O presidente Lula retornou a Belém para impulsionar a agenda climática na reta final da COP30. Ele, a ministra Marina Silva e o presidente da conferência, André Corrêa do Lago, destacaram avanços em transição energética, financiamento climático e participação da sociedade civil, incluindo 3,5 mil indígenas. A Alemanha anunciou aporte de 1 bilhão de euros para o TFFF, reforçando a cooperação internacional e o papel do Brasil nas negociações.
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00:00O presidente Lula voltou a Belém para tentar acelerar as negociações da agenda climática nos últimos dias da COP30
00:17e conseguir a aprovação de um documento conjunto até sexta-feira quando termina a conferência.
00:22Ele, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, concedem uma entrevista coletiva.
00:30Nesse momento, a gente vai acompanhar.
00:35...de atores e de personalidades e que buscaram não só apoiar a negociação, mas também apoiar todo o exercício de implementação
00:49que se desenvolveu ao longo da COP30.
00:52Então, ficou muito claro essa transição entre as COPs para a negociação, que continuarão a ser absolutamente essenciais para as negociações,
01:08mas também a COP que criou os documentos que já permitem que nós possamos implementar muitas das coisas que são necessárias para combater a mudança do clima.
01:21E eu acho que todos vocês têm ido, tanto na Zona Verde como na Zona Azul, há dezenas de atividades, mostrando uma quantidade impressionante de iniciativas,
01:34as mais variadas, não só no nível subnacional, mas no nível científico, no nível do setor privado, no nível da sociedade civil.
01:44Ou seja, o debate na sociedade foi muito intenso.
01:49E, claro, com a sociedade civil discutimos a cúpula dos povos, discutimos a participação intensa dos indígenas na COP.
02:00Conversamos sobre a participação dos movimentos sociais na COP e do quanto a questão de transição justa é absolutamente essencial.
02:12Outro tema muito importante, levantado por vários dos países, foi a questão de gênero.
02:18Nós vamos ter aqui na SACOP uma evolução muito importante do tratamento de gênero e mudança do clima.
02:26Portanto, né, presidente, eu podia ficar aqui várias horas, mas o senhor tem que voltar para Brasília.
02:30Então, é isso.
02:32Obrigado, presidente, por ter vindo.
02:34Vamos passar a palavra para a ministra Marina Silva. Por favor, ministra.
02:46Boa noite a todos, a todas. Muito obrigada, presidente, por toda essa dedicação que o senhor tem dado à COP30.
02:58O senhor veio na abertura da COP, na cúpula e agora nessa fase decisiva.
03:06É uma demonstração do seu empenho com um dos maiores desafios que a humanidade já teve que enfrentar,
03:14que é o problema da mudança do clima, sobretudo olhando para os mais vulneráveis.
03:19Os temas que foram abordados, os grupos com os quais dialogamos até agora,
03:26num profícuo diálogo em que o presidente chega aqui, não é?
03:30Vocês veem revigorado e bem-humorado, já foi abordado pelo presidente da COP, embaixador Correia do Lago.
03:40Eu vou falar de algo que é bastante animador, que é o nosso TFFF,
03:50onde vocês estão todos o tempo todo perguntando como as coisas estão evoluindo
03:58e tivemos a alegria de que a Alemanha fez o anúncio do seu aporte.
04:07E esse aporte, como ele disse, obviamente, que o presidente ainda está instando o concurso entre a Alemanha e Noruega,
04:16mas na ordem de um bilhão de euros para o TFFF, graças a todo o esforço que vem sendo feito
04:25e numa demonstração de que, de fato, esse instrumento de financiamento global
04:30é um instrumento muito bem desenhado, muito bem estruturado e que começa a dar as respostas.
04:39A questão também, junto ao secretário-geral, nós, o presidente Lula entregou ao secretário Guterres, né?
04:49A ratificação da nossa carta de ratificação sobre o acordo de diversidade biológica marinha
05:08em áreas além da jurisdição nacional, o BBNJ, que é uma conquista e um esforço,
05:16um interesse muito grande do presidente antes de ir para a COP dos Oceanos.
05:23A primeira-dama também se envolveu pessoalmente e hoje entregamos para o secretário
05:27e nós do Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Gestão,
05:31minha colega ministra externo do ECOD e estamos muito felizes.
