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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), defendeu a adoção da prisão perpétua no Brasil durante um encontro com agentes do mercado financeiro. Ele afirmou que os brasileiros “não estão se sentindo seguros” e que a segurança pública será um dos principais temas da eleição de 2026. Tarcísio também elogiou o modelo de combate ao crime adotado por Nayib Bukele em El Salvador.
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NotíciasTranscrição
00:00Mas falando em Tarcísio de Freitas, teve uma manifestação dele que é importante que nós analisemos aqui.
00:06Eu quero inclusive trazer essa fala, essa declaração do governador Tarcísio de Freitas.
00:11Ele defendeu a adoção da prisão perpétua no Brasil para alguns crimes.
00:16A fala aconteceu durante um encontro com agentes, com integrantes do mercado financeiro.
00:21A nossa produção inclusive separou a fala do governador Tarcísio. Vamos acompanhar.
00:26A mudança de legislação, ela é bem-vinda e ela é necessária.
00:32E eu defendo algumas mudanças que sejam até radicais.
00:36Que a gente comece a realmente enfrentar o crime com a dureza que o crime merece enfrentar.
00:42Eu não acho, por exemplo, nenhum absurdo você ter a prisão perpétua no Brasil.
00:45Eu acho que a gente tem que aproveitar para repassar aquilo que a gente está fazendo.
00:51Mal comparando, vamos ver o que o Bukele fez em El Salvador.
00:55O que era e o que é.
00:57Agora, se a gente traz segurança para as pessoas, a gente está trazendo também segurança para os investidores.
01:04Pois é, o governador disse que as pessoas não estão se sentindo seguras.
01:09E por essa razão, a segurança pública vai ser o grande tema nas eleições de 2026.
01:13E ele, como pudemos acompanhar, defendeu o trabalho, a estratégia do presidente de El Salvador, Naíbe Bukele, no país.
01:21O Salvadorinho ficou muito conhecido, muito famoso.
01:24Ele adotou aquela política de tolerância zero contra o crime organizado.
01:29Força bruta ali no combate ao crime.
01:33E também a construção de um mega presídio com capacidade para 40 mil bandidos.
01:39Enfim, a gente vai discutir esses aspectos trazidos pelo governador Tarcísio.
01:43Mas eu quero lembrar, você que nos acompanha, que o tema da nossa enquete trata justamente dessa situação que trouxe Tarcísio de Freitas.
01:53Você, que nos acompanha, acha que o Brasil deveria adotar um sistema parecido com o El Salvador?
02:00Na segurança pública, no sistema prisional?
02:03Isso é aplicável no Brasil?
02:05Você acha que é possível que a gente consiga implementar esse modelo num país bem maior do que em El Salvador?
02:12Gostaríamos de saber o que você pensa sobre isso.
02:14Jovempan.com.br é o nosso portal de notícias.
02:18Você vai, ali na primeira capa, na primeira página, você vai identificar a enquete do programa Os Pingos nos Is, vota.
02:26Se puder, vote também no YouTube de Os Pingos nos Is.
02:30A gente conta com você com a sua manifestação.
02:31Daqui a pouco eu trago uma parcial e, no final, a gente vai trazer o posicionamento da nossa audiência durante todo o programa.
02:38Então, vote no portal da Jovempan e também no nosso YouTube.
02:42Enfim, eu estou fazendo essa introdução para passar para o nosso comentarista para receber a rede.
02:47Todos vão acompanhar a análise do Roberto Mota.
02:49Deixa eu receber as pessoas que nos acompanham pela rede Jovempan.
02:53Roberto Mota fará a análise sobre um posicionamento de Tarcísio de Freitas em um evento.
02:57Ele defendeu a prisão perpétua no Brasil para alguns crimes, inclusive elogiou o modelo de El Salvador.
03:04Mota, o que você pensa sobre essa reflexão feita por Tarcísio?
03:09Pela primeira vez, eu vou discordar do governador Tarcísio.
