Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de política monetária do Banco Central, avalia a atual política econômica do país e como as recentes decisões do ministério da Fazenda impactam a produtividade no país.
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NotíciasTranscrição
00:00Esta política fiscal do governo parece uma política do Brasil das antigas,
00:08onde o Brasil gastava, parece que não há o dia de amanhã.
00:13E isso está fazendo a nossa dívida se elevar a um nível perigoso,
00:17pressionando a taxa de juros, e os credores lá fora até de olho assim,
00:21será que o Brasil vai conseguir honrar seus compromissos?
00:24Parece aquele pesadelo da era Sarney.
00:26Então, Felipe, o governo tem, como você comentou no início,
00:34ele tem uma política que é esquizofrênica.
00:37Por um lado, ele tem o chamado arcabouço fiscal,
00:41que deveria minimamente dar uma racionalidade na dívida,
00:46dar uma racionalidade na política fiscal e depois na dívida.
00:49O problema é que ele usa o parafiscal, o fora do arcabouço fiscal,
00:56para expandir a economia.
00:59Então, no final, ele está ampliando os gastos que não são contabilizados,
01:04e com isso ele aumenta mais a dívida pública.
01:07E, por outro lado, ele, além de tudo, como você mesmo falou,
01:10essa história do carro de acelerar e brecar,
01:12ele atrapalha muito o Banco Central e faz com que a gente tenha que ter uma taxa de juros olímpica.
01:16O que é um absurdo.
01:17Isso afeta demais a produtividade do Brasil e a competitividade.
01:22O custo capital acaba inibindo o investimento.
01:25E, ao inibir o investimento, o Brasil passa numa situação muito complicada no momento.
01:31O custo capital é elevado e nós que precisamos ganhar produtividade e competitividade,
01:35pelo contrário, o Brasil vem caindo nas taxas de produtividade.
01:38O que nós podemos fazer para recuperar essa nossa produtividade que vem caindo nos últimos anos?
01:44Olha, primeiro que o Brasil fez uma série de reformas que já melhorou,
01:51quer dizer, há tempos atrás, o que os economistas chamam de PIB potencial,
01:55que é quanto o país pode crescer de maneira sustentável.
01:58Esse PIB potencial, sei lá, uns 10 anos atrás era zero,
02:02ou seja, o país não conseguia crescer.
02:04Foram feitas uma série de reformas, a partir do governo Michel Temer
02:08e com o governo Bolsonaro, Paulo Guedes, etc., que melhoraram muito isso.
02:12Hoje, esse número é em torno de 2% a 2,5%.
02:15E investimentos em infraestrutura.
02:19O país hoje está mais produtivo.
02:22Só que o que nós fizemos de lá para cá, a partir desse governo,
02:27foi parar com esse caminho de reformas,
02:31que elas ajudam muito a produtividade, primeiro.
02:35E, segundo, fazendo políticas que são esquizofrênicas,
02:38que no final atrapalham tudo.
02:39Eu vou dar só um exemplo do que está acontecendo agora.
02:42Ele acabou de ampliar o IOF,
02:46que não deveria ser um imposto para arrecadar,
02:49e sim um imposto regulatório.
02:51Com esse aumento da carga,
02:53eu vou dar só um exemplo.
02:55Alguém que toma um empréstimo que custava, sei lá, 26% ao ano,
02:59virou 37% ao ano.
03:01Ou seja, custa 11% ao ano a mais do que custava antes dessa medida.
03:07Será que um orçamento, um grande projeto de longo prazo,
03:13aguenta um aumento de custos dessa magnitude por ano?
03:16É muito difícil.
03:18Então, o que o governo tem feito,
03:21como ele está com uma popularidade muito baixa,
03:24no final o que ele está querendo fazer é,
03:25deixa eu aumentar a demanda a qualquer custo.
03:27Só que o custo dessa brincadeira,
03:31em termos de o quanto a nossa economia pode crescer,
03:33o quanto ela é produtiva,
03:34é um custo que traz para trás.
03:38Então, em vez de a gente poder crescer mais,
03:42o que ele está fazendo é dando um boost de curto prazo,
03:44mas fazendo com que a gente consiga crescer menos para frente.
