a qualidade.
32:58Qual é
32:59o que me deixa
33:00um pouco mais animado
33:01hoje?
33:03É porque nós,
33:04no Instituto,
33:05nós estamos em 74 municípios
33:07hoje.
33:07e está entrando
33:10na agenda política
33:12dos prefeitos
33:13que a educação
33:14é uma coisa boa
33:15para ele,
33:16politicamente.
33:18Se é uma coisa boa
33:19politicamente,
33:21ele vai aumentar
33:22o foco dele.
33:24Isso a gente está,
33:25nós estamos vendo
33:26em muitos municípios,
33:28os que a gente está aí,
33:29muitos outros.
33:31Estamos vendo também
33:32em vários estados,
33:33tem sete outros estados
33:34que estão fazendo
33:34um trabalho
33:35muito bacana.
33:37porque a educação
33:39ela é muito mais
33:39estados e municípios
33:41e o governo federal
33:43ele não executa nada,
33:47ele dá diretrizes
33:48e etc.
33:50Mas então,
33:51no final,
33:51o que a gente precisa
33:52para a educação
33:53é um foco
33:54na qualidade
33:55do ensino básico
33:56e tem um outro aspecto
33:59que é,
34:00por exemplo,
34:00na Alemanha,
34:0260% dos jovens
34:03vão para
34:04o profissionalizante.
34:05Exatamente.
34:06na Europa
34:08é em torno
34:08de 45%,
34:0947%,
34:10no Brasil
34:10é só 10%.
34:12E aqui
34:13a trilha
34:14é sempre
34:14para a universidade
34:15às vezes
34:16uma porcaria
34:17de faculdade
34:17que a criança,
34:19o jovem
34:19aprende nada.
34:21Então,
34:21se ele fosse
34:22para esse caminho
34:23do profissionalizante,
34:24depois ele podia
34:24até fazer faculdade,
34:26mas ele já tem
34:27uma profissão
34:27e passa a ter
34:28uma renda,
34:29daí ele pode
34:30se desenvolver
34:30mais.
34:31Então,
34:31assim,
34:32acho que são
34:32várias coisas,
34:33mas hoje
34:36o que me deixa
34:37relativamente animado
34:40é que
34:40mais agentes públicos
34:43começam a entender
34:44que para eles
34:45a educação faz sentido,
34:47uma educação
34:48de mais qualidade.
34:49Então,
34:50demora muito tempo,
34:51mas isso provavelmente
34:52vai melhorar bem
34:53a educação
34:53nos próximos 10 anos.
34:54É que tem duas coisas,
34:55né?
34:55Primeiro que o Brasil
34:57no fundamental 1,
34:58exatamente,
34:59que é
34:59sob responsabilidade
35:01dos prefeitos,
35:01está indo bem,
35:03está melhorando
35:04bastante os indicadores.
35:06No fundamental 2
35:07já começa a ter problema
35:08e no médio
35:09é o grande problema,
35:10o ensino médio.
35:11Então,
35:11mostra que
35:12essa acumulatividade
35:13do conhecimento
35:14e do aprendizado,
35:15em algum momento
35:16nessa cadeia
35:17nós estamos perdendo,
35:18porque quando chega
35:19no ensino médio
35:20nós temos essa evasão
35:21gigantesca,
35:2246% dos jovens
35:23que não terminam
35:24o ensino médio
35:25no Brasil,
35:25né?
35:26E isso nesse mundo
35:26do conhecimento
35:27é fatal,
35:28né?
35:28Porque não tem como.
35:31Então,
35:32você acredita
35:33que a introdução
35:35do técnico
35:36profissionalizante
35:37já deveria ser
35:38feita no ensino médio?
35:40Sem dúvida.
35:41Já no final
35:42do fundamental 2
35:43já começar
35:44um caminho
35:45para ir.
35:46Porque,
35:47de novo,
35:47nem todo mundo
35:48vai fazer uma faculdade
35:48e não adianta nada
35:50fazer uma faculdade
35:51que seja uma porcaria.
35:53Vêm as grandes
35:54políticas públicas,
35:55né?
