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O diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, Marcos Pestana, avalia a situação fiscal do Brasil e a necessidade de aprovação de medidas no Congresso.
Pestana reforçou a importância da credibilidade nas contas públicas, citando que "é importante cumprir as regras do jogo" para garantir a estabilidade econômica e atrair investimentos.

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Transcrição
00:00Mudando de assunto, Denise, falando mais especificamente sobre o Brasil, as contas públicas,
00:03o cumprimento das regras fiscais de 2026 pelo governo está condicionado à aprovação de medidas pelo Congresso.
00:11E você traz um convidado aqui pra gente pra falar sobre esse assunto, Denise.
00:14Exatamente. Nós vamos conversar agora com o Marcos Pestana, que é diretor executivo da IFE,
00:19Instituição Fiscal Independente, órgão ligado ao Senado, que divulgou o relatório de acompanhamento fiscal.
00:25Marcos Pestana, boa noite.
00:26Boa noite, Denise. Prazer te rever. Prazer também estar aqui com os espectadores da Jovem Pan.
00:37Bom, Marcos Pestana, no relatório se prevê o cumprimento da meta fiscal, inclusive pra 2026,
00:44mas isso ainda na dependência da aprovação de algumas medidas pelo Congresso.
00:48E eu já queria colocar que a gente fala de cumprimento da meta, mas com algumas manobras, não é?
00:54Se pode trabalhar com o limite de tolerância, então, em vez de ser um déficit zero neste ano, por exemplo,
01:010,25% do PIB de déficit.
01:04Muitas despesas saíram daquele limite do arcabouço, como é o caso dos precatórios,
01:09que ainda podem dar dor de cabeça mais à frente.
01:11Eu queria saber como é que você avalia o cenário hoje, considerando esses fatores.
01:15Denise, a importância das regras fiscais é, por um lado, disciplinar os gastos e não deixar a dívida explodir,
01:27a dívida pública.
01:28Por outro lado, ancorar expectativas, porque os investidores, aqueles que compram títulos do governo,
01:37que financiam o déficit, precisam ter confiança na sustentabilidade, na solvência da dívida pública,
01:45na consistência da política fiscal.
01:48Por isso é muito importante ter um bom arcabouço fiscal e cumprir as regras do jogo.
01:56Ano que vem, a meta sobe um pouquinho, um degrau, vai para 0,25% do PIB de superávit.
02:05Isso num país que, desde 2014, registra déficits primários, ou seja, o governo gasta mais do que tem.
02:15E aí, é o que você falou, para cumprir essa meta, primeiro, tem um desconto enorme de quase R$ 76 bilhões,
02:25porque os precatórios não entram nas contas.
02:29As despesas com as Forças Armadas, com a Defesa Nacional, foram excepcionalizadas.
02:38E também os investimentos das estatais no PAC também são excepcionalizados.
02:45Então, seja parte de uma coisa que alimenta a dívida, R$ 76 bilhões,
02:50e, no entanto, não entram na conta da meta.
02:53Como você também acentuou, tem uma margem de tolerância.
02:57Quando a gente fala que vai cumprir a meta, não é propriamente o centro da meta,
03:03é batendo na trave do limite de tolerância.
03:07E é importante frisar que meta é meta, tolerância é tolerância.
03:11E, ainda assim, o governo, para cumprir as metas nessas condições,
03:20depende ainda da aprovação de algumas medidas no Congresso.
03:24Uma delas foi aprovada ontem pelo Senado Federal,
03:28e a lei já foi para a sanção presidencial,
03:33mas tem ainda uma outra lei que diminui os gastos tributários,
03:38os incentivos, o estímulo que é dado a determinados segmentos econômicos,
03:47a ideia é diminuir esse nível de renúncia tributária.
03:54Então, ainda tem muita interrogação pela frente,
03:58mas, ainda assim, esse equilíbrio é um equilíbrio muito tímido, muito precário.
04:06Não é aquele equilíbrio necessário para um futuro mais ousado do país.
04:13E daí vem muito da desconfiança em relação ao ajuste fiscal, de fato.
04:17Não basta apresentar o número, dizer que cumpriu a meta,
04:21se tem essas manobras, esses abatimentos,
04:23e sempre essa necessidade de um apoio do Congresso
04:27para conseguir ampliar a receita.