03:47E isso mostra claramente na taxa de investimento.
03:51Nosso Brasil está com uma taxa de investimento
03:52em torno de 16%, 17% ao ano,
03:54enquanto os outros países emergentes estão com 40%.
03:57Então, nós estamos muito atrás das taxas importantes.
04:01E pior, o dinheiro da arrecadação está indo para gastos e despesas correntes do governo.
04:05Então, daqui a pouco nós vamos ter uma taxa pública de investimento quase zero.
04:10É verdade.
04:12Para dar uma ideia, 16%, 17%,
04:15a depreciação do nosso parque é maior do que o investimento consegue,
04:21vamos dizer, manter mais moderno o nosso parque.
04:25Então, a gente está envelhecendo, o país está envelhecendo-se o parque,
04:28principalmente o parque industrial.
04:30E, assim, com esse nível de custo de capital,
04:37a maioria dos projetos ficam absolutamente inviáveis.
04:41O que você tem ainda é que, deixado, que é um legado do governo anterior,
04:46um pipeline enorme de investimentos em infraestrutura,
04:50que mesmo com um custo ainda elevado,
04:52a taxa de juros de longo prazo está muito alta,
04:54mas mesmo assim esses projetos ainda são rentáveis, produtivos.
04:59Então, nesse sentido, pela primeira vez,
05:02talvez na história dos últimos 30 anos,
05:05a gente vê mais investimento acontecendo em infraestrutura.
05:08Mas, de novo, a taxa de investimento não é suficiente
05:11para a gente não só manter o parque moderno,
05:15como desenvolver para frente.
05:18Principalmente em três áreas,
05:20que são estradas, rodovias, é uma coisa que está crescendo,
05:23a história de portos, aeroportos também,
05:25e agora saneamento básico,
05:28graças ao marco do saneamento,
05:31que pelo menos deu segurança das regras.
05:34Então, são três áreas de infraestrutura
05:35que parece que o Brasil está caminhando bem.
05:37Sem dúvida, energia também.
05:38Energia, energia limpa, que é um trabalho importante.
05:42A mudança na matriz energética nos últimos 10, 20 anos foi impressionante.
05:47Impressionante.
05:48Quando as regras são estáveis,
05:51aí as pessoas têm mais apetite para o investimento,
05:53mesmo com o custo capital ainda elevado,
05:55porque investimento de 20 prazos, ele começa 20 anos, 30 anos,
05:58ele começa a fazer o retorno lá na frente.
06:01Luiz Fernando, um ponto interessante.
06:03O Edmar Barcha, que nós tanto gostamos,
06:07dizia que a abertura econômica é a mãe de todas as reformas.
06:10E o Brasil continua uma das economias mais fechadas do mundo.
06:15Essa pauta parece um pouco demodê
06:18nesse mundo de nacionalismo econômico
06:20e volta do protecionismo.
06:23Como que você acha que o Brasil tem que se posicionar
06:26nessa pauta da abertura econômica?
06:29Ela é fundamental,
06:30mas é o momento errado de se fazer?
06:32Ou devemos fazer de qualquer jeito,
06:34porque isso vai ajudar a ganhar produtividade
06:36e competitividade da economia brasileira?
06:38Olha, quando a gente olha os países que mais se abriram
06:42comparado com os países que menos se abriram,
06:44vamos olhar, por exemplo, nos Estados Unidos, né?
06:46O Trump está completamente contra um país tão aberto,
06:50com tarifas tão baixas.
06:52Mas a economia americana foi a que mais cresceu,
06:55a que mais foi produtiva nas últimas décadas.
06:58Exatamente.
06:58Muito por conta disso.
07:00Por conta, olha, eu quero sim importar barato
07:03para eu manufaturar ou melhorar
07:07e vender mais caro.
07:10Eu quero sim comprar mais barato,
07:12porque o custo, em geral, da economia
07:15fica muito mais baixo.
07:16Quer dizer, o Brasil,
07:17eu até fiz um artigo recentemente,
07:19dizendo assim, olha,
07:20os Estados Unidos,
07:21que estão nesse caminho de se fechar
07:23ou aumentar o custo de importação,
07:26eles deveriam olhar para o Brasil
07:27e ver o exemplo do que não fazer.