35:55Fizeram aquele FIEX
35:56que foi um horror,
35:58gastaram muitos bilhões,
36:00deixaram vários,
36:00várias universidades
36:02ricas,
36:03mas os jovens
36:04não aprenderam.
36:07Então,
36:07assim,
36:07o que a gente
36:08precisa parar
36:08é de pensar
36:09em quantidade
36:10e pensar
36:11em qualidade.
36:13Agora,
36:14até pelo envelhecimento
36:16da população,
36:17nós não vamos ter
36:17um aumento
36:18nos próximos 10 anos
36:19muito grande
36:20de matrículas,
36:21né?
36:22Vamos dizer,
36:22a base
36:23tende até
36:24a reduzir
36:26gradualmente.
36:26então,
36:27é uma enorme
36:28oportunidade
36:29para você,
36:29olha,
36:30vou parar de pensar
36:31na quantidade,
36:32vou pensar na qualidade.
36:34Vou dar um outro exemplo.
36:36Um momento
36:36muito importante
36:38da criança
36:38é 0 a 6 anos,
36:39porque o grande
36:40desenvolvimento cognitivo,
36:42e depois não tem mais,
36:44é de 0 a 6 anos.
36:46Quantas
36:46grandes iniciativas
36:48você tem
36:49na,
36:49na,
36:49na,
36:50que é creche
36:51e pré-escola?
36:53Quase nenhuma.
36:53no Brasil,
36:55o que que é importante?
36:56Eu arrumar vaga
36:57para as crianças,
36:58para os bebês,
36:59para as crianças
37:00até,
37:00até 6 anos.
37:02Só que é importante
37:03a vaga?
37:04É.
37:04Mas era suficiente?
37:05Claro que não é.
37:06Tem creches
37:07que as crianças
37:07ficam vendo televisão,
37:08em vez de serem
37:09realmente estimuladas
37:10e possam
37:11se desenvolver
37:12cognitivamente.
37:14No nosso caso,
37:14a gente tem
37:15uma das nossas iniciativas,
37:16uma das importantes,
37:18nós temos 35 mil crianças
37:19que a gente faz
37:21um trabalho,
37:22que é um trabalho
37:23de ajudá-las
37:24a se desenvolverem
37:25cognitivamente
37:26nessa,
37:27nessa coisa.
37:28E,
37:28e você tem
37:29PHDs dando aula
37:31na universidade,
37:32mas os professores
37:33que dão aula
37:34ou que estão
37:35em creches
37:36são professores
37:37iniciantes,
37:38sendo que talvez
37:39seja o momento
37:40mais importante
37:41de desenvolvimento
37:42das crianças.
37:43Então,
37:43de novo,
37:43a gente está um pouco
37:44fazendo as coisas
37:45do lado errado,
37:46quer dizer,
37:46o Brasil é um pouco
37:47o país das prioridades
37:48invertidas, né?
37:49E nesse sentido,
37:50na educação,
37:51é enorme esse problema,
37:53de ter as oportunidades
37:55invertidas.
37:56Ou seja,
37:56temos que usar
37:57o dinheiro do orçamento
37:58excessivamente gasto
37:59com a universidade pública,
38:02focar no ensino básico,
38:04principalmente fundamental 1,
38:05fundamental 2,
38:06ensino médio, né?
38:07E focar nos cursos
38:09profissionalizantes.
38:10E aí,
38:10o ensino em tempo integral
38:11tem uma importância
38:12crucial nisso, né?
38:14Manter mais as crianças
38:15na escola, né?
38:16Tem um outro aspecto
38:18que é interessante,
38:19o Fernando Schuller
38:20fala muito disso,
38:21e eu acho que ele
38:22tem muita razão,
38:23que qual é o modelo certo?
38:25Depende de onde você está.
38:29O Estado é muito grande
38:31na educação.
38:32O Estado deveria abrir espaço
38:34para várias iniciativas
38:36na área privada,
38:38ajudando o Estado, né?
38:39Como as escolas charter.
38:40Por exemplo,
38:41tem um caso
38:42muito interessante
38:43na cidade de Nova York,
38:45que eles mudaram tudo
38:46para a escola charter,
38:48que é tanto na parte
38:50administrativa
38:50quanto pedagógica.
