Marcelo Marani, fundador e CEO da Donos de Restaurantes, comentou sobre o impacto do tarifário dos Estados Unidos no setor de bares e restaurantes. Ele explicou como a queda na produção de insumos como café, suco, carnes e pescados pode levar ao aumento de preços e afetar o repasse ao consumidor.
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00:00Pode parecer contraditório, mas no setor de bares e restaurantes, muita gente prevê que o tarifácio dos Estados Unidos pode aumentar o preço de alguns produtos por aqui.
00:09Eu vou falar sobre isso com o Marcelo Marani, que é fundador e CEO da Donos de Restaurantes.
00:14Boa tarde para você, Marcelo. Seja bem-vindo.
00:17Boa tarde, Marcelo. Um prazer participar. Muito obrigado pelo convite.
00:22Bom, explica para a gente então esse raciocínio, porque normalmente quando um produto sobra no mercado interno, a tendência é o preço cair, né?
00:29Sem dúvida. No curto prazo, a gente pôde observar, eu tenho aqui milhares de clientes, muitos deles reportaram que a carne, principalmente a proteína, no curto prazo, teve uma melhora considerável na precificação.
00:45Mas o que a gente entende é que o dono de restaurante tende a sofrer no médio e longo prazo, se realmente essa tarifácio dos Estados Unidos continuar.
00:55Porque o que a gente entende é que a produção, a capacidade de produzir, ela começa a diminuir algumas pessoas que são grandes produtores hoje, que abastecem essas cadeias, passam a investir menos, acreditarem menos nesse mercado interno.
01:13Então a gente tem uma tendência forte que no médio e longo prazo, isso vai ser desastroso para a cadeia de restaurantes.
01:19Então vocês estão dizendo que a queda na oferta pode aumentar os preços, né? Já que o que já está produzido é vendido aqui mais barato, mas aí diminui-se a capacidade de produção então, né?
01:30Isso deve afetar principalmente que tipo de produto?
01:33Sem dúvida nenhuma, a gente observa aqui já uma movimentação expressiva em mercados como o café.
01:39O café que é tão importante no mercado de bares e restaurantes, a gente tem milhares de cafeterias no Brasil e não só cafeterias, né?
01:49Em praticamente todos os restaurantes do Brasil serve-se um bom cafezinho.
01:54O suco de laranja que é tão comum nas lanchonetes e também em bares e restaurantes.
01:59As proteínas como a carne também serão afetadas e principalmente os pescados.
02:06Então a gente observa principalmente nesses insumos uma movimentação importante e uma precificação que vai precisar ser ajustada pelos donos de restaurantes.
02:18A gente tem a expectativa de uma conversa direta entre Lula e Trump, talvez ainda nessa semana, para falar da situação comercial.
02:24Você tem esperança de alguma novidade surgir daí?
02:28Sem dúvida nenhuma.
02:29A gente sempre está bastante esperançoso.
02:31A gente vive um momento importante de instabilidade econômica e principalmente política, o que faz com que o mercado fique aguardando as decisões.
02:42A gente tem hoje uma taxa da Selic muito alta, que desestimula os investimentos, principalmente em mercados que têm uma mortalidade tão alta quanto a de bares e restaurantes.
02:53Mas a gente está bastante esperançoso.
02:55A gente acredita até que pela relação Brasil-Estados Unidos de tantas décadas, a gente vai ter um bom desfixo.
03:01Eu, pessoalmente, estou bastante otimista.
03:04Marcelo, você fala de aumento de preços para os restaurantes, mas como é que fica o repasse disso para o consumidor?
03:10Porque imagino que os donos de restaurantes fiquem no impasse aí.
03:13Se eles aumentarem demais também, eles podem afugentar clientes.
03:16Acaba reduzindo um pouco a margem de lucro aí?
03:18Marcelo, essa é uma decisão difícil para o dono de restaurante.
03:22O que sempre é discutido aqui entre o meu time, aqui os meus consultores e o dono de restaurante é
03:29alguns deles se encontram em uma situação onde eles precisam vender mais.
03:35O ponto de equilíbrio ali já está ficando distante.
03:37O restaurante está trazendo um certo prejuízo e, de repente, ele precisa ajustar.
03:43ajustar o cardápio, ajustar a precificação, muitas vezes buscar por novos insumos, mas
03:48o momento para aquele empresário não é de testes.
