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O setor de vestuário chinês sofre com o recuo das exportações para os EUA. Pequenas fábricas encerram atividades, enquanto gigantes como Shein e Temu sentem a queda na demanda. Larissa Wachholz, do Grupo de Análise da China, avalia os impactos e os caminhos da economia chinesa.

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Transcrição
00:00Empresas chinesas, assim como as americanas, já estão sofrendo as consequências da guerra tarifária
00:06iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
00:09Segundo o jornal americano The New York Times, donos de pequenas fábricas do setor de vestuário no país asiático
00:16estão encerrando as atividades ou prestes a fechar as portas por conta da alta carga tributária
00:22imposta aos produtos na entrada aos Estados Unidos.
00:25Lojas virtuais como Shen e Temu também sentem os impactos e notaram diminuição na demanda de itens que saem da China para os Estados Unidos.
00:35Sobre esse assunto, eu converso com a Larissa Varrots, que é sócia da Vale a Participações, coordenadora do programa Ásia e do grupo de análise da China.
00:45Larissa, boa noite. Obrigado pela gentileza em dar essa entrevista aqui para a gente.
00:49Antes de mais nada, Larissa, qual a importância do mercado americano para essas empresas chinesas?
00:56Muito obrigada pelo convite.
00:58Olha, a China é um grande mercado de produção de têxteis, então é importante o mercado americano para elas,
01:06assim como o mercado do resto do mundo, de forma geral, são empresas muito voltadas à exportação.
01:12Então você tem algumas regiões, no sul da China sobretudo, que são bastante focadas na exportação de forma geral.
01:22Agora, eu acho que é relevante pensar também que a China está vivendo um momento de transformação desse modelo.
01:30Se até hoje a exportação de produtos era um driver, um motor muito importante da economia chinesa,
01:38O governo chinês tem dito que esse motor passa a ser o motor da ciência, da tecnologia e da agregação de valor ali dentro para consumo pelo próprio mercado chinês.
01:50Isso não acontece de imediato, de um dia para o outro, mas a gente pode ver que a estratégia do governo chinês é de mudança desses motores que levam ao crescimento da China
02:02e, portanto, eles se sentem, de certa forma, preparados para lidar com essa circunstância, mesmo diante do fechamento do mercado americano para esses produtos ou da redução de compras dos americanos por esses produtos chineses.
02:18A gente vem notando, Larissa, uma posição bastante firme do governo chinês até aqui, irredutível e claramente esperando que o governo americano faça uma sinalização no sentido de negociar,
02:30enquanto do lado de lá os Estados Unidos vêm cobrando que a China, que Pequim faça esse movimento e Pequim vem se mostrando um negociador bastante duro.
02:39Quer dizer, essa sua explicação, ela está em linha com essa postura do governo chinês?
02:44Claro, estamos falando de um setor, estamos falando de vestuário, mas quer dizer, a China tem uma estratégia para enfrentar esse momento e, no caso de produtos de mais baixo valor agregado,
02:54como o vestuário, por exemplo, se a gente for comparar com produtos de tecnologia, automóveis, a China já tem um plano de voltar ao seu próprio mercado interno, que não é pouca coisa, para absorver essa produção?
03:06Olha, eu tenho a sensação de que os chineses estão se vendo, sim, preparados para enfrentar esse momento.
03:14Eu acabei de chegar da China há poucos dias, eu estava lá até o início da semana passada e tive a oportunidade de conversar com pessoas de diferentes setores,
03:24setor financeiro, setores produtivos, mais voltados, por exemplo, à produção para o sul da China, também o setor de energia,
03:31e o que eu percebi é que as pessoas estão com a sensação de que esse momento era esperado, era bastante anunciado,
03:40a gente viu desde, não só no primeiro mandato do governo Trump, mas também na corrida presidencial, nesse segundo mandato,
03:48já ficava bastante claro que a intenção era de impor tarifas aos produtos chineses.
03:54Então, de certa forma, eles se veem, sim, preparados para lidar com isso, o que não significa que eles não reconheçam que isso é ruim para a economia chinesa,
04:03muito pelo contrário, eles acham, sim, que vai ser ruim, eles acham que vai ser um baque,
04:08mas eles têm a sensação de que eles podem passar por esse momento de turbulência,
04:13foi o que me foi passado em várias dessas conversas,
04:16mesmo que esse momento de turbulência dure, digamos, o tempo do mandato presidencial nos Estados Unidos.
04:23Então, eles parecem confiantes na capacidade chinesa de passar por essa adversidade.
04:30Como você disse, o setor de têxteis, em particular, é um setor que a gente já via,
04:36já estava vendo uma expansão para outros países do Sudeste Asiático,
04:40inclusive com o investimento das próprias empresas chinesas.
