A CPI do Crime Organizado no Senado aprovou os convites para dois ministros de Estado e 11 governadores comparecerem ao colegiado. A comissão quer ouvir especialistas em segurança e comunicação. Lucas Martins detalha o assunto. Acompanhe a análise de Thulio Nassa e Roberto Motta.
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00:00A CPI do Crime Organizado no Senado aprovou os convites para dois ministros de Estado e onze governadores comparecerem ao colegiado.
00:10Reportagem de Lucas Martins.
00:12Após a instalação da CPI do Crime Organizado no Senado Federal, a comissão dará uma pausa nos trabalhos.
00:19O motivo é a viagem do presidente do colegiado, senador Fabiano Contarato, do PT do Espírito Santo, para Belém, onde participa da conferência da COP30.
00:30Além de presidir a CPI, o parlamentar também comanda a Comissão de Meio Ambiente.
00:35Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, Contarato enfatizou que a segurança pública é um direito de todos e um dever do Estado.
00:43A gente tem que entender que nós temos frentes a serem atacadas nessa CPI de acordo com o plano de trabalho que foi ali.
00:49Nós temos ali ocupação territorial e aí envolve tráfico de extintorpecente, envolve milícias, envolve PCC, Comando Vermelho.
01:00Você tem várias facções criminosas.
01:03Depois, em outro momento, você tem um tópico só sobre lavagem de dinheiro.
01:08Então, aí você tem as fintechs, as criptomoedas, patrimônios sem laços, e aí é importante a participação do COAF.
01:16Até mesmo a possibilidade de políticos estarem interligados em crime organizado ou organização criminosa.
01:24Eu acho que passou da hora da gente dar uma resposta.
01:26A gente tem que entender que a segurança pública tem que ser contundente, mas ela não pode atuar apenas naquele que está lá a longa manos, vamos dizer assim,
01:35numa mão estendida de quem deveria estar cumprindo a função institucional.
01:40Nós temos aí também segmentos econômicos lícitos.
01:45Você tem a possibilidade de buscar bancas de advocacias que talvez possam ter qualquer conexão com lavagem de dinheiro, com crime organizado.
01:54São muitas vertentes.
01:55Enquanto a CPI faz uma pausa, outras comissões seguem em ritmo acelerado.
02:00Na Comissão de Segurança Pública, os senadores aprovaram um projeto que flexibiliza regras do Estatuto do Desarmamento,
02:08retirando a exigência de comprovar a efetiva necessidade para comprar arma de fogo.
02:14O texto ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça, em caráter terminativo,
02:20e só vai ao plenário se houver pedido dos parlamentares.
02:23O senador Fabiano Contarato reforçou que o tema da segurança pública no Brasil é um dever de todas as correntes políticas.
02:31Eu quero acreditar que, infelizmente, diante dessa tragédia que vitimou 121 pessoas,
02:40que não restituiu a pacificação social, que não prendeu o número 2 do Comando Vermelho, que era o DOCA,
02:48e que, infelizmente, nós tivemos quatro policiais mortos, dezenas de feridos, e que não houve uma restituição dessa tranquilidade.
02:58Eu quero acreditar, sim, que esse chegou o momento, mesmo com essa tragédia, assim como tantas outras,
03:06da gente, de nós parlamentares, darmos essa resposta.
03:10Já na primeira reunião da CPI, os senadores apresentaram mais de 70 novos requerimentos,
03:17entre convocações de ministros, governadores, secretários de segurança pública e especialistas.
03:24Mesmo com o plano de trabalho já definido, ainda não há um cronograma oficial de reuniões.
03:30A expectativa é que os encontros sejam retomados entre os dias 18 e 19 de novembro, após o retorno de Contarato.
03:40Questionado sobre a convocação de pessoas ligadas a integrantes de organizações criminosas na CPI,
03:46o senador afirmou que a comissão não será palco para narrativas partidárias.
03:51A minha função, enquanto presidente, é não deixar essa comissão se transformar em uma pirotecnia ou discurso ideológico partidário.
