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Em entrevista ao Real Time, Túlio Cariello, diretor do Conselho Empresarial Brasil-China, explicou os desafios e oportunidades da ferrovia Brasil-Peru, projeto que pode mudar o comércio sul-americano com a China. Estudos estão em andamento, mas a complexidade é enorme.

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Transcrição
00:00Um dos maiores projetos logísticos da América do Sul vai ligar o Oceano Atlântico ao Pacífico.
00:05A mega ferrovia, resultado de um acordo do Brasil com a China, vai conectar o litoral baiano com o porto de Chiang Kai, no Peru.
00:12A gente vai conversar sobre essa iniciativa com Túlio Cariello, que é diretor de conteúdo e pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China, o SEBIC.
00:22Boa tarde e seja muito bem-vindo ao Real Time.
00:26Boa tarde, Marcelo. Prazer em estar com vocês.
00:28Ô Túlio, por enquanto, esse memorando que foi assinado pelo Brasil e pela China é para a realização de estudos.
00:35Essa é uma etapa que, só para fazer os estudos, são muitos anos, né?
00:41Exatamente. Eu acho que, hipoteticamente, essa é uma excelente notícia, esse projeto dessa ferrovia.
00:48Acaba sendo uma rota alternativa para o Brasil, uma rota mais rápida, mais eficiente para a China e para a Ásia como um todo.
00:56Acho que é importante colocar isso também, né?
00:59Porque hoje a gente sabe que a China é o principal destino das nossas exportações, né?
01:03Responde por praticamente 30% de tudo que a gente exporta para o mundo, considerando os dados do ano passado, né?
01:10Mas o fato é que o Brasil hoje tem dependido cada vez mais da Ásia, no fim das contas.
01:14Então, só para a gente ter uma ideia, hoje o Brasil exporta mais para a Singapura do que para a Alemanha, né?
01:20A gente exporta mais para o Japão e para a Coreia do que para o Reino Unido, a gente exporta mais para o Vietnã do que para a França.
01:27Mas, como você colocou, esse é um projeto de longo prazo, né?
01:30Ou seja, é um projeto que ainda está em estudo, não é uma novidade, né?
01:35A gente já viu projetos semelhantes a esse em outros governos, na época da Dilma, na época do Temer, por exemplo, né?
01:41E, de fato, é um complexo projeto, no final das contas.
01:44Um projeto caro também, né?
01:46E, no final das contas, isso é bom colocar também aqui o fato de que ele tem uma série de implicações também ali, né?
01:56De impactos sociais, por exemplo, né?
01:59A gente tem que compreender que esse projeto, por sua dimensão, acaba gerando também desapropriações, né?
02:06Tem licenças ambientais, tem uma diversidade de interesses muito grandes também, né?
02:10Considerando que é um projeto que vai passar por vários municípios, né?
02:13Então, ele acaba tendo mudanças aí no seu traçado ao longo dos anos, né?
02:18Então, de fato, é um projeto a longo prazo, né?
02:21É um projeto que a gente precisa esperar para ver como vai evoluir, né?
02:25Em relação, sobretudo, aos estudos aí de viabilidade desse projeto, né?
02:29O Túlio, no imaginário popular, muitas vezes a gente vê um projeto como esse,
02:33vem a seguinte notícia, manchete na nossa cabeça, assim, ó.
02:37A China vai construir uma ferrovia ligando o Atlântico ao Pacífico.
02:40Eu queria que você explicasse para a gente projetos desse tipo que a China tem feito no mundo inteiro.
02:45Como é que a China entra para acelerar?
02:49Por exemplo, ela financia o projeto inteiro?
02:51Qual que é o tipo de prática que a China tem nesses casos?
02:55É, na verdade, isso vai depender muito, né?
02:57Porque a China, além de ser uma grande investidora no exterior, né?
03:01Ela também tem uma série de projetos que ela financia, na verdade.