05:37O tema que foi tratado de adaptação, mitigação, transição justa, conversando com os diversos grupos,
05:45foi tudo, obviamente, que tem as complexidades, mas o presidente sempre apresentando caminhos
05:53e maneiras de caminhar, entregando a responsabilidade aí para todos nós,
05:57particularmente para a nossa competente diplomacia.
06:01E a questão do mapa do caminho, obviamente que é um tema que tem suscitado o debate por todos vocês
06:09e pela sociedade de um modo geral, a comunidade científica, e todos tinham perguntas,
06:17mas tenho certeza que tivemos boas respostas.
06:21Não respostas definitivas, mas respostas processuais, no sentido de que o mapa do caminho é a possibilidade
06:29de que países desenvolvidos em desenvolvimento possam estabelecer suas trajetórias
06:35da melhor forma possível para fazer a transição, para sair da dependência de combustível fóssil
06:42e para frear o desmatamento e de que isso significa, com certeza, estabelecer uma linguagem que respeite
06:52as demandas de países em desenvolvimento, que aumente, com certeza, as responsabilidades de países
06:59que historicamente emitem mais e têm mais tecnologia e mais recursos financeiros,
07:05mas que todos estaremos nessa equação, buscando as melhores formas de caminhar.
07:12É um diálogo profícuo, ninguém tem uma resposta pronta e acabada, ninguém quer impor nada a ninguém,
07:19mas tenho certeza que temos ainda muito chão pela frente para estabelecer consensos,
07:25e eu acredito no consenso progressivo, quando todos temos a intenção de dar o nosso melhor
07:32pelo clima, pela dignidade dos mais vulneráveis e porque é sempre a ética que dá as respostas técnicas
07:43para os grandes desafios que temos.
07:47Palma, gente.
07:51Passar a palavra.
07:53Palma e vai.
07:55Alguém tem que puxar.
07:58Se ninguém puxar, não acontece.
08:01Passar a palavra ao presidente Lula.
08:02Olha, eu queria, primeiro, agradecer o trabalho que vocês estão fazendo nessa COP.
08:14Quero agradecer a imprensa brasileira, a imprensa estrangeira,
08:22porque, no fundo, no fundo, no fundo,
08:25são vocês as pessoas que conseguem transmitir a quem não está presente a cara dessa COP.
08:36Eu, desde o início, não tinha dúvida que a gente ia fazer a melhor COP de todas as COP que foram realizadas até agora.
08:49E aceitar o Estado do Pará e a cidade de Belém como espaço geográfico para que a gente pudesse realizar aqui
09:03um evento que não é nosso, que é um evento da ONU, foi um desafio e muita ousadia.
09:13Porque seria muito mais fácil fazer no lugar que já estivesse tudo pronto e que a gente não tivesse que ter nenhum desafio para trazer a uma cidade que muitos brasileiros sequer conhecem.
09:31E eu quero agradecer a vocês outra vez por isso.
09:37Hoje eu tenho certeza que a China conhece Belém, hoje eu tenho certeza que Berlim conhece Belém,
09:44hoje eu tenho certeza que Paris conhece Belém, hoje eu tenho certeza que a Rússia hoje conhece Belém e eu tenho certeza que muita gente do sul do país, do meu país, hoje conhece Belém.
10:00E era muito importante para nós colocar a Amazônia como ela é, do jeito que ela é, na cabeça dos povos do mundo inteiro.
10:17Eu tenho certeza que hoje as pessoas conhecem, que não só existe uma cidade chamada Belém, que é onde nasceu Jesus Cristo, mas que existe a Belém do Pará, do povo brasileiro.
10:38Um povo extraordinariamente simpático, agradável e generoso que vocês devem ter participado.
10:45Se vocês da imprensa ainda não dançaram o carimbó, por favor, vá dançar o carimbó, vá comer a melhor culinária que nós temos nesse país aqui e vá se divertir, porque isso aqui é um povo extremamente generoso e simpático.
11:10Eu, sinceramente, eu estou muito feliz. Eu saio daqui agora, eu vou para a Basília, amanhã vou para o Salão do Automóvel, que fazia oito anos que não funcionava em São Paulo,
11:22e depois eu vou para Jandesburgo, na reunião do G20, e depois eu vou em Moçambique fazer uma outra visita de Estado a um país africano.