03:15Porque eu não acho que prisão perpétua seja uma medida radical.
03:21Eu não vejo nada de radical nela.
03:24O Brasil, finalmente, tem líderes preparados para enfrentar o crime.
03:31E a postura do governador Tarcísio é uma prova disso.
03:37Esse preparo para enfrentar o crime, ele envolve duas coisas.
03:42Primeiro, é o conhecimento de uma coisa chamada teoria econômica do crime.
03:48Essa teoria que deu ao seu, um de seus criadores, o economista Gary Becker, o Prêmio Nobel de 1992,
03:56é amplamente desconhecida e ignorada aqui no Brasil.
04:00A esmagadora maioria dos nossos especialistas em segurança pública,
04:07aquela turma que se veste meio descolado, que tem sempre uma pegada diferente para falar dos criminosos,
04:15que sugere que a polícia use pedras para enfrentar fuzis,
04:20essa turma desconhece a teoria econômica do crime em detalhes.
04:24A teoria diz o seguinte, o criminoso, ele é movido a incentivos e punições.
04:30Se você reduz os incentivos e aumenta as punições, as pessoas vão pensar duas vezes antes de cometer o crime.
04:40Mas há um outro componente essencial nisso, que é brilhantemente demonstrado pelo governador Tarcísio nessa fala dele.
04:51O combate ao crime é uma decisão moral.
04:56Ninguém consegue combater o crime de verdade se não tiver a convicção de que o criminoso está errado,
05:04que ele violou direitos e ele precisa pagar pelo crime que cometeu.
05:12O criminoso não precisa de acolhimento.
05:15O criminoso não precisa de recolocação profissional.
05:20O criminoso não precisa de educação.
05:23Alguns dos criminosos mais bárbaros do Brasil e do mundo têm curso superior.
05:29O que o criminoso precisa é enfrentar as consequências dos seus atos.
05:37E isso, em alguns casos, significa passar o resto da sua vida isolado da sociedade.
05:46Porque a sentença do criminoso jamais pode ser mais leve do que a sentença da vítima.
05:53As reflexões dos nossos comentaristas sobre a fala de Tarcísio de Freitas defendendo, em alguns casos, prisão perpétua aqui no Brasil.
06:03Dávila.
06:04A prisão perpétua é importante, principalmente em alguns crimes.
06:09Por exemplo, líder de facção tem que ter prisão perpétua.
06:12É uma das formas fundamentais para inibir pessoas a entrar nessa carreira do crime e continuar matando pessoas, traficando drogas e causando esse desastre que é o Estado brasileiro, cada vez mais caminhando rumo ao narco-estado.
06:27Então, o país democrático, a Itália, tem plena perpétua para quem é líder de máfia.
06:34Então, eu vou ter que fazer igual.
06:35Segundo ponto, Caniato, e aí a minha discordância um pouco com o governador, é para de olhar para esse negócio de El Salvador.
06:44Vamos olhar para os países democráticos que reduziram o crime.
06:47A política nos Estados Unidos, lá em Nova York, foi a política da janela quebrada.
06:54São penas duras, são polícias que atuam de maneira dura com uma justiça competente.
07:00Fecha nos Estados Unidos, mas não deu minutos depois que houve o tiro nos dois guardas lá, já pegaram o criminoso, já está preso, já vai responder processo.
07:09Não tem essa coisa da impunidade, que é o que o Mota está dizendo dos incentivos errados.
07:13Então, os bons exemplos de política pública de segurança estão nos países democráticos.
07:20E a gente tem que seguir essa linha.
07:22Nós somos uma democracia e não atitude de regime autoritário.
07:27Não, vamos olhar para as democracias, as democracias que têm pena perpétua, têm pena dura, têm justiça eficiente e cria enorme desincentivo para as pessoas entrarem no mundo do crime.
07:39Então, eu espero que, inclusive nessa PEC de segurança, que o deputado Mendonça Filho está relatando, que venham, assim, penas duríssimas para combater o crime organizado.
