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NotíciasTranscrição
00:00Olá, seja muito bem-vindo, seja muito bem-vinda.
00:03Meu nome é Fabrizio Naitzki e hoje a gente vai ter um JP Internacional diferente.
00:08Vamos analisar os discursos do presidente Lula e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
00:13na Assembleia Geral da ONU.
00:15Para isso, eu conto com a participação especial da professora do curso de Relações Internacionais da SPM,
00:21Mariana Oren.
00:22Também participa com a gente virtualmente o professor, mestre em comunicação,
00:26que trabalha na Universidade de Helsinki, na Finlândia,
00:30Kleber Carrilho.
00:31Os dois não estão aqui presentes nessa próxima meia hora.
00:33O JP Internacional já está no ar e a gente vai analisar tudo,
00:38tim-tim por tim-tim, dos dois discursos principais aqui para o Brasil,
00:43nessa Assembleia Geral da ONU.
00:51Professora Mariana Oren, muito bem-vinda.
00:53A professora Kleber Carrilho também participa com a gente, muito bem-vindo.
00:56Queria começar perguntando para você, professora, porque nós vimos nessa terça-feira,
01:01a abertura da Assembleia Geral, dois discursos que mostram posições contrastantes.
01:07O presidente Lula tem uma visão de mundo, falou bastante sobre multilateralismo,
01:11reforma da ONU.
01:13Por outro lado, o presidente Donald Trump fez um discurso criticando a ONU,
01:18falando sobre uma nova posição dos Estados Unidos, destacando os feitos do seu governo,
01:23e, inclusive, colocando duras críticas ao governo de Joe Biden.
01:27E eles vão se encontrar, ou pelo menos devem se encontrar, nas próximas semanas.
01:33Há algum risco, professora, dessas opiniões diferentes,
01:38dessa visão de mundo diferente apresentada pelo presidente Lula e pelo presidente Donald Trump
01:43ser algum entrave quando esses dois líderes sentarem para conversar?
01:48Fabrício, boa tarde, muito obrigada pelo convite.
01:52Kleber, olá também, prazer estar aqui com vocês.
01:55Acho que a gente precisa olhar os dois discursos com bastante cuidado.
02:00Como você mesmo mencionou, quando a gente fala da posição do Donald Trump,
02:05ele tem reforçado essa bandeira de que, de alguma maneira,
02:09ele será o grande defensor da paz no mundo,
02:12e, ao mesmo tempo, faz projeções de poder.
02:15No início, ali, do discurso que ele fez essa semana,
02:19ele reforça a palavra força para os Estados Unidos mais de seis vezes.
02:24Então, é uma clara tentativa, ali, de projeção dos Estados Unidos
02:29como o país que tem mais força do que os demais.
02:34Ele, do ponto de vista de uma agenda bem contrastante,
02:37como você trouxe claramente, a questão ambiental.
02:39O presidente Lula está lá, especialmente por conta da COP30,
02:44reforçando essa ideia de que a gente precisa colocar todos os líderes em conjunto
02:48para discutir mudanças climáticas.
02:50Na visão do Donald Trump, isso não deveria ser nem discutido.
02:54Ele chama a discussão de mercado de carbono de farsa
02:57e diz que isso será um grande tiro no pé, especialmente para a Europa.
03:02Mas, de maneira geral, é muito curioso.
03:04Até porque, estava pensando na questão simbólica,
03:06porque a gente tem 80 anos da ONU e, daqui a pouco, os dois também fazem 80 anos.
03:11Exatamente.
03:12E, nesse momento, o Brasil assume essa posição de defender a ideia de democracia e multilateralismo,
03:20enquanto os Estados Unidos têm essa agenda muito mais voltada a questões internas,
03:25uma agenda muito mais protecionista,
03:28que vai de encontro com o pensamento do eleitorado americano.
03:31Então, nos seus primeiros meses de governo, ele justamente tentando agradar o seu eleitorado.
03:37Pesquisas recentes, inclusive, da Gallup, mostram isso.
03:41A gente tem, em 20 anos, os americanos acreditando que os Estados Unidos
03:46deveriam assumir a posição de liderança no mundo,
03:48passando de 80% para 66%,
03:51e mais de 70% dos republicanos entendendo que os Estados Unidos deveriam repassar
03:59cada vez menos dinheiro para a ONU.