38:51Foi uma melhora gigante
38:53na qualidade da educação, né?
38:55Então, o Estado
38:56banca
38:58com uma série de metas
39:02pedagógicas
39:03e o agente privado
39:05vai lá e tem que chegar lá.
39:07Senão ele perde
39:08o orçamento,
39:08o negócio...
39:10Quer dizer,
39:10coisas desse tipo
39:12a gente deveria ter mais
39:13no Brasil.
39:14Ou seja,
39:14não é opção
39:14ou público ou privado.
39:16A gente deveria usar,
39:19vamos dizer,
39:19ter uma flexibilidade
39:21para,
39:22dependendo
39:22de onde você está,
39:25dos aspectos
39:25da região que você está,
39:26você ter outras alternativas
39:28que possam ajudar
39:29a avançar
39:30o ensino
39:31em termos de qualidade.
39:33Bom, então,
39:34passamos por todos
39:35esses pontos importantes
39:36da produtividade.
39:38Agora,
39:39Luiz Fernando,
39:39uma coisa fundamental
39:40no Brasil,
39:41apesar de todos
39:42esses ciclos
39:42de populismo
39:44que, na verdade,
39:46desviaram o Brasil
39:46do seu bom caminho,
39:48uma coisa que foi
39:49sempre muito sólida
39:51foi o Banco Central.
39:53E você trabalhou
39:53no Banco Central,
39:54você foi diretor
39:55do Banco Central
39:55num momento importante.
39:56e, mesmo nesse governo,
40:00no começo,
40:00nós tivemos um ataque
40:01à independência
40:02do Banco Central,
40:03graças a Deus,
40:04não prosperou.
40:07Mas,
40:08que outra instituição,
40:09eu queria que você falasse
40:10um pouco do Banco Central,
40:11esse papel da independência,
40:12qual é a real independência
40:14hoje que existe
40:15no Banco Central?
40:16Porque uma das coisas
40:17que o ex-presidente
40:18Roberto Campos Neto
40:18disse é que precisava
40:19ter agora
40:20uma independência também
40:21de carreira administrativa
40:23dentro do Banco Central
40:24como parte fundamental
40:26desta independência
40:27da política monetária.
40:28Como é que você vê
40:29o Banco Central
40:30como essa instituição
40:31independente
40:32e se é preciso mesmo
40:33avançar também
40:34nessa outra independência
40:35administrativa
40:36do Banco Central?
40:38Olha,
40:39então,
40:39o primeiro aspecto
40:40é o seguinte,
40:41quando você olha
40:42os países de razoável,
40:44razoáveis para bons países
40:46que se desenvolveram,
40:47que melhoraram a renda,
40:49reduziram a pobreza,
40:51todos eles,
40:52sem exceção,
40:53têm Banco Central independente.
40:55O que quer dizer isso?
40:56Quer dizer que esse
40:57é um órgão de Estado,
40:59ele não é um órgão de governo.
41:00Ah,
41:00eu sou um governo
41:01mais à direita,
41:03o Banco Central vai ser assim,
41:04mais à esquerda,
41:04vai ser assado,
41:05eu estou achando
41:06que minha popularidade
41:07está baixa,
41:07então o Banco Central
41:08reduz a taxa de uso.
41:09Não.
41:10O Banco Central,
41:11ele precisa ser
41:12tecnicamente o guardião
41:13da inflação baixa,
41:17do ambiente macro,
41:19digamos,
41:20estável.
41:22Esse é o papel dele.
41:25Dois,
41:26ele precisa cuidar
41:27para que o sistema financeiro
41:29ele seja saudável.
41:32O sistema financeiro,
41:33ele é mais ou menos
41:33como se fosse o coração
41:34de uma pessoa.
41:36O coração é o órgão
41:38mais importante,
41:39não sei,
41:40talvez seja o cérebro,
41:41mas sem o coração
41:41a gente morre.
41:43E o que o Banco Central faz?