07:49Nós precisamos de uma legislação específica, que é essa lei antimáfia, que é fundamental para avançarmos neste tema.
07:57Agora, se não combater impunidade na justiça, Canhato, você pode ter a lei mais dura do mundo, que você vai continuar estimulando as pessoas a continuar no crime.
08:05O Dávila mencionou a PEC da segurança pública.
08:08Daqui a pouco a gente vai trazer a informação, viu, Dávila?
08:10O Gomota sinalizou que o relatório deverá ser apresentado na semana que vem.
08:14Mas daqui a pouco a gente debate isso.
08:16Deixa eu escutar o que o delegado Palumbo tem a dizer sobre essa defesa de Tarcísio de Freitas em relação à prisão perpétua,
08:22que parece um tabu, né?
08:24Quantas vezes já não discutiram a possibilidade de instituir a prisão perpétua aqui no Brasil?
08:31Enfim, queria escutar o delegado.
08:35Eu concordo com o governador Tarcísio.
08:37Eu acho que esse seria um ponto fundamental para a gente começar a diminuir a criminalidade,
08:41mas a gente precisaria mudar a Constituição ou ter uma nova Constituinte.
08:44porque, infelizmente, isso seria uma realidade boa para o cidadão do bem,
08:49mas, infelizmente, ainda não se pode ter isso porque a Constituição proíbe.
08:55O bandido, o ladrão, o criminoso, o traficante,
08:59ele entende duas coisas e tem temor de duas coisas.
09:02De ser preso e ter uma punição que vai realmente punir, como o nome fala,
09:08ou então morrer numa eventual troca de tiro com a polícia.
09:12Esses são os temores do bandido.
09:14Mas, no atual cenário, a gente vê 70% dos presos voltando a cometer o mesmo tipo de delito na reincidência.
09:22A gente vê progressão de regime, que vamos falar da pena do feminicídio,
09:27que chega a 40 anos, mas aí cumpre uma parte, vai diminuindo, vai para o semiaberto
09:32e depois vai para o aberto.
09:34Ou seja, 40 anos muito bonito só no papel, mas, na realidade, não fica 40 anos.
09:41Então, nós temos que acabar com a progressão de regime também.
09:44Principalmente nos crimes mais graves, nos crimes hediondos.
09:48Agora, se tivéssemos a prisão perpétua no Brasil,
09:53eu acho, eu acredito, eu acho não, eu tenho certeza absoluta que é despencar os indiscriminados.
09:59Porque o bandido de 18 anos pensa assim, se eu roubar uma moto, se eu matar, se eu cometer o crime de latrocínio,
10:09que é o roubo seguido de morte, eu nunca mais saio da cadeia.
10:13Mas esse mesmo bandido, olhando o atual cenário do Brasil, ele rouba, ele mata, ele vai para uma audiência de custódia e o juiz solta.
10:25Ele responde em liberdade, ele é preso novamente.
10:28E nessa mesma audiência de custódia, o juiz não pode sequer citá-lo nos processos anteriores.
10:36Ou seja, hoje, a audiência de custódia no Brasil presta um desserviço à população do bem.
10:43Porque imagine todos os processos que estão rolando contra um criminoso.
10:48O juiz não pode citá-lo desse processo.
10:53Mas o que muda isso, delegado?
10:55Muda muito.
10:56Porque enquanto não tem a citação, o processo se mantém suspenso.
11:01Ou seja, parado.
11:02Até um oficial de justiça chegar, olha, você vai responder pelo crime tal, você foi denunciado.
11:07Aí começa a andar o processo.
11:09Olha o absurdo.
11:11A quantidade de presos que vai parar em audiência de custódia e o juiz não cita esses indivíduos, essas pessoas que deveriam ser citadas, é gigantesco.
11:22Eu acredito piamente nisso, concordo com o governador Tarcísio, que prisão perpétua diminuía muito os índices criminais.
11:31O preso ia pensar, não dez vezes, ele ia pensar mil vezes antes de cometer o delito.