11:30Mas eu não poderia deixar de dizer para vocês que essa COP, ela é diferenciada. Primeiro porque ela teve representação de muita gente, de empresário.
11:43Eu não sei quantas vezes uma primeira dama trabalhou tanto no ACOP como a Janja trabalhou.
11:51E ela não estava aqui porque era a minha mulher. Ela estava aqui porque ela tinha uma função.
11:57Ela tinha uma representação dada pela presidenta da COP para que ela percorresse o Brasil e o mundo falando da participação das mulheres.
12:06Como teve gente falando dos empresários, como teve a juventude falando da juventude,
12:14porque uma coisa que nós precisamos colocar na cabeça dos dirigentes do mundo inteiro
12:19é que esses eventos não podem ser, sabe, perpetuamente litúrgicos, em que só participa, sabe, pouca gente.
12:30E muitas vezes em lugar cercado de polita por tudo quanto é lado, cercado de arame farpado por tudo quanto é lado.
12:39É a primeira vez que eu fui numa reunião do G7, em Iviã, na França, e depois eu fui numa na Escócia
12:47e eu vi tanto arame farpado, tanta coisa, eu fiquei imaginando os líderes que participam dessa reunião estão protegidos
12:56é porque sabem que não estão fazendo a coisa certa, porque se estiverem fazendo a coisa certa,
13:03eu não precisava ter tanto medo do povo de cada país.
13:07E eu estou muito feliz também porque a marcha do povo, sabe, a participação do povo foi extraordinariamente bonita,
13:19ordeira e todos entregaram o documento para nós.
13:23Estou muito feliz porque, pela primeira vez na história das COP, 3.500 indígenas participaram.
13:33Porque as mulheres não são objeto nessa COP.
13:38As mulheres têm que ser tratadas com uma questão de gênero, merece ser tratada com respeito na participação plena.
13:46Porque as mulheres não são cidadãs de segunda classe.
13:52E é preciso fazer com que nós, dirigentes, aprendamos isso.
13:57Um mínimo de colaboração que a gente pode dar é tentar fazer inovação.
14:02Inovação no nosso comportamento.
14:06Inovação na nossa visão de nova sociedade.
14:08Inovação numa nova compreensão do que significa um ser humano nesse planeta.
14:15Qual é o papel da juventude?
14:16Qual é o papel das mulheres?
14:18Qual é o papel do homem?
14:19Qual é o papel dos negros?
14:20Sabe, todo mundo tem um papel na sociedade.
14:25E essa COP foi um pouco isso.
14:28Por isso que ela foi feita em Belém.
14:30Uma cidade que, segundo muita gente no Brasil, não estava preparada para fazer a COP.
14:39Isso aqui fez uma COP melhor do que a COP de Copenhague, do que a COP de Dubai, do que a COP de Paris, do que a COP de Londres, do que a COP de qualquer lugar.
14:50Porque aqui o povo foi mais povo.
14:54O povo participou mais.
14:56Por isso que a COP não é uma COP do André, que é presidente, ou do Guterres, que é o secretário-geral da ONU, ou uma COP do Lula, que é presidente da República.
15:07Esta aqui pode ser chamada a primeira COP do povo do mundo inteiro.
15:14Porque aqui teve gente do mundo inteiro fazendo suas manifestações.
15:19Dito isso, eu queria dizer para vocês uma coisa extremamente importante.
15:23Os líderes que dirigem os países do mundo hoje, precisam compreender que se a gente não tiver um comportamento de acordo com aquilo que é a aspiração do povo,
15:37a aspiração da juventude, a aspiração das mulheres, nós estaremos colocando em risco uma coisa chamada democracia.
15:45Nós estaremos colocando em risco uma coisa chamada multilateralismo.
15:49Nós estaremos colocando em risco uma coisa chamada credibilidade.
15:53Porque se nós não fizermos aquilo que nós geramos de expectativa para as pessoas, as pessoas não têm por que confiar nas suas lideranças.
16:04A questão do clima não é mais apenas uma visão acadêmica.
16:09Não é mais uma visão de meia dúvida de intelectuais.
16:16Não é mais uma visão de meia dúvida de ambientalistas.
16:20A questão climática é uma coisa hoje muito séria que coloca em risco a humanidade.
16:26E é por isso que nós tratamos isso com muita seriedade.