04:02Então, acho que ele se alinha ali com quem o elegeu
04:05e, ao mesmo tempo, o presidente Lula utiliza esse instrumento de retaliação aí
04:12para defender a ideia de soberania e aproveitar esse impacto positivo que ele teve na popularidade.
04:22Se a gente olha a pesquisa de ontem,
04:24é a primeira vez que a taxa de aprovação do seu governo
04:28supera a taxa de reprovação e tem subido aí, subiu desde julho, 7 pontos percentuais.
04:33Então, é significativo.
04:36Deixa eu chamar o professor Kleber Carrilho.
04:38Professor, o discurso de Donald Trump foi dentro daquilo que já era guardado.
04:43A própria porta-voz da Casa Branca, Caroline Leavitt,
04:46tinha previsto um discurso onde Donald Trump atacaria as instituições globalistas,
04:50como eles chamam.
04:52Só que, depois do discurso no plenário da ONU, lá em Nova Iorque,
04:56Donald Trump se encontra com António Guterres, secretário-geral da ONU,
05:01e fala que estamos 100% com a ONU.
05:03Ou seja, dá para a gente dizer que o presidente americano fez um discurso para os seus?
05:08Fez um discurso para o seu eleitorado?
05:12Olá, Fabrício. Olá, Mariana.
05:14É um prazer estar com vocês.
05:16Esses discursos precisam ser analisados a partir de alguns pontos de vista,
05:21de algumas percepções.
05:24Tanto Trump quanto Lula, já que estamos analisando os dois,
05:28fizeram discursos para os seus, principalmente.
05:31E Trump, no caso, quis mostrar uma força, uma possibilidade de crítica à ONU
05:41e a todas as representações multilaterais,
05:47que estava presente no seu discurso de campanha.
05:51Ele vem fazendo isso todo o tempo,
05:54embora as equipes do governo americano não tenham trabalhado sempre afinados com esses discursos.
06:01A gente tem visto alguns elementos que mostram que o governo Trump
06:06tem tomado algumas atitudes já diferentes do que ele mantém no seu discurso.
06:12E isso é mais um ponto importante para a gente ficar, para a gente observar.
06:17Justamente porque Trump precisa dar respostas discursivas, performáticas,
06:23ao mesmo tempo em que precisam fazer com que os Estados Unidos continuem funcionando
06:28como esse país de liderança mundial.
06:31É claro que uma parte importante do eleitorado dele está preocupada com questões internas,
06:38com questões inflacionárias, com geração de empregos.
06:41E ele precisa, ao desenvolver discursos que confirmam o que ele dizia durante a campanha,
06:53ele faz com que haja ainda um adiamento de respostas específicas necessárias para este eleitorado.
07:04Então, o que ele está fazendo neste momento é jogando como o grande político
07:09e o grande, mais do que político, negociador que ele é,
07:13tentando equilibrar entre públicos diferentes, expectativas diferentes
07:19e, consequentemente, esperanças de um futuro também diferente para cada um deles.
07:26O que a gente pode observar neste momento, precisa observar neste momento,
07:32é quanto disso pode atingir o Brasil e, principalmente, fazer com que essa conversa futura
07:40com o presidente Lula também não seja muito mais uma performance para os seus
07:45do que uma tentativa de resolução de problemas específicos ligados à economia brasileira.
07:50Mas, é importante entender a questão da performance presente nesta discussão.
08:00Eu vou continuar com você agora, professor.
08:02Depois eu passo a bola para a professora Mariana.
08:03Eu queria entender o seguinte.
08:05Hoje, os Estados Unidos, maior potência econômica, militar do mundo,
08:09olham para o retrovisor e veem a China chegando ali, fungando no cangote norte-americano.
08:15E aí, o presidente Donald Trump vem e faz um discurso
08:18onde ele critica essas instituições, essas organizações que representam o multilateralismo
08:25ao redor do mundo.
08:26Ele falou especificamente da ONU, ele não menciona no discurso outras organizações,
08:31mas a gente ouviu, por exemplo, o presidente Lula defendendo bastante
08:35uma reforma na Organização Mundial do Comércio.
08:38Os Estados Unidos, é importante a gente lembrar, anunciaram que estão deixando
08:41a Organização Mundial da Saúde esse ano.