41:44Ele recebe e joga,
41:46o sangue,
41:46quer dizer,
41:47ele é um órgão muito importante,
41:48o sistema financeiro é isso,
41:50ele recebe depósito das pessoas
41:52e ele empresta
41:54para quem vai investir,
41:56para quem vai comprar uma casa
41:57e assim por diante.
41:58Então,
41:58é muito importante
41:59esse outro aspecto
42:00que é uma coisa
42:01completamente técnica
42:03e, aliás,
42:04põe técnico nisso,
42:06entender o risco do sistema,
42:09se uma instituição está bem,
42:10não está bem,
42:11se ela pode colocar
42:12o sistema em risco
42:13e, se o sistema financeiro
42:14quebra,
42:15quebra toda a economia.
42:17Então,
42:17no final das contas,
42:20quando a gente está falando
42:20dessa independência
42:22de decisões,
42:24não tem nada mais importante.
42:26O Banco Central erra,
42:28mas ele,
42:28tecnicamente,
42:29vê que errou
42:30e, logo à frente,
42:31ele passa a acertar.
42:33Muito bem.
42:34Tem um outro aspecto
42:35que é o aspecto
42:36administrativo e financeiro.
42:39O que o governo pode fazer,
42:41ele pode,
42:41apertar tanto
42:44o orçamento
42:45do Banco Central
42:46que é um tipo
42:47de pressão
42:48ao que o Banco Central
42:49está fazendo.
42:51Hoje,
42:52o Banco Central brasileiro
42:53tem,
42:54hoje não,
42:54nos últimos anos,
42:55ele tem perdido
42:56muita gente muito boa
42:57e não tem conseguido
42:59repor
42:59porque a remuneração
43:01é muito baixa
43:01e o orçamento
43:03é apertado demais.
43:06Então,
43:06o que o Banco Central
43:07precisaria ter
43:08era também
43:09uma autonomia,
43:10uma independência
43:11financeira
43:12para que ele consiga
43:13cumprir o mandato dele.
43:14Depois,
43:15vamos cobrar o mandato,
43:17que até já é cobrado,
43:18mas você precisa
43:20dar as condições.
43:22Como o governo
43:23tem,
43:24ah, não,
43:24solta orçamento,
43:25preenche orçamento,
43:26solta orçamento
43:26e o orçamento
43:27do Banco Central,
43:28ele não está
43:29no olho de ninguém,
43:29é o órgão
43:32que mais tem,
43:33vamos dizer,
43:34uma tendência
43:34a estar apertado.
43:36E, em geral,
43:38eu tive lá
43:39vários anos,
43:41quer dizer,
43:41lá não tem desperdício,
43:43é muito,
43:44tudo muito direitinho.
43:46Por quê?
43:46Porque é um órgão
43:47que tem que ser arrumado,
43:49vamos dizer,
43:50as pessoas que estão lá
43:51estão há muitos anos,
43:52existe uma hombridade
43:53com relação ao Banco Central
43:54muito grande,
43:55é uma coisa bonita
43:56de participar e tudo,
43:59mas,
44:01sem isso,
44:02aconteceu um caso,
44:03se não me engano,
44:04foi a Polônia,
44:06isso foi há vários anos atrás,
44:07então, está lá o Banco Central
44:08independente,
44:10mas não independente
44:11financeiramente,
44:13e daí,
44:14entrou um presidente
44:14mais populista,
44:15o Banco Central,
44:16você reduz a taxa de juros,
44:17o Banco Central falou,
44:18não dá,
44:19desculpe,
44:19presidente,
44:20o que é a situação,
44:21a inflação e tal,
44:23não,
44:23vai reduzir,
44:24não, não,
44:25o presidente,
44:25só me desculpe,
44:26nós somos independentes,
44:26não vamos reduzir,
44:27daí,
44:28o governo foi lá
44:29e reduziu o salário deles
44:30para um terço do que era,
44:33quer dizer,
44:34fica difícil,
44:35por isso que é tão importante
44:37você ter esse lado,
44:39vamos dizer,
44:40financeiro,
44:41administrativo,
44:42também,
44:42também independente,
44:43isso vale também
44:44para a CVM,
44:45que é o regulador
44:47de mercado de capitais,
44:49que tem uma enorme,
44:50tem até mais dificuldade
44:51orçamentária
44:52do que o Banco Central,
44:53e daí,
44:54no final,
44:54não consegue fazer
44:56o trabalho direito,
44:57de novo,
44:58a gente tem que olhar
44:59o que é de governo
45:00e o que é de Estado,
45:01esses dois órgãos,
45:03eles são de Estado,
45:04então,
45:04eles têm que ter condições
45:05de fazer o trabalho dele,
45:07porque o trabalho deles
45:07é o trabalho,
45:08não importa o governo,
45:09para toda a população.
