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No programa "Direto ao Ponto", o infectologista da Unifesp Ricardo Sobhie Diaz comentou a mudança na dinâmica da epidemia de HIV no Brasil e a desigualdade de acesso ao tratamento que se agravou com essa mudança.

Diaz, que lidera um estudo inédito de vacina contra o HIV na Unifesp, ainda afirmou que a "única coisa que possibilitou a agilidade na vacina do COVID foi a do HIV".

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Transcrição
00:00Malu Echeverria, bem-vinda, boa noite.
00:02Obrigada, boa noite.
00:04Professor, por que apesar de o Brasil ter um dos programas mais bem-sucedidos no mundo,
00:09ainda a gente vê tanta desigualdade no acesso ao diagnóstico e ao tratamento do HIV?
00:15Olha, meu conflito de interesse, eu tenho muito orgulho de ser brasileiro nesse sentido,
00:21porque a gente acompanhou e viu como é que foi o envolvimento nosso nessa luta.
00:26E é interessante notar que tudo tem nome e sobrenome em medicina, a gente tem termos técnicos.
00:35O HIV começou com um efeito fundador, ele entrou em uma camada socialmente alta de homens que fazem sexo com homens,
00:46em um local mais ou menos restrito, com grande quantidade de pessoas em São Paulo.
00:52Por que eu estou falando isso daí?
00:54Porque ao longo do tempo, a epidemia mudou, o que trouxe mais dificuldade para a gente.
01:01Então, primeiro, no começo da epidemia a gente tinha 35 homens para cada mulher.
01:07A gente chegou num momento em que a gente teve 2,5 homens para cada mulher,
01:12porque a epidemia se feminilizou.
01:15E depois, ela se interiorizou.
01:20Ela estava concentrada nos grandes centros, ela foi para o Brasil inteiro.
01:24E depois, ela se pauperizou.
01:27Ela chegou nas pessoas pobres, começou em gente rica e chegou nas pessoas pobres.
01:31Olha o tamanho do problema.
01:32Sabe o que isso quer dizer?
01:33A gente ainda tem muito preconceito com relação ao HIV, a pessoa que vive com HIV.
01:37Sabe quem não tem preconceito? O vírus.
01:39Ele foi para todos os lugares que a gente não podia nem imaginar.
01:45Vai lá, Camila Iunes.
01:47Doutor, obrigada pela disponibilidade de falar com a gente. Boa noite.
01:50A gente tem algumas outras doenças, como o HPV, a hepatite, que são doenças sexualmente transmissíveis, as ISTs.
01:57E elas têm vacina.
01:59Por que para o HIV é tão difícil encontrar o imunizante?
02:02O que esse vírus é tão diferente dos outros?
02:04Essa é uma excelente pergunta, porque as pessoas ainda falam, nossa, a gente conseguiu uma vacina tão rápida para a Covid-19, né?
02:14E a gente não conseguiu para o HIV.
02:17A gente tem motivo para isso. É um outro tipo de desafio.
02:21Explique, professor.
02:22Olha, a vacina é como se fosse a arte imitando a vida.
02:27A vida é assim.
02:28Você tem catapora.
02:29O teu corpo reconhece aquele bichinho, coloca ele para fora e aprende a se proteger dele para sempre.
02:37Você fica imune.
02:40O que é a arte?
02:41Você pega um pedacinho do vírus da catapora, eu deixo ele fraquinho, atenuado, injeta no corpo da pessoa.
02:47A pessoa não vai ter catapora.
02:48Mas ela fala isso não me pertence, joga para fora e também aprende a se defender daquilo ali.
02:54Isso é a vacina, é o princípio da vacinologia.
02:56E a pessoa fica imunizada.
03:00Não imune, mas imunizada.
03:01Em termo técnico.
03:03Nenhuma vacina é igual a você ter naturalmente uma infecção.
03:09A arte não consegue ser melhor que a vida.
03:12Eu não tenho vacina que proteja 100%.
03:14Uma vacina boa protege 95%, 98%.
03:16A da Covid muito menos.
03:19Agora, não teve ninguém até hoje que tenha adquirido o HIV e eliminado o HIV espontaneamente.
03:25A gente faz isso com hepatite C, a gente faz com hepatite B, temos vacina, a gente faz com outros bichinhos.
