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No Direto ao Ponto, o infectologista Dr. Ricardo Sobhie Diaz explica que o dano causado pelo HIV em pessoas sem tratamento é cumulativo. Segundo o especialista, o vírus provoca inflamação crônica e cicatrizes nos órgãos que produzem células de defesa, tornando a recuperação mais difícil com o passar do tempo. Diaz alerta que cada minuto sem tratamento afasta o paciente da possibilidade de cura.

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Transcrição
00:00Dr. Ricardo, sabendo que temos uma parte da população hoje que tem uma alta taxa de diagnóstico tardio, que é portador do vírus e não sabe,
00:13o quanto que isso interfere no tratamento, se potencialmente possa ter uma carga viral mais alta,
00:20que isso possa ser um fator a mais para uma resistência aos tratamentos já existentes, como que o cenário público hoje atua nesse sentido?
00:30Isso daí é um ponto muito importante, porque o dano que o HIV faz no corpo das pessoas que não estão tratadas é cumulativo.
00:43Ele causa muita inflamação, ele causa uma doença inflamatória crônica, a consequência de inflamação é cicatriz.
00:51E essa cicatriz vai acontecendo onde o HIV mora, que são aqueles órgãos que produzem as células de combate às infecções, aos cânceres, etc.
01:01E aí quanto mais tempo a pessoa passa sem tratamento, mais ele vai danificando o corpo de uma forma que fica difícil de reverter.
01:12Mas, cada minuto que ele fica sem tratamento, mais ele se afasta da cura.
01:19Porque o reservatório, a quantidade de células que tem HIV, que é aquele balão que eu falei, que vai diminuindo quando você trata,
01:26ele vai aumentando, ele é muito pequenininho no começo.
01:28Ele vai aumentando ao longo dos anos.
01:31E aí, tem gente que morre de AIDS.
01:34Não devia, mas tem. Sabe por quê?
01:36Porque essas pessoas fazem o diagnóstico tão tardiamente que às vezes você não consegue controlar.
01:43E elas morrem de AIDS.
01:45Não era pra acontecer.
01:48Então, um dos objetivos que a gente tem é tentar diagnosticar as pessoas muito próximo do momento que elas pegam HIV
01:59e incluí-las no tratamento muito efetivo.
02:03A gente até corta a cadeia de transmissão, assim.
02:07E como que é a detecção entre o momento em que ela pega e o que se é detectado num exame, por exemplo, professor?
02:12O melhor marcador que a gente tem do tempo que ela tem o HIV é a quantidade de células da imunidade, que a gente chama de CD4.
02:22Você tem uma quantidade grande e aí você vai perdendo essas células ao longo dos anos
02:26e chega num nível tão crítico que você pode desenvolver AIDS.
02:30Não é um marcador bom de tempo, mas é o melhor que a gente tem.
02:34Então, se a gente faz um diagnóstico de uma pessoa que tem HIV e a quantidade dessas células é muito baixa,
02:39a gente pode supor que ela esteja com HIV há muito tempo.
02:43Então, na hora que a gente fala que o diagnóstico é tardio, que a apresentação é tardia,
02:46é porque a quantidade de pessoas com essas células criticamente diminuídas é muito grande.
02:52e é difícil a gente fazer o que a gente quer.
02:58O que a gente quer é testar todo mundo, incluir todo mundo em tratamento,
03:02mas isso não é fácil para algumas pessoas, porque às vezes a percepção do risco não existe,
03:11às vezes a pessoa tem um medo do diagnóstico.
03:14E você sabe que teve uma época que o diagnóstico era complexo, os testes não eram bons,
03:20mas hoje a gente está talvez no melhor lugar e na melhor hora para saber se tem HIV.
03:24Porque os testes são bons, a gente sabe fazer.
03:26Os medicamentos que a gente tem no Brasil são os que existem de melhor para controlar o vírus.
03:34E aqui a gente tem remédio para todo mundo, o acesso é 100%, nos Estados Unidos é 50%.
03:39Então a gente está na melhor hora e no melhor lugar.
03:43Então as pessoas deveriam se testar, a gente deveria testar as pessoas para incluir essas pessoas em tratamento
03:48e principalmente cortar a cadeia de transmissão.
03:53Rapidamente, professor, só antes de passar para a Malu, que levantou a mão.
03:55Qual que é o tempo que se leva entre o momento em que a pessoa é contaminada pelo HIV
04:02até o tempo em que se consegue detectar esse vírus num exame, por exemplo?
04:07Isso depende da tua agilidade em testar, mas assim, os estudos de história natural da infecção,
04:14termo técnico, na época que a gente não tinha medicamento e que a gente era observador da catástrofe,
04:19a gente conseguia entender a história natural.
04:22O tempo que demora para a pessoa que pegou o HIV desenvolver AIDS é em média 8,9 anos.
04:31Demora bastante.
04:32Claro que a gente tem algumas nuances, né?
04:36Por exemplo, tem gente que demora menos do que dois anos.
04:39A gente chama essas pessoas de progressores rápidos.
04:42Tudo tem nome, sobrenome, medicina.
04:43Mas o resultado já apareceria positivo no exame?
04:46Já apareceria positivo no exame.
04:48Mesmo antes desse prazo de 8 anos?
04:50Sim.
04:50A questão é que muitas vezes, como ela não percebe nenhum desenvolvimento do vírus,
04:54ela não faz o exame?
04:55Não faz o exame.
04:56Ah, tá.
04:57Por isso que eu digo, melhor hora e melhor lugar.
