O professor Leonardo Trevisan analisa como a divulgação dos arquivos do caso Jeffrey Epstein e o impacto da inflação afetam a reputação de Donald Trump em pleno ciclo eleitoral. A queda na popularidade, o peso moral do escândalo e a pressão do eleitorado conservador moldam um cenário decisivo para 2025.
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00:00O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionou o projeto de lei que determina que o Departamento de Justiça americano
00:09divulgue todos os arquivos relacionados ao caso Jeffrey Epstein.
00:14Epstein foi acusado de abusar de mais de 250 meninas menores de idade e de operar uma rede de exploração sexual, isso nos anos 2000.
00:25Ele e Trump foram amigos. Sobre esse assunto e principalmente o que isso arranha a reputação de Donald Trump,
00:34eu converso com o Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais da ESPM, a quem eu recebo com a maior alegria do mundo.
00:43Obrigado, Trevisan, por nos ceder um tempo preciosíssimo seu em pleno feriado e você é a pessoa certa no lugar certo.
00:51Além de Epstein, temos aqui um taco. Trump always chicken out, recuou com o Brasil.
01:00Eu vou colocar tudo no mesmo balaio, são coisas diferentes, mas na minha interpretação tem um ponto comum chamado reputação.
01:09Porque ano que vem, eleição para o Congresso em geral, por causa lá dos checks and balances, freios e contrapesos.
01:19Os americanos têm um presidente de um partido, tendem a eleger maioria do outro partido.
01:27Donald Trump está com níveis historicamente baixos de avaliação dos eleitores.
01:34O tarifácio mexeu no bolso da classe média baixa, mexeu com o café, que é indissociável na figura do americano.
01:42Ou a carne que faz o hambúrguer do americano, algo que é cultural nos Estados Unidos.
01:48Bom, mexeu na reputação.
01:50E aí tem o caso do Epstein.
01:52Que escândalos sexuais a gente sabe que, em geral, arranham a reputação de qualquer líder de nação.
02:00Mas nos Estados Unidos, isso gera ali um passado um pouco mais nebuloso.
02:05Só lembrar do JFK, com a Marilyn Monroe, o Bill Clinton com a Monica Lewinsky.
02:12Mais recentemente, então, supostamente o Trump com essa rede Epstein.
02:17Fiz essas premissas, te jogo para a conclusão, Trevisan.
02:22Reputação.
02:23Isso fez com que o Trump mudasse de ideia com relação ao tarifácio brasileiro, por exemplo?
02:29Que ele liberasse os chamados arquivos Epstein?
02:34Boa noite mais uma vez.
02:36Boa noite, Marcelo.
02:37Boa noite a todos que nos escutam.
02:39Eu agradeço o convite.
02:41Sempre muito bom estar aqui conversando com você.
02:44Nós temos uma realidade sobre os Estados Unidos que é indiscutível, Marcelo.
02:48Foi esse resumo que você fez.
02:50Está aí o Jeff Epstein.
02:53E você fez uma coisa curiosa.
02:54Você colocou lado a lado, sem fazer ligações, a questão dos recuos.
03:01Trump always chickens out, sempre, os recuos.
03:05E a questão da vulnerabilidade, da reputação em torno do arquivo do Epstein.
03:13Ora, tem ligação, sim.
03:15E as duas coisas passam pelo mesmo problema.
03:22Vamos lá.
03:24Político aqui, na China, na Tailândia, na África do Sul, no Vietnã, todo lugar.
03:32Político vai dormir e acorda pensando em voto.
03:36Todos, sem nenhuma exceção.
03:38Está aí o maior perigo para Donald Trump.
03:42E ele aparece com um sinal muito forte, que se chama inflação.
03:51Os dois assuntos, o recuo aqui e o Epstein, têm uma conexão, porque a inflação moveu a pesquisa eleitoral nos Estados Unidos.
04:03Entre o dia 14 e 17 de novembro, a Ipsos Reuters, um instituto muito conceituado nos Estados Unidos, fez um levantamento e descobriu alguns pontos.
04:16O ponto principal é aquele que você mencionou.
04:19Nunca foi tão baixa a popularidade de Trump.
04:2337%, isso bastante forte, desculpe, me enganei, 38%.
04:30Bastante forte, bastante pesado, é a popularidade menor que ele tem, próxima daquela que Biden também teve nessa época do ano, nessa época do governo.
04:42O fato real é que não é só esse dado que apareceu.
04:48O que fez Trump se mover foi o outro dado de que apenas 26% dos eleitores...
04:57Olha o número, é só um quarto.
04:59É um em cada quatro.
05:02Confia que Trump está sabendo controlar o custo de vida.
05:07A gente tem uma ideia de Estados Unidos, primeiro, daquelas cidades grandes, maravilhosas, Nova York, Los Angeles, o Pato Donald, não é nada disso.
05:2180% dos Estados Unidos vivem em cidades pequenas, com o orçamento contado, cada dólar tem seu destino.
05:29É uma sociedade altamente consumista.
