Pular para o playerIr para o conteúdo principal
No debate sobre o Dia da Consciência Negra, a economista Lia Lopes, do Corecon/SP, explica que a formação do Brasil foi "muito distinta dos EUA", o que resulta em racismo de naturezas diferentes.

Ela detalha como a história da escravidão no país e a forma como a libertação ocorreu interferiram diretamente na desigualdade racial, impactando, até hoje, todos os setores da sociedade brasileira.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/EJY9M4xijUA

Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#VisãoCrítica

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Eu apresento para você essa questão no campo econômico.
00:03Você mostrou que há uma clara diferenciação salarial racial no Brasil.
00:11É possível a gente ter números?
00:13Eu sei que tem estudos mais recentes, acho que tem, não sei, eu passo isso pelos jornais,
00:18não sou um especialista nessa questão, longe disso.
00:20Mas em cargos de direção, de chefia, eu vejo que muitas vezes tem algumas empresas importantes,
00:26não vou fazer propaganda das empresas aqui, mas uma delas é a Magazine Luiza,
00:31que fez há tempos atrás uma intervenção interessante nessa questão,
00:35e que alguns acharam que era oportunista para aparecer.
00:38Não, é uma...
00:39E como é que essa questão, por exemplo, que é muito raro você encontrar em cargos de chefia, de direção,
00:46se eu estiver enganado, você me corrija, negros ou mulatos aqui no Brasil.
00:50E olha que nós estamos falando com a política de cotas que tem um certo tempo.
00:53O Brasil até é nesse século, mas é muito raro.
00:57O que acontece?
00:58Quer dizer, você vê a morte capital negra do Brasil, creio que seja salvadora em população,
01:04nunca teve um prefeito negro.
01:06Eu estou tentando lembrar rapidamente.
01:08São Paulo, por incrível que pareça, teve.
01:11Então veja que alguma coisa estranha na Bahia.
01:14Eu pergunto a você, nesse campo de chefias, de cargos de comando,
01:20de causar estranheza quando o chefe é negro,
01:22falar, será que eu estou na sessão certa?
01:25Esse tipo de comportamento que eu estou falando é uma coisa horrível que eu estou dizendo,
01:29mas de forma sincera.
01:30As pessoas falam assim, mas será que ele é o chefe e tal?
01:33Como é que é isso nessa questão das empresas,
01:37do funcionamento interno das empresas, das promoções,
01:40que com todos os problemas que existem, no caso, o norte-americano,
01:43nós nunca tivemos Kuklus Klan aqui, por exemplo,
01:46nunca tivemos um estado do Alabama aqui,
01:48nunca precisamos da Suprema Corte autorizar uma aluna a ir à escola pública,
01:53como lá nos anos 50,
01:54porém, no caso do norte-americano, com todos os problemas que teve lá,
01:58é possível encontrar em cargos de direção de empresas negras,
02:01inclusive chefiando a Forças Armadas.
02:03Vamos levar ao Colin Powell.
02:05No caso brasileiro, não.
02:06Como é que fica isso?
02:07Olha, Vila, eu acho que, assim, comparativamente, né, Brasil e Estados Unidos,
02:13eu acho que a nossa estrutura colonialista,
02:16a formação do nosso país foi muito distinta da dos Estados Unidos,
02:21e, consequentemente, a forma como o racismo se estruturou nesses países também é distinta.
02:28E eu, a gente, inclusive o Corecom, realizou essa semana um evento,
02:34onde a gente chamou, né,
02:36Fundos que Investem em Promoção de Igualdade Racial no Brasil,
02:39que já existem há 15, 20 anos,
02:43e me chamou a atenção um dos nossos convidados,
02:46que trouxe que a abolição, como você enalteceu aqui no início do diálogo,
02:52aconteceu em 1888 e a República em 1889, um ano depois.
02:58E ele relacionou, ele explicou que essa relação da República
03:02teve também como base a revolta dos próprios latifundiários, né,
03:08donos de terra naquela época,
03:09que, com a libertação dos escravizados,
03:12tinha que ter alguma outra maneira de reverter essa situação.
03:17Então, você coloca na rua pessoas sem nenhum direito,
03:20sem nenhuma estrutura, sem nenhum recurso,
03:22e aí, em 1889, você decreta, né,
03:26a República do nosso país,
03:28e você começa uma política institucional de Estado,
03:33de imigração branca,
03:35pra fazer um processo de embranquecimento do nosso país.
03:38Então, essa estrutura, ao meu ver,
03:41ela, por si só, ela tá enraizada na estrutura de Estado,
03:45e ela se espalha pra todos os outros setores da nossa sociedade.