08:44Em um momento em que a China está tão colada nos Estados Unidos,
08:49ou tem se aproximado tanto dos Estados Unidos, assumindo um protagonismo mundial,
08:55os Estados Unidos abrirem mão dessas instituições não representam um risco muito maior
09:01do que um ganho propriamente dito?
09:03Não seria melhor para os Estados Unidos, desse ponto de vista estratégico,
09:07buscar um controle maior dessas instituições, uma liderança maior dentro dessas instituições,
09:13ao invés de abrir mão dessas parcerias?
09:17Eu não acredito que eles estejam abrindo mão das parcerias.
09:21Mais do que isso, eles estão pressionando para que essas organizações sigam um modelo
09:27mais alinhado ainda com aquilo que os Estados Unidos, ou pelo menos esta visão de mundo
09:33representada pelo presidente Donald Trump, quer.
09:35Eu não acredito que haja, por exemplo, uma interrupção ou uma saída dos Estados Unidos
09:45da própria ONU.
09:46Algumas agências, sim, a questão, a discussão com a Organização Mundial da Saúde já é antiga,
09:51já houve um movimento anterior, no primeiro mandato.
09:55A questão ligada à Organização Mundial do Comércio tem a ver também com os benefícios
10:00que a China tem na OMC, então, no fundo, a forma de negociação de Donald Trump é muito
10:07diferente daquilo que a gente estava acostumado com presidentes mais ligados à institucionalidade
10:12dos partidos, tanto o Partido Republicano quanto o Partido Democrata.
10:16Ele traz essa característica de negociação do mercado imobiliário que ele tem, que ele
10:21gosta de lembrar muito bem, com essa pressão.
10:24Então, eu vou sair, vou dizer que está tudo errado, vou fazer com que as organizações
10:32deixem de desistir, porque se eu não estarei lá mais, o meu país não estará lá mais,
10:38consequentemente, essas organizações não vão existir mais.
10:41Agora, fazendo isso para quê?
10:43Para que haja, do outro lado, um alinhamento, um alinhamento das organizações àquilo que
10:49Donald Trump e uma parte importante do entorno político dele querem, que é fazer com que
10:58haja um alinhamento ainda maior.
11:00Então, vejam, a performance é contrária a essas organizações.
11:05O discurso é contrário a essas organizações, ou aparentemente contrário a essas organizações.
11:09Mas, no fundo, é uma tentativa de controle desta forma um pouco diferente daquilo que a gente
11:17estava acostumado, mas, com certeza, a intenção é manter uma liderança ainda mais forte,
11:22manter uma possibilidade de controle sobre outros atores de uma forma um pouco menos democrática
11:32ou menos participativa ou menos multilateral do que havia antes.
11:36E você, professora, como é que você analisa esse papel da liderança dos Estados Unidos atualmente?
11:41Totalmente alinhada com o Kleber.
11:43A gente fala bastante lá na SPM dessa ideia da fragmentação do multilateralismo.
11:48Então, na medida em que, inicialmente, ali no discurso, ele projeta, e tem feito isso
11:54reiteradamente, essa ideia de poder.
11:57Nós somos o país mais importante do mundo.
12:01Todos devem se voltar aos Estados Unidos.
12:04Ele faz até esse comentário em relação ao Brasil.
12:07O Brasil só se dá bem quando está alinhado com os Estados Unidos.
12:10Se não está alinhado, vai se dar mal e sempre se dará mal.
12:14Então, do ponto de vista, assim, de teoria dos jogos, é quase que uma tentativa de blefe.
12:20Vamos ver até onde eu consigo usar essa projeção de poder
12:24para fazer com que instituições que foram criadas para o mundo pós Segunda Guerra Mundial
12:32funcionem em um outro contexto, num contexto onde você mesmo mencionou.
12:38A China assume um protagonismo, a indústria 2.0, 3.0, 4.0.
12:46Então, eu não posso perder esse espaço.
12:49Na medida que eu sou o maior, eu preciso continuar sendo o maior.
12:53Agora, professora, vou começar essa pergunta aqui para você,
12:56porque o presidente Lula, mais uma vez, voltou a falar de reforma na ONU,
13:02principalmente no Conselho de Segurança da ONU.
