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Em entrevista à Jovem Pan, o professor de relações internacionais Vitélio Brustolin, da UFF, analisou os possíveis cenários da reunião de Lula (PT) e Donald Trump, prevista para semana que vem. Para o especialista, o fato de o encontro ser presencial pode transformá-lo em um "reality show". Lula disse estar otimista para a conversa com o presidente dos EUA.

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Transcrição
00:00Olha, um dia depois de receber um afago de Donald Trump, Lula declara que aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível.
00:09Sobre mais um dia de discussões na ONU, o nosso convidado agora é o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense, Vitellio Brustolin.
00:17Tudo bem, professor? Seja bem-vindo sempre. Boa noite.
00:21Boa noite, Thiago. Obrigado pelo convite. Boa noite a todos.
00:23Bom, professor, quando a gente acompanhou, não só de ontem para hoje, Donald Trump falando, mas hoje o presidente Lula, a gente chegou aqui na discussão.
00:32Vamos convidar o professor Vitellio, que tem essa visão não só mais global, só que a visão da diplomacia.
00:38O senhor acha que o impasse como esse, que o Brasil vive com os Estados Unidos, com essas sanções, e a partir de afagos como esses que nós vimos ontem e hoje, a diplomacia pode ser construída, professor?
00:51Olha, Thiago, antes de mais nada, nós precisamos ter muita cautela com essa reunião que pode acontecer nos próximos dias entre o Trump e o Lula. Por quê?
01:02Porque na segunda-feira, autoridades brasileiras foram sancionadas pelos Estados Unidos um dia antes do discurso do Lula e do Trump na ONU.
01:10E o Departamento de Estado dos Estados Unidos já deixou claro que tem uma agenda de sanções a serem aplicadas contra pessoas no Brasil e também contra o próprio país.
01:25Então, nada indica que essa reunião, essa possível reunião, será amistosa. Então, esse é o primeiro ponto.
01:32O segundo ponto é que, no passado, outras reuniões organizadas pelo Trump acabaram muito mal.
01:38Então, o Zelensky, por exemplo, no 28 de fevereiro, que teve o bate-boca na Casa Branca.
01:44Em maio, o Sírio Ramaphosa, da África do Sul. O Ramaphosa preparou aquela reunião durante meses.
01:50Chegou a levar jogadores profissionais de golfe, que o Trump adora, para aquela reunião.
01:54E, na reunião, o Trump tinha preparado imagens do que ele alegava ser um genocídio branco na África do Sul.
02:01Depois, essas imagens se demonstrou que não eram na África do Sul, eram na República Democrática do Congo e eram com rebeldes do grupo Rebelde M23.
02:11Então, veja, mesmo reuniões que pareciam amistosas e preparadas durante muito tempo,
02:17a Dora Maposa é melhor para comparar aqui, porque a do Zelensky já havia um atrito entre o Trump e o Zelensky,
02:22porque o Trump alegava com o Zelensky, que tinha feito campanha para a Câmara.
02:26Mas essas comparações precisam ser feitas.
02:28O ideal seria que a reunião fosse por telefone ou videoconferência, como o ministro, o embaixador Mauro Vieira, aventou ontem.
02:38Mas hoje, o presidente Lula falou publicamente que a reunião poderia ser presencial.
02:44E isso, Thiago, pode transformar essa reunião num reality show.
02:48Sem dúvida.
02:48Professor Vitelli, vou trazer os nossos comentaristas.
02:50O Túlio Nassa e a Dora Cramer.
02:52A Dora faz a próxima pergunta.
02:54Dora.
02:55Boa noite, professor Vitelli.
02:58Eu quero saber uma coisa, assim, formal.
03:00Vamos que a reunião vá acontecer mesmo.
03:04Como é que é o ritual daqui, a partir do convite que foi feito ali numa situação absolutamente improvisada?
03:14E a gente não sabe se vai acontecer, se não vai.
03:17Mas do ponto de vista da diplomacia, do ponto de vista das relações internacionais, imagino que haja um ritual, um protocolo.
03:27Quem é que se mexe primeiro?
03:28Como é que se formaliza isso?
03:30Como é que funciona?
03:32Dora, reuniões entre chefes de Estado só acontecem depois que toda a pauta é decidida antes pelos assessores.
03:39Então, o Departamento de Estado dos Estados Unidos e o Itamaraty deveriam, antes de tudo, acertar tudo o que vai ser resolvido nessa reunião.
03:50E aí, o presidente Lula e o presidente Trump só se veriam pessoalmente para apertar as mãos, tirar fotos e anunciar o que havia sido acordado.
03:58Não é isso que vai acontecer. Se a reunião for daqui uma semana, não haverá tempo para negociação.
