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Márcio Sette Fortes, economista e professor do Ibmec-RJ, analisou no Real Time as negociações entre China e Estados Unidos para reduzir as tensões comerciais e os impactos econômicos dessa aproximação.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://timesbrasil.com.br/guerra-comercial/

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Transcrição
00:00A China e os Estados Unidos avançam no acordo para reduzir tensões comerciais.
00:05Para falar sobre esse movimento, eu converso agora com o Márcio Sete Fortes,
00:09que é economista e professor do IBMEC do Rio de Janeiro.
00:12Bom dia, professor. Seja bem-vindo ao Real Time.
00:15Bom dia, muito obrigado.
00:17Professor, eu queria que o senhor falasse sobre esses últimos desenvolvimentos aí,
00:22o anúncio de que houve um acordo e esse post que o Trump fez,
00:25meio que cantando vitória nas negociações aí.
00:30O anúncio feito pelo presidente Trump dá a entender que o acordo será finalizado com a sua aceitação,
00:39mas há que se levar em consideração que existe aí ainda uma desconfiança dos mercados.
00:45Nós vemos que a Bolsa na China fechou em baixa, a Bolsa de Hong Kong fechou em baixa,
00:51isso puxado pelas empresas de tecnologia.
00:54Há ainda uma incerteza sobre o cumprimento real do acordo.
01:00No final das contas, a China acaba dizendo que eles manterão sua palavra
01:05e, ao afirmar isso, eles estão esperando que os Estados Unidos também mantenham a sua.
01:10É natural que nós acreditemos, de maneira geral,
01:13que esse é um processo em que deverá ser respeitado o que for acordado.
01:18Ainda não está muito claro, alguns pontos não estão muito claros,
01:22mas, a despeito daquilo que está sendo acordado, há ainda uma desconfiança do mercado.
01:28No entanto, nós devemos considerar que, para nenhum dos dois países,
01:32as desconfianças presentes são boas.
01:36O mercado sabe disso e, portanto, o mercado ainda está um pouco nervoso com essa indicação
01:42de que nós temos ainda tarifas desiguais que foram acordadas
01:47e isso pode ser um ponto de tensão constante por enquanto.
01:51Eu queria que o senhor analisasse agora a evolução das negociações do ponto de vista político.
01:56Porque a gente viu no começo aquela estratégia do Trump de pé na porta ali,
02:00dizendo que não precisava de nenhum país e forçando países como a China a negociar,
02:05mas de uma maneira muito dura.
02:06Ele não esperava, talvez, que, do outro lado, a China respondesse também com uma certa dureza
02:11e com uma paciência que parece que os Estados Unidos não tinham,
02:15porque estavam sendo muito pressionados ali pelo setor produtivo dos Estados Unidos,
02:18que estava ameaçado por essa situação.
02:21Essa postura da China de falar, tudo bem, querem deixar essas tarifas,
02:25para a gente está bom, você acha que isso daí foi fundamental para que o Trump mudasse de tom?
02:31Na realidade, o momento era péssimo para os dois.
02:36Os Estados Unidos usaram as tarifas extremamente elevadas e a escalada tarifária
02:42para trazer a China à mesa de negociação.
02:45Foi uma estratégia nítida, muito clara.
02:48Só que o que eles não esperavam é que a China também fizesse a sua retaliação tarifária,
02:55elevando as tarifas para picos tarifários nunca antes vistos.
02:59E o que acontece nesse momento é que existe uma urgência.
03:02que nós vimos nas negociações de Genebra, em que ambos os países procuraram fazer ali
03:08uma moratória de 90 dias, reduzir as tarifas em um volume de 115%,
03:15para que se atingissem níveis razoáveis e satisfatórios,
03:18mas que foram a seguir objeto de insinuações de ambos os lados
03:25que, a despeito dos acordos tarifários, estaria havendo restrições de exportações.
03:31E essas restrições de exportações deixaram bastante claro a vulnerabilidade das indústrias norte-americanas,
03:38porque as terras raras que são, em sua maior parte, produzidas,
03:44a China detém 70% dessas terras raras e a capacidade de processamento está em torno de 90%.
03:51Então, a China domina o mercado, domina as cadeias mundiais de terras raras,
03:55de óxidos de terras raras, e os empregos são inúmeros em diversas áreas,
04:00como smartphones, como defesa e segurança nacional,
04:05o setor automotivo, por exemplo, turbinas eólicas.