03:06Ou seja, ela não necessariamente vai explorar economicamente aquele projeto,
03:10não vai atuar na concessão do projeto, né?
03:13Então, existe essa diferença que é importante de colocar também.
03:16Nesse projeto especificamente, como a gente está vendo aí,
03:19ainda a viabilidade, né?
03:21Do traçado da ferrovia e tudo mais,
03:24a gente ainda não tem informações precisas de como seria uma eventual entrada da China, né?
03:30Mas a gente já viu acontecendo algo parecido em outros países,
03:33inclusive aqui na América Latina, na África, né?
03:37Em que empresas chinesas entraram, na verdade, como ETC, né?
03:41Ou seja, que é um contrato ali de construção do projeto.
03:45Ela basicamente constrói o projeto, recebe o dinheiro do Brasil, né?
03:49De empresas brasileiras ou até mesmo do governo, eventualmente,
03:52para colocar o projeto em operação.
03:55Mas depois, quem vai, de fato, operar e se beneficiar economicamente do projeto
04:01é, enfim, uma empresa brasileira ou até mesmo o Estado, né?
04:06E tem outras situações em que a empresa chinesa entra para construir
04:09e operar o projeto futuramente, né?
04:12Esse é um caso, inclusive, daquele projeto que a gente tem visto agora aí
04:16da ilha de Itaparica e Salvador, né?
04:19Que seria, teoricamente, um projeto de concessão
04:22em que a China poderia explorar o prazo também economicamente, né?
04:26Como é que você compara a indústria ferroviária chinesa
04:29com as indústrias de ponta no mundo?
04:32Não, hoje a China, com certeza, é um líder nessa área, né?
04:36Um país que conseguiu criar ferrovias em tempo recorde.
04:39Eu acho que isso é algo sem precedentes, né?
04:41Então, é um país que investiu muito, né?
04:44Pesadamente aí nos últimos 40, 50 anos nessa área de ferrovias.
04:48E hoje a gente tem ferrovias em toda a China, ali,
04:50cruzando o país de todos os pontos.
04:53E, inclusive, projetos que foram feitos no exterior também
04:56por conta dessa tecnologia desenvolvida domesticamente, né?
05:00E, além disso, acho que a China, óbvio, não é o único país
05:03que tem grandes ferrovias.
05:05A gente tem isso nos Estados Unidos, na Europa, na Rússia.
05:08Mas, em termos de disposição para investir no exterior,
05:11sem dúvida, eu não vejo um concorrente tão forte
05:14quanto a China nesse tipo de projeto.
05:17E você acha que o Brasil, por fazer parte do BRICS,
05:20se beneficia disso, então?
05:21Essa proximidade com a China está trazendo, de fato,
05:24mais investimentos para o Brasil?
05:27Olha, eu acho que muito do que a gente sabe
05:29dos investimentos, da relação comercial com a China,
05:32ela é feita, basicamente, via setor privado, né?
05:35Mas, tendo em vista também que muitas empresas chinesas
05:38que investem no exterior, inclusive aqui no Brasil,
05:41são empresas estatais, muitas delas estatais centrais, né?
05:45Ou seja, empresas que estão ligadas diretamente
05:47ao governo central da China,
05:49é importante ter esse diálogo entre os Estados, né?
05:52E o Brasil, fazendo parte do BRICS, junto com a China,
05:55evidentemente, coloca ali uma situação em que
05:58há um alinhamento entre os dois países
05:59em muitas frentes ali de reformas, né?
06:03Multilaterais e tudo mais, né?
06:04Então, acho que o diálogo político acaba tendo, sim,
06:07uma influência positiva
06:09para a atração desses projetos aqui no país.
06:12Otúlio, se a gente pensar num cenário muito otimista aí,
06:15que esse estudo seja feito rapidamente,
06:17que as licenças sejam concedidas
06:19num prazo mais rápido que o normal,
06:21quando a gente teria essa ferrovia funcionando?