03:49Então, o setor de empresas, o setor privado,
03:52não está aquém desse cenário, né?
03:55E aí, vindo pra sua questão, especificamente, né,
03:58o que a gente tem percebido é que,
04:01no caso, a Magazine Luiza fez um programa de trainee
04:04focado especificamente para a população negra,
04:07na época, ela fez consultoria com instituições negras
04:11pra colocar esse programa de trainee,
04:13foi uma das primeiras empresas que teve coragem
04:15de olhar pra sua estrutura institucional,
04:18fazer pesquisas internas,
04:20e perceber que não havia ascensão
04:22dessas pessoas em cargos de liderança,
04:24mesmo sendo a principal base do público, né,
04:28que trabalha na empresa, sendo negros e negras,
04:32e foi muito, na época, inclusive,
04:35foi muito debatido em mídia, né,
04:37outras empresas pegaram esse exemplo
04:40e colocaram também como suas ações,
04:42mas outras ficaram receosas, né,
04:45com o tipo de discriminação à reversa, né,
04:48esse argumento que não se concretiza,
04:51não se materializa,
04:53e o que se percebeu, inclusive,
04:55tivemos a oportunidade de já ouvir
04:57Luísa Trajano falando sobre esse assunto,
05:00é que depois que foi instituído
05:02esse programa de trainee
05:04focado em população negra
05:05dentro da empresa dela,
05:07houve ali uma ascensão da população.
05:11Se você olhar pras outras empresas,
05:14Vila, o que você percebe
05:16é que, novamente,
05:17a gente tá num processo de bolha, né,
05:19em que, geralmente, o convívio
05:22e o acesso a determinadas posições de liderança
05:24perpassa por ambientes de convência
05:27em que essas pessoas têm o famoso QI,
05:29que é indica, né,
05:31e quando você não consegue romper essa estrutura,
05:34dificilmente você tem diversidade
05:35nesses espaços, né,
05:37mas de anos pra cá,
05:39o que a gente tem percebido,
05:40inclusive, estive também na B3 essa semana,
05:43e a VP, a vice-presidente da B3,
05:46Ana Buxain, comentou
05:48que a B3 foi uma das instituições
05:50que criou um índice
05:51e influenciou o mercado
05:53no sentido de garantir diversidade
05:56nos cargos de chefia,
05:58liderança e conselhos de empresas, né,
06:02sociedades abertas, né,
06:04que têm ações na Bolsa.
06:07E o que tem se percebido
06:08é que depois dessa instituição,
06:1010% das empresas hoje
06:12que estão na Bolsa de Valores
06:14começaram a aderir,
06:15pelo menos,
06:16uma pessoa diversa
06:17nos seus conselhos de administração.
06:19E agora, esse ano, também,
06:20nós tivemos uma lei aprovada
06:23onde institui
06:25que 30% do conselho
06:27das estatais
06:28precisa ter diversidade,
06:30gênero e raça.
06:31Então, são...
06:32A gente tem encaminhado aqui
06:34de mãos dadas
06:35economia e direito, né,
06:36no sentido de garantia dos direitos,
06:39mas na implementação
06:40pra garantir que essa diversidade
06:42ocupe essas posições.
06:44Já existem pesquisas da McKinsey,
06:46inclusive,
06:47que mostram que
06:49quanto mais diversas
06:50forem esses cargos
06:51de liderança,
06:53há uma concreta lucratividade
06:56dessas empresas,
06:57chegando a 20%
06:59ou até 30% mais
07:00do que comparativamente
07:02às empresas
07:03que não têm
07:03essa diversidade
07:04nessas funções.
07:06Então, sem dúvida,
07:07é uma questão
07:08de cultura institucional
07:09e governança
07:10que precisa ser colocada.
07:12Uma questão estratégica,
07:13também,
07:13das empresas
07:14olharem pra essa diversidade
07:16como algo fundamental
07:17pro seu crescimento,
07:19pro seu desenvolvimento,
07:20pra sua lucratividade,
07:21mas também,
07:22eu diria aqui,
07:23um compromisso ético, né,
07:25de perceber
07:26que essas disparidades,
07:27elas não podem se sustentar
07:28e a partir do momento
07:30em que você cria
07:31a possibilidade
07:32de diversos conviverem,
07:34você ganha,
07:36todo o ambiente ganha,
07:37você ganha em exemplo,
07:39porque outras pessoas
07:39que estão abaixo
07:40podem ver
07:41uma referência
07:42nessa posição
07:42e assim acender,
07:44ver possibilidade
07:45de crescimento
07:46de carreira,
07:47você ganha
07:48em recursos,
07:49você ganha
07:50em todos os setores.
07:51Então,
07:52os benefícios
07:52são grandes,
07:53mas ainda estamos
07:54muito aquém
07:55do que deveríamos estar,
07:56né,
07:57enquanto sociedade,
07:58enquanto Estado,
07:58enquanto empresas,
08:00assim.
08:00é pronto.
Seja a primeira pessoa a comentar
Adicionar seu comentário

Recomendado