45:12E como você vê
45:13a atuação do Banco Central,
45:15agora,
45:15com a mudança
45:16do novo presidente Galipo,
45:17o Banco Central
45:18continua zelando
45:19por essa independência
45:21e está aguentando bem
45:23a pressão do governo?
45:25Então,
45:25no ano passado,
45:27foi um horror,
45:28o que o governo fez
45:29em termos de pressão
45:30ao Roberto Campos
45:31e tudo,
45:32foi o primeiro teste
45:34da autonomia
45:35e nós passamos
45:36o teste,
45:36foi duríssimo
45:37mas nós passamos
45:38o teste,
45:39o Roberto Campos
45:41foi assim,
45:42teve momentos
45:43que parecia
45:44que ele era zen
45:44para aguentar
45:45aquela pressão,
45:46foi uma coisa
45:47assim,
45:47realmente,
45:48inclusive,
45:48muitas vezes,
45:49muito deselegante,
45:50foi muito ruim,
45:51mas aguentaram a pressão.
45:53Dito isso,
45:55na prática,
45:56os novos diretores
45:58que foram sendo
45:58contratados
45:59por esse governo
46:00são bons caras.
46:03Então,
46:04assim,
46:04não tem nenhum deles
46:05que você fala
46:06não,
46:06esse cara é um cara
46:07totalmente,
46:08uma cabeça totalmente
46:09diferente,
46:10não.
46:12Os caras que estão lá,
46:14os novos diretores
46:15que já não são tão novos,
46:17o próprio Galípulo,
46:18ele se tornou presidente
46:19depois de um ano
46:20e pouco como diretor,
46:22então ele aprendeu,
46:24a gente brinca que
46:24não tem como você
46:26ir para lá
46:27e não tomar um enorme
46:28banco de loja,
46:29banho de loja,
46:29sabe assim.
46:31Então,
46:32ele aprendeu um monte
46:33e eles estão sim
46:35fazendo um bom trabalho,
46:37estão sim
46:37olhando
46:39para o aspecto técnico,
46:41por exemplo,
46:41foi uma distorção enorme
46:43a questão do IOF.
46:45O Galípulo foi lá,
46:46olha,
46:46eu não achei boa
46:47essa medida,
46:49essa é uma medida
46:49que atrapalha
46:50o Brasil,
46:52produtividade
46:52e até
46:54o próprio Banco Central.
46:55então assim,
46:57ele está sim
46:59mantendo
46:59a sua independência
47:01e eu acho
47:02que está fazendo
47:02um bom trabalho.
47:04Luciano,
47:05um ponto,
47:05só para entender
47:07o papel do Banco Central
47:08exatamente,
47:09foi o Banco Master,
47:10a história da utilização
47:11do fundo de garantidor,
47:12puxa vida,
47:1360% do fundo de garantidor
47:14está sendo usado
47:15como uma instituição,
47:16não deu um sinal amarelo
47:18antes para que houvesse
47:19algum tipo de intervenção
47:20no banco,
47:21para que não deixasse
47:22chegar ao ponto
47:23que está hoje?
47:25Olha,
47:26questões desse tipo
47:28elas são muito sigilosas,
47:30estão muito dentro
47:31do Banco Central,
47:31porque quando,
47:33todo banco,
47:34ele depende muito
47:35da imagem dele,
47:37se as pessoas
47:37têm receio do banco,
47:40elas sacam o dinheiro
47:41e vão colocar
47:41em outro banco.
47:42Então,
47:43é uma coisa
47:43muito,
47:44muito sensível.