04:08Existem diversos empregos e isso afeta duramente a indústria norte-americana.
04:12Por outro lado, a China também estava numa condição de vulnerabilidade muito grande,
04:16porque, dadas as tarifas impostas, ela viu suas exportações se reduzirem em torno de 20% em abril
04:24e já 35% em maio.
04:27Então, essa foi a necessidade enorme de chamada para uma reunião agora,
04:32essa reunião que se concretizou em Londres e que deverá vigir, a partir de agora, o que for acordado nela.
04:38O professor Jensen Huang, que é o CEO da NVIDIA, ele pediu que os Estados Unidos
04:43liberassem a venda de chips mais poderosos para impulsionar a inteligência artificial também para a China.
04:49Obviamente, ele está vendendo o peixe dele ali porque ele quer vender mais,
04:51mas ele tem um argumento interessante, que se uma empresa grande americana, que é a NVIDIA,
04:57não participar do mercado chinês, ela vai perder vantagem competitiva frente, por exemplo,
05:02a Huawei, que também está desenvolvendo chips poderosos de inteligência artificial.
05:07Essa é uma questão delicada, porque não dá para imaginar que a China vai ficar de braços cruzados
05:13vendo os Estados Unidos avançarem na inteligência artificial e sem querer seguir o mesmo caminho.
05:19Faz parte do que foi acordado em Londres, nessa última reunião de dois dias,
05:26que os Estados Unidos assumam um compromisso de exportação de chips e softwares de design de microprocessadores
05:33para a indústria chinesa.
05:35Então, a China realmente tem necessidade disso.
05:38Não é apenas uma questão estratégica, competitiva de produção local,
05:43mas também a China carece dessa cadeia de suprimentos oriunda dos Estados Unidos.
05:49Então, há essa necessidade real de que os Estados Unidos mantenham compromisso para essa exportação,
05:55o que seria uma contrapartida acordada em função das tarifas desiguais acertadas na reunião de Londres.
06:02O que você enxerga, professor, para os próximos meses nessa negociação?
06:08Olha, as tensões estão no ar.
06:10A China aceita uma tarifa de 55%, uma tarifa bem maior do que aquela que ela própria aplica
06:19em relação aos produtos norte-americanos.
06:20Então, me parece que com as tensões no ar, a China buscará diversificar provavelmente a sua cadeia de suprimentos
06:28procurando novos mercados de exportação, como países da ASEAN, por exemplo,
06:34como Vietnã, Tailândia, países europeus, principalmente Alemanha,
06:38inclusive América Latina como um todo.
06:42Novos mercados de exportação.
06:44Uma segunda medida a ser adotada pela China, muito provavelmente,
06:47seria a escolha de descentralização produtiva, procurando realocar indústrias no Vietnã, por exemplo,
06:54para a aplicação de tarifas menores por parte dos Estados Unidos.
07:01O Vietnã também é um país vizinho, um país muito próximo,
07:04que facilita a cadeia de suprimentos, logisticamente falando.
07:08E, muito provavelmente, os chineses vão aumentar a sua exportação de produtos de maior valor agregado
07:14para manter as margens diante de tarifas tão elevadas que eles enfrentam.
07:19O senhor acha que essa estratégia da China também de fomentar o mercado interno,
07:23ela está indo para frente?
07:26A estratégia chinesa de fomentar o mercado interno,
07:29ela ir para frente é um desejo.
07:32A realidade é que isso não se processa de maneira automática.
07:36A China depende muito das exportações.
07:38A China, tradicionalmente, é um país que trabalha muito com desvalorização competitiva da sua moeda
07:45para melhorar o câmbio e, artificialmente, conferir competitividade aos seus produtos
07:49para o mercado internacional.
07:51Então, a China carece de desenvolvimento econômico via exportações.
07:56Isso continua sendo o foco.
07:58Está certo.
07:58Eu falei aqui com o Márcio Sete Fortes,
08:01que é economista e professor de Relações Internacionais do IBMEC, do Rio de Janeiro.
08:04Muito obrigado pela sua participação hoje aqui no Real Time.
08:07Bom dia.
08:08Bom dia.
08:09Muito obrigado.
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