Luiz Felipe D’Avila avalia a megaoperação no Rio de Janeiro, que escancarou a crise de segurança. D’Avila afirma que a falência do estado na segurança pública é o principal fator que contribui para o avanço das facções.
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00:00Daqui a pouco, inclusive, a gente vai ter uma entrevista especial com um representante do sistema de justiça.
00:05Você que estava no intervalo da rede estava acompanhando o comentário do delegado Palumbo a respeito de tudo o que vem acontecendo no Rio de Janeiro
00:10e as reflexões todas a respeito da nossa lei, do sistema penitenciário, da situação dos criminosos hoje em dia.
00:17E aí eu quero chamar o Luiz Felipe Dávila porque, Dávila, o Palumbo falou algo interessante, né?
00:21Essa coisa do bandido que troca tiro com um policial está assumindo o risco, naturalmente, de perder a vida, né?
00:29Porque se a gente pega aí como essa operação começou, foram 2.500 agentes da Segurança Pública do Rio de Janeiro
00:35que saíram de casa não para trocar tiro, saíram de casa simplesmente para cumprir 100 mandados de prisão.
00:41Se a gente pega a proporção aqui, dá 25 agentes para cada um mandado de prisão que deveria ser cumprido hoje.
00:50Mas a gente chegou nesse cenário de guerra, nessas imagens que a gente está vendo,
00:55simplesmente porque eles não aceitam a autoridade do Estado.
00:57não aceitam a autoridade da polícia, não aceitam o cumprimento de uma ordem judicial de prisão.
01:04A retaliação mesmo, barricadas, fogo, ordem, toque de recolher nos territórios em que eles se sentem
01:11e são, de fato, os comandantes maiores daqueles territórios, regiões inteiras do Rio de Janeiro.
01:18Isso mostra uma falência do Estado na Segurança Pública, né, Luiz Felipe Dávila?
01:21Exatamente, mostra uma total falência do Estado.
01:26E eu concordo com os meus colegas de bancada, essa indignação, né, com a falência do sistema judiciário,
01:33com a impunidade que estimula o crime, com a morte de policiais que não são bem treinados,
01:40tudo isso eu estou de acordo, mas eu gostaria de trazer aqui pra um zoom out pra entender o cenário maior.
01:48Porque esse tipo de ação precisaria estar coordenado com várias outras atitudes.
01:55Por exemplo, como é que acaba com rotas de tráfico de droga?
02:00Como é que vai bloquear bens e dinheiro dessas organizações?
02:03Como é que vai ter uma política de recuperação da autoridade dos territórios?
02:08Porque se você faz uma incursão dessa, morrem 60 pessoas até agora.
02:14Pode ser que nós tenhamos ainda mais conflitos aí ao longo da noite.
02:19E não tem uma coisa, uma mudança efetiva, ou seja, em controle de território,
02:25em desmantelamento do comando ou da questão do enfraquecimento financeiro.
02:31Nada muda, a realidade continua a mesma, ou seja, houve hoje uma primeira batalha,
02:37como bem disse o Beraldo, uma fase de Gaza, nossa faixa de Gaza, amanhã tem outra.
02:42Mas isso tem que estar debaixo de uma grande estratégia do combate ao crime organizado.
02:48Porque senão nós temos ações como esta, que na verdade as coisas voltam ao normal daqui a alguns dias.
02:56E isso é péssimo.
02:59Então, eu entendo que ações desse tipo precisam estar bem coordenadas
03:04para que nós possamos realmente desmantelar parte da atuação do crime organizado.
03:11Porque senão é uma tragédia atrás da outra, né?
03:14E agora, nós, pelo menos essas ações, mostram aquilo que a sociedade tenta encobrir.
03:22Este controle de território, este domínio do crime organizado,
03:27que aterroriza a população todos os dias, cada vez mais com sua ousadia,
03:34com seus atos criminosos, com a impunidade da justiça e com o não cumprimento pleno das penas.
03:40Mas nós precisamos olhar para qual é a estratégia por trás dessas ações
03:44para desmantelar as redes do crime organizado.
03:48Caso contrário, é uma batalha na trincheira.
03:52Hoje, ganhamos uma batalha, amanhã tem um outro ataque,
03:56e aí a gente não evolui.
03:58Precisa evoluir.
03:59O Estado precisa recuperar a sua capacidade
04:04de vencer a batalha contra o crime organizado,
04:07restabelecer sua autoridade sobre território
04:11e começar a ter uma política nacional para desmantelar o crime organizado.
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