11:37E El Salvador é um grande exemplo disso.
11:39A gente vê as imagens da cadeia, dizem que não tem odor, não tem cheiro.
11:45Os presos respeitam os policiais penais, ao contrário do Brasil, que eles ameaçam e subjugam o tempo todo os policiais penais,
11:53que não tem mais o poder de mandar na cadeia.
11:55Quem manda na cadeia são os detentos e não é culpa do policial penal, que fica refém desses criminosos.
12:00O preso faz o que quer, recebe o celular, recebe quatro refeições.
12:03Não é obrigado a trabalhar, ele trabalha se ele quiser caninhar até a audiência.
12:08Olha o absurdo.
12:09Espera um pouquinho.
12:10Você roubou, você vai trabalhar.
12:13Nem que foi em obra pública do município, do estado, do governo federal, mas você vai trabalhar.
12:18Parte desse dinheiro vai para a vítima.
12:20Temos no Brasil o auxílio reclusão.
12:22Você quer mais absurdo que isso?
12:24Que parte do dinheiro vai para familiares do preso e se esquece da família da vítima.
12:31Então tá certo o governador Tarcísio, eu critico ele quando tem que criticar, mas vou aplaudir quando tem ideias boas.
12:37O Brasil precisa de uma legislação dura, eficiente, uma nova constituinte, prisão perpétua sim.
12:45E trabalho não é faculdade.
12:46Não, eu vou escolher se eu quero trabalhar.
12:48Não, você vai trabalhar sim, para pagar a sua alimentação.
12:53Você vai trabalhar para pagar o prejuízo que você deu para a vítima.
12:56Você vai trabalhar para sustentar os seus filhos.
12:59E se fizer greve de fome, paciência, morra de fome.
13:02Ah, coloquei fogo no colchão, numa rebelião.
13:04Dorme na pedra.
13:06O colchão está aqui.
13:07É seu, para você dormir.
13:08Você colocou fogo, agora você dorme no chão.
13:11Pronto.
13:12A gente tem que parar de passar a mão na cabeça de criminoso.
13:14Porque quem está sofrendo aqui fora é o trabalhador, é a Dona Maria, o seu José, o seu Mário,
13:19que acorda quatro horas da manhã, pega uma marmita, pega um ônibus e é roubado o tempo todo
13:23nas mãos desses criminosos que tem dez, quinze, vinte, trinta passagens de criminais.
13:27Ninguém aguenta mais esse tipo de situação, Caniato.
13:30Mota, queria escutá-la a respeito do modelo de El Salvador.
13:34Vários governadores políticos, recentemente Eduardo e Flávio foram visitar El Salvador,
13:43enfim, há várias lideranças que usam El Salvador como um exemplo a ser seguido.
13:48Mas é um, digamos, um modelo meio controverso.
13:51Até quem defende o endurecimento da legislação, das penas, tem gente que não concorda com esse estilo.
13:58Enfim, poderíamos nos inspirar no modelo Bukele? No quê?
14:04Bom, primeiro, Caniato, eu vou dizer aqui, sem modéstia nenhuma,
14:08que a maioria das pessoas que palpita sobre o assunto criminalidade, segurança pública,
14:14não tem a mínima ideia do que está falando, né?
14:16O Brasil antigamente era o país dos técnicos de futebol.
14:19Quando eu era criança era assim.
14:21Todo mundo tinha na cabeça a escalação de time.
14:24Hoje o Brasil é o país dos especialistas em segurança pública.
14:27Todo mundo tem lá as suas propostas, as suas ideias.
14:30A maioria nunca abriu um livro sobre o assunto.
14:34A maioria nunca conversou com um policial, um promotor ou magistrado para conhecer a realidade.
14:40Então vamos comer esse boi aos bifes.
14:43Primeiro, existem várias alternativas.
14:47El Salvador não é o único caminho para o Brasil sair da crise de criminalidade.
14:52Um outro modelo é o modelo, por exemplo, dos Estados Unidos.