04:44Então, Vietnã, até Indonésia, de certa forma, Camboja, são polos de produção de têxteis e de calçados, imóveis,
04:56que também são fruto dessa relação com investidores chineses.
04:59Então, a gente já via um pouco desse processo acontecer,
05:03mas é claro que ele estava acontecendo dentro da velocidade dos próprios investimentos chineses,
05:09e agora é uma imposição de fora.
05:11Então, é um cenário mais difícil.
05:13Mas eu senti, sim, uma certa confiança de que os negócios, o ambiente de negócios na China,
05:19ele está preparado para passar por isso,
05:23mas também para se preparar para essa nova fase,
05:25que vai exigir um foco maior nessas novas tecnologias,
05:29como você citou, os carros elétricos,
05:32que representam já uma nova fase dos carros
05:36diante do processo de transição ecológica,
05:39de descarbonização da economia.
05:41Então, a China tem prestado bastante atenção a isso,
05:44a elementos como inteligência artificial e outras transformações tecnológicas.
05:49Ela não está 100% pronta para fazer essa transição.
05:52Então, ela reconhece que vai ser difícil,
05:54mas ela está confiante de que ela consegue.
05:56Essa foi a minha sensação.
05:58Larissa, a gente vai ter nos próximos dias a visita do presidente Lula à China.
06:03Inclusive, foi notícia aqui no radar agora há pouco.
06:06E os dois países vêm estreitando relações.
06:09O presidente chinês Xi Jinping esteve no Brasil no fim do ano passado, por exemplo.
06:13Agora o presidente Lula vai para lá.
06:15Que caminhos você vê para esse estreitamento da relação entre os dois países,
06:20para benefício de ambos?
06:23Eu acho que esse é um caminho natural.
06:25Ele não está necessariamente sendo encorajado pelas questões geopolíticas que a gente está vendo hoje.
06:32A relação do Brasil com a China, ela já era uma relação muito boa, muito positiva.
06:37E ela tende a se aprofundar na medida em que é uma relação hoje já com um certo nível de sofisticação.
06:43Com um comércio muito importante e com uma relação de investimentos diretos também muito importante.
06:49Mas o Brasil é um país aberto às relações de forma geral.
06:54É um dos países mais abertos ao investimento estrangeiro no mundo.
06:57E espero que continue assim.
07:00Então, o que eu acho que vai acontecer com a relação com a China é que a gente tende a sofisticar mais essa relação.
07:06a olhar para oportunidades de investimento direto mais complexas, talvez com maior participação de empresas chinesas e indústrias que são caras ao Brasil,
07:15que são importantes ao Brasil e não apenas no comércio de commodities.
07:20que, obviamente, é um elemento muito importante da nossa economia, é um elemento em que a gente é bastante competitivo.
07:28E é claro que a gente precisa continuar na nossa estratégia de vender para os países que queiram comprar da gente.
07:35A estratégia não pode ser de diversificar a partir de se negar a vender a quem queira comprar, e sim de buscar constantemente novos mercados.
07:44Então, eu acho que essa viagem é importante porque é um parceiro muito importante do Brasil.
07:50E na medida em que a gente possa sofisticar essas relações e encorajar investimentos de empresas chinesas a setores que são críticos ao Brasil, isso é muito bom.
08:00E eu acho que o que a gente deveria mirar são exatamente setores que possam nos ajudar a agregar valor em áreas em que nós somos muito competitivos.
08:09Por exemplo, estimular joint ventures, relações entre empresas no setor da agroindústria, o Brasil é muito forte na geração de energia limpa,
08:20e isso é muito positivo para empresas chinesas em busca de descarbonização.
08:25Então, o Brasil pode ser um polo de atração de investimentos, por exemplo, para a produção de fertilizantes verdes, de aço verde,
08:34e outros setores que são, a gente chama de setores hard to abate, que são setores de muito difícil descarbonização.
08:41Então, o Brasil pode continuar se mostrando como um parceiro apto a receber investimentos dessa natureza.
08:48Acho que um outro setor que vale a pena destacar é a questão dos combustíveis de baixo carbono.
08:54Então, por exemplo, na navegação marítima, um setor em que a China é muito forte,
08:58você tem um grande percentual das emissões globais focadas nesse setor.
09:03Então, na medida em que o Brasil possa ser um polo de produção de combustíveis de baixo carbono,
09:07a China poderia ser um cliente e também um investidor nesse segmento.
09:11Então, eu acho que é olhar para o futuro, esse provavelmente deveria ser o mote da visita,
09:16e eu acho que assim será, dado que a gente já tem hoje um ambiente bastante maduro de relacionamento dessas duas economias.
09:24Larissa Varrots, sócia da Vale a Participações, coordenadora do Programa Ásia e do Grupo de Análise da China.
09:30Muito obrigado, Larissa, pela gentileza da sua participação e boa semana.
09:35Obrigada, boa semana para você também.
09:37Obrigado.
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