13:04Ele questionou bastante o último veto dos Estados Unidos em relação à resolução
13:09por um cessar-fogo na faixa de Gaza.
13:11A gente lembra que isso aconteceu na última semana.
13:15O placar foi de 14 a 1 no Conselho de Segurança.
13:18E os Estados Unidos, como são membro permanente do Conselho,
13:21quando eles vetam uma resolução, o poder de veto de um membro permanente
13:25do Conselho de Segurança, ele é absoluto.
13:26Não tem como virar quando um membro permanente veta
13:30alguma resolução no Conselho de Segurança.
13:33A questão aqui é a seguinte.
13:35Desde 2023, quando o Lula voltou ao poder,
13:38ele tem falado sobre a necessidade de reforma.
13:40Pede mais participação dos países emergentes, o mundo...
13:45E aí, acho difícil a gente negar que o presidente tem razão
13:48quando ele diz que o mundo de hoje não é o mesmo de 80 anos atrás.
13:51Isso é realmente inegável.
13:53Mas o que a gente poderia esperar de uma reforma na ONU?
13:58Não digo nem especificamente do Conselho de Segurança da ONU,
14:01mas da ONU como organização.
14:04Há espaço para reformas nas Nações Unidas?
14:07Do que me parece haver da discussão,
14:10é muito mais uma tentativa de fortalecer outros blocos
14:14do que efetivamente mexer nessa estrutura da ONU que a gente já conhece.
14:18Não à toa, a gente escuta o presidente Lula diversas vezes
14:22tentar reforçar essa ideia de que o papel dos BRICS
14:26deveria ter no jogo político global.
14:31Então, a gente entende que, como o professor Kleber trouxe,
14:37a ONU continuaria tendo esse papel, mas a gente precisaria abrir espaço
14:41para que novos fóruns pudessem, de alguma maneira, trazer as suas ideias.
14:49Sem dúvida, a faixa de Gaza tem sido um ponto de bastante conflito.
14:53Inclusive, ontem, o presidente Donald Trump apresentou um projeto
14:57para que a gente atinja um cessar-fogo e a paz,
15:02mas com intervenção em Gaza,
15:04o que alguns países também não gostam muito da ideia que foi apresentada.
15:07Então, acho que, de alguma maneira, volto àquele tema
15:11de fragmentação do multilateralismo.
15:13Se essa instituição, da forma como ela foi construída,
15:16já não funciona para esse mundo que mudou tanto,
15:19por que não, na cabeça do presidente Lula,
15:22por que não fortalecer esses novos acordos, digamos assim,
15:27como os BRICS, que nós também sabemos
15:30que não necessariamente levam a negociações tão efetivas assim.
15:35Pois é. Professor, na Europa, como é que isso tem sido visto?
15:40A possibilidade de algum tipo de reforma na ONU?
15:42O Conselho de Segurança, a ONU, aliás, como organização,
15:46ela foi fundada ainda em um momento onde a Europa
15:49tinha uma influência muito maior do que ela possui atualmente.
15:54Então, é interessante a gente pensar no momento de fundação da ONU,
15:58a ONU é o resultado do fim da Segunda Guerra.
16:00E, consequentemente, é o resultado dos vencedores.
16:05E os vencedores da Segunda Guerra fizeram questão
16:08de proteger muito bem seus interesses ali.
16:12Porque quando não há possibilidade de resolução,
16:17qualquer resolução, sem que haja uma concordância
16:20do Conselho de Segurança,
16:22ou dos membros permanentes do Conselho de Segurança,
16:25consequentemente, eles criaram uma impossibilidade de mudança.
16:32Eles tornaram muito o poder dos vencedores da Segunda Guerra
16:38esse poder muito longevo.
16:40Isso é, até hoje, 80 anos depois, a gente está discutindo
16:43se os membros poderiam ou podem ainda ter esse poder de representação.
16:49Agora, vejam, o que acontece na Europa,
16:52e aí vou ir para a sua resposta, para a sua pergunta agora,
16:55o que acontece na Europa neste momento
16:57é que essa fragilidade que o continente tem tido,
17:00principalmente econômica,
17:03a gente sabe disso,
17:05as potências europeias têm perdido cada dia mais
17:08os seus lugares nas principais economias do mundo,
17:13mas mais do que isso,
17:13essa ameaça militar que há com essa invasão,
17:18principalmente com a invasão da Rússia à Ucrânia em 2022,
17:22neste momento, a Europa tenta se organizar como continente unificado
17:29ou uma tentativa de unificação de interesses,
17:33mas cada um dos países está lidando com grandes crises internas.