47:46Então,
47:47é muito difícil
47:48estando de fora
47:48saber exatamente
47:50como foi,
47:51o que está sendo feito
47:52etc.
47:53O que eu sei
47:54é que uma série
47:55de atitudes
47:56foram feitas
47:56nesse processo
47:59para que isso
47:59não se tornasse
48:00uma questão
48:01da magnitude
48:02que está se tornando,
48:04ou que isso se tornou.
48:08Como o patrimônio
48:09do banco
48:10era positivo,
48:11ele tinha liquidez,
48:13falaram,
48:13não,
48:13deveria ter intervido.
48:15Como é que você
48:15intervém em uma instituição
48:16que você olha o balanço,
48:19o balanço é positivo,
48:20está dentro
48:22das normas
48:24de Basileia
48:24e etc.,
48:25e tem liquidez.
48:27Não é uma decisão fácil.
48:30Agora,
48:32por conta
48:33desse processo,
48:34agora ficou
48:35uma situação
48:35muito complicada,
48:37porque
48:37agora se tornou
48:39um negócio público,
48:40eles estão
48:41com dificuldade,
48:41alguma dificuldade,
48:42eu não sei
48:43a extensão,
48:44mas alguma dificuldade
48:45já em
48:46enrolar
48:46a dívida,
48:47então vai ter
48:49que ser dada
48:49uma solução
48:50no curto prazo.
48:54Lá atrás,
48:55o Banco Central,
48:56eu participei,
48:57tenho um orgulho enorme
48:58de ter participado disso,
48:59nós fizemos uma mudança
49:00enorme no sistema
49:01de pagamentos.
49:03Essa mudança,
49:04ela basicamente
49:05tirou o Banco Central
49:06da linha de frente
49:07quando alguém quebra.
49:09Quando um banco
49:09quebrava,
49:10ele quebrava em cima
49:11do Banco Central.
49:12No final,
49:13virava dívida pública,
49:13a gente ia ter que pagar
49:14depois.
49:15Nós fizemos uma mudança
49:16no sistema de pagamentos,
49:17no qual o sistema
49:18passa a ele
49:19se autoproteger.
49:22Então,
49:23se alguém quebra,
49:24não quebra em cima
49:25do Banco Central.
49:26Ele quebra em cima
49:27de alguma proteção
49:29que o sistema tenha.
49:30Portanto,
49:31aquela instituição
49:32sai e o sistema
49:33fica preservado.
49:35É o caso do FGC.
49:36O FGC,
49:37o que ele é?
49:37Ele é um formato
49:39no qual,
49:40se alguma instituição
49:40quebrar,
49:42os cotistas,
49:45os investidores
49:46naqueles títulos,
49:47os CDBs,
49:48etc.,
49:48eles até um certo valor
49:50estão protegidos.
49:52Isso, no final,
49:53acaba ajudando
49:54a proteger o sistema.
49:55Então,
49:56vários mecanismos,
49:56as clearings
49:57que foram criadas,
49:58vários mecanismos
49:59resolveram.
50:00E daí,
50:01nós tivemos,
50:02de lá para cá,
50:03foi em 2002
50:04que o SPB
50:05ficou pronto,
50:08de lá para cá,
50:08vários bancos
50:09quebraram
50:09e nunca mais
50:10quebraram em cima
50:10do Banco Central,
50:11em cima da gente
50:12cidadão,
50:13no final.
50:14E é a mesma situação
50:16agora do Master.
50:17A gente está falando
50:18de uma coisa
50:18que parece difícil,
50:22mas nós não vamos
50:23ter que pagar
50:23essa conta.
50:25Luciano,
50:26hoje,
50:27olhando o Brasil
50:27com todas essas
50:29dificuldades
50:30e vislumbrando
50:32um futuro
50:32com mudança
50:33em 2026,
50:36você faz parte,
50:37evidentemente,
50:38de uma casa
50:39de investimento
50:40importante.
50:40o que você
50:42aconselharia
50:43para o investidor
50:44que estuda
50:46investir no Brasil?
50:48Você falaria
50:49para ele,
50:49dá um tempo,
50:50espera a eleição,
50:52entra agora
50:52porque está barato,
50:53mas tem um risco maior.