06:27Eu, sinceramente, não arriscaria colocar um prazo
06:30para esse tipo de projeto, porque, como eu comentei,
06:32ele é um projeto que tem muitas complexidades, né?
06:36Como eu comentei no início,
06:38tem impactos sociais, licenças ambientais,
06:41isso tudo acaba mudando o trajeto da ferrovia,
06:44então é difícil a gente ter uma previsão.
06:46Acho que o mais importante a gente ter em mente agora
06:49é que essa é uma boa notícia,
06:50mas é uma notícia que tem que ser vista com cautela,
06:53porque é um projeto muito complexo
06:54que precisa passar por uma série de avaliações
06:57antes de ser colocada em prática.
06:59Aí vai uns 20 anos fácil, não?
07:02Olha, provavelmente algo dessa faixa, diria eu.
07:05Mas, como falei, difícil ter um prazo
07:08estabelecido para esse tipo de projeto.
07:10Bom, eu queria saber a sua percepção aí
07:13no Conselho Empresarial Brasil-China,
07:16se já houve um incremento nas negociações
07:19entre Brasil e China
07:20depois que começou essa guerra comercial do Trump.
07:24Bom, sim, de uma certa forma,
07:26eu acho que essa guerra comercial,
07:29ela tem várias questões ali
07:31que são nocivas ao comércio internacional
07:33de forma geral,
07:34porque existe uma grande disparidade entre os países,
07:38hoje o Brasil e a China, por exemplo,
07:40estão em posições muito diferentes, né?
07:42A China é um grande país comerciante,
07:44o Brasil ainda hoje tem uma participação
07:46muito diminuta no comércio exterior,
07:48no comércio internacional, de forma geral,
07:50e existem regras minimamente consensuais
07:53que são colocadas, por exemplo,
07:55na Organização Mundial do Comércio,
07:56que sai enfraquecida com esse afastamento
07:59dos Estados Unidos, agora com a administração do Trump,
08:02em relação ao multilateralismo.
08:04Então, isso, de forma geral, é negativo,
08:06mas acaba trazendo oportunidades também
08:10para a relação bilateral na área comercial,
08:12porque existe a ideia de que a China
08:14poderia vender mais para o Brasil
08:16em determinados setores em que a gente concorre
08:19com os Estados Unidos, né?
08:20Ou seja, o Brasil hoje vende muito para a China
08:23produtos como soja, carnes,
08:26que também são produtos que os Estados Unidos
08:28vendem para lá.
08:29Então, acaba tendo essa questão aí
08:32de um mercado que se abre para o Brasil.
08:34Mas eu acredito que isso é algo positivo
08:36pontualmente, mas no longo prazo
08:39acaba tendo questões ali mais nocivas.
08:42Agora, na área de investimentos,
08:43eu acredito que hoje, com essa retração
08:45dos Estados Unidos, né?
08:47Com a disposição, inclusive, muitas vezes
08:49de investir no exterior,
08:50a China acaba saindo fortalecida
08:52e tendo também a oportunidade
08:55de buscar projetos no sul global,
08:57de forma geral, né?
08:59Hoje, então, a gente tem a maior parte
09:00dos projetos chineses no exterior
09:02de investimento sendo feita
09:04em países em desenvolvimento, né?
09:06E o Brasil é um dos principais receptores
09:08de capital produtivo chinês.
09:10Então, no fim das contas,
09:11eu acho que a gente tem que ter
09:12uma percepção a longo prazo, né?
09:14Que eu acho que é danosa,
09:15mas a curto prazo a gente pode
09:17sair fortalecido.
09:18Túlio Cariello, diretor de conteúdo
09:20e pesquisa do Conselho Empresarial
09:22Brasil-China.
09:22Muito obrigado pela sua participação
09:24hoje aqui no Real Time
09:25e boa tarde.
09:27Muito obrigado, Marcelo.
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