14:56É um modelo onde os Estados têm enorme liberdade para adotar as medidas.
15:03Então tem Estado que tem pena de morte, o outro não tem.
15:06Tem Estado que tem prisão perpétua, o outro não tem.
15:09Tem Estado que admite o uso de maconha, o outro não admite.
15:12E cada Estado faz o que quer.
15:14Então não existe um único caminho.
15:16O outro ponto é que, por todos os relatos que eu tenho, eu nunca fui a El Salvador, mas eu conheço várias pessoas que eu respeito profundamente e que entendem de segurança pública que foram lá.
15:31E o que eles me dizem é o seguinte, não existe nenhuma violação de direitos humanos nem de democracia em El Salvador.
15:38Tudo o que está sendo feito lá foi feito dentro do chamado modelo democrático.
15:45O Bukele não é um ditador.
15:46O Bukele foi eleito.
15:48As medidas que o Bukele implantou foram aprovadas pelo Congresso.
15:52O que acontece?
15:54E me perdoe se esse meu comentário vai magoar alguém.
15:57Mas o que acontece é que nós fomos, durante muito tempo, submetidos a uma dieta de doutrinação.
16:04E ainda nos choca o fato de ver uma quantidade enorme de criminosos violentos, assassinos, traficantes, chefes de facção, presos.
16:15Mas é isso que tem que acontecer.
16:18E eu vou explicar por que isso acontece, Caniato.
16:20Eu, a primeira vez que eu fui a um presídio, eu fiquei chocado.
16:26Porque não é normal você ver uma pessoa presa numa cela.
16:31O resto da vida dele, isso não é normal.
16:34Isso faz mal para um cidadão comum.
16:37E sabe qual é a grande sacada que eu tive, Caniato, quando eu fui num presídio?
16:42É que quando você vai num presídio e você olha o preso, você vê o ser humano.
16:46Você tem uma empatia natural, porque você imagina...
16:50E se eu estivesse no lugar dele...
16:51Agora, sabe o que você não vê quando você vai a um presídio?
16:55Os crimes que aqueles caras cometeram.
16:58Isso você não vê.
17:00E uma das coisas que mais me chocou, Caniato,
17:02nessa primeira vez que eu fui ao presídio, eu vi um senhor distinto, de cabelo branco.
17:07Parecia um banqueiro.
17:09Parecia um ator de telenovela.
17:11E eu fiquei, caramba, eu fiquei pensando, o que esse sujeito está fazendo ali?
17:15Aí eu chamei o diretor e perguntei...
17:18Olha, não sei se o senhor pode me dizer se tem algum regulamento que proíba,
17:22mas eu queria saber o que aquele senhor estava fazendo ali.
17:25Ele estava ali por abuso sexual de crianças, Caniato.
17:30E eu estava ali compadecido, com dó dele.
17:34Então é preciso a gente ter muito cuidado quando a gente dá palpite sobre uma coisa como essa,
17:39porque não existe outro caminho para combater o crime, a não ser reprimir os criminosos.
17:46É o Salvador é um caminho, os Estados Unidos são outro caminho, há outros caminhos.
17:52Agora, não existe nenhum único país no mundo que tenha resolvido a sua crise de criminalidade
17:59suavizando as penas, acolhendo os criminosos, desencarcerando,
18:06que é o que o Brasil faz há muito tempo.
18:10Dávila, só para a gente passar a régua nessa discussão que envolve El Salvador,
18:15muitas lideranças usam, como exemplo, é possível se inspirar em alguns aspectos.
18:21Mas há quem diga, é difícil você aplicar em 100% por conta do tamanho dos países.
18:27O Brasil é muito maior do que El Salvador.
18:29Então seria muito difícil você replicar esse modelo aqui no Brasil.
18:34Mas talvez alguns aspectos poderiam ser adotados aqui.
18:39Enfim, essa mudança que muitos cobram passa necessariamente por esse aspecto que o Mota discorreu,
18:46dar mais autonomia aos Estados?