50:56Qual é o conselho
50:57que você daria
50:58para uma pessoa
50:59que gostaria
51:00de investir no Brasil,
51:01ou estuda investir
51:02no Brasil,
51:03se esse é o momento
51:04para ela entrar no mercado
51:05ou se ela deve esperar
51:06mais um pouco?
51:08Olha,
51:08eu estou há um pouco
51:09mais de 40 anos
51:10no mercado,
51:11e uma coisa
51:13que eu vi
51:13ao longo
51:14desse período
51:15é que o Brasil,
51:16você tem vários tipos
51:17de país,
51:17o Brasil é aquele país
51:19que ele chega pertinho,
51:20ele flerta ali
51:21com o precipício,
51:23mas ele dá
51:24meia volta e volta.
51:26Várias vezes
51:27isso aconteceu.
51:28A gente não está
51:29tão perto do precipício,
51:31mas a gente está
51:31na direção
51:32do precipício.
51:33a chance
51:38de a gente
51:38acabar se jogando,
51:41eu acho
51:41que ela é muito baixa.
51:43Nós temos
51:44uma situação
51:44insustentável
51:45da política fiscal
51:48que gera
51:49um aumento
51:49da dívida,
51:52mas ela já chegou
51:54a um ponto
51:55que é inescapável.
51:57Este próprio governo,
51:59que não está disposto
52:00a fazer
52:00uma arrumação
52:02de casa,
52:03digamos,
52:03um orçamento
52:04suficiente,
52:06ele mesmo
52:07acha que
52:08em 2027
52:09nós vamos ter
52:10que fazer.
52:11Quando você olha
52:12o Congresso,
52:12o Congresso também,
52:13olha,
52:14a dívida não pode
52:15continuar subindo
52:16desse jeito.
52:17E se nós tivermos
52:18um governo razoável
52:19que de longe
52:20parece acontecer,
52:22isso vai ser feito.
52:25Se o Brasil
52:26fizer,
52:26que de novo,
52:27não é um ajuste gigante,
52:28você precisa querer,
52:30se fizer esse ajuste
52:31de 2,5%,
52:323% do PIB,
52:34ele se torna
52:34um outro país
52:35em termos
52:38de juros real,
52:40inflação,
52:41crescimento maior,
52:43emprego,
52:44etc, etc, etc.
52:47Ou seja,
52:48nós não estamos falando
52:49de você ter que mudar
52:5010 coisas,
52:51mas você tem que se focar
52:52numa coisa
52:52que não é fácil
52:53de fazer.
52:54Mas eu diria
52:55que os líderes,
52:58Congresso,
52:59se tiver um executivo
53:00de vazão,
53:01eles estão prontos
53:02para fazer.
53:03Então,
53:04existe o risco
53:05da gente não fazer
53:07e daí sim
53:09a situação pode piorar
53:10e os ativos brasileiros
53:11podem sofrer bastante,
53:12mas eu não acho
53:13que esse é o caso.
53:16Eu acho que
53:17essa agenda
53:18é uma agenda
53:18realmente inescapável
53:20e, vamos dizer,
53:21aqueles que
53:23de alguma maneira
53:24gravitam
53:25sabem disso.
53:27então isso
53:29eu acho
53:29que vai acabar
53:29acontecendo sim
53:30qual é o melhor momento
53:32no início
53:32de um governo.
53:34Esse governo
53:35não fez,
53:36não vai fazer,
53:37ele não está
53:37explodindo o déficit,
53:39mas ele não está
53:39melhorando a situação,
53:42ele está,
53:43vamos dizer,
53:43contendo a piora,
53:44vamos dizer assim,
53:46um pouquinho,
53:47não totalmente,
53:48mas,
53:50inclusive,
53:50ele sabe
53:51que num próximo
53:52mandato
53:53isso é
53:54obrigatório
53:54e não dá
53:55para fazer
53:55via receita,
53:56tem que ser
53:57redução de gastos.
53:59De novo,
54:00um país que arrecada
54:0135% do PIB,
54:032%,
54:032,5% ao longo
54:04de 2,3 anos,
54:05não parece ser
54:06uma coisa
54:07tão difícil assim.