03:59A criação da CPI foi uma resposta do Senado Federal à Operação Contenção,
04:05realizada no Rio de Janeiro, que deixou mais de 120 mortos no Complexo da Penha e do Alemão.
04:12Além da comissão, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, se reuniu com Alexandre de Moraes
04:18para tratar de ações conjuntas no combate ao crime organizado.
04:24Mais um tema aqui para análise dos nossos comentaristas, Roberto Motto e Túlio Nassa.
04:28Mota, vou começar por você.
04:30Você acredita que essa pausa possa, de alguma forma, esfriar todo esse debate,
04:36ao mesmo tempo em que já se tem, então, a convocação de ministros, de governadores?
04:42É uma mesma estratégia de sempre, Soraya.
04:47Não há sinceridade no discurso da esquerda brasileira e do PT,
04:52quando eles falam de combate ao crime.
04:54Não há convicção de que os criminosos devem ser punidos e a lei endurecida.
05:02Se você prestar atenção, vai ver que o discurso é cheio de contradições.
05:08Nós ouvimos há pouco uma autoridade do governo falando da cooperação policial na Amazônia
05:15com o objetivo de combater o desmatamento, não combater o tráfico de drogas.
05:22O tráfico de drogas, garimpo ilegal, são grandes responsáveis por devastação ambiental na Amazônia.
05:30Nós ouvimos agora o senador chamando a operação policial aqui do Rio de Janeiro,
05:36uma das mais bem-sucedidas.
05:39Ele chamou a operação de tragédia.
05:42Só faltou lamentar a quantidade de criminosos mortos.
05:48Então, é a repetição do mesmo discurso, da mesma visão do criminoso como um pobre e coitado,
05:56é a mesma recusa de endurecer a lei.
06:00Eu não vejo absolutamente nada de novo.
06:03Túlio Nassa, o senador também falando de tentar evitar a narrativa política nessa CPI.
06:12A gente tem também a CPI do INSS e o ano que vem tem eleição
06:15e, pelo visto, esses trabalhos vão se estender até pelo menos o começo do ano que vem.
06:19Me parece inevitável que a parte política entre em ação nessas comissões, não?
06:25Pois é, Nonato.
06:26É mais uma hipocrisia aqui, né?
06:28Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço.
06:31Eu falo, não quero politizar o assunto.
06:34E eu abro uma CPI para tratar do assunto.
06:37A CPI é uma instituição que tem por finalidade politizar o assunto.
06:43Ora, numa CPI, nós sabemos que não existe o poder, a infraestrutura investigativa
06:48como tem nas operações policiais, as organizações que combatem o crime organizado.
06:53A CPI é como uma caixa de Pandora.
06:55A hora que você abre, você não sabe que monstros que saem dela.
06:58E nós temos aí uma questão muito séria a ser debatida
07:01que poderia ser enfrentada pelo Congresso Nacional
07:04à luz da PEC e da segurança pública.
07:07O que os congressistas vão aprovar nesse sentido?
07:10Será que vai ser a centralização de poder em relação à União?
07:14Nós vamos caminhar para o que o México fez,
07:16que o México se transformou, esse sim, num narco-estado,
07:19verdadeiramente um narco-estado,
07:21exatamente com a centralização da segurança pública?
07:23Ou nós vamos usar o exemplo dos Estados Unidos e da Argentina,
07:27onde a segurança pública é capilarizada,
07:29onde há efetiva integração entre as polícias
07:32e os números de segurança pública são muito melhores que os números brasileiros?
07:36Por essas e por outras, também é preciso verificar
07:38se essa CPI não foi criada para tentar desmantelar ou desacreditar
07:44a operação bem-sucedida que foi feita no Rio de Janeiro.
07:48Porque, para muitos especialistas,
07:51há um grande risco de que o governo federal esteja usando essa CPI
07:55para exatamente descreditar,
07:57para encontrar falhas nessa operação
07:59que foi, repito, muito bem-sucedida.
08:03Então, Nonato, vamos ficar alertas com os próximos passos.
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