ACORDO de PAZ assinado por Trump não CITA CRIAÇÃO de Estado palestino; ENTENDA

Jovem Pan Morning Show

Líderes de diversos países se reuniram no Egito nesta segunda-feira (13) para assinar um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Apesar do marco diplomático, Israel e o grupo Hamas não participaram da cerimônia. O documento, que simboliza a primeira fase do plano de paz, prevê agora uma nova etapa voltada à reconstrução de Gaza e definição da governança local. O texto, no entanto, não menciona a criação de um Estado palestino.
Reportagem: Eliseu Caetano

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00:00É pra... rumo aos Estados Unidos nesse momento, rumo ao Norte, por que não?

00:03Pra receber as últimas atualizações sobre o protagonismo de Donald Trump

00:06ali no distensionamento final, ao que tudo indica, do conflito entre Israel e o Hamas.

00:14Claro que o acordo foi assinado e chancelado pelo presidente dos Estados Unidos

00:18e também pelos mediadores do Egito, do Catar, da Turquia,

00:22numa declaração marcando o fim da guerra na faixa de Gaza.

00:25Agora, no entanto, o texto não menciona a criação de um Estado palestino

00:29e o Eliseu Caetano se junta a nós nesse momento com mais detalhes.

00:33Eliseu, ao que tudo indica, o documento foi defendido, que foi defendido,

00:37que foi avançado, que foi proposto, ainda segue dando o que falar. Por que, hein?

00:44Exatamente, Marinho. Muito bom dia pra você e pros nossos colegas debatedores

00:47e pra todo mundo que acompanha o show da manhã aqui na programação da Jovem

00:51com a gente falar ao vivo, direto dos Estados Unidos.

00:539 horas da manhã com 48 minutos na costa leste-americana.

00:56Temperatura de momento no sul da Flórida, 25 graus Celsius.

01:00No finalzinho da manhã desta terça-feira por aqui.

01:03A questão toda agora se concentra em torno do documento de paz assinado ontem,

01:09lá em Charme-El-Sheik, no Egito.

01:11Pelo menos aqui nos Estados Unidos, as discussões estão se concentrando em um dos 21 pontos

01:17que foram levantados nesse documento por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos,

01:21e aceitados ali, tanto por Israel, quanto pela organização terrorista Hamas.

01:28Vale lembrar que nenhum representante israelense, nenhum representante dos terroristas do Hamas

01:34estiveram na solenidade em Charme-El-Sheik, no Egito,

01:38porque lá o documento já tinha sido assinado por eles,

01:41portanto foi mais uma solenidade para as outras autoridades,

01:45cerca de 20 autoridades do mundo inteiro.

01:46Mas a questão toda, Mari, se diz com relação à criação de um Estado palestino.

01:52O reconhecimento de um Estado palestino foi um dos principais pedidos por parte desse povo

01:57ao longo de todo esse processo.

01:59Seria um Estado independente, com fronteiras e soberania própria.

02:04O acordo, portanto, assinado por Donald Trump,

02:07assinado pelos demais líderes mundiais e, por Israel,

02:11e pelo Hamas, representa de fato um avanço, um avanço significativo

02:17em muitos pontos importantes para os povos lá do Oriente Médio.

02:20Mas nesse sentido de criar um Estado palestino, me parece que não.

02:26Pelo menos aqui os analistas políticos têm avaliado

02:28que no ponto a ponto o texto não é claro, não é específico

02:33e não é direto no que tange à criação de um Estado palestino na faixa de Gaza.

02:38Algo que era defendido pelos próprios palestinos

02:42e, claro, por boa parte da comunidade internacional

02:46que acompanhou esses dois anos de guerra,

02:48entendendo também que o povo palestino merece ter a sua terra,

02:52merece ter o seu espaço.

02:55A grande questão toda é que o conflito foi encerrado,

02:58pelo menos num primeiro momento, pelo menos nessa primeira fase.

03:02A gente vai agora saber e acompanhar se de fato vai ser duradouro.

03:05Mas a não menção da criação de um Estado palestino

03:09pode levar a ter um problema.

03:11Por quê?

03:12E aí eu jogo a bola para você, Marinho, para os nossos colegas debatedores.

03:17Os palestinos não aceitam a criação de um Estado palestino

03:21sem tornar Jerusalém a sua capital.

03:24O problema é que Jerusalém é uma capital importante para os judeus,

03:29para os cristãos e para dezenas de outros povos

03:32com diferentes nacionalidades e diferentes religiões no mundo inteiro.

03:39Então, tanto a ONU quanto as autoridades...

03:41Problema antigo.

03:41Problema antigo, né?

03:42Querem que Jerusalém seja um território internacional

03:44para que possa receber todos os povos de todas as religiões

03:48para ali celebrarem as suas fés.

03:51Mas os palestinos querem porque querem Jerusalém como sua capital

03:54e não abrem mão.

03:55Só que daí tira o restante do mundo da possibilidade de ir para lá.

03:58E aí a confusão está armada e eu jogo a bola para vocês continuarem o debate.

04:02Até amanhã, Marinho.