54:11Olhando esse cenário,
54:13eu acho que
54:13nós estamos
54:14numa situação
54:14de oportunidade.
54:16Você olha
54:17a curva de juros,
54:18pega um título
54:19que não tem
54:21risco de inflação,
54:21que é inflação mais,
54:22NTNs,
54:24essas debêntures
54:24de infraestrutura,
54:26inflação mais 7,
54:27inflação mais 8.
54:28No caso das debêntures,
54:29é inflação mais 7
54:30sem imposto.
54:31Como assim?
54:33Então,
54:34eu acho sim
54:35que é um momento
54:35de oportunidade.
54:39Principalmente
54:40infraestrutura,
54:41que você está dizendo.
54:41Principalmente
54:42infraestrutura,
54:43mas
54:44os ativos
54:45em geral
54:45brasileiros
54:46vão passar
54:47por uma
54:48reprecificação
54:49positiva.
54:50Não é um momento
54:51de alavancar,
54:52talvez espere
54:54um pouco mais
54:55para ficar
54:55um pouco
54:55o cenário
54:56mais claro,
54:57mas eu acho
54:57que ao longo
54:58do tempo
54:59é para você
55:00ir acumulando
55:01ativos,
55:02principalmente
55:02ativos que
55:03têm
55:03um prazo
55:05longo,
55:06como essas
55:06debêntures,
55:07NTNs,
55:09algumas
55:11empresas
55:11no mercado
55:13de ações.
55:14O problema
55:14do mercado
55:15de ações brasileiras
55:15é que o juro
55:16não vai ser
55:16sempre muito alto.
55:18Agora,
55:18se essa
55:19questão fiscal
55:20é minimamente
55:21resolvida,
55:21o juro cai
55:22bastante.
55:22Então,
55:23as ações
55:25passam a ter
55:26um outro valor.
55:28Então,
55:28eu acho sim
55:29que é um momento
55:29de oportunidade
55:30sem alavancagem
55:32e sem
55:33muita pressa.
55:35Mas,
55:35assim,
55:36muito difícil
55:36encontrar ativos
55:38tão baratos
55:38no mundo
55:39como a gente tem
55:39no Brasil
55:40com essa
55:41perspectiva.
55:42De novo,
55:42tem esse risco,
55:44mas se
55:44minimamente
55:45o Brasil
55:45mantiver o padrão
55:47de não se jogar
55:48no precipício,
55:49eu acho que é
55:49uma oportunidade.
55:50bom,
55:51então,
55:51vamos acabar
55:52o nosso papo
55:52nessa nota
55:53de otimismo,
55:54porque isso
55:54dá coragem
55:55para as pessoas
55:56acordarem
55:56amanhã cedo
55:57e lutarem
55:58ou acreditarem
55:59no Brasil
56:00que está na hora.
56:00acho que talvez
56:02seja um bom momento
56:03para colocar dinheiro
56:03no país.
56:05Sim,
56:05sim,
56:05sim.
56:06Fernando,
56:06muito obrigado
56:07pela entrevista,
56:08viu?
56:08Foi um bate-papo
56:09maravilhoso aqui
56:09sobre o nosso Brasil.
56:11Muito bom.
56:13Obrigado.
56:13E a gente fica por aqui.
56:15E para você que gosta
56:16do jeito Jovem Pan
56:17de notícias,
56:18não deixe de fazer
56:19sua assinatura
56:19no site
56:20jp.com.br.
56:23Lá você acompanha
56:23conteúdos exclusivos,
56:25análises,
56:26comentários
56:26e tem acesso
56:28ilimitado
56:28ao Panflix,
56:30o aplicativo
56:30da Jovem Pan.
56:32Obrigado pela sua companhia
56:33e até o próximo
56:35Entrevista com Dávila.
56:41Entrevista com Dávila
56:43A opinião
56:46dos nossos comentaristas
56:48não reflete necessariamente
56:50a opinião
56:50do Grupo Jovem Pan
56:51de Comunicação.
56:56Realização Jovem Pan New
56:58Jovem Pan News