17:39Então, é claro que a pressão de Donald Trump neste momento
17:43é algo muito incômodo,
17:46mais incômodo ainda do que as próprias crises internas que cada um tem,
17:52mas algumas das questões que, para nós,
17:55aparentam ser muito importantes,
17:57por exemplo,
17:58esse estresse entre Trump e Lula,
18:02isso fica no segundo plano neste momento aqui na Europa.
18:06O que a Europa está preocupada é justamente a preocupação de,
18:14repetindo aqui, usando a mesma palavra,
18:16a preocupação de Donald Trump com a OTAN,
18:19se ele realmente vê a OTAN como algo,
18:22como os membros da OTAN como países aliados,
18:25ou ele apenas está vendo os membros da OTAN como fonte de prejuízo
18:32momentâneos para os Estados Unidos
18:34e possíveis futuros contribuintes de uma retomada da economia americana.
18:41Porque quando a gente observa os últimos movimentos de Trump
18:47em relação tanto à União Europeia quanto à OTAN,
18:51primeiramente é uma tentativa de ter resultados positivos
18:56em relação ao comércio,
18:58então aquele acordo de tarifa um pouco mais baixa
19:01que ele fechou com a Ursula von der Leyen
19:04e que acabou trazendo uma preocupação para alguns países
19:09porque foi um acordo muito costurado de forma muito rápida,
19:13isso é um ponto que traz preocupação para a grande parte dos países europeus,
19:19lógico, principalmente os que fazem parte da União Europeia,
19:22mas principalmente essa questão militar,
19:26o aumento da participação ou do investimento em defesa
19:31em relação ao PIB de cada um dos países,
19:35a necessidade de cortes, por exemplo,
19:38em algo fundamental para alguns países
19:39como o estado de bem-estar social,
19:42aqui nos países nórdicos principalmente,
19:44essa qualidade das democracias que se desenvolveu aqui
19:52nas últimas décadas e que tem sido colocado em risco
19:55justamente por essa percepção de Donald Trump
19:58de que é possível ganhar dinheiro com a defesa da Europa,
20:02mais do que defender a partir dessa liderança da OTAN.
20:06Então notem que é algo que a gente falou agora há pouco
20:11em relação à ONU e às agências da ONU,
20:15mas também isso ocorre em relação a essa aliança já,
20:20para a gente, histórica,
20:22afinal a gente já nasceu dentro dessa aliança,
20:24entre os Estados Unidos e a Europa Ocidental.
20:29O que está ocorrendo neste momento
20:31é uma junção então de crises internas
20:34em cada um dos países, na maioria deles,
20:37e essa preocupação com a possibilidade de Trump
20:41ainda ter, colocar a Europa em maiores riscos.
20:47Portanto, até levando para o nosso lado
20:49e repetindo aqui,
20:51a nossa discussão com Trump,
20:54a discussão do presidente Lula com Trump
20:56é algo que fica no segundo plano
20:58neste momento na Europa.
20:59Bom, vamos olhar um pouquinho para frente.
21:02A gente já está entrando na parte final
21:03aqui do nosso JP Internacional de hoje.
21:06Houve a sinalização de Donald Trump
21:08para um encontro entre ele e o presidente Lula.
21:11O presidente Lula foi questionado
21:14sobre esse encontro pela imprensa
21:16que estava lá em Nova Iorque
21:17antes de retornar ao Brasil
21:18e ele não fez promessas
21:21sobre o que ele espera para esse encontro.
21:24Professora Mariana,
21:24a gente tem visto,
21:26desde que o tarifaço começou lá em abril,
21:29quando vieram as primeiras tarifas,
21:31o Brasil, na ocasião, recebeu 10%,
21:33que o presidente Trump
21:35é uma figura imprevisível,
21:38principalmente em relação a esse tema.