05:31Quando você olha para esse quadro, subir o preço do café significa que ele vai ter que cortar alguma outra coisa.
05:41O orçamento está medido.
05:43E é exatamente no eleitor do Trump.
05:45Está aí o número, 26% dizendo que ele não controla.
05:49Ele hoje foi à rede dele mesmo fazer uma série de declarações dizendo que ele agradecia, no estilo Trump,
05:59que ele agradecia que a maioria dos americanos gostava do jeito dele administrar.
06:04Desculpa, 38% não é maioria, mas coerência não se pede a Trump.
06:10Então, de alguma forma, ele fala o que quer, do jeito que quer e o formato que quer.
06:16Agora, ele não brinca com números.
06:19Ao contrário do que a gente imagina, a última coisa que a gente deve pensar sobre Trump é que ele é bobo.
06:25A última, bobo não chega onde ele chegou e se repetem e se movem.
06:30Ele mexe com redes sociais com muita habilidade.
06:34Ele deve ter pesquisas muito claras sobre os estragos que a inflação está fazendo.
06:39Outro ponto é que esses estragos batem no escândalo Epstein.
06:46Claro.
06:47Pouco dinheiro no bolso e pouca confiabilidade no presidente.
06:51Essa fórmula é muito complicada.
06:54Previsão, olhando, vamos apurar o nosso olhar para Estados Unidos.
07:00Tudo bem, a gente entende o impacto que a inflação gera na opinião do eleitor.
07:06O eleitor sempre vota com a sua parte mais sensível do corpo, que é o bolso.
07:12Ficou o custo de vida mais alto, eu vou trocar de candidato.
07:15Simples assim.
07:16Agora, nos Estados Unidos, é isso que a minha pergunta e o seu olhar ao longo da linha histórica,
07:24que você também estudou muito, a parte histórica e política dos Estados Unidos,
07:28essa intersecção entre os dois pontos, é o seguinte, eu tenho a impressão que a questão sexual nos Estados Unidos
07:36é um pouco mais sensível.
07:38Não que escândalos sexuais não arranha a reputação de qualquer tipo de político,
07:42mas eu tenho a impressão que este verniz nos Estados Unidos é diferente.
07:47E eu vou pegar um caso que eu puxo da memória aqui.
07:50Na campanha em que o Biden disputava com o Trump e que o Biden foi vencedor,
07:56a campanha dos republicanos foi atrás de qualquer detalhe, qualquer filigrama de alguém que parecia ter um passado amoroso e libado.
08:07O Biden, dois casamentos, tinha perdido a mulher numa história de tragédia, depois reconstruiu a família.
08:14Aquela família linda de comercial de margarina.
08:17Foram atrás de uma senhora que tinha dito, olha, numa reunião o Biden chegou,
08:23cumprimentou todo mundo e me deu um beijo no tampo da cabeça.
08:28Ali você pode pensar que é um gesto paternal, de um velhinho simpático ali que estava fazendo um agrado nas pessoas.
08:36Tentaram transformar isso num escândalo sexual e tudo mais.
08:40Não colou.
08:41Eu lembro disso como um, me destaco como uma leitura de que qualquer pingo pode virar letra numa campanha
08:51quando se tem a conotação sexual.
08:55E aí eu vou trazer um paralelo para a ficção, que eu acho que para entender um pouco dos bastidores,
09:01do West Wing dos Estados Unidos, do que até o Trump chamava de pântano,
09:07tem um seriado chamado House of Cards, a versão americana,
09:12e que um personagem que depois vai virar presidente dos Estados Unidos,
09:15ele está trabalhando na campanha de outro e ele tem esse diálogo.
09:19Eu preciso saber agora de todo e qualquer tipo de relacionamento que você teve com as mulheres,
09:27desde a sua adolescência até hoje, tudo.
09:31Porque isso pode vir à tona, eu tenho que estar preparado com um passo atrás
09:35para rebater qualquer tipo de acusação.
09:39Então, pegando esses detalhes pequenos, esses exemplos que não se costuram entre si,
09:45achando um ponto comum, eu me reservo ao direito de fazer essa interpretação
09:50que a coisa sexual nos Estados Unidos tem um peso mais potencializado
09:58quando a gente fala de campanha eleitoral.
10:00É aí que entra Epstein com todo mundo, principalmente os críticos do Trump, a oposição,
10:06querendo a qualquer custo esses documentos para ler letra por letra, palavra por palavra,
10:12para tentar qualquer conexão.
10:14Agora, também, cá entre nós, Trevisan, o Trump, ele é um candidato sui gêneris, né?
10:21Já teve essa acusação de envolvimento com uma atriz de filmes adultos e tudo mais,
10:27isso não derrubou ele como um candidato favorito e majoritário.
10:33Será que o eleitor americano está mudando?
10:37Ou, de alguma maneira, que a gente ainda não consegue explicar,
10:41o Trump tem uma carapaça que o protege desses tipos de acusações?
10:48Essa avaliação que você fez é muito interessante.
