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Com a trégua na guerra tarifária, o PIB da China teve projeção revisada para cima e a produção industrial cresceu 6,1% em abril. Kelly de Souza Ferreira, doutora e diretora da PUC Campinas, analisou os dados no Real Time.

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Transcrição
00:00Recentemente, bancos de investimentos revisaram as previsões de crescimento do PIB chinês para cima,
00:05enquanto a produção industrial do país cresceu 6,1% em abril, superando expectativas.
00:11Para entender melhor esses números e os impactos deles, a gente conversa com a Kelly de Souza Ferreira,
00:17que é doutora e diretora de Relações Internacionais da PUC Campinas.
00:21Bom dia, professora. Seja muito bem-vindo ao Real Time.
00:23Bom dia. Bom dia. É um prazer estar aqui com vocês hoje.
00:31Professora, o aumento da previsão do PIB chinês após a pausa nas tarifas
00:35reflete uma recuperação econômica sólida ou é só um efeito temporário?
00:42Então, nesse retorno da economia chinesa, dessa pausa dessas tarifas,
00:48Na verdade, o mercado, embora ele tenha reagido relativamente bem,
00:55é mais um momento de espera.
00:58O que virá depois disso?
01:01Na verdade, o que se conseguiu foi reduzir o pânico momentâneo
01:05e, a partir daí, nós estávamos todos aguardando o que serão as negociações
01:11que ocorrerão nesses 90 dias.
01:14O que se espera é que seja um acordo, agora, muito mais duradouro.
01:18Então, nesse momento, ninguém está fazendo planos de longo prazo
01:21justamente porque isso pode gerar algum desconforto ali na frente
01:26e o governo Trump é marcado justamente por uma imprevisibilidade.
01:31Uma coisa que nós podemos observar que é muito interessante
01:34é que o mercado chinês, a economia chinesa, foi muito resiliente.
01:38Se nós olharmos os dados, a indústria, por exemplo,
01:43tinha uma previsão de crescimento de 5,5, ela cresceu 6,1.
01:47O ponto de transformar a economia chinesa de exportação
01:52para uma economia de consumo ainda não está num plano muito bem sólido.
01:57Nós vimos, por exemplo, um crescimento desse consumo interno,
02:00ele foi para 5,5, mas não atingiu a meta, que era 5,9%.
02:05O que você enxerga para o futuro próximo agora?
02:08Um momento de grandes negociações.
02:13No caso do governo Trump, ele, embora o Trump esteja fazendo esse discurso,
02:19nós ganhamos a guerra tarifária, olha, o Xi Jinping me ligou e eu consegui fazer tudo isso,
02:24nós temos o mesmo perfil de discurso, um pouco de vencedor, do lado chinês,
02:30porém um pouco mais de cautela.
02:32A Xi Jinping nunca foi muito de ficar comemorando, vamos colocar assim, nos mercados,
02:37mas ainda ele precisa de uma estabilidade maior e realmente uma estabilidade do lado americano.
02:43Então, nesses próximos três meses, enquanto perdura a tarifa,
02:47nós veremos um período intenso de negociações entre China e Estados Unidos,
02:51enquanto o restante do mercado tenta se adaptar e se preparar para qualquer tipo de embarque
02:59ou de revida-volta que possa acontecer.
03:02Há mais ou menos um mês falava-se muito que o Brasil poderia ter uma vantagem competitiva grande
03:08se essas tarifas gigantes continuassem entre Estados Unidos e China.
03:12E agora, com essa negociação, o Brasil fica como?
03:17Por enquanto, o Brasil, esses acordos não são só pontuais, apenas de uma única venda,
03:22eles são, na verdade, negociados um conjunto de vendas,
03:26então o Brasil ainda deve ter algumas entregas a fazer à China em detrimento dos Estados Unidos.
03:36O que nós vemos, de novo, não vai acontecer uma reengenharia,
03:40todo mundo está se preparando ainda para o pior.
03:43O mercado, ele reage muito a essas tensões.
03:47Nós temos uma redução do pânico, mas todo mundo sabe que isso não é permanente.
03:51A gente viu o nosso repórter agora há pouco, o Luciano Teixeira, lá em Sinop, em Mato Grosso,
03:56falando do aumento da exportação de soja.
04:00Acho que o Brasil está se tornando cada vez mais um parceiro muito mais confiável para a China,
04:05pelo menos no caso das commodities.
04:08Na verdade, o Brasil tem um tanto de relutância de assumir o título de celeiro do mundo.
04:13Não é ruim isso.
04:15Na verdade, a gente pode fazer isso de uma forma inteligente e tornar isso uma das nossas marcas.
04:20Mas o que é interessante com relação ao Brasil é que uma das nossas marcas é justamente o juridicismo.
04:28A gente segue os acordos, a gente senta para negociar, a gente é pragmático.
04:32Nós dialogamos com todas as partes, independente dos atritos que se tenha.