21:40Mencionava durante a semana
21:41as negociações com a Índia,
21:43um país que deveria ser um parceiro americano,
21:46que os americanos não podem abrir mão
21:47nesse momento,
21:48por ser um país muito grande,
21:50com mais de um bilhão de habitantes,
21:51numa região ali próxima da fronteira com a China,
21:54melhor dizendo,
21:55e que receberam, a princípio,
21:5725% de tarifas,
21:59foram atrás dos americanos
22:01para negociar,
22:02o primeiro-ministro Narendra Modi
22:03se colocou completamente à disposição
22:05e, em recompensa,
22:07ganhou mais 25% de tarifas
22:09porque compra petróleo da Rússia.
22:11Ou seja,
22:12não há um caminho
22:13muito bem definido atualmente
22:15para a forma como um chefe de Estado
22:18deve se portar
22:20diante de Donald Trump.
22:21Pelo menos é isso
22:21o que aparenta ser
22:23o caso nesse momento.
22:26Você acha que é por aí?
22:27Não há um caminho bem definido?
22:30Olha,
22:31a gente tem falado muito
22:32na cartilha do presidente Lula.
22:34Então,
22:35se você olhar toda a experiência
22:38que o Lula teve
22:39nos seus últimos mandatos,
22:42ele sempre teve esse posicionamento
22:44de nunca,
22:46pelo menos mostrar
22:47para a população
22:48que ele nunca olha
22:50para um líder
22:50de baixo para cima,
22:52que ele vai sempre tentar
22:53defender essa ideia
22:54de soberania.
22:56Só que agora
22:56a gente está com
22:57uma balança
22:58que a gente precisa saber
22:58para qual lado a gente vai.
23:00Porque, de um lado,
23:01com a chegada das tarifas
23:03de 50%,
23:05o governo precisou
23:06criar um pacote
23:08relevante
23:09de auxílio
23:10para as empresas
23:11que tinham
23:12mais de 5%
23:14do seu faturamento
23:15afetado
23:16por essas exportações.
23:18A gente está falando
23:18de 30 bilhões
23:20de reais
23:21mais 10 bilhões
23:22via BNDES,
23:24que o Senado
23:25já provou
23:25que isso já não vai fazer
23:26parte
23:27do teto de gastos.
23:29Então,
23:29essa é uma preocupação,
23:30ainda que secundária,
23:31é uma preocupação.
23:33Então,
23:33de um lado,
23:34o ministro Fernando Haddad
23:36também já comentando
23:38que mesmo
23:39com o pacote
23:39de auxílios,
23:41dificilmente
23:42a gente vai ter
23:43um número relevante
23:45dessas empresas
23:45sobrevivendo
23:47no médio prazo.
23:48Então,
23:48de um lado,
23:49você tem
23:50esse componente
23:52econômico
23:53que pesa
23:54para o governo.
23:54A gente está entrando
23:55em ano de eleição,
23:572026.
23:58Mas,
23:58do outro lado,
23:59essa ideia
24:01de lutar
24:01pela soberania brasileira,
24:03ela aumenta
24:03a popularidade
24:04do presidente Lula
24:05e ele conseguiu
24:06esse espaço
24:07aqui ao longo
24:08dos últimos
24:09dois,
24:10três meses.
24:10Então,
24:12o que a gente
24:12espera para agora
24:14é, ao mesmo tempo,
24:14o governo entende
24:15que essa negociação,
24:17esse encontro,
24:18não pode virar
24:19uma casca de banana,
24:20digamos assim,
24:21não pode ser
24:22algo que vire
24:24um problema
24:24posterior,
24:25então vamos conversar
24:26porque abrir
24:27essa via
24:28é importante,
24:29tentar pelo menos
24:29usar um pouco
24:30do que a gente
24:31conhece da boa e velha
24:32diplomacia,
24:34mas,
24:34ao mesmo tempo,
24:35a gente
24:36precisa ponderar
24:38aqui,
24:38tem um jogo aí,
24:40se a gente olha
24:40mais para a eleição
24:41e para o ganho
24:42de popularidade
24:43ou se a gente
24:44olha para questões
24:45internas
24:46do país
24:47que deve
24:48aí em breve
24:48entrar
24:49em processo
24:50de desaceleração
24:51da atividade econômica
24:52por conta
24:53do alto endividamento
24:54das famílias,
24:54então a gente
24:55chega em um ano
24:55eleitoral
24:56nessa sinuca
24:57de bico,
24:58digamos assim.