16:33É por isso que todos os dirigentes do mundo têm que saber que cuidar do clima é cuidar da manutenção e da existência do planeta Terra,
16:43porque ainda não encontramos outro lugar para nós sobrevivermos.
16:46Cuidar do clima é saber que os países ricos precisam ajudar os países pobres.
16:54De que é preciso colocar dinheiro para que as pessoas que têm floresta em pé mantenham as suas florestas em pé.
17:00Para que as pessoas possam saber que mantendo a floresta em pé, ele pode ganhar mais do que derrubando as florestas.
17:08Manter a nossa água limpa é um compromisso de manter o planeta funcionando.
17:12Isso não é uma coisa abstrata.
17:18Nós precisamos convencer as pessoas de que os bancos multilaterais,
17:23que cobram uma exorbitância de juros dos países africanos e dos países povos da América Latina,
17:29precisam transformar a parte dessa dívida em investimento
17:33para que a gente possa fazer com que a questão da transição energética seja verdadeira.
17:39As empresas petroleiras têm que pagar uma parte disso.
17:45As mineradoras têm que pagar uma parte disso.
17:48As pessoas que ganham muito dinheiro têm que pagar uma parte disso.
17:52Porque, senão, quem vai sofrer é a parte mais pobre do planeta Terra.
17:57São as ilhas.
18:00São os pobres da África, da América Latina, da Ásia.
18:03Então, é preciso que as pessoas tenham consciência que todo mundo tem que ter muita responsabilidade.
18:11E é por isso que nós colocamos a questão do mapa, o mapa do caminho.
18:16Ora, porque é preciso a gente mostrar para a sociedade que nós queremos,
18:21sem impor nada a ninguém, sem determinar o prazo,
18:26que cada país seja dono de determinar as coisas que ele pode fazer
18:29dentro do seu tempo, dentro das suas possibilidades.
18:33Mas que nós estamos falando sério.
18:36É preciso que a gente diminua a emissão de gás de efeito estúdio.
18:41E se o combustível fóssil é uma coisa que emite muito gases,
18:46nós precisamos começar a pensar como viver sem combustível fóssil.
18:50E construir a forma de como viver.
18:56E falo isso muito à vontade, porque sou de um país que tem petróleo.
19:01Sou de um país que extrai 5 milhões de barris de petróleo por dia.
19:06Mas também sou de um país que mais utiliza tenol misturado na gasolina.
19:11Sou de um país que produz muito biodiesel,
19:14e o nosso biodiesel já contém 15% de biodiesel misturado.
19:18Sou de um país que tem 87% da sua energia elétrica limpa.
19:24E eu quero que todos tenham.
19:27E para isso, os países pobres têm que ser ajudados pelos países ricos.
19:32Os países ricos podem ajudar a transição energética africana,
19:37a produção de biocombustível, a produção de eólica, de solar.
19:42Tudo está, não é apenas um pouco de dinheiro,
19:45é transferência de tecnologia, de conhecimento.
19:48É ajudar os países a dar um salto de qualidade.
19:52E eu acho que a minha equipe que está negociando,
19:57dois homens e uma mulher,
19:59ela é mais inteligente que os dois,
20:02que a gente consiga fazer as melhores negociações possíveis.
20:06Que a gente consiga convencer,
20:09porque numa Copa a gente não impõe nada.
20:12Tudo tem que ser por consenso.
20:15Tudo tem que ser muito conversado.
20:17E nós respeitamos a soberania política,
20:20ideológica, territorial e cultural de cada país.
20:24Não queremos impor nada.
20:26Queremos apenas dizer, é possível.
20:29E se é possível, vamos tentar construir juntos.
20:32Por isso, eu estou feliz.
20:36Estou feliz.
20:38Eu estou tão feliz que um dia
20:39haverei de convencer o presidente dos Estados Unidos
20:43de que a questão climática é séria.
20:47E de que o desenvolvimento verde é necessário.
20:51E estou tão feliz que eu sonho um dia
20:53até acabar com uma guerra da Rússia e da Ucrânia,
20:56que já não existe mais razão dessa guerra continuar.
20:59Sou tão feliz que saio daqui para ir para Brasília
21:03certo de que os meus negociadores
21:06irão fazer o melhor resultado
21:08que uma COP já pôde oferecer ao planeta Terra.
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