07:29porque, de novo,
07:32se as empresas são muito protegidas,
07:35no final não tem como.
07:36Elas se tornam menos produtivas.
07:39Quanto mais, vamos dizer,
07:40em mar aberto elas estão,
07:41mais produtivas,
07:43melhores produtos elas têm que oferecer
07:45e elas acabam se desenvolvendo muito mais.
07:47Então, assim,
07:48o caminho da abertura,
07:50sem dúvida,
07:51é o caminho do desenvolvimento.
07:53Agora,
07:53em que momento?
07:55No momento que está se falando muito
07:57em fechamento,
07:58o Brasil ter uma bandeira
07:59na outra direção
08:00e se mostrar mais amigável,
08:03eu não tenho dúvidas
08:04que é um ganho enorme,
08:06principalmente num momento como esse.
08:08É, e uma coisa que é anti-intuitivo,
08:10que uma das coisas que pode ajudar
08:12o Brasil a ganhar produtividade
08:13é justamente abrir mais para importação,
08:16para poder importar tecnologia de ponta.
08:18No Brasil, tudo é muito caro, né?
08:19Comprar uma máquina é caro.
08:21Nosso telefone celular custa 60% mais
08:24do que o americano.
08:24Tudo é muito caro de tecnologia.
08:26E tecnologia certamente
08:28tem um enorme impacto
08:29em produtividade, né?
08:30Então, parece uma coisa contra-intuitiva,
08:33mas parece muito importante
08:34nesse momento olhar
08:35o que nós podemos exportar mais
08:38de valor agregado
08:39e, na verdade,
08:39o que nós podemos importar mais
08:41para ganhar produtividade,
08:42principalmente no caso da indústria, né?
08:44Assim,
08:45toda vez que você se fecha,
08:48no final,
08:49você acaba se acomodando,
08:52que é muito o que aconteceu no Brasil.
08:54Quando você pega os setores
08:55que são mais abertos,
08:57são de longe os setores mais competitivos.
09:00E o Brasil,
09:00ele tem bons empresários.
09:03O brasileiro é empreendedor.
09:05Então,
09:05o que nós estamos fazendo
09:07é protegendo aquele que...
09:10no final,
09:10você está protegendo um empresário antigo
09:12em detrimento da população,
09:15em detrimento de mais desenvolvimento
09:18e de você poder fazer mais coisas.
09:21Porque,
09:22quando você tem dificuldade
09:23de importar uma máquina,
09:25você vai para outro negócio.
09:27Se você depende de alguma coisa
09:29que você não consegue,
09:31você vai para outro negócio.
09:32Então,
09:33no final,
09:33o Brasil acabou
09:34sempre escolhendo
09:35aqueles setores,
09:37aqueles negócios
09:39que,
09:40no final,
09:42ele não tinha
09:43tanta barreira de entrada
09:45e o custo
09:47de importar
09:48e que foram,
09:50no final,
09:50os setores
09:51que mais se desenvolveram.
09:52A questão de tecnologia,
09:54ela tem um lado
09:56que é o lado,
09:57vamos dizer,
09:57que você tem um custo
09:59de importar,
10:00mas tem um outro lado
10:01que a tecnologia,
10:02no final,
10:03ela não tem muito fronteiras.
10:06Então,
10:06vamos dizer,
10:07a inteligência
10:08na questão tecnológica,
10:10ela não tem uma fronteira
10:11de um país.
10:13Então,
10:13nesse sentido,
10:14até no nosso caso,
10:16que somos um país
10:16mais fechado,
10:18a gente acaba tendo
10:19mais benefícios
10:21porque,
10:22de novo,
10:22quando você fala
10:23balança comercial,
10:24então são bens
10:25que estão indo,
10:25que estão voltando,
10:26é muito mais fácil
10:27de você controlar.
10:29Serviços
10:30já é mais difícil.
10:32E quando você fala
10:32de inteligência,
10:33é mais difícil ainda.
10:35Então,
10:35infelizmente,
10:36o Brasil adora
10:37perder uma oportunidade,
10:38mas essa é uma oportunidade
10:39muito grande
10:40para o Brasil.