24:59Então,
25:00se a gente olha
25:00o que deve
25:02acontecer
25:03aí para
25:03a negociação,
25:05o presidente
25:06Trump,
25:06ele continua
25:07tendo essa possibilidade
25:08de fazer retaliações
25:10mais no nível
25:11político,
25:12nos parece,
25:13mas no campo
25:15econômico
25:15parece relativamente
25:17aí limitado
25:18o que se vê
25:19pelo menos
25:20até o momento.
25:21Porque os dois
25:21têm a perder,
25:22quer dizer,
25:23as tarifas
25:24elas impactam
25:25o consumidor
25:25norte-americano
25:26e isso impacta
25:27diretamente
25:27a popularidade
25:28do presidente
25:28Trump,
25:29tem eleições
25:29nos Estados Unidos
25:30ano que vem,
25:31no meio de mandato,
25:32legislativas,
25:33aqui no Brasil
25:34a questão das indústrias
25:35que também
25:35acabam sofrendo muito,
25:37a gente falava,
25:37você trouxe o dado
25:39professora,
25:39quanto tempo
25:40para as tarifas
25:41terem impacto
25:42no mercado americano?
25:43É,
25:43acho que isso é importante
25:44aí a nossa audiência
25:46ter essa consciência,
25:47as tarifas chegaram agora
25:49e vários estudos
25:51tanto do Federal Reserve
25:52quanto do JP Morgan
25:53mostram que
25:54o período mínimo
25:55para que as tarifas
25:56comecem a fazer efeito
25:57é de cinco meses.
25:58Se a gente for olhar
25:59aquela primeira,
26:00a primeira ideia
26:01do Donald Trump
26:01lá das máquinas de lavar
26:03de 2018,
26:04ela levou
26:05mais ou menos
26:05cinco a oito meses
26:07para ter efeito
26:08no bolso do consumidor
26:09e o repasse
26:09foi integral.
26:11Integral.
26:11Então, um para um.
26:12Se a gente for olhar,
26:14for um pouco mais
26:14para trás
26:15no início do século,
26:16a ideia da guerra
26:17do aço,
26:18do Bush,
26:19também impactou
26:20muitas,
26:21muita empresa
26:22quebrou,
26:22porque eram
26:22empresas pequenas,
26:24muita empresa americana
26:24quebra e a ideia
26:25de salvar o país
26:27através de uma
26:27tentativa de
26:28reindustrialização
26:30vira um outro
26:31tiro no pé
26:32e bate na inflação.
26:35A pandemia
26:36é um outro exemplo.
26:38O repasse
26:39de custos
26:39completo da pandemia
26:41levou em torno
26:42de 12 a 18 meses.
26:44Então, a gente
26:44nem começou
26:45a ver isso acontecer.
26:47E aqui a gente
26:47está falando
26:48de tarifas
26:49que atingem
26:50o setor de alimentos,
26:51principalmente,
26:51que é um dos pontos
26:52que mais costuma
26:53atingir a popularidade
26:54de políticos.
26:56Eu queria perguntar
26:57para o professor,
26:57em dois minutinhos,
26:59professor,
26:59o seguinte,
27:01quando o presidente
27:02Lula fala
27:03que não tem,
27:04ele evita falar
27:05de expectativas
27:06para o encontro,
27:07é uma estratégia,
27:09claramente,
27:09para não entregar
27:10nenhuma ideia
27:11que, de repente,
27:12ele não vai poder
27:13cumprir depois
27:13dessa reunião
27:14com o Trump,
27:15não é isso?
27:17Então,
27:17é interessante ver
27:18e a professora Mariana
27:21tem trazido
27:22essa percepção
27:23de todos
27:24têm a perder
27:24e têm mesmo.
27:26Primeiro,
27:27vamos pensar
27:27que o presidente Lula
27:28está preocupado
27:29com uma possível
27:31perda de popularidade,
27:33dessa popularidade
27:33que ele acaba
27:34de retomar
27:36com a aparente
27:39contenda
27:39com o Donald Trump.
27:41Então,
27:41essa briga
27:42não pode acabar assim,
27:44olha,
27:44agora somos amigos
27:45e tudo mais.