10:52E eu lembro, para justificar a avaliação que você fez,
10:55que no auge da campanha para o primeiro mandato,
10:58Trump fez uma frase que é inesquecível.
11:00Assim que eu falar, você vai lembrar.
11:03Ele estava na Trump Tower e ele disse o seguinte para os jornalistas,
11:07eu posso descer até a 5ª avenida,
11:10atirar no primeiro transeunte que estiver passando,
11:13que eu não perco um único voto.
11:17Tá bom, pode ser.
11:19Havia uma espécie de enlevo em torno da figura de Trump.
11:27Mesmo a acusação com a atriz de filmes adultos,
11:32era uma atriz de filmes adultos.
11:35O que é bombástico, o que é explosivo nos artigos do Epstein,
11:40não é do Jeffrey Epstein,
11:43não é uma atriz de filmes adultos.
11:47São menores de idade, e não foi uma só.
11:51Os depoimentos são...
11:52E agora virão outros,
11:54porque há manifestações na porta do Capitólio
11:57de senhoras se mostrando como elas eram com fotografias.
12:03Vão aparecer os depoimentos.
12:06Sabe, a gente tem que olhar isso por um outro lado.
12:10Onde é que Trump tem medo disso?
12:12Cada uma dessas cidades pequenas nos Estados Unidos,
12:17o eleitor típico do Trump vai três vezes por semana na igreja,
12:23e no domingo ele passa metade do domingo,
12:25quando pouco, quando muito, ele passa o domingo inteiro na igreja.
12:30Esse eleitor não vai se acostumar a uma...
12:35Não é um deslize.
12:36É com uma criança, é com uma menor de idade.
12:41Eu chamo a atenção que nenhum deputado republicano
12:46ousou enfrentar essa realidade,
12:50e a votação na Câmara foi 427 votos a um.
12:55A Câmara americana tem 435, os outros estavam doentes.
13:01Então, quando você olha para isso,
13:04do que é que nós estamos exatamente falando?
13:08De perda de controle.
13:11É por isso que ele mencionou isso.
13:14A situação é muito tensa para Trump,
13:17porque ela pode levar àquele eleitor,
13:20que já está em 38%,
13:23que é a massa mais consistente,
13:26mais consolidada de eleitor do Trump,
13:28a ter dúvida.
13:30Não é à toa que lideranças do partido,
13:34entre aspas, partido,
13:36MAGA, Make America Great Again,
13:39já puseram o pé para trás.
13:42E certas lideranças muito fortes,
13:45Marjorie Taylor Greene, por exemplo,
13:47fez um discurso cobrando a divulgação total.
13:55Em outras palavras,
13:57nós queremos saber tudo o que aconteceu no verão passado
14:02com o senhor Donald Trump junto com o Epsom.
14:06Você fez muito bem de lembrar de House of Cards.
14:09Nós estamos assistindo a um desenrolar do outro lado.
14:15É quadro interessante quando a gente olha para isso,
14:21porque a gente vê a rapidez
14:22com que a política muda nos Estados Unidos.
14:27E há certos valores ali que são muito sólidos.
14:32A figura do pato manco começou a aparecer,
14:36e ela apareceu exatamente
14:39pela quantidade de candidatos
14:41que já puseram a cabeça para fora.
14:43no Partido Republicano,
14:46a começar do secretário de Estado.
14:49No papel que ele contou,
14:51olha que coisa interessante,
14:53no discurso que teve o Trump comentou,
14:57o recuo,
14:58lembra da história do recuo,
14:59aqui dos 40%?
15:02Ele tem uma frase nesse papel
15:04que vale a pena a gente lembrar.
15:06Ele diz o seguinte,
15:08como funcionários determinados
15:12estão sujeitos à tarifa adicional,
15:14eu também recebi orientação
15:17e recomendação de vários funcionários
15:19que têm monitorado as circunstâncias relacionadas.
15:24Essa patada com luva de pelica
15:28tem endereço certo,
15:30chama-se Marco Rubio.
15:31Porque quem ele está mencionando aqui
15:36é o Richard Grenell.
15:38Ele está mencionando
15:40um influente amigo dele
15:41que veio para o Brasil
15:42e disse,
15:43não é isso que o Rubio está falando.
15:45Por que o Trump deu a patada?
15:47Porque o Rubio já está se mexendo muito
15:49em relação a ser o candidato.
15:51Em outras palavras,
15:54Trump está numa situação bem difícil
15:57e a imagem do pato manco,
15:59do Lame Duck,
16:00não é uma imagem a ser desprezada.
16:04Fervizan, anota tudo
16:06que a gente vai retomar.
16:08Eu preciso encerrar aqui
16:11porque eu estou estourando o jornal.
16:12Tenho que encerrar o jornal.
16:14Eu não sabia.
16:15Não, não.
16:16Mas eu sou condutor.
16:18Eu te deixei falar
16:18que era justamente para a gente aproveitar
16:20o privilégio de ter uma aula sua
16:22sempre muito preciso.
16:24Conversei aqui com o professor Leonardo Trevisan.
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