04:05E as negociações são todas concentradas na Casa Branca, como nós percebemos pela mensagem do Scott Bestand,
04:12quando teve uma reunião com o Haddad que foi cancelada, era uma videoconferência,
04:16o Bestand cancelou e disse que tudo seria resolvido na Casa Branca pelo Trump.
04:21Então, na verdade, o que nós podemos esperar de uma reunião como essa?
04:25Nós podemos esperar um primeiro movimento de aperto de mãos, de quebra de gelo.
04:30Isso se a reunião for realmente presencial.
04:33Se ela for por telefone, talvez haja a possibilidade de se discutir longe das câmeras assuntos que interessem ao Brasil,
04:41especialmente no caso do Brasil, devem ser oferecidos minerais críticos,
04:45não taxação ao streaming das empresas americanas e não taxação às big techs.
04:50Dora.
04:51Pergunta agora de Túlio Nassa.
04:55Professor Vitélio, boa noite. Obrigado por atender a Jovem Pan.
04:58A minha pergunta vai no seguinte sentido.
05:00Vamos imaginar que a reunião seja amistosa, que não haja aí uma casca de banana,
05:05que Donald Trump não cometa nenhum ato intempestivo como fez com o Zelensky.
05:10O que o Brasil tem de melhor ferramenta, de melhor instrumento para essa negociação?
05:15Seriam as terras raras? Seria parar de comprar óleo diesel da Rússia?
05:20Seria o desalinhamento com os BRICS? E até que ponto o Brasil pode abrir mão disso?
05:26Essa é uma pergunta muito inteligente, Túlio.
05:28Olha, eu não vejo o presidente Lula abrindo mão da política externa que vem sendo seguida pelos governos dele e de aliados desde o início dos anos 2000.
05:40Não vejo o assessor Celso Amorim abrindo mão desse alinhamento com o BRICS.
05:45Hoje mesmo o Lula foi apertar a mão do Zelensky, teve uma reunião de 40 minutos com o Zelensky
05:50e continuou na narrativa de que a guerra entre Rússia e Ucrânia pode acabar com os dois lados cedendo um pouco,
06:00quando nesta semana, no Conselho de Segurança da ONU, a Rússia recebeu o ultimato da Polônia
06:06porque a Rússia vem invadindo o espaço aéreo de países da OTAN, da Dinamarca, da Polônia, da Romênia, da Estônia e da Noruega.
06:14A Polônia disse na segunda-feira que se isso voltar a acontecer, os aviões e drones da Rússia serão derrubados,
06:19como a Polônia derrubou na semana passada, e se esses aviões caírem em espaço da OTAN,
06:25a Rússia não vai poder se queixar depois porque isso seria o início de uma guerra.
06:28Então, a posição do presidente Lula e da sua assessoria parece ser a mesma de 25 anos atrás
06:37e não parece que vai mudar por conta dessa reunião, Túlio.
06:41Professor, a gente pode fazer já um balanço da participação do presidente Lula nos encontros da ONU?
06:47A Dora Kramer estava falando até mais cedo que de todas as participações dele em outros eventos
06:53desde o início desse mandato, essa talvez tenha sido, ou esse talvez tenha sido o melhor desempenho
07:00que ele teve, surfou na onda falando com o Donald Trump.
07:04O senhor concorda com isso, professor?
07:07Concordo com a Dora.
07:08Foi proveitoso até aqui o fato de abrir uma porta de diálogo com os Estados Unidos,
07:14que são um dos países mais importantes para o Brasil, o país que mais investe no Brasil,
07:19o segundo maior parceiro comercial do Brasil, ultrapassado pela China em 2009,
07:24mas a diplomacia brasileira nunca deveria chegar ao ponto de ter que escolher
07:28entre os dois maiores parceiros comerciais do país.
07:30Isso é tudo que o Itamaraty deveria ter evitado.
07:34Foi positivo por conta da possibilidade de conversar com o Trump e hoje o Lula conversou com o Zelensky,
07:39com o Zelensky elogiou a reunião, o Zelensky está procurando conquistar aliados,
07:44disse que o Lula é a favor do fim da guerra,
07:46porque o Zelensky está dizendo que quem não quer acabar com a guerra e nem quer um cessar-fogo é o Putin,
07:50o que está muito claro.
07:51Inclusive, o Trump acabou de mudar a posição novamente em relação ao Putin.
07:56Foi positivo até aqui, sim, mas de novo, nós precisamos ser cautelosos,
08:00porque o fato de haver uma abertura de diálogo entre o Lula e o Trump não significa que haverá avanços,
08:06mas é importante que haja pelo menos uma negociação, Tiago.
08:10Professor Vitélio Brustolin, de Relações Internacionais, mais uma vez atendeu a Jovem Pan.
08:14Muito obrigado, professor, pela gentileza, até a próxima.
08:18Obrigado pelo convite, boa noite.
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