18:50Com certeza.
18:51Essa é uma das virtudes do federalismo.
18:54Então, dar mais autonomia aos Estados para resolver as questões de segurança pública é fundamental.
18:59Agora, tem um crime que tem que ser tratado em política nacional, federal, por exemplo,
19:04que é o combate ao crime organizado.
19:06E aí, eu venho conversando muito com o nosso promotor de São Paulo, o Lincoln Gacchia.
19:11E ele é um desses que segue exatamente o que a gente tem que fazer quase que um copy-paste da lei italiana.
19:17Ele falou, ali tem uma lei antimáfia perfeita, como é que é criada aquela lei antimáfia,
19:20como é que é a organização independente que vai coordenar o esforço com as polícias federal e estaduais.
19:29Está ali tudo.
19:29Ele falou, está tudo mastigado.
19:32Então, eu entendo que a gente tem que pegar os melhores exemplos de todos os lugares.
19:36Se tem uma lei antimáfia que funcionou na Itália, bom, então vamos adequá-la ao Brasil.
19:40Se temos uma estrutura federalista, vamos dar mais autonomia aos governos estaduais
19:45para tratar das questões penais de acordo com as realidades locais.
19:47E outra coisa que é muito importante, e o Mota mencionou nisso, é para testar política pública.
19:55Um Estado vai ser mais tolerante, outro vai ser mais rigoroso, um tem pena de morte, outro não tem.
19:59E aí vamos ver qual é o resultado final que isso tem na redução da criminalidade.
20:03Então, é sim, existem excelentes modelos para ser seguido.
20:10E eu acho que é fundamental mergulhar para cada tipo de caso, nós vamos precisar de talvez um modelo melhor do que outro.
20:19Então, assim, para o crime comum, melhor a gente ter mesmo, mais descentralização,
20:23cada Estado vai tomar conta da sua política de segurança pública.
20:28Para o combate ao crime organizado, que é uma coisa transnacional,
20:31a gente precisa de um governo federal, e aí precisa de um outro tipo de legislação.
20:35Então, é isso mesmo.
20:36Agora, tudo se resume ao que o Mota bem disse, é diminuir a impunidade,
20:42aumentar o custo do crime e botar gente na cadeia.
20:47É isso que a gente precisa fazer.
20:48Se não tivesse essas três vertentes, então não tem nada, então nada vai funcionar.
20:57Delegado Paulo, além dessa discussão sobre a prisão perpétua,
21:00há outras coisas mais palpáveis, possíveis de serem realizadas a curto e médio prazo.
21:10Vocês que integram a bancada da segurança pública na Câmara dos Deputados,
21:13certamente tratam de muitas questões que envolvem visita íntima, audiência de custódia
21:19e tantos outros benefícios que os detentos hoje em dia têm.
21:23O que, na visão do senhor, seria prioridade, ou quais elementos deveriam ser tratados com urgência na Câmara Federal?
21:33Acabar com a progressão de regime, o preso tem que entender que se ele pegar uma sentença de 20 anos,
21:41ele vai ficar 20 anos.
21:43Ele não pode ficar 4 ou 5 e ir pra rua.
21:46Ele não pode ter uma pena de roubo de 10 anos e ficar 3 anos e ir pra rua.
21:50Ele não pode ter uma pena do tráfico de drogas, porque a pena mínima é 5 anos,
21:55podendo passar mais de 15, dependendo das qualificadoras dos aumentos de pena,
22:00e ficar 2 anos, ou ter a figura do tráfico privilegiado que se criou.
22:05É complicadíssimo.
22:06Veja o traficante.
22:07O traficante é aquele que tá vendendo ali na boca de fumo,
22:10que sustenta todo o tráfico,
22:11porque se não tiver uma boca de fumo ou tiver alguém que vai entregar,
22:15não tem o tráfico de drogas.
22:16Ele percebeu, sendo preso várias vezes, se ele ficasse com pouca quantidade de droga,
22:22ele não ia ficar muito tempo preso a tráfico privilegiado, que tava com pouca quantidade.