04:59A gente deveria testar todo mundo no Brasil, incluir essas pessoas no tratamento,
05:04e dessa forma ia ser bom para o corpo dela.
05:09Como o valor agregado,
05:11isso é muito interessante, né?
05:14Sabe, a gente dava aula de medicina e falava assim,
05:16não existe nenhuma verdade absoluta em medicina.
05:20Na vida tem, né?
05:21A morte, a gente vai morrer.
05:22Mas na medicina não tem nenhuma verdade absoluta, certo?
05:25Errado.
05:26Existe uma hoje em dia.
05:28A verdade absoluta está nessa área.
05:30Se a pessoa tem HIV, ela trata, e a carga viral fica indetectável,
05:35ela não transmite o vírus.
05:36Carga viral indetectável é não transmissível.
05:40Então você imagina que a pessoa se trata,
05:43ela está obtendo um grande benefício,
05:49porque ela está ajudando o corpo dela,
05:52e como valor agregado, ela não vai passar o vírus para o companheiro dela.
05:56Então, isso faz diferença para algumas pessoas.
06:00Nesse contexto de carga viral indetectável é não transmissível.
06:04Então, a gente corta ali cadeia de transmissão,
06:08que é uma coisa muito importante.
06:09A gente precisa ter muitos vírus para transmitir para uma outra pessoa,
06:13qualquer que você já via.
06:15Mãe para filho, transfusão.
06:18Então, se a gente diminui essa quantidade com o coquetel,
06:21a transmissão fica improvável.
06:23Se a carga viral fica indetectável, que é o objetivo do tratamento,
06:28você não enxergar mais o vírus no teste,
06:32você não transmite mais sexualmente para o seu parceiro, para a sua parceira.
06:37Isso daí, claro, não é nem certo a gente falar para as pessoas
06:41que elas têm que se tratar para não transmitir para a outra.
06:44Ela tem que se tratar por ela, pelo benefício que ela tem.
06:48Mas tem esse valor agregado, que para algumas pessoas é importante.
06:54Vai lá, Malu.
06:56O senhor falou, professor, que a gente avançou bastante na questão da testagem da AIDS.
07:01O senhor acha que um dia a gente vai ter um teste de farmácia,
07:05como acontece com a Covid, por exemplo?
07:07Teste rápido, por exemplo.
07:08Nós temos já teste de farmácia, teste rápido.
07:15Eu acho que o HIV é uma coisa tão sensível
07:20que sempre precisa ter uma ajuda na interpretação do resultado,
07:29na direção do resultado.
07:30Então, temos um teste rápido.
07:36Agora, às vezes as pessoas não estão preparadas para isso.
07:42E essa realidade do HIV é uma realidade meio estranha para algumas pessoas.
07:49Sabe aquele negócio de Deus dar o frio conforme o cobertor?
07:52Mentira.
07:52Isso é mentira.
07:54Senão ninguém ia se matar.
07:56E as pessoas se matam.
07:57Elas descobrem que tem o HIV e elas se matam, às vezes.
08:00Então, ela precisa de ajuda.
08:02E o teste rápido, às vezes, não favorece isso.
08:04É importante, mas ela precisa de ajuda.
08:07Porque é o tempo de receber o diagnóstico
08:08e, em seguida, já uma orientação de que é possível.
08:11Primeiro, o teste pode estar errado.
08:14Segundo, ela tem que ser acolhida de uma forma
08:17e a coisa tem que ser explicada para ela
08:19nesse momento super difícil para algumas pessoas
08:22do que ela tem que fazer.
08:24Tem gente que está preparada.
08:26Tem gente...
08:26Ah, perdão.
08:27É, tem gente que faz o teste, está positivo.
08:30Eu sabia que ia acontecer uma hora,
08:32então eu já vou começar a tratar.
08:34Tem gente que não imagina que aquilo pode ter acontecido.
08:37E pode ser sofrido para qualquer pessoa,
08:40porque é uma realidade sofrida.
08:41E com esses testes rápidos, são altas as taxas de falsos positivos?
08:48Não, são muito baixas, mas elas existem.
08:50Mas existem.
08:51Elas existem.
08:52Você quer perguntar também sobre isso, Camila?
08:54Pode ir.
08:55Nessa questão da testagem, de fazer o exame o quanto antes,
08:59no mundo ideal, o ideal seria fazer a testagem na população
09:02todo ano, a cada seis meses?
09:05De que forma?
09:05Qual periodicidade?
09:06A gente tem estruturas que a gente monta para isso aí no Brasil,
09:12são centros de testagem que as pessoas acham que vão se testar
09:17na hora que elas acham que precisam.
09:19Mas você sabe o que acontece?
09:20Elas preferem doar sangue para saber se tem HIV.
09:23Sabe por quê?
09:24Porque tem preconceito.
09:27Porque elas vão ser discriminadas.
09:28Isso é justo.
09:30Então existe esse tipo de coisa.
09:32Então, primeiro, elas não se testam.
09:33Segundo, elas colocam suprimento de sangue em risco.
09:36Para saber se tem ou não HIV.
09:38Isso acaba acontecendo.
09:40Então, a gente tem que ter uma forma que seja mais racional
09:46de testar a maior quantidade de pessoas possível.
09:49De novo, qualquer pessoa pode ter o HIV.
09:53Elas podem ter o HIV.
09:55Tem gente que tem mais chances, tem gente que tem menos chances,
09:58mas todo mundo pode ter.
09:59E se a gente ampliar essa testagem, incluir essas pessoas em tratamento,
10:03isso é um grande benefício para todo mundo.
10:06Para ela, para a pandemia, para todo mundo.
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