27:46E também,
27:47Trump não pode
27:48comunicar algo
27:49do tipo,
27:49olha,
27:50o comunista
27:50lá do Sul
27:51agora é meu amigo.
27:53até porque
27:55demonstraria
27:57uma fragilidade
27:58naquilo que
27:59os Estados Unidos
27:59consideram
28:00ser o ambiente
28:01de controle,
28:02ser o, entre aspas,
28:03quintal.
28:04Então,
28:05é provável
28:06que esta reunião
28:07reafirme
28:09alguns pontos
28:10de divergência
28:12e, por isso,
28:13não acredito
28:14numa reunião pacífica,
28:15não,
28:15não vale a pena
28:16para nenhum dos dois,
28:17embora
28:18haja movimentos
28:20e aí são movimentos
28:21que estão
28:23além do discurso,
28:24que estão na ação
28:25política,
28:26movimentos de
28:28diminuição
28:28de tarifas
28:29para alguns setores,
28:31tem lá
28:31uma notícia
28:33nos últimos momentos
28:34de que
28:35houve uma conversa
28:36específica
28:37do
28:38maior acionista
28:40da JBS
28:40com o próprio
28:42presidente
28:42Donald Trump
28:43e que isso
28:44tem se mostrado
28:46uma
28:46tem
28:48acabou resultando
28:50nessa aproximação,
28:51nessa possibilidade
28:52de conversa
28:53com o presidente Lua.
28:54Mas, em termos
28:55novamente discursivos,
28:57performáticos,
28:58é essencial
28:59que essa briga
29:00aconteça
29:01porque
29:01Donald Trump
29:02e aí também
29:03os dados
29:04sobre economia
29:06podem ser
29:06muito ruins
29:08nas midterm elections
29:10no ano que vem
29:11para Donald Trump,
29:12então ele precisa
29:12de um discurso
29:14de defesa
29:15do interesse americano
29:16ainda
29:17na eleição
29:17do ano que vem
29:18dois anos depois
29:19da própria eleição
29:20para presidente
29:20e também
29:22o presidente Lula
29:22precisa
29:23desta
29:24confirmação
29:26dessa briga
29:27justamente porque
29:28ainda não conseguiu
29:29trazer uma marca
29:31para o seu governo.
29:32Então,
29:32esses são os componentes
29:33aí em disputa
29:35e são
29:36basicamente
29:37disputas
29:38simbólicas
29:39mais do que
29:40disputas
29:40de uma racionalidade
29:42política.
29:43Olha,
29:44como tudo que é bom
29:45passa voando,
29:46o JP Internacional
29:47vai ficando por aqui.
29:48Eu queria agradecer
29:49a presença do professor
29:50Kleber Carrilho
29:50direto da Finlândia
29:51superando o fuso horário
29:53para conversar aqui
29:53com a gente.
29:54Professor,
29:54até a próxima.
29:56Eu que agradeço
29:57o convite,
29:58foi muito bom
29:58estar com vocês
29:59e espero que a gente
30:00tenha trazido
30:01alguma informação nova
30:02para os espectadores
30:04da Jovem Pan News.
30:05Ah,
30:06com certeza.
30:06Professora Mariana,
30:07também muito obrigado
30:08pela sua presença
30:08aqui com a gente.
30:09volte bem em breve.
30:11É um prazer
30:12estar aqui com vocês,
30:13contem comigo.
30:14Bom,
30:14o JP Internacional
30:15dessa semana
30:16vai ficando por aqui,
30:17a gente segue de olho
30:18em tudo o que acontece
30:19ao redor do mundo.
30:20A Assembleia Geral
30:21da ONU continua,
30:22vai até segunda-feira
30:23e a gente vai seguir
30:23acompanhando tudo.
30:25Nosso próximo encontro
30:26é no sábado que vem,
30:27claro,
30:27ao longo de toda a programação
30:29da Jovem Pan News.
30:30Muito obrigado
30:31pela sua companhia
30:31e até a próxima.
30:32A opinião dos nossos comentaristas
30:36não reflete necessariamente
30:38a opinião do Grupo Jovem Pan
30:40de Comunicação.
30:45Realização Jovem Pan
Recomendado
31:59
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A Seguir
50:10
15:25
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