22:27Quer dizer, o traficante engana o judiciário,
22:30engana a legislação, engana, porque ele fica com pouca quantidade.
22:34Pra que eu vou ficar com 3 tijolos de maconha numa biqueira,
22:38se eu ficar com 5 paranguinhas, 5 maconhas no meu bolso,
22:43eu vou passar como usuário, se eventualmente eu for preso, tráfico privilegiado.
22:49Então é tão absurdo.
22:51Agora, eu vejo com esse governo, é quase que impossível a gente ter uma mudança,
22:56a não ser que haja um clamor público exagerado,
22:59porque até no projeto de lei que eles mandaram,
23:02tinha a figura do faccionado privilegiado.
23:05Desde quando um faccionado, um homem, uma mulher que pertence ao Comando Vermelho,
23:10terceiro comando puro, o PCC, ele vai ser privilegiado.
23:16Não dá pra gente aceitar uma atitude como essa.
23:18Então, acabar com a progressão de regime,
23:21acabar com essa porcaria de audiência de custódia,
23:23que não serve pra absolutamente nada.
23:26Não serve pra nada audiência de custódia.
23:29Serve somente pra dar voz para preso.
23:31Não se tem capacidade de citar o preso nos outros processos.
23:34O preso sai de lá dando risada da cara da justiça, da população, de todo mundo.
23:40É tão absurdo que eu não sei se eu já contei isso.
23:44Quando implementaram essa porcaria chamada de audiência de custódia,
23:47foi implementada de segunda a sexta-feira.
23:51Os presos, pelo menos eu estava na divisão de operações especiais
23:54que nós prendíamos na quinta-feira, por exemplo, na quarta-feira,
23:58vários deles me relataram, inclusive um sequestrador.
24:01Eu não cometo mais crime de sexta-feira.
24:04E eu perguntei, por que não?
24:05Porque de sábado não tem audiência de custódia, eu vou ficar preso.
24:08Olha que ponto a gente chegou.
24:11Tem que ouvir isso de um sequestrador,
24:14que ele deixou de cometer sequestro na sexta-feira com medo de ficar preso,
24:18porque no sábado não tinha audiência de custódia.
24:20Agora tem todos os dias.
24:22Então, na cabeça desse sequestrador, que aliás já deve estar solto,
24:24eu vou cometer crime toda hora, porque eu saio na audiência de custódia.
24:27A audiência de custódia é um retrocesso.
24:30E aí o ministro se aplaude, que fala que 40% dos presos saem na audiência de custódia.
24:36Isso é bom pra quem?
24:37O preso não tem punição.
24:39E na própria audiência ele recebe uma refeiçãozinha lá, um suquinho.
24:44E às vezes o trabalhador vai trabalhar com a barriga vazia.
24:49Olha o absurdo que a gente chega.
24:50Então, acabar com a progressão, acabar com a audiência de custódia,
24:53acabar com visita íntima.
24:55É isso mesmo.
24:55Cadeia não é motel.
24:59Você vai conversar com a sua família, se for um filho pequeno,
25:02pode entrar, pode abraçar, pode entrar sua mulher, pode...
25:05E não passa disso.
25:07Não, cadeia não é motel.
25:10Quer ter relações sexuais?
25:12Não cometa crime.
25:14O homem, ele ia pensar dez vezes antes de cometer crime.
25:18Mas a gente vê fila de mulheres que são apaixonadas,
25:21que têm fetiche por presos, que vão lá, faz a carteirinha,
25:25não é nem casado, não é nada.
25:27Ah, é minha mulher, vai lá e visita.
25:29Posta nas redes sociais.
25:31Ou seja, cadeia resort.
25:34Na cabeça do criminoso, do brasileiro, cadeia resort.
25:37Ele chega, tem quatro refeições, não é obrigado a trabalhar.
25:40Ele pega um celular para cometer crime.