03:52O que ele precisava era de um incentivo maior, seja na cultura, seja no turismo, para que
03:58ele tivesse ali, então, uma alavancagem nos resultados de venda e, muitas vezes, ele
04:04se encontra em uma situação de adaptação, adaptação de preço, adaptação no mix de
04:09produtos e isso, na minha visão, é perigosíssimo.
04:12Lembrando que o mercado de bares e restaurantes é um dos que mais apresenta falência no Brasil.
04:19A gente viu um começo do ano aquecido na economia e, agora, uma desaceleração que já
04:24era até prevista pelo Banco Central para tentar fazer a inflação cair.
04:28No setor de restaurantes, como é que está sendo a situação agora?
04:31Você está sentindo também essa desaceleração?
04:34A gente sentiu principalmente em julho e em agosto, Marcelo.
04:38Agora, a gente tem uma sazonalidade muito positiva para os restaurantes, o que, na minha
04:43visão, a gente acabou sendo privilegiado pelo timing, porque os melhores meses, via de
04:50regra, praticamente em todas as regiões do Brasil, é a partir do mês de outubro.
04:56Então, outubro, novembro, dezembro, muitas vezes janeiro também, a gente pega ali um momento
05:01bom da economia, que é quando a população recebe o décimo terceiro, que é quando existe
05:07dinheiro circulando e um dos principais atrativos para quase todo mundo é o bar, o restaurante,
05:13a mesa onde as pessoas gostam de confraternizar e se sentem felizes.
05:18Então, a gente sentiu um impacto, sim, principalmente em julho e em agosto, mas a gente passa agora
05:24a chegar no momento mais propício para os bares e restaurantes do Brasil.
05:28Então, eu espero que a gente não sinta tanto esse baque.
05:32Em São Paulo, eu tenho ido a vários restaurantes que estão com uma plaquinha lá de que estão
05:36contratando.
05:37A gente vê o desemprego num nível recorde de baixa aqui no Brasil, né?
05:42Como é que está sendo para o setor contratar?
05:44Está sendo fácil encontrar profissional qualificado para trabalhar em restaurantes?
05:49Marcelo, a gente faz um trabalho educativo de maneira presencial e também online.
05:56A gente visitou entre o ano passado e esse ano 22 capitais do Brasil e uma pergunta que
06:01eu sempre faço no início do nosso trabalho é quem aqui tem problema de mão de obra?
06:07E sem titubear, eu posso dizer aqui que em todos os lugares que a gente passou, 100% dos
06:13empresários sempre levantam a mão.
06:16O empresário, dono de restaurante, ele sofre ainda um pouco mais do que o mercado, porque
06:21a nossa pressão é, a gente não consegue pagar o que a gente acredita que esses colaboradores
06:26merecem.
06:27Afinal de contas, são pessoas que trabalham praticamente de segunda a segunda, tendo um
06:32dia de folga, muitas vezes não coincidindo com o final de semana.
06:37Então, é um trabalho pesado, um trabalho de muita entrega.
06:41Para muita gente é o primeiro emprego.
06:43Então, para o dono de restaurante é bastante desafiador ter a retenção.
06:47Então, muitos deles têm 70%, 80%.
06:51Perceba que números de mercado mostram que o turnover médio no Brasil em bares e restaurantes
06:57é de 74%.
06:59E o que eu quero dizer é, pense o dono de restaurante no dia 1º de janeiro.
07:04Quando chegar o outro 1º de janeiro do ano subsequente, mais de 7 dos 10 colaboradores
07:11que ele tinha no início do ano já mudaram.
07:13Então, para a gente é um grande desafio, principalmente porque a gente tem hoje muitos auxílios e se
07:20a gente for olhar nos critérios da baixa no desemprego do Brasil, são pessoas que estão
07:27buscando emprego.
07:28E muita gente, infelizmente, depende muito desse assistencialismo e acaba não buscando
07:34novos empregos.
07:35Então, na minha visão, é bastante desafiador.
07:37E o que a gente tem para o futuro é ainda mais desafiador, porque eu acredito que a
07:43mão de obra será cada vez mais escassa no Brasil e no mundo inteiro.
07:49Dono de restaurantes, muito obrigado pela sua participação hoje e boa tarde.
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