04:29Por exemplo, o governo não desistiu de uma taxação maior das BETs,
04:32ele não sabe como compensar aquela iniciativa de taxar as LCIs, LCAs.
04:38Ele conseguiu agora a inclusão em um outro projeto,
04:41das mudanças no programa Pé de Meia,
04:44o ajuste no auxílio-doença também, os limites,
04:47compensação previdenciária, mas é pouco.
04:50Se fala em cerca de 19 bilhões de reais,
04:52mas não dá para ter segurança que esse será o resultado.
04:55E tem uma crise quase contratada em 2027,
05:00seja quem for o governo,
05:02que pode faltar dinheiro para despesas não obrigatórias,
05:05mas que, na verdade, ajuda a funcionar a máquina pública.
05:08É semelhante ao shutdown que aconteceu nos Estados Unidos,
05:11que dependia de aprovação do orçamento,
05:13mas do jeito que nós temos o nosso orçamento,
05:16mesmo sendo aprovado, pode faltar dinheiro.
05:18A Constituição Fiscal Independente vinha nos últimos meses
05:24anunciando essa possibilidade de shutdown tropicalizado,
05:31porque nós não temos essa figura do shutdown aqui no Brasil,
05:36mas seria, em 2027, um estrangulamento pleno,
05:41com 100% do orçamento sendo tomado pelas despesas obrigatórias.
05:46Só que o governo, em negociação com o Congresso,
05:51aprovou a Emenda Constitucional 136,
05:56que tirou a totalidade dos precatórios, em 2027,
06:03do teto de gastos,
06:05e 90% dos precatórios da meta de resultado primário.
06:10Então ele conseguiu um espaço mínimo de ação
06:14de cerca de R$ 100, R$ 115 bilhões
06:17para não estrangular totalmente o funcionamento da máquina
06:22e não suprimir totalmente os investimentos públicos,
06:28que já são muito tímidos,
06:32num nível muito medíocre para as necessidades de infraestrutura
06:36e ciência e tecnologia que o Brasil teria.
06:39Agora, é isso que você comentou.
06:43É um ajuste de pernas curtas, sem fôlego.
06:47É um ajuste, primeiro,
06:50que não convence totalmente os investidores,
06:54os agentes econômicos,
06:56que tomam decisões de investimento,
06:59porque há tantas excepcionalizações
07:01que vão alimentar a dívida pública.
07:05Gasto é gasto, não adianta formalmente excepcionalizar,
07:10porque os gastos serão feitos.
07:12E isso significa mais dívida.
07:14E o Brasil já tem uma dívida para um país latino-americano emergente,
07:19uma dívida alta.
07:21A curva é muito preocupante.
07:23Então teria um verdadeiro ajuste fiscal,
07:27teria que obter dois resultados.
07:29Estancar o crescimento da dívida,
07:33para isso tem que ter um superávit de 2,1%,
07:38um superávit primário,
07:40para não deixar a dívida crescer.
07:42E o PAC,
07:44que é o Programa Estratégico de Investimentos,
07:47é apenas hoje orçado em 60 bilhões.
07:52Precisava ser seis vezes mais.
07:54Nós precisávamos que o governo federal
07:57tivesse uma capacidade em torno de 360,
08:00400 bilhões para investimento em estradas,
08:04ferrovias, portos, aeroportos, moradias, saneamento,
08:09projetos de ciência e tecnologia,
08:12inteligência artificial, robótica.
08:16Isso nós estamos longe de obter.
08:18Tanto o estancamento do crescimento da dívida,
08:21quanto a retomada vigorosa dos investimentos.
08:25O que nós estamos fazendo
08:27não é um ajuste,
08:29como eu estou falando aqui, profundo.
08:32É um ajuste raso,
08:33simplesmente para cumprir as metas
08:37e tentar minimamente estabilizar o orçamento público,
08:45mas num nível muito insuficiente,
08:48se a gente pensar grande o Brasil ou o futuro do país.
08:52Doutor Marcos, deixa eu fazer uma pergunta breve.
08:55A Denise vai fazer a última pergunta,
08:56o nosso tempo está terminando.
08:57O senhor cita muito aqui,
08:59a IFE, na verdade, cita muito os incentivos tributários
09:03que o Brasil sempre deu,
09:04principalmente no âmbito do governo federal.