04:03Bom dia, bom trabalho para todo mundo.

04:06E mais uma vez a gente volta ao já antigo ditado, né?

04:10Que, ao que tudo indica, os palestinos nunca perdem uma oportunidade

04:13de perder uma oportunidade.

04:15Impressionante.

04:16Obrigado, Eliseu, pela presença.

04:19Bom, antes da gente seguir adiante, muitos outros temas quentes e urgentes

04:22para todos vocês ficarem bem informados.

04:23É o nosso balanço aqui de tudo que a gente viu ontem, dia histórico, naturalmente.

04:28A gente merece respirar um pouco aliviado, acreditar no melhor.

04:33Mano Ferreira, seu destaque.

04:35Olha, Marinho...

04:35Impressionante as cenas no Egito também, a convocação de tantos chefes de Estado

04:39de todas as matizes ideológicas e regiões do planeta ali junto, certo?

04:43Exato.

04:43Eu sou um otimista crônico, então eu gosto sempre de pensar

04:46que temos uma oportunidade de mudar a história.

04:49Mas eu também sou muito cético sobre as condições concretas

04:54da gente evoluir dessa situação, que é um belíssimo, importantíssimo

04:59primeiro passo, o cessar-fogo, para uma construção duradoura da paz na região.

05:06Porque isso depende do reconhecimento da legitimidade

05:10diante de todos os atores envolvidos.

05:12E a gente está vendo muito mais o engajamento dos mediadores

05:15do que dos diretamente envolvidos.

05:18Ou seja, Israel e Palestina precisam ser capazes de reconhecer um ao outro,

05:25de reconhecer do lado de Israel a legitimidade da Palestina

05:29e de reconhecer por parte da Palestina a legitimidade de Israel.

05:33E para além da faixa de Gaza, há nesse conflito o componente da Cisjordânia,

05:39onde há diversos assentamentos de colonos judeus

05:42e nenhuma sinalização de disposição de retirada dos colonos judeus

05:50dessa parcela do território, que na convenção da ONU original

05:56que criou o Estado de Israel e tinha a previsão do Estado palestino,

06:01era um território que seria do futuro Estado palestino.

06:05Então, temos aí um impasse territorial muito difícil de ser resolvido

06:10que precisa, antes de mais nada, da construção de legitimidade interna

06:15por parte da sociedade israelense e da reconstrução de uma instituição

06:21que seja capaz de reverberar com legitimidade a posição do povo palestino.

06:27O que não é o caso do Hamas.

06:30E também há uma crise de legitimidade no Fatah e na autoridade palestina.

06:34E como você vai escolher uma autoridade palestina sem estar vinculado ao Hamas?

06:38Hoje é praticamente impossível.

06:39Mas é porque tem a autoridade palestina que não quer ser desvinculado ao Hamas.

06:44É desvinculado.

06:44Mas também não tem exatamente uma legitimidade.

06:48Porque tem uma percepção de corrupção por parte da população palestina

06:52em relação ao Fatah.

06:53A gente confunde um pouco legitimidade com viés que é nosso,

06:55que francamente é mais próximo a Israel em termos de democracia,

06:59votação e todas essas coisas.

07:02Eu acho importante a gente lembrar que quando foi criado,

07:05foi criado ambos os estados.

07:08Lá em 1948 surge Israel e surge o território também da Palestina.

07:13Só que o que aconteceu depois disso foi também vários momentos de ataque a Israel

07:20em várias guerras que aconteceram.

07:23Foram mais de três guerras pelo exterminar ali do país, do grupo israelense.

07:29Então, quando a gente fala de Cijordânia, que era uma parte ali que está bem próxima da Jordânia,

07:35por assim dizer, quando a gente está falando disso, a gente precisa entender

07:38que esse território que o Manu fala dos assentamentos,

07:41também foi um território que foi uma disputa de uma guerra que Israel não começou.

07:46Foi uma guerra que começaram por Israel ao atacá-lo no passado.

07:50Então, voltando no tempo, em 1948 a gente estava falando de dois estados.

07:55Mas foi a situação política, a participação de vários países,

07:59como o próprio Egito no passado, em relação a ataques contra Israel,

08:03que também aumentou a tensão nessa localidade

08:06e que deu todos os problemas que a gente vê acontecendo até hoje.

08:10É, acontece que desde 1947 os judeus vêm se propondo a construir o seu próprio estado,

08:15enquanto os seus vizinhos só pensam na destruição dessa tentativa de construção do próprio estado.

08:21E, ao que tudo indica, perderam a capacidade de ter sua própria autodeterminação

08:25e, ao que tudo indica, serão governados por esses interventores estrangeiros,

08:29ao que tudo indica, enquanto, do outro lado, tem um país que, enfim,

08:32é pujante, próspero, cresce alimentos no deserto, basicamente.

08:37Pegou ali, em 1947, o mandato britânico das piores terras que sobraram ali na Palestina

08:42e construíram a única democracia pugente por lá.

08:45A ver como isso vai se dar a sequência, mas o momento está melhor do que estava antes.

08:50Então vamos tentar se apegar aos últimos acontecimentos.

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