25:42Ele tem direito a visita íntima.
25:43Se ele trocar de mulher, vem outra mulher.
25:45E vem outra, e vem outra, e vem outra.
25:47Está lá descansando.
25:48Como eu já ouvi de preso, de criminoso.
25:52Falou para mim.
25:53Que eu prendi ele e falou assim, agora eu vou descansar na cadeia e fazer uma poupança.
25:58Como assim fazer uma poupança, ladrão?
26:01Como assim?
26:02É, porque agora eu pego um celular, cometo o crime lá de dentro.
26:05Comando o crime lá de dentro.
26:07Vou ter a minha porcentagem.
26:09E vou dar uma descansada, porque eu sei que daqui a pouco eu estou na rua.
26:12Eu já ouvi isso.
26:14Mas quem não está acostumado com o ambiente policial, como o próprio Mota falou,
26:18quando vê um criminoso com a cabeça baixa, se comove, fica com dó.
26:23Agora, todo policial que tem experiência de rua, nem todos,
26:26porque tem uns que nunca prenderam nem o dedo na porta.
26:29Foram maçaneta a vida inteira.
26:30Abriram e fecharam porta para chefe, para comandante, para delegado.
26:33Ou ficaram dirigindo e passando pretinho no pneu.
26:36Foi a única coisa que fizeram na vida e são promovidos rapidamente.
26:38Agora, aquele que trabalha vai parar na cojidoria diversas vezes.
26:41Ele não se comove com o bandido.
26:44Ele se comove com a mãe da vítima, que teve o filho, como o Mota falou,
26:50que foi violentado por um homem que parecia um banqueiro.
26:54Escutando o que o delegado Palumbo compartilha aqui com a gente,
26:58pensamos, a gente acaba fazendo justamente essa reflexão, né?
27:02Quantas coisas não precisam ser consertadas.
27:05Eu vi que o Mota fez algumas anotações.
27:06Talvez tenha um complemento a fazer.
27:08Daqui a pouco a gente vai trazer informação sobre a PEC da Segurança Pública.
27:11Quer fechar só essa discussão, Mota? Vai lá.
27:14Quero, sim.
27:15Eu só queria dizer que, além de concordar com tudo isso que o delegado falou,
27:21eu sempre preciso lembrar.
27:24Por trás de tudo isso, tem que existir a reprovação moral do crime.
27:31Enquanto as pessoas acharem que o criminoso é um pobre coitado,
27:35enquanto as pessoas tiverem pena desses bandidos,
27:39que, como o delegado disse, fazem o cálculo.
27:44Não vou roubar na sexta porque não tem audiência de custódia.
27:48Eles fazem o cálculo.
27:50Caniato, eu já ouvi de dois criminosos aqui em Ipanema.
27:54Já faz muito tempo isso.
27:56Mais de uma década.
27:58Um criminoso falando para o outro,
28:00vai nela que é fácil.
28:02Sabe quem era?
28:03A ela era uma mulher grávida com um filho
28:06e estava voltando da praia no domingo em Ipanema.
28:10E aí os dois pivete, desculpe,
28:13adolescentes em conflito com a lei,
28:16é o termo correto,
28:18decidiram ir em cima da mulher grávida.
28:20Punição para o criminoso.
28:24Essa é uma ideia que tem que pegar.
28:26Essa ideia tem que ser ensinada nas escolas.
28:29Sabe o que mais precisa ser ensinado?
28:33Reprovação às drogas.
28:35Nós estamos imersos numa narcocultura.
28:38Ao mesmo tempo em que se convenceu a sociedade brasileira
28:43de que o cigarro faz mal,
28:46todo mundo parou de fumar.
28:47Quando eu era jovem, quando eu era criança,
28:48todo mundo fumava no Brasil,
28:50era glamouroso.
28:52Fizeram uma campanha.
28:53Acabou praticamente.
28:56Acabaram os fumantes.
28:57Em compensação, fizeram uma campanha
28:59para glamourizar o uso da maconha.
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