09:06Em algum momento isso vai ser revertido
09:08ou vai diminuir, ou quem sabe acabar?
09:10Há um projeto de lei sendo discutido na Câmara dos Deputados,
09:18foi apresentado pelo líder do governo,
09:21é uma estratégia do governo,
09:23para diminuir,
09:25para se ter noção,
09:27eu falei que os investimentos do Pax são 60 bilhões.
09:31A renúncia fiscal,
09:33esses chamados gastos tributários,
09:38estão previstos para ano que vem
09:41numa conta mínima que a própria Receita faz,
09:45mas que eu acho que está subestimada,
09:47de R$ 620 bilhões,
09:50dez vezes mais do que o governo federal investe
09:54em infraestrutura e investe em ciência e tecnologia.
09:59Então, é um investimento muito baixo
10:02e uma renúncia fiscal muito alta.
10:06Esse projeto que está em discussão na Câmara
10:08e que está contemplado no orçamento,
10:12visa arrecadar mais R$ 20 bilhões,
10:15suprimir essa renúncia fiscal,
10:18portanto, vai aumentar a receita.
10:21Desses R$ 612 bilhões previstos pela Receita Federal,
10:27você economizaria R$ 20,
10:28mas depende de votar na Câmara
10:31e depois será encaminhado ao Senado,
10:35tem que ser aprovado no Senado também.
10:38E, Marcos Pestano,
10:40vamos esquecer que 2026 é um ano de eleições,
10:42ano em que tradicionalmente aumentam as despesas.
10:45Você falou da carência que nós temos
10:47de investimentos em infraestrutura,
10:49que pode alavancar a produtividade do país,
10:51aumentar a oferta e não a demanda,
10:53mas a gente vê o governo muito focado
10:56nessa questão da demanda,
10:57do fôlego financeiro do consumidor,
10:59que acaba trazendo mais despesas,
11:02sem essa contrapartida de um equilíbrio maior,
11:04que talvez até viabilizasse um corte mais rápido dos juros.
11:07Há pouco espaço para o governo aumentar os gastos.
11:14A legislação amarra muito,
11:16nós já estamos no limite,
11:19quer dizer,
11:20o cumprimento da meta
11:22pressupõe todos esses descontos,
11:25essas deduções que a lei permite,
11:28e mesmo assim bate na trave
11:30da banda inferior da meta,
11:35e isso abala a confiança,
11:38quer dizer,
11:39todo mundo no mercado,
11:41os investidores,
11:42as agências de rating,
11:44olham assim e falam assim,
11:46olha, a política fiscal brasileira
11:48ainda não está nos trilhos,
11:51não assegura um futuro
11:52do tamanho que o Brasil merece.
11:55Então há uma desconfiança,
11:57não é uma doença aguda,
11:59não é um infarto,
12:01um AVC,
12:02um trauma típico de um acidente grave,
12:06um politrauma de trânsito,
12:08mas é como a diabetes,
12:09é uma doença crônica
12:11que vai minando o poder
12:13de resistência do paciente.
12:16Isso que está acontecendo
12:17com a economia brasileira.
12:19Não é uma crise como viveram
12:21a Venezuela, a Argentina,
12:23mas é um processo
12:25de deterioração lenta
12:29gradual,
12:31muito assim corrosivo
12:34para o futuro do país.
12:36Eu acho que fatalmente
12:39o presidente da República
12:40eleito em 26,
12:42que assumirá em 27,
12:44independente de quem for,
12:46se o presidente Lula
12:47ou alguém,
12:49algum opositor a ele,
12:51fatalmente terá um encontro
12:53com uma profunda
12:54reforma fiscal,
12:56uma rearrumação
12:58das finanças públicas.
13:00Pelo menos ainda estamos
13:02tendo um tratamento pela frente
13:04para evitar essa doença
13:05ficar mais crônica ainda
13:07e uma doença fatal.
13:08Marcos Pestano,
13:09agradeço muito
13:09a sua participação.
13:11Você que é diretor executivo
13:12da IFE,
13:13a Instituição Fiscal Independente,
13:15uma boa noite mais uma vez,
13:16obrigado e um bom feriado.
13:19Muito obrigado,
13:20sempre à disposição
13:21lá na IFE.
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