04:38Então, no caso da China, a gente se mostra um parceiro muito mais previsível e confiável.
04:43Talvez a gente não consiga oferecer preços tão interessantes como os Estados Unidos fornecia antes.
04:49Mas a qualidade, por exemplo, e a estabilidade dessa entrega é possível pelo lado brasileiro.
04:56Tivemos um crescimento de exportações para a China.
05:00Mesmo ainda que se volte a questão com o mercado americano,
05:04talvez algumas dessas conexões feitas ainda permaneçam no Brasil.
05:09Mas vai depender muito do acordo que for fechado entre China e Estados Unidos.
05:13Professora, a senhora está otimista em relação ao acordo Mercosul-União Europeia?
05:18Porque, assim, há pouco tempo a gente tinha a impressão que estava para sair.
05:22Depois parece que vira uma novela que nunca tem fim.
05:24Aí vem a guerra comercial e fala, não, tem novo impulso aí.
05:28Mas, como otimista a senhora está com isso?
05:30Na verdade, eu sou um pouco do lado dos economistas, não muito otimista.
05:36Porque, na verdade, você tem um desenvolvimento político na Europa que vai afetar muita coisa.
05:43Nós temos ali a questão das seções com a Ucrânia.
05:45Nós temos a Rússia numa movimentação muito grande.
05:50Mesmo que isso não seja ligado, por exemplo, a matemática com o Mercosul,
05:54isso vai, com certeza, refletir como se negocia essa questão do Mercosul.
06:00E uma outra coisa, não é prioridade, neste momento, para a Europa,
06:04essa negociação com o Mercosul.
06:06Então, ela vai ser feita à medida que se dá.
06:08Vai depender muito mais de uma insistência do nosso bloco
06:12com relação à União Europeia, para conseguir fechar esse acordo,
06:15do que a União Europeia com relação ao Mercosul.
06:19E por que eu estou puxando isso, essa importância de quem vai pressionar mais
06:23sobre as negociações?
06:24Não é uma característica brasileira sermos vendedores.
06:27A gente tem produtos a oferecer, mas nós não costumamos procurar o mercado para oferecer.
06:33E nós estamos ali, mesmo sendo dentro do bloco, nós temos ainda a questão do Milley,
06:38que é um tanto mais delicada.
06:40No Uruguai, ali, você não tem uma grande expressividade.
06:43Então, esse acordo, ele ainda vai desenvolver um tanto devagar.
06:47Outra coisa que eu queria explorar é o seguinte.
06:49O Brasil, quando fala de comércio com os países do BRICS,
06:54sempre teve, além da China, um grande parceiro na Rússia.
06:58Agora, o Trump fala em voltar com as negociações,
07:01numa hipótese de tudo der certo, de que assine um acordo sobre a Ucrânia,
07:06a Rússia volte a ser um player internacional importante.
07:09Isso pode beneficiar o Brasil?
07:11Ou o Brasil já negocia tudo o que ele pode negociar com a Rússia?
07:14Não, isso, na verdade, pode beneficiar o Brasil pela atuação do bloco em si.
07:22Porque o Brasil já manteve as suas negociações com a Rússia.
07:25Nós temos ainda esse período delicado, que a Rússia está sob várias sanções.
07:29Então, como ela está fora do SWIFT, isso realmente...
07:31Isso dificulta realmente um pouquinho a questão do...
07:39Um pouquinho, não, suficientemente a questão com o comércio,
07:42com relação à Rússia, por ela estar fora do SWIFT.
07:45Mas se, por um acaso, a Rússia é trazida de volta,
07:49você tem, sim, um espaço para crescimento.
07:51E outra coisa, você tem um espaço para melhor atuação do BRICS.
07:55Por quê?
07:56Nós temos de olhar que...
07:57Eu brinco que cada membro do BRICS entra com o que pode contribuir.
08:01E Rússia e China, sempre, desde ali da criação dos BRICS,
08:05sempre foram dois países que assustaram bastante o mercado.
08:08E eu brincava que o Brasil justamente entrava com um fator apaziguador.
08:13Essa ideia de colocar, olha, nós estamos em um bloco, nós vamos negociar,
08:17nós vamos ser pacientes, numa tentativa de acalmar os mercados.
08:21Quando você tem uma Rússia super agressiva e ainda novos membros do BRICS,
08:26como aconteceu nessa reunião de Kazan,
08:30o mercado fica muito receoso.
08:33Mesmo com a força do Brasil, mesmo com a questão do Brasil ser conhecido
08:37justamente por ser pacífico, não é suficiente para fazer com que o BRICS
08:41tenha uma atuação tão ampla.
08:43Com a Rússia voltando ao mercado, você tem chance, sim,
08:46do BRICS ter uma atuação muito mais ampla e muito melhor recebida.
08:50Doutora Kelly Ferreira, diretora de Relações Internacionais da PUC Campinas,
08:55muito obrigado pela participação hoje no Real Time e bom dia.
08:58Bom dia. Obrigada pelo convite.
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