03:32Não com HIV.
03:34Então, olha o tamanho do desafio.
03:35A gente está querendo fazer a arte ser melhor do que a vida.
03:39Não é que isso não vá acontecer.
03:41A gente tem alguns caminhos para isso.
03:43Mas o desafio é muito maior.
03:46Leva muito tempo.
03:47E leva muito tempo.
03:48E a gente tem gasto esse tempo, não de forma à toa.
03:54Porque na hora que a gente fala, olha, a vacina da Covid-19 aconteceu em menos de um ano,
04:00é porque existia pesquisa, estrutura, investimento para a vacina do HIV.
04:06A única coisa que possibilitou essa agilidade na vacina da Covid-19 foi o HIV.
04:12Como foi o HIV que possibilitou a gente ter medicamentos novos hoje em dia, inovadores.
04:20Ó, vou te falar.
04:22Antigamente a gente pegava antimicrobianos, que são os medicamentos que matam os bichinhos, da natureza.
04:31E a gente ficava até preocupado.
04:32Alguém vai invadir o nosso território, a Amazônia, pegar os nossos extratos.
04:36O HIV mudou isso daí.
04:38A gente entendeu o ciclo de vida desse vírus dentro da gente, dentro da célula.
04:44E desenhou moléculas para inibir cada etapa do ciclo de vida do vírus.
04:49E transformou isso em medicamentos.
04:51Hoje é trivial.
04:51Hoje a gente faz isso para hepatite C, para hepatite B, para Covid, para vírus cincial respiratório.
04:57Mas quem inventou isso foi o HIV.
04:58E o mais importante disso é, não acharemos nenhum medicamento para o HIV no fundo do quintal.
05:07Estamos numa outra fase.
05:09Agora a gente desenha medicamentos de uma outra forma.
05:14Por favor, Moura, vai lá.
05:16Bem-vindo, boa noite.
05:17Muito obrigado, boa noite.
05:19Professor Ricardo, seguindo aqui nesse âmbito da prevenção,
05:23estamos falando aqui de ISTs, não só do HIV, se houve menção a outras.
05:30Em que medida, conforme a terapia pré-exposição, o PrEP,
05:36que, por exemplo, ele reduz o risco de infecção por HIV,
05:41mas as pessoas com essa segurança acabam negligenciando outras formas de prevenção,
05:47e isso abre caminho para outras ISTs.
05:50Há esse cenário, há essa preocupação de orientar a população?
05:54Ah, isso que você falou é um dado real.
05:59No geral, existe uma associação entre o uso do medicamento que vai prevenir que você pegue o HIV
06:06com o aumento de outras infecções sexualmente transmissíveis.
06:11Aumenta, aumenta tudo.
06:13Sífilis, gonorreia, clamídia, aumenta, né?
06:17E a resposta que a gente tem que dar para isso é, e daí?
06:23Não existe nada mais importante do que o que a gente conseguiu na prevenção do HIV
06:29com esses medicamentos.
06:32O resto a gente trata.
06:34As outras infecções são diagnosticáveis, são tratáveis,
06:38e a gente pode até prevenir com medicamentos também, como a gente faz com o próprio HIV.
06:42Você sabe o que acontece? A gente tem que tomar muito cuidado,
06:45porque na hora que a gente fala de PrEP, que é aquele medicamento que você toma para prevenir o HIV,
06:52isso vem com muito preconceito de algumas pessoas, e sujeito à crítica, né?
06:57Porque significa que a gente vai estar abordando práticas sexuais que tem gente que não aprova,
07:05e a gente tem que tomar cuidado com isso, porque não pode existir nenhuma barreira
07:10para aquilo que foi o único artifício que tivemos
07:16para diminuir a incidência, casos novos, de HIV no mundo.
07:22Foi isso daí, foi a PrEP.
07:24E uma das barreiras que a gente tem para a PrEP é o preconceito.
07:28Então na hora que a gente fala assim, olha, isso daí aumenta uso de drogas recriacionais,
07:34não pode deixar que esse preconceito diminua a quantidade de PrEP.
07:38Na hora que a gente fala isso aumenta, IST, a gente não pode entrar nesse caminho, né?
07:44Então aumenta, a gente resolve esse problema, é mais fácil.
07:47Até porque...
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